quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

NOSSA AGENTE ESPECIAL SUZY RANI CHRISTIE - Primeiros três capítulos

TENTE ADIVINHAR OU DEDUZIR A PRÓXIMA CENA

Capítulo 1 - UM CRIME DO QUARTO FECHADO

Roma, março de 2001.

O professor Dr. Charles Tenebaum estava terminando sua palestra para aquele pequeno grupo de sete pessoas. O local era a sala de sua invejável biblioteca. O Dr. Tenebaum era reconhecido internacionalmente por seu profundo conhecimento da cultura da antiga Msopotâmia e regiões vizinhas. Era uma autoridade sempre requisitada quando o tema envolvia aqueles povos do antigo médio oriente: babilônios, persas, hebreus, egípcios, etc.

- Como vocês acabaram de ouvir, meus amigos, os povos antigos, especialmente os semitas, valorizavam muito o significado de um nome. Geralmente nomeavam seus filhos de acordo com algum evento especial. O caso de Matusalém é um exemplo impressionante.

- Eu nunca tinha ouvido falar de algo tão insólito, professor – disse Elizabeth Semara, uma bonita morena na casa dos seus trinta anos, que lecionava História Antiga na Universidade de Oxford. Seus traços fisionômicos denunciavam claramente sua origem de alguma região do Oriente Médio.

- Pois é – respondeu o professor – no nosso encontro da próxima quinzena vocês verão coisas ainda mais impressionantes envolvendo esses fascinantes povos do antigo Médio Oriente.

O encontro a que o professor se referia fazia parte de um curso que tinha começado há cerca de três meses. A cada duas semanas, o professor e mais sete pessoas se reuniam a fim de debaterem sobre a cultura dos antigos povos do Médio Oriente. Muitas pessoas adorariam participar de tal curso, mas as vagas eram limitadas, principalmente porque o evento acontecia dentro da biblioteca, um ambiente muito agradável, porém misterioso e apertado.

Estes eram os sete participantes:

- a professora Elizabeth Semara,
- o professor de Arqueologia, Phillip Seymour,
- o professor de Literatura Oriental, Paulus Polkasa,
- a estudante de Religiões Antigas, Sandra Mahonney
- a estudante de Arqueologia, Suzy Rani Christie;
- o estudante de Literatura Oriental, Ferdinand Maximus
- e a senhora Anita Salazar, uma bela mulher de 40 anos, que estudava História antiga, mas era também a assistente pessoal do Dr. Tenebaum.

- Anita, por favor, acompanhe nossos amigos à sala do banquete. Vou só repassar uns documentos para a senhorita Semara e logo acompanharemos vocês.

- Tudo bem, professor – respondeu Anita prontamente, logo apontando o caminho para os outros participantes.

A “sala do banquete” era um local bem agradável cercado por belas plantas, onde o Dr. Tenebaum, de vez em quando, reunia alguns amigos para um almoço, jantar ou lanches.

Alguns minutos depois Elizabeth Semara também chegou ao local do lanche.

- E o professor? – Perguntou Anita.

- Está vindo – respondeu Elisabeth, sentando-se e apanhando um pedaço de bolo.

Todos estavam descontraídos e satisfeitos. Elizabeth, além de bonita e inteligente, era bastante simpática e sabia como divertir os amigos. Conhecia muitas histórias interessantes e anedotas, principalmente as tradicionais piadas bastantes populares entre os judeus e os árabes.

Enquanto aguardavam a chegada do professor, a movimentação era grande. Alguns saiam de vez em quando (provavelmente iam ao banheiro).

Num dado momento, Suzy Rani, a estudante de Arqueologia aproximou-se de Elizabeth e passaram a conversar sobre as recentes descobertas arqueológicas em Israel. Anita estava próxima delas, porém parecia não se interessar pela conversa, pois estava concentrada em ler algo num tablet.

- Acredito que, nos próximos cinco anos teremos muitas surpresas arqueológicas, pois as novidades nessa área têm aumentado consideravelmente nestes últimos três anos – disse Suzy.

- Eu soube que, em Israel, existe uma grande expectativa sobre a questão do local exato do Templo de Salomão – falou Elizabeth, enquanto procurava se ajeitar na cadeira.

- Sim – respondeu Suzy – essa questão é crucial para que haja a reconstrução do Templo a qualquer momento. Além disso, eu diria que...

Subitamente, um som esquisito, parecendo o disparo de uma arma de fogo, assustou a todos.

- Meu Deus! – Anita levantou-se de um salto e correu, sendo logo seguida pelos outros.

A biblioteca estava fechada. Ao tentar abrir a porta, Anita percebeu que estava trancada.

- Professor! Professor! – Gritou, desesperada.


Todo mundo estava atônito.

- Você não tem uma cópia da chave? – perguntou Elizabeth.

- Tenho, mas só funciona se a outra chave não estiver na fechadura – respondeu a secretária do Dr. Tenebaum.

- Como assim, na fechadura? – Admirou-se o professor Polkasa.

- Estou vendo que a chave está na fechadura do lado de dentro – explicou Anita.

- Então teremos que arrombar a porta – disse o professor Seymour, já se preparando para chutar a porta.

Depois de algumas tentativas, a porta foi arrombada e todos pararam, estarrecidos, ao verem um corpo caído no chão. Era o corpo do Dr. Tenebaum.

- Meu Deus! Professor! Professor! – Anita balançava o corpo sem vida, na esperança de que aquilo não estivesse acontecendo.

- Por favor, afaste-se! – Pediu Elizabeth, logo acrescentando – que ninguém mexa em nada. Alguém chame a polícia.

Os peritos examinaram toda a sala e chegaram a uma só e desanimadora conclusão:

- Não há outra saída nesta biblioteca. A arma disparada estava ao lado do corpo, e a porta estava trancada por dentro, com a chave ainda na fechadura. Tudo leva a crer que foi suicídio.

- Não! Não pode ser! – Gritou Anita, sendo em seguida abraçada por Elizabeth – não havia razão nenhuma pra ele fazer isso.

- Eu fui a última a vê-lo – disse Elizabeth, ainda abalada – não notei nada de estranho nele. Quando o deixei, antes de sair ainda o vi sorrindo e guardando uns papeis, prometendo que logo me acompanharia, pois seu estômago estava reclamando bastante.

E, apesar dos protestos de alguns, dias depois a polícia deu como encerrada a investigação, concluindo que o professor havia mesmo se suicidado.

“Muito estranho para ser um suicídio” pensou alguém que, naquele momento, havia notado algo que nem Anita (que era mais próxima do professor Tenebaum) tinha observado: a arma estava próxima da mão direita do professor. Mas ele era canhoto.

*******
TRÊS MESES DEPOIS...

Os sete alunos do finado professor Tenebaum estavam sentados ao redor de uma mesa, numa sala reservada, cercada de livros. Uma das elegantes e misteriosas salas da Biblioteca Alessandrina, em Roma.

Suzy Rani, a estudante de Arqueologia, foi a promotora do encontro. Com a morte do professor, o grupo de estudos se dissolveu e só foram se reencontrar alguns meses depois. Todos haviam recebido um convite, chamando-os para um café na Biblioteca Alessandrina.

Os seis membros do grupo de estudos estavam curiosos.

- Bem, senhorita Rani – falou o professor de Arqueologia, Phillip Seymour – ao receber o convite, fiquei surpreso e ao mesmo tempo curioso. Aqui diz que precisamos conversar sobre algo importante a respeito do professor Tenebaum.

- Sim, sim, claro – Suzy levantou-se e andou de um lado para o outro, enquanto explicava – o que aconteceu há três meses nos pegou de surpresa e desde aquele dia nunca parei de pensar, tentando entender o que pode ter acontecido.

- Eu também não tenho dormido direito – disse Elizabeth – o professor estava bem vivo, pertinho de nós e de repente... muito estranho. E não deixou nada escrito, nenhuma explicação para o seu estranho ato.

- Pois é – disse Anita, a ex-assistente do professor Tenebaum – em todos esses anos nunca notei qualquer traço de tristeza, amargura, depressão ou coisa parecida, esses elementos que geralmente se encontram num suicida.

- Não me digam que vocês estão descartando o fato do suicídio – disse Ferdinand – pra mim estava muito claro, apesar de desconhecer as ações de tal ato extremo.

- Eu também não vejo como não poderia ter sido um suicídio – disse o professor Seymour.

- Senhora Anita. Você que conviveu muitos anos com o professor. Ele era destro ou canhoto? – Perguntou Suzy.

A pergunta provocou uma atmosfera pesada na sala.

- Sim, claro. Ele era canhoto – confirmou Anita. Como você sabia?

Suzy sorriu e respondeu:

- Em todos os meses que tivemos aulas com ele eu observei isso. Pessoas destras a gente nem presta muito atenção, mas canhotas é diferente.

- E daí? Qual o significado dele ser canhoto ou não? – Perguntou Ferdinand. Até aquele momento, duas pessoas ainda não tinham falado nada sobre o tema em pauta: Paulus Polkasa, o professor de Literatura Oriental, e a estudante de Religiões Antigas, Sandra Mahonney.

- A arma estava próxima da mão direita – explicou Suzy de imediato.

- Sabe que você está parecendo mais uma policial e não uma estudante de Arqueologia? – finalmente o professor Polkasa falou. Mas seu tom foi meio seco e irritante.

- Na verdade, eu sou algo parecido com um policial – Suzy apanhou uma espécie de distintivo e todos ficaram boquiabertos ao ver aquelas famosas letrinhas em hebraico e também no alfabeto latino: MOSSAD. – sou do serviço secreto israelense.

- Que história é essa? – Anita levantou-se – O que está acontecendo?

- Que ninguém saia do seu lugar – Suzy falou num tom ameaçador – que fique bem claro: Nesta sala existe alguém que é não somente um assassino, mas um terrorista internacional.

- Que palhaçada é essa? – O professor Polkasa levantou-se, irritado.

- Calma, professor – pediu Suzy – por favor, sente-se. Sinto muito por ter sido brusca, mas o que eu disse é verdade. Alguém, que está em nosso meio, assassinou friamente o professor Tenebaum. Me permitam explicar em detalhes.

Há um ano o professor Tenebaum estava em uma biblioteca francesa, quando testemunhou um assassinato. Isso aconteceu na seção de História. Ele estava do outro lado da seção quando ouviu um pedido de socorro. Ao chegar até o local de onde partira o grito, viu alguém debruçado sobre uma pessoa caída no chão. Esse alguém portava um punhal todo ensangüentado. O professor não chegou a ver o seu rosto, mas com certeza foi bem visto pelo assassino, pois nos dias seguintes passou a ser perseguido por uma sombra e conseguiu escapar de alguns atentados. O morto era um professor de História que estava investigando um estranho manuscrito que comprara recentemente num mercado de antiguidades em Bagdá. As circunstâncias de sua morte despertaram a atenção da policia francesa e logo o caso passou para o departamento do serviço secreto francês.

Especialistas do departamento de criptografia conseguiram detectar uma mensagem secreta escondida no tal manuscrito. Na verdade, era um plano terrorista contra a Mesquita de Omar, em Jerusalém. O plano visava a destruição da Mesquita para lançar a culpa sobre o Estado de Israel, atraindo a condenação mundial contra aquele país.

Como o professor Tenebaum se tornou uma testemunha perigosa, foi criada uma rede de proteção para ele. Sabíamos que o assassino era uma ameaça real. Quando houve o concurso para a seleção de sete estudantes que deveriam passar alguns meses tendo aulas especiais com o professor Tenebaum, o serviço secreto israelense (pois o professor, apesar de residir em Roma por algum tempo, tinha também a cidadania israelense), juntamente com o serviço secreto francês, me infiltrou nesse seletivo grupo.

Enquanto falava, Suzy andava de um lado para o outro, olhando fixamente nos olhos de cada um dos seis personagens, atentando especialmente para suas mãos, como se esperasse uma reação violenta de algum deles a qualquer momento.

- Apesar de estar infiltrada neste grupo de estudos, jamais passou pela minha cabeça que o assassino também fosse fazer a mesma coisa. Mas no momento em que vi o professor morto e a arma ao seu lado, compreendi que o matador era um de nós, pois se fosse alguém de fora jamais tentaria simular que o professor havia se suicidado. Simplesmente teria atirado nele e fugido com a arma.

- E por que você não diz logo quem é o assassino, pois nós poderemos estar correndo um grande perigo? – disse o professor Polkasa.

- Talvez sim – disse Suzy – talvez não. Ele é muito autoconfiante. Pode até estar achando que estou blefando. Vamos recordar aquele trágico dia, rapidamente. Todos estávamos na sala do banquete, aguardando o professor. Mas havia um entra e sai incontrolável. Eu conversei por alguns minutos com a Elizabeth e a senhora Anita estava próxima. O professor Polkasa entrou e saiu algumas vezes, e não consigo lembrar se o vi na hora em que o tiro foi disparado. O professor Seymour também sumiu por algum tempo.

- Mas eu estava na sala quando o disparo foi ouvido – esclareceu o professor Seymour, meio irritado.

- Sim. Naquele momento ele conversava comigo – disse Sandra Mahoney, a estudante de Religiões Antigas, que, até aquele momento, não havia falado nada.

- Eu também estava na sala – disse Ferdinand.

- Parece que todo mundo estava na sala – falou Suzy – mas alguém atirou contra o professor. E não havia mais ninguém na casa.

- E a questão do quarto fechado, com a chave por dentro? – Perguntou Ferdinand – você não acha que a explicação mais simples é a do suicídio?

- Não, meu amigo. A coisa foi um pouco sofisticada. Mas não foi suicídio. Foi assassinato. Um crime quase perfeito. E o assassino está aqui. Na verdade, neste exato momento, há uma força tática cercando este prédio, pronta para invadir esta sala.

Naquele exato momento, o misterioso assassino se sentiu acuado. E preparou-se para a última cartada.

*******

O professor Tenebaum foi assassinado. Mas não havia ninguém na sala, a biblioteca só possuía uma porta, que estava fechada e a chave se encontrava por dentro. Todas as sete pessoas estavam (ou pareciam estar) na sala do banquete quando o tiro foi disparado.

O que você acha? Quem matou o professor e como fez isso?

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Capítulo 2 – COMO NAMORAR A MORTE...

Biblioteca Victor Hugo, Paris, França. Fevereiro de 2000.

O Dr. Charles Tenebaum, estava muito concentrado, com os olhos cansados fixos num velho livro sobre a Mesopotâmia. Subitamente, um grito, um pedido de socorro, meio que abafado, sufocado.

O Dr. Tenebaum correu rapidamente para o outro lado da seção e parou, chocado com a cena diante de si. Alguém estava inclinado sobre uma pessoa caída no chão. E esse alguém segurava um punhal ensangüentado, cujas gotas ainda respingavam.

O velho professor não conseguia mover um músculo diante daquela situação. Ao tentar limpar o suor frio que descia de sua testa, acabou derrubando os óculos, de tão nervoso que estava. As lentes eram grossas de modo que não quebraram. Mas isso significava outra coisa, muito pior: o professor não poderia ver o rosto do assassino, mas este não teria o mesmo problema.

Tentando vencer o nervosismo, o Dr. Tenebaum resolveu sair dali para pedir ajuda. Mas antes que saísse, o misterioso assassino voltou-se e olhou fixamente para o professor. Que situação! Ele estava cara a cara com o assassino, mas não poderia visualizar seu rosto. Maldita miopia! Porém, se seus olhos meio que fora de uso, o mesmo não se podia dizer de suas pernas. E o homem correu. Correu até encontrar um dos seguranças da Biblioteca.

*******

Em um dos inúmeros mercados de antiguidades de Bagdá. Dezembro de 1999.

Alexander Scalabrini, professor de História, italiano. Usando seus raros momentos de férias, resolveu fazer uma viagem que sonhava há muitos anos: Oriente Médio, especialmente Iraque. Ao visitar um mercado de antiguidades, interessou-se por um manuscrito que parecia ser muito antigo. Ao examiná-lo cuidadosamente em seu quarto de hotel (em Bagdá) ficou surpreso ao perceber alguns caracteres arábicos nas bordas. O texto do manuscrito fazia uso de caracteres cuneiformes (usados pelos escribas da antiga Babilônia). Mas nas letras arábicas (muito mais modernas), parecia fazer referência a números... e não números quaisquer, e sim datas. Datas modernas.

Ao traduzir algumas das palavras árabes, ficou chocado ao tomar conhecimento da expressão: “MORTE AOS INFIÉIS, SETEMBRO DE 2001.” Seria alguma data relacionada a algum atentado planejado? Onde? Cada vez mais excitado com o suposto código, o professor continuou, com o uso de uma lupa, tentando decifrar as outras palavras, quase que escondidas nas bordas escuras do manuscrito.

“OS PÁSSAROS DE FERRO TRARÃO O CASTIGO DE ALLAH”

“O GRANDE SATÃ VAI CHORAR EM SETEMBRO”

“A DESTRUIÇÃO DA MESQUITA DE AL-AKSA LANÇARÁ A CULPA SOBRE OS SIONISTAS”

“OS PORCOS JUDEUS SERÃO ODIADOS PELO ATENTADO”

“O que pode significar tudo isso? – questionou-se o professor – parece o plano de um atentado. A data parece ser setembro de 2001. Daqui a dois anos. O local claramente faz referência a mesquita de Al-Aksa, como os muçulmanos chamam Jerusalém. A mesquita deve ser a grande mesquita de Omar.”

O professor sabia das implicações de tudo aquilo. O local mais explosivo da Terra era o Monte do Templo, sagrado para judeus (por causa do Templo de Salomão) e para os muçulmanos (local da suposta ascensão aos céus do profeta Maomé). Um atentado contra a Mesquita de Omar por parte de extremistas judeus seria o estopim de uma grande guerra... talvez até mundial (a Bíblia faz referência a isso).

Mas será que isso iria acontecer mesmo em setembro de 2001? E por que a referência a “grande satã”, uma expressão de ódio usadas pelos muçulmanos contra os Estados Unidos? Perturbado com todas essas suposições, o professor italiano partiu o mais rápido possível de volta para a Europa. Então resolveu visitar uma biblioteca francesa, onde havia uma seção dedicada à cultura árabe e povos da antiga Mesopotâmia.

Naquele dia mais duas pessoas estavam pesquisando naquela seção: o professor Tenebaum, do outro lado. Mas alguém estava do mesmo lado do professor italiano. Quando o professor foi usar a escada para apanhar um livro que estava na parte mais alta da estante, seu caderno de anotações caiu de seu bolso. O misterioso individuo, que também estava ali perto, abaixou-se para pegar o caderno e devolver ao professor. Como o caderno estava aberto o individuo misterioso não pôde evitar de ler algumas das palavras e frases anotadas. E ficou chocado ao ler, em inglês, as frases traduzidas pelo professor diretamente do manuscrito misterioso.

“Como é que ele sabe disso?” – O estranho individuo aguardou que o professor descesse as escadas e o encarou de frente, perguntando:

- De onde você copiou essas palavras? Quem lhe contou isso?

Havia tanto ódio nas palavras daquele indivíduo que o professor, cujos nervos já estavam à flor da pele há muitos dias, ficou paralisado. Tudo que conseguiu balbuciar foi um sufocante pedido de socorro.

Mas a reação do misterioso individuo foi violenta. Apunhalou o pobre professor italiano e estava guardando o caderno de anotações quando notou a aproximação do professor Tenebaum.

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O serviço secreto francês, ao tomar conhecimento das expressões envolvendo a mesquita de Omar, entrou em contato com o Mossad, o serviço secreto israelense. A conclusão dos especialistas era que um atentado terrorista estava planejado para setembro de 2001, e o local seria Israel.  Mas alguns ficaram intrigados com a expressão “grande satã”, pois os Estados Unidos, e não Israel, é que eram conhecidos, no mundo islâmico, por tais palavras de ódio.

O professor Tenebaum não sabia nada sobre o tal manuscrito, mas vira o rosto do assassino. Aliás, vira apenas a sombra do rosto do assassino, pois estava sem os óculos no momento. Mas o assassino viu o rosto do professor perfeitamente.

Por sugestão do Mossad, o serviço secreto francês preparou uma rede de proteção para o professor Tenebaum, a fim de usá-lo como isca na tentativa de captura do perigoso assassino. Para ficar ainda mais próximo do professor sem chamar a atenção, o Mossad infiltrou uma de suas melhores agentes, Suzy Rani Christie.

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Ainda nos primeiros dias, desde o assassinato em Paris, o professor Tenebaum percebeu que alguém o seguia com muita freqüência e até escapou de três atentados que pareciam simples acidentes de trânsitos (batida de carro, motocicleta desgovernada, etc.). Porém, como isso logo cessou, o professor ficou mais tranqüilo. Mas o Mossad não relaxou a vigilância, e a senhorita Rani Christie continuava atenta.

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Entretanto, o tal assassino também se infiltrou e ficou perigosamente próximo ao professor. Entre os seus principais estudantes.

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Biblioteca Alessandrina, em Roma. Junho de 2001.

- Tentei me lembrar de tudo que aconteceu no dia do crime – disse Suzy Rani, andando calmamente de um lado para o outro, de olhos fixos em todos os movimentos das seis pessoas sentadas – e me lembrei de cada palavra, cada frase, pronunciadas naquele dia. Como o assassinato do professor italiano em Paris estava relacionado a um manuscrito com supostas mensagens a respeito de um atentado envolvendo o Oriente Médio, especialmente o Monte do Templo, lembrei-me que somente uma pessoa falou comigo sobre algo envolvendo esses temas – então, ela olhou fixamente para Elizabeth – lembra-se da nossa conversa naquele dia, Elizabeth?

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Roma, março de 2001.

Ao terminar sua palestra para aquele grupo reservado de estudantes e estudiosos, o professor Tenebaum os convidou para um lanche na chamada “sala do banquete”.

- Anita, por favor, acompanhe nossos amigos à sala do banquete. Vou só repassar uns documentos para a senhorita Semara e logo acompanharemos vocês.

Antes da palestra, Elizabeth Semara havia pedido ao professor cópias de alguns documentos relacionados à culinária dos antigos povos da Mesopotâmia, para apresentar numa aula de História.

Enquanto os outros se dirigiam alegremente para a tal “sala do banquete”, o professor apanhou alguns livros e colocou sobre a mesa.

- Pronto, senhorita. Nestes livros você vai encontrar os mais antigos documentos que... o que é isso?!

O Dr. Tenebaum estava pálido e em estado de choque.

Diante de si tinha o cano de uma arma apontado para o seu coração. Uma arma empunhada por... Elizabeth Semara.

- Deus do Céu, Elizabeth, o que significa isso?

- Tem mesmo certeza de que não sabe, professor? – Elizabeth falou com tanta frieza que o velho professor sentiu um calafrio. Aquela bela e misteriosa mulher que tinha uma voz doce e suave... agora parecia uma outra pessoa. Alguém de coração de gelo, alguém com um brilho terrível nos olhos. Um brilho de morte.

- Você é... você é ... o assassino! – O professor conseguiu balbuciar a todo custo.

- Assassina, para ser mais exato - Ela sorriu e disse – Sinto muito, mas o que está em jogo é grande demais. Vale mais do que a sua vida.

E disparou. Apenas um tiro, que acertou diretamente no peito esquerdo do Dr. Tenebaum.

Rapidamente ela retirou o silenciador da arma e a colocou perto da mão direita do professor. Aproximou-se da porta, rodou a chave um pouquinho, como se estivesse prestes a dar uma volta na fechadura. Depois apanhou uma caneta, retirou o canudo que continha a tinta, introduziu-o na chave e o deixou pendente para um lado. Amarrou um barbante no canudinho, passou por baixo da porta e a fechou por fora. Depois, calmamente, deu um leve puxão no barbante, o suficiente para fazer a chave girar e terminar de fechar a porta por dentro (*). Respirou fundo e preparou-se para representar uma comédia.

[* O autor deste conto fez essa brincadeira inúmeras vezes, em seus tempos de adolescência, deixando seus amigos impressionados. Portanto, esse truque não é apenas uma “licença literária” ou algo somente realizável no campo teórico, mas perfeitamente possível na prática].

Perto da porta havia um jarro. Ela colocou um pequeno objeto atrás do jarro, um artefato programado para ser acionado dentro de alguns minutos e produzir o som do disparo de uma arma. Aproximou-se da sala do banquete e tentou relaxar, distraindo todo mundo com suas histórias engraçadas, repletas de anedotas envolvendo árabes e judeus.

Enquanto conversava sobre descobertas arqueológicas com Suzy Rani, discretamente apertou um dispositivo em seu relógio de pulso, o disparo aconteceu e a farsa se completou. Depois, enquanto todos estavam perplexos com o cadáver na biblioteca, ela disfarçadamente apanhou o artefato (oculto no jarro) e tornou a escondê-lo na bolsa.

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Biblioteca Alessandrina, em Roma. Junho de 2001.

– Lembra-se da nossa conversa naquele dia, Elizabeth?

A reação de Elizabeth foi surpreendente. Levantou-se de um salto, com a mão direita sobre o relógio (colocado no braço esquerdo) e uma ameaça:

- Escondi uma sacola de explosivo em algum lugar neste prédio e vou acioná-los com apenas um toque, a menos que afastem todo mundo e me tragam um helicóptero com combustível suficiente para que eu deixe Paris.

Quase todo mundo entrou em estado de choque. Menos Elizabeth ... e Suzy Rani.

- Depois da nossa conversa naquele dia, resolvi investigar sua ficha – Suzy parecia não se importar com a ameaça – uma mulher misteriosa. Quase sem rastro. Mas o Mossad conseguiu descobrir seus laços com famílias do Oriente Médio cujos membros fazem parte de várias redes terroristas. Então da simples dúvida passei a ter plena certeza. E passei a vigiar todos os teus passos. Assim quando entrou neste prédio vi exatamente onde deixou uma pequena sacola, pois todas as câmeras estavam de olho em você. E pode apostar que alguém já removeu a tal sacola daqui.

- Você está blefando! Não sabe que tudo pode acabar em segundos se eu apertar esse botão?

- Pois aperte. Vamos ver se sua sacola cor laranja explode.

Ao ouvir a menção a cor da sacola, a segurança de Elizabeth foi abalada e, Suzy aproveitou para, de um salto, tomar a bolsa que a assassina trazia a tiracolo, enquanto gritava uma palavra previamente combinada:

- ISRAEL!!!

Repentinamente, de todos os lados surgiram policiais, armados até os dentes, apontando para Elizabeth.

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Jerusalém, julho de 2001.

“OS PÁSSAROS DE FERRO TRARÃO O CASTIGO DE ALLAH”

“O GRANDE SATÃ VAI CHORAR EM SETEMBRO”

“A DESTRUIÇÃO DA MESQUITA DE AL-AKSA LANÇARÁ A CULPA SOBRE OS SIONISTAS”

“OS PORCOS JUDEUS SERÃO ODIADOS PELO ATENTADO”

Suzy continuava refletindo nas frases misteriosas encontradas ocultas no manuscrito pivô de toda aquela história. A ameaça claramente dizia respeito a Israel. Um ataque terrorista no coração de Jerusalém, executado de tal forma que a culpa recairia sobre os judeus.

“Pássaros de ferro” poderia ser alguma referência a aviões. Ou mísseis teleguiados. O fato era que o Mossad e os demais serviços de inteligência israelense estavam em alerta total.

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Setembro de 2001. Em algum lugar nas nuvens, no paralelo 33.

Suzy Rani estava inquieta. Uma sensação estranha, algum perigo iminente. Em tantos anos de perigosas missões, a serviço do Mossad, já estava acostumada àquele tipo de intuição. E isso a livrara da morte inúmeras vezes.

Enquanto se encontrava a bordo daquele vôo, examinava, em seu tablet, o misterioso manuscrito responsável por todo aquele estresse, desde o assassinato em Paris.  O elemento tempo (mês e ano) estava descrito claramente na frase:

“MORTE AOS INFIÉIS, SETEMBRO DE 2001.”

Portanto, setembro de 2001 havia chegado. E já era a segunda semana. Israel estava em alerta máximo. A vigilância sobre o Monte do Templo havia se intensificado. Naquele momento, o vôo estava tranqüilo e dentro de algumas horas Suzy chegaria ao seu destino. Mas a sensação de perigo estava cada vez maior.

Ela havia pensado em várias coisas. Porém, suas reflexões foram interrompidas bruscamente, de uma forma que ela nunca havia imaginado.

Primeiro, alguém irrompeu na sala principal do avião, armado e gritando algo, em inglês, mas claramente num sotaque que lembrava o árabe:

- QUE NINGUÉM SE MOVA! NINGUÉM SAIA DO SEU LUGAR!

Logo em seguida, mais dois homens fortemente armados, cujas fisionomias denunciavam claramente suas origens árabes, adentraram, gritando em árabe:

- ALLAHU AKBAR! ALLAHU AKBAR! ALLAHU AKBAR!

Um dos homens, o mais alto, aproximou-se de Suzy e ela pode perceber, perplexa, que havia algo amarrado no corpo dele. Ela sentiu um forte calafrio ao perceber que estava diante de um homem-bomba.

- O JUÍZO FINAL CHEGOU PARA VOCÊS, INFIÉIS! – Gritou ele.

E o avião continuava seu vôo, agora para um destino totalmente diferente daquele que estava programado.

Setembro de 2001 tinha chegado.

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Sidney, Austrália, dezembro de 2014.

- Boa noite. Gostaria de reservar um quarto.

- Pois não, senhorita...

- Suzy Rani Christie.

Ser agente do Mossad não é para qualquer um.

A pessoa precisa saber namorar a morte... sem precisar casar com ela.

TENTE ADIVINHAR OU DEDUZIR A PRÓXIMA CENA

O que você acha? Como explicar que nossa agente especial está viva, se ela estava a bordo de um avião tomado por terroristas muçulmanos, em setembro de 2001; e que, pelo que sabemos, nessa mesma data, no horrendo ataque contra os Estados Unidos, todos os passageiros e tripulantes morreram?

Ou você acha que este escritor usou de licença poética e alterou um pouco a história, mudando a sorte de alguns dos passageiros daqueles vôos fatídicos?

Bem, considerando que, nos quatros vôos seqüestrados pelos terroristas nos Estados Unidos, TODOS os passageiros e tripulantes realmente morreram, tente adivinhar como nossa agente especial escapou.
   
Capítulo 3 – TÃO CORAJOSA QUANTO OS LOUCOS...

Setembro de 2001. Em algum lugar nas nuvens, no paralelo 33.

Suzy Rani estava inquieta. Uma sensação estranha, algum perigo iminente. Em tantos anos de perigosas missões, a serviço do Mossad, já estava acostumada àquele tipo de intuição. E isso a livrara da morte inúmeras vezes.

Enquanto se encontrava a bordo daquele vôo (que ia dos Estados Unidos para Israel), examinava, em seu tablet, o misterioso manuscrito responsável por todo aquele estresse, desde o assassinato em Paris.  O elemento tempo (mês e ano) estava descrito claramente na frase:

“MORTE AOS INFIÉIS, SETEMBRO DE 2001.”

Portanto, setembro de 2001 havia chegado. E já era a segunda semana. Israel estava em alerta máximo. A vigilância sobre o Monte do Templo havia se intensificado. Naquele momento, o vôo estava tranqüilo e dentro de algumas horas Suzy chegaria ao seu destino, em Israel. Mas a sensação de perigo estava cada vez maior.

Ela continuava refletindo nas frases misteriosas encontradas ocultas no manuscrito pivô de toda aquela história. A ameaça claramente dizia respeito a Israel. Um ataque terrorista no coração de Jerusalém, executado de tal forma que a culpa recairia sobre os judeus.

“Pássaros de ferro” poderia ser alguma referência a aviões. Ou mísseis teleguiados. O fato era que o Mossad e os demais serviços de inteligência israelense estavam em alerta total.

“OS PÁSSAROS DE FERRO TRARÃO O CASTIGO DE ALLAH”

“O GRANDE SATÃ VAI CHORAR EM SETEMBRO”

“A DESTRUIÇÃO DA MESQUITA DE AL-AKSA LANÇARÁ A CULPA SOBRE OS SIONISTAS”

“OS PORCOS JUDEUS SERÃO ODIADOS PELO ATENTADO”

Por isso, ela havia tomado o vôo para Israel. Ela pensava em várias possibilidades. Porém, suas reflexões foram interrompidas bruscamente, de uma forma que ela nunca havia imaginado.

Primeiro, alguém irrompeu na sala principal do avião, armado e gritando algo, em inglês, mas claramente num sotaque que lembrava o árabe:

- QUE NINGUÉM SE MOVA! NINGUÉM SAIA DO SEU LUGAR!

Logo em seguida, mais dois homens fortemente armados, cujas fisionomias denunciavam claramente suas origens árabes, adentraram, gritando em árabe:

- ALLAHU AKBAR! ALLAHU AKBAR! ALLAHU AKBAR!

Um dos homens, o mais alto, aproximou-se de Suzy e ela pode perceber, perplexa, que havia algo amarrado no corpo dele. Ela sentiu um forte calafrio ao perceber que estava diante de um homem-bomba.

- O JUÍZO FINAL CHEGOU PARA VOCÊS, INFIÉIS! – Gritou ele.

E o avião continuava seu vôo, agora para um destino totalmente diferente daquele que estava programado.

O objetivo era lançar o avião contra a Mesquita de Omar, no coração de Jerusalém, para que a culpa recaísse sobre os judeus.

Setembro de 2001 tinha chegado.

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No vôo que se aproximava velozmente do centro de Jerusalém, havia quatro terroristas, uma ameaça explosiva iminente e uma agente especial à bordo.

Um dos quatro estava na cabine, forçando os pilotos a mudarem a rota.

Suzy tentou manter o sangue frio. Dos quatro terroristas, parecia que somente um era um homem bomba. E segurava, em sua mão direita, algum dispositivo. Por mais rápido que alguém fosse, seria impossível deter o tal terrorista antes que ele apertasse o fatídico botão. Ela poderia deter os outros dois, mas não adiantaria nada. Havia ainda o terrorista da cabine.

E o vôo continuava se aproximando da mesquita.

Bem, mas ela era uma agente do Mossad. E como disse alguém certa vez, o Mossad tinha uma vantagem incomum, incomparável e singular, em relação aos outros serviços secretos mundiais: TINHA DEUS COMO SEU PRINCIPAL PADRINHO!

O argumento era simples e devastador:

1º - Os muçulmanos trabalham para destruir Israel;
2º - O Mossad existe para defender Israel;
3º - Deus jurou, na Bíblia, que Israel nunca será destruído;
4º - Portanto, de alguma forma, Deus “trabalha” para o Mossad.

O fato, ignorado por muitas pessoas, é que as empresas aéreas israelenses são as mais seguras do mundo. Nenhum país investe mais em segurança do que Israel. Os terroristas sabem disso e sabem também que tentar seqüestrar um avião israelense é cometer suicídio... Suicídio solitário e não coletivo.

Invadir um avião israelense era algo quase que impossível. Mas, de alguma forma, aqueles quatro terroristas conseguiram.

O tempo passando. Suzy olhou para o relógio. Então sorriu. Levantou-se calmamente.

- NÃO SE MEXA OU TODO MUNDO MORRE AGORA!!! – Gritou o homem bomba

Ela se aproximou do terrorista.

- EU JÁ DISSE! VOU APERTAR ESSE BOTÃO!

Suzy se aproximou do terrorista. Os outros dois estavam atônitos.

O homem-bomba suava. Suas mãos tremiam. Mas ele sabia que não poderia apertar aquele botão enquanto não estivesse chegado ao destino. Não poderia estragar uma missão tão cuidadosamente planejada, durante anos.

Suzy estava a meio metro do homem-bomba e olhava em seus olhos. De alguma forma ela tinha uma arma secreta senão não estaria tão segura, cara a cara com a morte.

O tempo passando e a tensão aumentando de forma exponencial.

Mas então tudo aconteceu.

- YAHVEH AKBAR!!!

Suzy agarrou a mão direita do homem-bomba, no exato segundo em que percebeu que ele havia vacilado e relaxado o polegar que mantinha sobre o botão da bomba. Mas não era uma ação suicida da parte dela?

Não. Foi tudo minuciosamente calculado.

Quando ela agarrou a mão do terrorista, impedindo-o de apertar o botão, soltou o grito YAWEH AKBAR! (Uma paródia do grito muçulmano ALAHU AKBAR!, que significa ALLAH É GRANDE! Mas Suzy trocou ALLAH por YAWEH, que é o Sagrado Nome do Deus de Israel).

O grito de Suzy era a senha de ação do Mossad, para aquele tipo de situação.

Logo que ela gritou YAHWEH AKBAR!, algo inusitado aconteceu. Em questão de segundos, todos os que se encontravam naquele ambiente desmaiaram. Todos, menos Suzy Rani Christie.

Em seguida, a porta da cabine foi aberta e um dos pilotos entrou, perguntando:

- Tudo bem, agente?

- Sim. Tudo sobre controle – respondeu ela.

- Ok. Vamos voltar a rota original e pousar daqui a pouco no aeroporto Ben Gurion.

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11 de setembro de 2001.

A tragédia sobre os Estados Unidos abalou o mundo. Todos estavam perplexos. Inclusive em Israel. Mas naquele pequeno país judaico havia uma sensação diferente, de luto e alivio ao mesmo tempo.

A coisa poderia ter sido pior. Muito pior. Israel estava aliviado por ter conseguido evitar o possível maior ataque terrorista em sua história moderna. Mas triste por não ter conseguido ajudar os americanos a evitar o ataque contra eles.

Quando os terroristas se manifestaram no avião israelense, Suzy comunicou-se com um dos pilotos, tranqüilizando-o e pedindo para só agir no momento propício. Seria fácil demais imobilizar os terroristas armados se não fosse o homem-bomba. Este era a única ameaça em potencial.

Por isso ela aguardou o momento propício até que conseguisse manter o controle sobre o dispositivo da bomba. E o que aconteceu foi o seguinte:

No momento em que estava segura de estar no controle do dispositivo do homem-bomba, Suzy gritou a frase-senha, que era um sinal para um dos pilotos com a qual ela mantinha contato. Então, no mesmo segundo, tanto ela, quanto ele, mastigaram um comprimido que estava escondido na boca. Alguns segundos depois, todos desmaiaram, menos ela e os dois pilotos da cabine.

Ao ouvir o grito-senha, um dos pilotos acionou um dispositivo de um tipo de gás que fazia a todos dormirem imediatamente. Todos os ocupantes do avião, menos aqueles que mastigassem um certo comprimido que funcionava como uma espécie de imunizador. Um remédio exclusivo dos agentes do Mossad.

Israel fará proezas.” (Números 24.18)

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Ao voltar para o seu quarto, no hotel Rei Davi, onde estava passando alguns dias de folga, Suzy deitou-se na cama e ficou olhando para o teto, refletindo, refletindo.

- Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimmmmmmm!!!!!!!

Ela levantou os olhos para a cabeceira da cama onde se encontrava o telefone. Mas o toque vinha de outra direção. Do banheiro.

Ela apanhou sua arma e seguiu cautelosa. Abriu a porta com cuidado e ali estava, em cima da pia, um celular, um modelo popular.

- Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimmmmmmm!!!!!!!

Calmamente, guardou a arma e pegou o celular, clicando no botão para atender a ligação.

- Alô?!!!

- Se desligar ou soltar esse celular, seu quarto e parte do hotel irá pelos ares – disse uma voz ruidosa, sinistra. Ela não respondeu nada. E a voz continuou:

- E se continuar com o celular ligado, em 7 minutos parte do hotel irá pelos ares, incluindo o seu quarto. Portanto, você não tem saída.

Suzy respirou fundo.

- Aproxime-se da janela – disse a misteriosa voz.

- Por que?

- Você não está em posição de questionar nada. Aproxime-se! Agora!

Ela se aproximou da janela.

- O que devo fazer agora?

- Nada. Apenas não se mexa. Coloque sua mão esquerda à vista e não largue o celular.

- Pra que tudo isso?

- Daqui a alguns minutos você não precisará perguntar mais nada. Daqui a 6 minutos daremos mais um passo para a libertação do nosso povo. Mais um passo para a destruição dos malditos sionistas.

00:06:45
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A situação é clara e a solução aparentemente impossível.
Nossa agente especial está dentro de um hotel prestes a explodir.
Ela não pode sair porque estaria apressando a explosão.
Não pode pedir ajuda, porque está sendo monitorada. Uma mão segura o celular fatal e a outra não pode fazer nada.

00:01:07
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Por enquanto, essa história termina aqui.
00:00:06
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TENTE ADIVINHAR OU DEDUZIR A PRÓXIMA CENA
  
Moacir Junior – www.arquivo7.com.br – morganne777@hotmail.com


Para: Suzanna Rani Cristina

Disponível em pdf aqui: https://1drv.ms/f/s!AMafaKsEbznSiF8 - Título: "00 - NOSSA AGENTE ESPECIAL SUZY RANI CHRISTIE"

2 comentários:

  1. como faço para obter estes romances

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    1. Oi, envia uma mensagem para meu e-mail: morganne777@hotmail.com ou me procura no Facebook e manda uma mensagem. Infelizmente, os links nas postagens acima estão com problemas e preciso atualizá-los. Meu Facebook é: https://www.facebook.com/moacir.junior.31

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