sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

CAPÍTULO 9 - A NOITE DAS ALMAS PERDIDAS

Vestida numas roupas negras estava Sophie, segurando na mão direita algo como um bisturi. Suas vestes e o bisturi estavam manchados de sangue.
- Ela... ela está... ela está ... morta? – Morganne fez toda a força possível para pronunciar algumas palavras.
- Está – respondeu Sophie, sem pestanejar – ela perdeu muito sangue e era fraca, muito fraca.
- Não acredito que isto esteja acontecendo.
- Mas está.
- Por quê? Por quê? Por quê? – Ele colocou as duas mãos na cabeça, desesperado.
De repente, uma grande ventania derruba tudo e Morganne é lançado longe, mergulhando em seguida numa grande escuridão. Alguns minutos depois, abre os olhos e percebe que está caído ao lado de sua cama. Está em casa, suando frio. É noite. Levanta-se, ainda tremendo. Acabara de ter um horrível pesadelo.

“Meu Deus! Era apenas um pesadelo... um pesadelo... um pesadelo ou uma premonição?” – Ele aproxima-se da geladeira, para tomar um copo d’água. Um grande medo estava invadindo seu coração.

- Deus, o que está acontecendo? Que graves perigos estamos correndo? O Senhor quer nos dizer alguma coisa? Faça-nos entender a verdade.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

CAPÍTULO 8 - UM SOPRO GELADO QUE VEM DAS PROFUNDEZAS

Stanville ia saindo, quando algo lhe inquietou. Sem saber explicar o porque, resolveu entrar no pequeno e antigo cemitério. Durante alguns minutos passeou por entre os túmulos, sentindo sempre aquela sensação estranha.

“Deus, o que queres me dizer?”. Cerca de quinze minutos depois ele parou. Estava diante de um túmulo, cuja lápide dizia:

SOPHIE SORAN
1958 – 1980

Naquele momento sentiu um arrepio tão forte, que todo seu corpo tremeu. “Que é isso?”. Imediatamente lembrou-se de um versículo bíblico do livro de Jó:

“ENTÃO UM ESPÍRITO PASSOU POR DIANTE DE MIM; ARREPIARAM-SE OS CABELOS DO MEU CORPO.” (Jó 4.15).

Sobre a lápide havia também uma foto um pouco antiga, mais ainda nítida. Mostrava uma bela moça, aparentando ter entre 18 e 20 anos. Conforme a data na lápide, ela tinha morrido com a idade de 22 anos. Stanville ficou ainda mais intrigado. “Por que será que Morganne quer informações sobre uma morta? Será alguma investigação do Arquivo 7? E por que estou todo arrepiado? Acho melhor sair daqui.”

sábado, 21 de fevereiro de 2015

CAPÍTULO 7 - CALAFRIOS!

Como a classe permaneceu em silêncio – até Vandervil estava perturbado com aquela história  - Sophie continuou:
- Escutem essa outra história. Em uma manhã de domingo, o reverendo Charles Morgan...
Ela freou suas palavras ao notar a palidez repentina de Morganne. Tentou não se perturbar, e continuou:
- Como eu estava dizendo, o reverendo Charles Morgan, que era ministro da Igreja Metodista Rosedale, em Winnipeg, Manitoba, Canadá, chegou cedo para as preparações dos serviços religiosos daquela noite. Antes de entrar em seu gabinete, ele separou os hinos que seriam entoados e dedicou-se a outros preparativos. Feito isso, retirou-se para o gabinete e decidiu tirar uma soneca até a hora dos serviços religiosos. Assim que caiu no sono, começou a ter um sonho vívido, que misturava escuridão com o som de enormes ondas. Acima daquele ruído contínuo, um coro entoava um velho hino que o reverendo Morgan não ouvia fazia anos.
“Meu Deus! Eu também ouvi esse hino em meus sonhos” – Disse Morganne, para si mesmo – “O que está acontecendo?” Os olhos de Sophie brilhavam e ela continuou:

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

CAPÍTULO 6 - SUSPEITEI DESDE O PRINCIPIO...

Os SETES estavam na Biblioteca, atentos às palavras de Sabrina, que estava prestes a revelar quem era o misterioso Escorpião.
- E com todas as oito palavras chave em nossas mãos, tínhamos agora a chance de decifrar toda a charada – disse Sabrina. Ela anotou no quadro todas as oito palavras encontradas.
OURO – MAÇÃ – ESCORPIÃO – ÁGUIA – NAVIO – NEVE - GALO - REI
- Aparentemente essas palavras não querem dizer nada, não possuem nenhuma ligação entre si. Mas ficamos imaginando o que o Escorpião quis dizer ao enviar a primeira mensagem, dizendo que era a 8.ª palavra. Então, tivemos a inspiração de que, talvez cada palavra indicasse uma letra, para assim formar um nome. Então, destacamos a primeira letra das 8 palavras e descobrimos a verdade. Quem diria, hein? – Observando a curiosidade expressa no olhar de cada um dos rapazes, Sabrina sorriu e concluiu: - Tudo leva a uma só direção. Senhoras e senhores, o Escorpião é...
         Ela suspendeu a frase, e se divertiu com a extrema ansiedade expressa nos rostos dos rapazes do Arquivo 7.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

CAPÍTULO 5 - CORAÇÕES EM CHAMAS

A tristeza era grande. O incêndio não chegou a destruir a casa, mas queimou muitas coisas e, infelizmente, havia uma vítima: O professor Pike. Uma parte do seu corpo (inclusive seu rosto) estava queimada.
         Alguns dos SETES estavam no local da tragédia, inclusive Morganne. Ele tentava esconder dos outros que não estava normal. Mas sabia que isso era quase impossível, pois aqueles jovens espertos eram especialistas em descobrir a verdade dos fatos.
- Mas como é que aconteceu isso? – Diego, assim como os demais, estava chocado.
- Uma coisa está clara: o incêndio foi criminoso – disse Sabrina, aproximando-se.
- Que teoria é essa? – Morganne virou-se e olhou para ela.
- Eu e Scapelly descobrimos marcas de álcool em vários pontos estratégicos da casa.
- Mas não comentaram com ninguém estranho, certo? – Morganne falou bem baixinho, dando a entender que aquela informação era perigosa.
- Não comentamos com ninguém – assegurou Sabrina, logo acrescentando – mas será que não devemos informar à policia?
- Talvez seja melhor deixar que descubram sozinho. Isso não está me cheirando bem – disse Diego.
- Não é possível que o professor Pike esteja morto! – Exclamou Giovanna – como é que uma tragédia dessa foi acontecer? Por que ele não estava no aniversário de Sophie?
         Ao ouvir o nome Sophie, Morganne se agitou interiormente. Como era possível que ele tivesse se metido em tamanha enrascada?

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

CAPÍTULO 4 - QUER ME CONTAR TEUS SEGREDOS?

Morganne resolveu ir à casa de Sophie, não no sábado, mas na sexta-feira. Ela morava com uma amiga, outra professora, Cibele. Esta já se encontrava em Igarapé Grande há três anos, e lecionava Literatura e Língua Estrangeira (Inglês).
- Oi, seja bem vindo. Fique à vontade.
Morganne sentou-se, olhando para todos os lados (aquela velha mania de sondar o ambiente, examinar tudo minuciosamente, como se fosse um detetive na cena de algum crime). Sophie foi até à cozinha pegar um suco. Morganne levantou-se e se aproximou da pequena biblioteca da professorinha. Os SETES acreditavam que uma biblioteca particular era um lugar adequado para se sondar a alma de uma pessoa.
- Na minha casa em São Luis tenho muito mais livros – Disse Sophie, interrompendo os pensamentos de Morganne.
- Os livros são misteriosos – respondeu ele, recebendo o suco e voltando para o sofá – a maneira de usá-los pode determinar nosso futuro, nosso destino. Eles abrem nossa mente, nossa alma, mas podem tanto iluminar nossas vidas, como mergulhá-las na escuridão.
- Sempre gostei de estudar a alma humana, por isso me formei em Psicologia.
- O que você pode dizer ao meu respeito?
- Há pessoas cujo coração é mais difícil de se penetrar do que os outros.
- Sou uma dessas?
- Qual o seu maior segredo, Morganne? – Ela fez essa pergunta de forma tão direta, que provocou um certo impacto. Mas o que fez Morganne tremer nas bases, é que Sophie inclinou-se para a frente ao fazer a pergunta, como se quisesse intimidá-lo, ou dominá-lo.
- Todos temos segredos. Talvez seja uma fórmula de sobrevivência – respondeu, vacilante.
- Mas os segredos se tornam mais fascinantes quando compartilhamos com uma pessoa – apenas uma.
- O que você consegue lê em mim?
- Não sei. Seu coração parece impenetrável.
“O que essa moça pretende?”

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

CAPÍTULO 3 - VIVENDO E APRENDENDO

- O estilo desafiante desse Escorpião parece-se com Sanderville – disse Morganne – mas seus intricados códigos parece coisa de alguém que conhece bastante nosso estilo.
- Vandevil costuma ler as apostilas do Arquivo 7? – Perguntou Melissa.
- Eu já ofereci algumas pra ele, mas não sei o que ele fez delas – respondeu Morganne.
- Mas você já ofereceu a ele algumas apostilas sobre códigos secretos? – Perguntou Scapelly.
- Não, claro que não. Esse tipo de apostila é do conhecimento exclusivo dos SETES.
- Mas ele pode ter aprendido isso nos livros que qualquer um pode comprar por ai – sugeriu Diego.
- Espera aí – atalhou Brigitte – Vocês estão falando como se fosse certo que o Escorpião seja Vandevil.
- Ela tem razão – concordou Lonners – Não há um só indicio de que Vandevil tenha qualquer ligação com nosso desafiador oculto.
- O que você acha, Sabrina? Está muito quieta hoje.
Ela olhou para Scapelly e respondeu:
- Lembram-se de que fui à cidade de Pedreiras ontem? – Ela contou todos os detalhes envolvendo o encontro com Sanderville, o misterioso adesivo e o telefonema misterioso, concluindo – a ligação dele durou apenas alguns segundos e antes que eu dissesse qualquer coisa, desligou.
- Isso é bem interessante – disse Morganne – embora não pareça tão inteligente. Se Sanderville aproximou-se de você várias vezes, teve muita chance para pregar o adesivo na bolsa, mas isso seria deixar uma pista muito clara de que ele está envolvido.
- Concordo com Morganne – disse Lonners – e digo mais: na minha opinião, Sanderville não está interessado em nos desafiar com códigos e enigmas. Ele está interessado é em Sabrina.
Todos sorriram, e Sabrina apressou-se em se defender:

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

CAPÍTULO 2 - NADA DE ESTRANHO ACONTECEU HOJE...

- Pois bem – disse Morganne, dando um passo a frente – o jogo começou!
Aquela expressão era uma espécie de senha. Um a um, vários dos SETES ali presentes, deram um passo à frente, respondendo ao desafio de Sanderville.
- EM QUE LUGAR DO MUNDO AMANHÃ VEM ANTES DE HOJE, E HOJE VEM ANTES DE ONTEM? – Perguntou Magry – Ora, meu amigo, só pode ser no dicionário.
- Muito bem, Magry! – exclamou Sabrina, também dando um passo à frente e dizendo: - QUAL É O TRABALHADOR QUE PENSA PRIMEIRO NO INDIVÍDUO E SÓ DEPOIS NA SOCIEDADE; COLOCA O HOMEM SEMPRE ANTES DA MULHER; PÕE A GANÂNCIA À FRENTE DA SOLIDARIEDADE; FAZ QUESTÃO DE DIVULGAR CRIME, LIBERTINAGEM, PRECONCEITO, RACISMO E TORTURA; E, AINDA ASSIM, É RESPEITADO NO MERCADO DE TRABALHO? A resposta desse enigma tem a ver com o anterior. A resposta é: O DICIONARISTA, ou seja, a pessoa que escreve um dicionário, pois no dicionário encontramos as palavras CRIME, LIBERTINAGEM, etc. Nele também a palavra HOMEM vem antes de MULHER, INDIVIDUO antes de SOCIEDADE, etc. Um certo político disse certa vez, com razão: O único lugar onde DINHEIRO vem  sempre antes do TRABALHO é no dicionário.
Várias vozes exclamaram: Muito Bem! Sanderville sorriu, mas era um sorriso de insatisfação.
- O QUE É QUE O HOMEM AMA MAIS QUE A VIDA E TEME MAIS QUE A MORTE? – Perguntou Diego - É MAIS PODEROSO QUE DEUS E MAIS PERVERSO QUE O DIABO; OS POBRES TÊM, E OS RICOS PRECISAM; O GASTADOR ECONOMIZA, E O AVARENTO PARTILHA. ALIMENTA OS MORTOS, MAS SE OS VIVOS COMEREM, MORRERÃO LENTAMENTE? A resposta é simples: NADA! Isso mesmo: NADA!
- Excelente! – Disse Morganne.
- DOIS TIMES DE FUTEBOL DISPUTARAM UMA PARTIDA – disse Vanessa - UM TIME GANHOU DO OUTRO POR 3 A 0, MAS OS GOLS NÃO FORAM MARCADOS POR NENHUM JOGADOR. COMO ISSO FOI POSSÍVEL? E os gols não foram marcados por juizes, bandeirinhas ou goleiros, como ouvi algumas pessoas dizerem. A resposta correta é: ERA UMA PARTIDA DE FUTEBOL FEMININO. QUEM MARCOU OS GOLS FORAM JOGADORAS E NÃO JOGADORES!
A resposta de Vanessa provocou algumas risadas.
- Alguém mais quer responder? – Perguntou Morganne.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

CAPÍTULO 1 - O DIA DO ESCORPIÃO


Cidade do Cairo, Egito, 1977.
Dentro de uma enorme sala, de forma oval, ao redor de uma comprida mesa, estavam 18 pessoas, portando capuzes e vestes vermelhas. No centro das vestes, e também sobre a mesa, havia um círculo branco, com o desenho de um escorpião dourado. Em cada capuz havia um círculo branco com um número em vermelho. Sentado numa cadeira diferente das outras, um dos encapuzados (o de número 1) que parecia ser o chefe naquela reunião, levantou-se e disse:
- Meus irmãos, quero dar as boas vindas a todos. Antes de discutirmos o assunto de hoje vamos  ouvir os relatórios. Que se apresente o irmão Número 2.
O encapuzado chamado de Número 2, levantou-se e disse inicialmente:
- O infiel Douglas Malik foi enviado para o reino de Anúbis.

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Anúbis, na mitologia egípcia, deus dos mortos. Considerado o inventor do embalsamento, guardião dos túmulos e juiz dos mortos. Os egípcios acreditavam que no juízo das almas, ele avaliava o coração dos mortos com a pena da verdade. Na arte, era representado com cabeça de chacal. Às vezes, Anúbis era identificado como Hermes, da mitologia grega.
  
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Durante algum tempo, o Número 2 relata, cuidadosamente o desenrolar da missão sob sua responsabilidade. No final, o “Número 1” faz um agradecimento e um elogio. Logo em seguida, vários outros encapuzados fazem seus relatos. Cerca de meia hora depois, o Número 1 dá por encerrada a apresentação dos relatórios e apresenta uma nova pauta na reunião.
- Irmãos, hoje o irmão Número 7 receberá sua primeira missão. Como todos sabem, o ocupante do capuz número 7 morreu de forma trágica recentemente e de acordo com nossa Lei o herdeiro mais próximo deve ocupar o lugar do falecido. Ele já cumpriu e passou em todos os rituais de iniciação no mês passado, e hoje receberá sua primeira missão – O Número 1 aponta para o Número 7 e ordena – irmão, pode abrir o envelope.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

UM AMOR SOMBRIO EM IGARAPEH GRANDE – A 1ª aventura dos “SETES”

     Uma história de amor e mistérios, quando, pela primeira vez os "SETES" descobriram que "existem mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia" no dizer de Shakespeare. Uma jornada bizarra ao mundo espiritual onde histórias de amor se confundem com pactos demoníacos e a busca pela juventude eterna.
         Desta vez o pano de fundo envolve menos profecia bíblica, dando-se destaque para os enigmas e códigos secretos que fizeram a fama do lendário Grupo7 em minha cidade natal. Mas existe um ingrediente não explorado nos romances anteriores: O TERROR. Ou como os especialistas costumam dizer: O REALISMO FANTÁSTICO. Em outras palavras: UM ROMANCE DE AMOR E TERROR OCORRIDO EM IGARAPÉ GRANDE.

       Essa história será publicada em capítulos – a cada 3 dias – mantendo o mesmo texto originalmente escrito. Ou seja, com exceção do título, não fiz nenhuma outra alteração e com isso eventuais erros cronológicos ou gramaticais permanecem como no original, escrito entre dezembro de 2004 e junho de 2005.

       E aí? Pronto para mergulhar em um mundo de mistérios e coisas estranhas?
Moacir R. S. Junior – morganne777@hotmail.com