domingo, 15 de março de 2015

CAPÍTULO 14 - ADEUS, QUERIDOS AMIGOS!

Naquele momento, Morganne olhou para Yasmin e perguntou:

- E você? Onde se encaixa nessa história toda? Quem é você afinal? O que a trouxe até Igarapé Grande? – Ele parou um pouco, pegou na mão dela e olhou em seus olhos – me desculpe. Desculpe meu jeito brutal de interrogador, mas é que os acontecimentos recentes ainda estão perturbando minha alma. Já ouvimos a história do professor, mas acho que é a sua que nos trará a verdade sobre Sophie.

- É verdade – Yasmin olhou para o chão durante alguns segundos. Então levantou a cabeça e começou sua narrativa – Pra começar, meu verdadeiro nome é Mary-Sandra. Eu sou ... eu sou ... – Ela esforçou-se para concluir – eu sou ... eu sou a filha de Sophie – Yasmin chora, enquanto fala – eu sou filha da mulher que vocês conheceram como professora Sophie.


Um silêncio carregado de tensão dominou todo o ambiente. Naquela manhã já tinha havido muitas revelações, mas nenhuma chegava aos pés da que Yasmin acabara de pronunciar.
Ninguém ousava dizer nada.
- Não sei se esta história um dia será publicada – disse Yasmin – se for, com toda certeza será considerada uma ficção, uma grande ficção, talvez uma pretensiosa história de terror. Mas há muitas testemunhas que, certamente, jamais esquecerão esta história. Se este drama tivesse tido outro final, eu seria agora a pessoa mais triste do mundo, e nada mais teria sentido pra viver. Mas Deus é extraordinariamente misericordioso. Só Ele pra consolar nossas almas e nos dar a vitória final. Somente Ele pra perdoar todas as nossas maldades e nos levar para o Paraíso. Eu orei demais para que Ele libertasse minha mãe.
Todas aquelas palavras cortavam os corações como a mais afiada das lâminas. Ninguém ousava interromper Yasmin.
- Nas veias de minha mãe corria sangue egípcio. Um dia seu nome foi Nefertiti. Sim, seu verdadeiro nome era Nefertiti, como o da famosa rainha egípcia. A dramática história, cuja conclusão foi testemunhada por alguns de vocês, começou no ano de 1912, dentro de um grande navio, um transatlântico, o famoso Titanic.
E Yasmin narrou a história, cuja transcrição já foi feita nos capítulos 13 e 14 deste Romance.
*******
Quando Yasmin concluiu a história ligada à tragédia do Titanic, respirou fundo e continuou:
- É claro que sei dessa história porque li nos diários secretos de minha mãe. De qualquer forma, ela queria que sua estranha história fosse conhecida, senão não teria registrado tudo. É claro que tomei o maior susto quando li essa história pela primeira vez. Nós morávamos na Romênia e ...
- Romênia? – Perguntou Morganne, interrompendo a narrativa.
- Eu sou romena, meus amigos – olhou para Morganne e Sabrina – naquele dia eu disse pra vocês que era neta deste homem aqui – tirou uma foto da bolsa e mostrou para todos – Bom, eu falei só a metade da verdade, se é que isso é possível. Nunca fui neta dele. A verdade é outra.
Na foto aparecia uma mulher de uns 40 anos abraçada a um homem mais velho.
- Eu sabia que essa mulher era familiar – disse Sabrina – é incrível. Como é que ela rejuvenesceu tanto?
- Essa mulher é minha mãe Nefertiti (ou Sophie, como queiram) – explicou Yasmin, ou seja, Mary-Sandra. Esse homem é o reverendo Daniel Morgan, do Canadá, tio de Mayron Morgan, o grande amor de minha mãe. Há muitos anos minha mãe o visitou, mas não teve coragem de falar sobre seu romance com Mayron no trágico navio. Esta é a única foto que tenho de minha mãe. Muitos anos depois, bastante desconsolada com a vida viajou para a Hungria e Romênia, onde ficou obcecada com a história de Elizabeth Bathory.
- Na Biblioteca de Sophie havia muitos livros sobre essa senhora – informou Sabrina.
- Todos aqui sabem quem foi Elizabeth Bathory? – Perguntou Morganne.
Diante da resposta negativa de uma boa parte dos SETES, de Albert Pike, Stefânia e Cibele, Morganne pediu para que Sabrina fizesse um resumo da história da Condessa Sanguinária. 
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- Que história doida – disse Brigitte, baixinho, final da narrativa de Sabrina.
- Pois é – disse Yasmin, num tom triste – mas deixem-me concluir a minha história. Não gosto muito de lembrá-la.
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Alguns anos antes ...
Apesar de conhecer o fim trágico de Elizabeth, Nefertiti acreditou na mesma tese sanguinária. Cada vez mais possuída por demônios, ela viajou até à Romênia, e procurou o túmulo de Elizabeth. Na verdade, o castelo Ecsed, onde Elizabeth viveu, estava localizado na região da Transilvânia, na antiga fronteira entre a Hungria e a Romênia.
Algum tempo depois Nefertiti comprou uma mansão de aspecto medieval na Romênia e fez lá sua morada solitária. Aprofundou-se no conhecimento da magia negra e de toda espécie de ritual satânico ligado ao rejuvenescimento. Ela estava louca, e possuída por demônios sedentos de sangue. Aquela mesma região é recheada de lendas e histórias envolvendo vampiros. Seriam apenas coincidências que dois dos maiores assassinos sangrentos da Humanidade (Elizabeth Bathory e Vlad Dracul) tenham vivido na mesma região, e quase na mesma época?
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As lendas de vampiros são muito antigas e presentes no imaginário de diversos povos. Talvez sua origem seja baseada em um antigo mito de que através do beijo seria possível apoderar-se da vida e da alma de outra pessoa; a exemplo de muitos povos africanos que acreditavam que o beijo era algo diabólico e que a pessoa beijada poderia ter sua alma absorvida se permitisse ser beijada. Entre os antigos astecas havia essa mesma alusão ao beijo, entretanto o mesmo não era considerado demoníaco, e sim uma forma de canibalização que simbolizava a oferta ritual da pessoa a ser sacrificada aos deuses. O sangue também tem um forte valor simbólico em diversas culturas: significa vida, paixão, poder, força, e também carrega consigo uma série de tabus e interditos. É difícil afirmar quando surgiram as primeiras histórias, pois aparecem referências desde a Grécia antiga.
Assim presente no folclore de muitas culturas, o vampiro ganhou vida eterna através da literatura a partir do início do século XIX. Autores como Hoffman e Gogol também contribuíram com o mito. O famoso romance “Drácula”, do irlandês Bram Stoker, foi editado em 1897 e, desde então, jamais deixou de ser publicado.
Existem lendas de vampiros desde o ano 125 a.C., quando ocorreu uma das principais histórias conhecidas, envolvendo vampirismo. Foi uma lenda grega. Na verdade pode-se afirmar que esse tenha sido o primeiro registro por escrito, pois as origens do mito se perdem séculos e séculos atrás, quando a tradição oral prevalecia. Lendas sobre vampiros se originaram no oriente e viajaram para o ocidente através da Rota da Seda para o Mediterrâneo. De lá, elas se espalharam por terras eslavas e pelas montanhas dos Carpathos. Os eslavos têm as lendas mais ricas sobre vampiros. Elas estavam originariamente mais associadas aos iranianos e à partir do século VIII é que se espalharam por terras eslavas. Quase na mesma época em que essas histórias começaram a se difundir, iniciou-se o processo de cristianização da região, e as lendas de vampiros sobreviveram como mitos muitas vezes associados ao cristianismo.
Mais tarde, os ciganos migraram para o oeste pelo norte da Índia (onde também existem um certo número de lendas sobre vampiros), e seus mitos se confundiram com os mitos dos eslavos. Os ciganos chegaram na Transilvânia pouco tempo depois do nascimento de Vlad Dracula, o príncipe que inspirou o romance “Drácula”.
As lendas mostravam o vampiro como uma espécie de fantasma de uma pessoa morta, alguém que, na maioria dos casos foi uma bruxa, um mago, ou um suicida.
Vampiros eram criaturas temidas, porque matavam pessoas ao mesmo tempo em que se pareciam com elas. Os vampiros eslavos não eram perigosos somente porque matavam pessoas, (muitos seres humanos também faziam isso) mas também porque suas vítimas, depois de morrerem, também se transformavam em vampiros. A característica mais temida dos vampiros era o fato deles serem praticamente imortais. Apenas alguns ritos podiam matar um vampiro como, por exemplo: transpassar seu coração com uma estaca, decapitá-lo ou queimar seu sangue. Esse tipo de vampiro também é o mais conhecido, por ter sido imortalizado na figura do mais famoso vampiro de todos os tempos, o Conde Drácula, de Bram Stoker.
Quem, afinal, foi Vlad Tsepesh aka Dracula?
Vlad Dracula (pronuncía-se Dracúla) ou "Vlad O Empalador" foi um príncipe vivo e real no qual o escritor irlandês Bram Stoker baseou o famoso romance sobre um vampiro chamado Conde Drácula (que haveria de se tornar o vampiro mais conhecido da literatura e do cinema). O Dracula real nasceu na Transilvânia em 1431 na cidade de Sighisoara, ou Schassburg. Seu pai, Vlad Dracul (Vlad, o Demônio) foi um membro da Ordem do Dragão, o que significava um pacto de luta eterna contra os turcos. O nome Dracul significa Dragão ou Demônio, e se tornou o símbolo de seu pai porque ele usava o símbolo do dragão em suas moedas. Com a idade de apenas 13 anos, Dracula foi capturado pelos turcos, que o ensinaram a torturar e empalar pessoas. Mas foi sob o seu reinado, na Wallachia (Romênia), de 1456 à 1462, que ele realmente teve a chance de usar de seus conhecimentos. Foi também nessa época que surgiram a maioria das histórias a seu respeito.
O outro nome de Dracula, Tsepesh (ou Tepes), significa empalador. Vlad era chamado assim por causa de sua propensão para o empalamento como uma forma de punição para seus inimigos. Empalamento era uma forma particularmente medonha de execução. A vítima era posta num cavalo e empurrada em direção a estacas polidas e untadas em óleo, de forma a não causar a morte imediata. Esposas infiéis e mulheres promíscuas foram punidas por Dracula, tendo seus órgãos sexuais cortados, a pele arrancada enquanto vivas e expostas em público, com suas peles penduradas próximas à seus corpos.
Drácula apreciava especialmente a execução em massa, onde várias vítimas eram empaladas de uma vez, e as estacas içadas. Como as vítimas se mantinham suspensas do chão, o peso de seus corpos fazia com que descessem vagarosamente pela estaca, tendo sua base lisa arrombando seus órgãos internos. Para melhor apreciar o espetáculo, Dracula rotineiramente ordenava um banquete em frente às suas vítimas, e era um prazer para ele comer entre os lamentáveis sinais e ruídos de suas vítimas morrendo.
O atual castelo de Dracula fica ao norte da Wallachiana cidade de Tirgoviste. Vlad Tsepesh aka Dracula morreu em 1476. Algumas estórias dizem que ele morreu em uma batalha onde se disfarçou de turco. Como a vitória estava próxima, ele correu para o alto de um penhasco para ver tudo, mas ele foi confundido com um turco e morto por seus próprios homens. A tumba de Dracula foi aberta em 1931, mas ela estava vazia a não ser por um deteriorado esqueleto, uma coroa de ouro, uma gargantilha com a idéia de uma serpente e fragmentos de um traje em seda vermelha, com um sino costurado nela. Infelizmente todas essas coisas foram roubadas do History Museum of Bucharest (Museu Histórico de Bucharest, Romênia), onde foram depositadas.
Não é a toa que muitas pessoas da Romênia e Hungria ainda hoje são capazes de jurar que Vlad Tepes foi um verdadeiro vampiro. Uma coisa é certa: Satanás anda solto na terra, e tudo faz para afastar o ser humano de Deus.
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Embora já estivesse no inicio dos 60 anos, Nefertiti se envolveu com um homem misterioso e satânico, um tal de Kiramar. Na verdade, este foi o mestre dela no conhecimento da alta magia negra. Quando estava para conhecer um dos segredos mais terríveis do mundo ocultista, Nefertiti participou de uma cerimônia satânica.
- Você terá que pagar um alto preço pelo rejuvenescimento – disse Kiramar.
- Estou disposta a tudo. Pra mim somente a imortalidade e a beleza eterna importa – falou Nefertiti.
- Venha! Vou levá-la ao centro do círculo negro – disse Kiramar, conduzindo-a, para um estranho altar, cercado de pessoas encapuzadas que entoavam terríveis cânticos.
Ali, em meio a gritarias e louvores ao Príncipe das trevas, Nefertiti foi possuída sexualmente por Kiramar.
Algumas semanas depois ela descobriu que estava grávida. Seu primeiro impulso foi abortar a criança, mas Kiramar a deteve.
- Não! Não agora ...
Sem entender bem a expressão dele, ela foi levada a cuidar bem da gravidez, e nove meses depois deu a luz a uma linda menina, a quem deu o nome de Mary-Sandra. No coração de Nefertiti havia um grande conflito. Por um lado ela amava a bela menina, mas por outro, tinha tanto ódio que desejava matá-la. Por que isso? Por causa dos muitos demônios dentro do seu corpo.
Seis anos depois, e uma outra cerimônia sinistra iria ser realizada.  Mary-Sandra foi levada para participar do culto diabólico. Ela parecia dopada, pois estava sonolenta e muito quieta.
- Lembra-se do dia em que a impedi de abortar essa linda criança?
- Claro, com certeza – disse Nefertiti, de forma fria.
Kiramar sorriu e falou:
- Naquele dia eu disse: Não agora. Pois bem, a hora chegou.
- Que hora? – Quem perguntou foi a parte boa de Nefertiti, a parte de sua alma que estava aprisionada no centro das cadeias infernais, e que, no fundo, suplicava por libertação.
- Você não disse que seu maior desejo é a juventude eterna? Bem, minha amiga, o primeiro grande passo acontecerá hoje. Para agradar ao nosso deus e para forçá-lo a dar a você o poder do rejuvenescimento, você terá que sacrificar essa linda criança e tomar banho com o sangue dela.
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         Era uma noite sombria. A lua cheia iluminava toda a região, cercada de montanhas exóticas, mas aquela iluminação trazia um toque tenebroso. A criança foi colocada sobre o altar, preparada como uma oferta para o sacrifício. Após alguns cantos sinistros, o diabólico Kiramar fez uma oração oferecendo aquela jovem vida ao senhor das sombras, pedindo-lhe que realizasse o desejo de Nefertiti.
         Alguns minutos depois e Nefertiti, possessa, recebeu das mãos de Kilamar, uma adaga prateada, especialmente preparada para aquele sacrifício. Aproximou-se do altar, ergueu a adaga e olhou fixamente nos inocentes olhos de Mary-Sandra. Durante alguns segundos houve um grande conflito no coração e na mente de Nefertiti. Ela tentava cravar a adaga no coraçãozinho de Mary-Sandra, mas não conseguia. Sua alma lutava contra aquela dominação demoníaca.
- Vamos, Nefertiti! – Gritou Kilamar – O momento está propício! Se deixar esta hora escapar não haverá outra.
         Como ela hesitava, Kilamar se aproximou e tentou tomar a adaga.
- Não!!! – Gritou Nefertiti, cravando a adaga no coração de Kilamar. Os fanáticos, que continuavam entoando cânticos sinistros, pararam de repente, diante da inesperada cena. Nefertiti apanhou a pequena Mary-Sandra e correu. Por entre as misteriosas árvores da Transilvânia, iluminadas pela sinistra lua cheia, Nefertiti foi perseguida pelos fanáticos durante muito tempo.
         Duas semanas depois. Um grupo de missionários cristãos ficou extremamente surpreso ao ver aquela criança bonita e desamparada no meio da estrada. Eles pararam a carroça, desceram e cercaram a criança, tentando entender a história.
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         De volta ao presente.
- Fui criada por eles, por isso tenho essa mentalidade cristã – explicou Mary-Sandra, diante dos SETES – Quando cresci eles me contaram como me encontraram. Depois de me formar em jornalismo, decidi investigar meu passado. De pista em pista, encontrei o rastro de minha mãe. Fiquei extremamente chocada ao conhecer história tão dramática. Descobri que ela fugiu para a América, depois de cometer uma série de assassinatos na Europa Central. Eu só queria saber o porque, a razão de tanta crueldade. Investiguei a antiga casa onde ela morou na Romênia, e encontrei alguns diários secretos, que estavam enterrados. Parti para a América e durante uns 10 anos, parecia que perseguia um fantasma. Até que cheguei ao Brasil, passei por São Luis, e parei em Igarapé Grande, onde tudo terminou ... onde tudo terminou – ela repetiu, num tom triste – o que mais me dói é que não pude conversar com ela, chamá-la de mãe, perguntar a razão de tanto ódio no coração, tanta obsessão pela juventude.
- Então você sabia que ela estava transformada numa pessoa mais jovem? – Perguntou Magry.
- Não, não sabia. Eu imaginava que ela usasse alguma substância que disfarçava um pouco o envelhecimento, mas uma coisa me perturbava. Sabia que ela já tinha mais de 60 anos – não sei como, mas ela conseguiu engravidar numa idade bem avançada. Quando lia seus diários (trouxe alguns comigo), observava que a palavra “rejuvenescimento” aparecia com uma freqüência impressionante. Cheguei a imaginar que estivesse procurando uma outra pessoa e que minha mãe já estivesse morta há muitos anos.
- Então, quando você se encontrou com Sophie lá no colégio, ela reconheceu você e você não reconheceu ela – disse Sabrina, logo completando – por isso ela quase que desmaiava. E o que aconteceu depois?
- Recebi um bilhete dizendo-se enviado por você – olhou para Sabrina – marcando um encontro no cemitério. Curiosa dirigi-me até lá, quando encontrei Sophie, que, parecendo possessa, me atacou e tentou me matar.
- Ela queria mesmo matar você? – Perguntou Sabrina.
- Não sei ao certo. Sei que fiquei desacordada por algum tempo. Quando despertei estava deitada sobre um túmulo, e minhas roupas estavam ensopadas de sangue. Tentei levantar, mas estava muito fraca. Sophie estava ali, nua e banhada em sangue – no meu sangue. Então começou uma grande tempestade, perdi os sentidos, e acordei muito tempo depois no hospital. O resto vocês já sabem.
         Sabrina esclarece outros pontos da história.
- Eu e Magry fomos surpreendidas na casa de Sophie, quando ela chegou de repente. Houve luta e ela feriu Magry com um punhal que escondia na bolsa. Escorreguei não sei em quê e bati com a cabeça em algo duro. Não desmaiei, mas fiquei zonza. Enquanto Magry tentava estancar o ferimento, levou uma paulada (desferida por Sophie) e desmaiou. Sem conseguir me mover, vi, estarrecida, Sophie lamber o sangue de Magry e também esfregar em seu corpo. Ao mesmo tempo a tempestade aumentava e vi Sophie parecendo estar sendo tomada por mil demônios. Ela ficou em estado de transe, despiu-se e correu em direção à rua.
- Onde chegou ao fim da linha – disse Diego.
*******
Uma semana depois.
Os SETES estão na praça central, ao lado de três pessoas que estavam preparadas para partir: Mary-Sandra, Stefânia e Albert Pike.
- Não há outro meio? – Perguntou Morganne.
- Não, meus amigos – respondeu Pike. Ele estava disfarçado, pois oficialmente continuava “morto” – Queremos ir para o mais longe possível e procurar esquecer tudo que aconteceu por aqui. O mundo não é grande, e gira muito. Um dia, quem sabe, não iremos nos encontrar novamente ...
- No céu ... – completou Giovanna.
- Não, estou me referindo a aqui mesmo – sorriu Pike – mas se não for possível, nos veremos no Novo Céu e Nova Terra.
- Cibele irá precisar muito da ajuda de vocês – disse Stefânia – agora que ela ficará tomando de conta do colégio, vai precisar muito de amigos. Ah, ontem eu esclareci para os alunos que a professora Sophie teve que partir para uma longa viagem, e que nós também iríamos partir.
         Alguns minutos depois e Albert Pike chamou os SETES para um ponto isolado da praça e disse:
- Quero revelar um segredo para vocês. É só uma curiosidade, mas é bom que saibam. Todos os membros da Sociedade dos Escorpiões possuem uma certa marca, uma tatuagem que prova que pertencem à sociedade – Enquanto falava, ele tirou o pé esquerdo da sandália e levantou um pouco de forma a mostrar, gravada no calcanhar, a figura de um sinistro escorpião.
- Muito interessante! – Exclamou Sabrina.
- Foi bom o senhor ter nos avisado – disse Morganne – se porventura alguns desses assassinos andarem por aqui, já temos como identificá-los.     
O tempo estava nublado ... nublado e triste naquele dia. Enquanto se despediam, Morganne virou-se para Mary-Sandra e perguntou:
- Desculpe-me por ainda tocar no assunto, mas: por que, naquele dia, você disse que o nome da mulher que procurava era Madeleine Magry?
- Madeleine Magry? – Espantou-se Magry, olhando desconfiada para Morganne. Mary-Sandra sorriu e respondeu imediatamente:
- Ah, eu estava no hotel daqui, quando ouvi a conversa de duas estudantes, e uma disse mais ou menos o seguinte: “preciso devolver o livro que pedi emprestado para a Magry”. A outra respondeu: “Falando nela, ela tem um nome esquisito, não tem? Madeleine Magry. De onde os pais dela tiraram tal nome?”
- Nome esquisito? – Magry sorriu – talvez eu saiba quem era uma dessas estudantes.
Mary-Sandra esforçou um sorriso e continuou:
- Então, surpreendida pela pergunta de vocês – olhou para Morganne e Sabrina – e tentando despistar, inventei que estava procurando uma mulher chamada Madeleine Magry. Jamais iria imaginar que estava falando justamente da tua namorada – sorriu novamente para Morganne.
- É, parece que tudo já está explicado – Morganne abraçou Mary-Sandra – Sinto muito que tenhamos nos encontrado numa situação tão ... tão ...
- Tão triste – completou ela, enquanto correspondia ao abraço – tudo bem, amigos. Perdi alguém que amava muito, apesar de tudo. Mas Deus é tão bom que me deu muitos amigos. Na verdade, mais do que amigos, irmãos mesmos. Eu jamais esquecerei vocês.
         Naquele momento, o ônibus se aproximava. Enquanto Pike, Stefânia e Mary-Sandra entravam no ônibus, acenando para os SETES, Morganne se afastou e ficou de longe. Mary-Sandra olhou para ele e ficou parada durante alguns segundos. Seus olhares se cruzaram e Morganne sentiu uma tristeza muito profunda. Ela sorriu e desapareceu no ônibus.
         O tempo estava cada vez mais nublado, parecendo que o dia ia virar noite. Um vento gelado soprou de repente. Morganne sentiu um calafrio na alma. Magry aproximou-se, apertou a mão dele e disse:
- Estou aqui. Não tenha medo. Eu estarei sempre ao teu lado.
*******
Um ano depois.
Alguns dos SETES estão passando um final de semana na casa de campo de um amigo. Perto do meio dia, Morganne e Diego Draconne retornam de uma pescaria. Antes de tomar um banho para depois almoçar, Morganne deita-se um pouco numa rede amarrada entre duas árvores. Olha ao longe e relembra alguns dos acontecimentos de um ano atrás. Por mais que tentasse, ele não conseguia esquecer todo aquele drama. Lembra-se de Sophie, Mary-Sandra, o professor Pike, sua esposa Stefânia, aquela esquisita história da Sociedade dos Escorpiões. Escorpiões? Sim, os escorpiões. Lembra-se de Pike mostrando a tatuagem impressa no pé esquerdo. Naquele momento, instintivamente Morganne olha para o seu pé esquerdo. Olha e toma um espanto. Ali estava bem clara e visível ...

A MARCA DO ESCORPIÃO.

“Que negócio é esse?!” Espanta-se ele, aproximando o pé do rosto para ter certeza. 
 POR ENQUANTO, ESTA HISTÓRIA TERMINA AQUI.

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