Morganne
resolveu ir à casa de Sophie, não no sábado, mas na sexta-feira. Ela morava com
uma amiga, outra professora, Cibele. Esta já se encontrava em Igarapé Grande há
três anos, e lecionava Literatura e Língua Estrangeira (Inglês).
- Oi, seja bem
vindo. Fique à vontade.
Morganne
sentou-se, olhando para todos os lados (aquela velha mania de sondar o
ambiente, examinar tudo minuciosamente, como se fosse um detetive na cena de
algum crime). Sophie foi até à cozinha pegar um suco. Morganne levantou-se e se
aproximou da pequena biblioteca da professorinha. Os SETES acreditavam que uma
biblioteca particular era um lugar adequado para se sondar a alma de uma
pessoa.
- Na minha casa em
São Luis tenho muito mais livros – Disse Sophie, interrompendo os pensamentos
de Morganne.
- Os livros são
misteriosos – respondeu ele, recebendo o suco e voltando para o sofá – a
maneira de usá-los pode determinar nosso futuro, nosso destino. Eles abrem
nossa mente, nossa alma, mas podem tanto iluminar nossas vidas, como
mergulhá-las na escuridão.
- Sempre gostei de
estudar a alma humana, por isso me formei em Psicologia.
- O que você pode
dizer ao meu respeito?
- Há pessoas cujo
coração é mais difícil de se penetrar do que os outros.
- Sou uma dessas?
- Qual o seu maior
segredo, Morganne? – Ela fez essa pergunta de forma tão direta, que provocou um
certo impacto. Mas o que fez Morganne tremer nas bases, é que Sophie
inclinou-se para a frente ao fazer a pergunta, como se quisesse intimidá-lo, ou
dominá-lo.
- Todos temos
segredos. Talvez seja uma fórmula de sobrevivência – respondeu, vacilante.
- Mas os segredos
se tornam mais fascinantes quando compartilhamos com uma pessoa – apenas uma.
- O que você
consegue lê em mim?
- Não sei. Seu
coração parece impenetrável.
“O que essa moça
pretende?”
*******
Vanessa,
Melissa e Sabrina se encontraram.
- Descobri a
palavra chave – disseram todas, quase ao mesmo tempo.
- No inicio pensei
que fosse algo mais sério, mas estou começando a achar isso muito infantil –
disse Sabrina – afinal, essas palavras (NEVE, REI, GALO, ÁGUIA, ESCORPIÃO,
NAVIO) não são palavras especiais (salvo Escorpião).
- Mas talvez o
restante do segredo esteja aí – disse Vanessa – Deve haver alguma frase, alguma
história que faça ligação com todas essas seis palavras.
- E as outras
mensagens? – Perguntou Melissa – No inicio, ele não enviou duas mensagens, que
falavam, se não me engano, da 8.ª e 7.ª palavra chave?
- Estou ansiosa
pela reunião de sábado – falou Vanessa – talvez lá a gente consiga decifrar
essa charada por completo.
*******
Morganne
e Sophie.
- Fale-me sobre o
Arquivo 7. Como é esse arquivo? É uma Biblioteca? Por que o nome Arquivo 7? Por
que não Arquivo 8, 6, outro número qualquer?
- Olha, o Arquivo 7
é uma coleção de pastas, livros, revistas, jornais, apostilas, cartazes e documentos onde são
investigados casos sobrenaturais, estranhos, inexplicáveis e extraordinários,
principalmente envolvendo números simbólicos. Por que chamar de Arquivo 7? Porque 7 é o número-chave dos mistérios da Bíblia e é o fator constante em todas as
profecias bíblicas. É o número mais citado na Bíblia, com significados
extraordinários. Nesse caso, o Arquivo 7 se tornou um centro de pesquisas sobre
coisas incomuns, estranhas e extraordinárias.
Os estudiosos
do Arquivo 7 são chamados de
“SETES”, ou Grupo 7; seu modo de pensar é chamado Filosofia 7;
as coisas estudadas e colecionadas no Arquivo 7 são chamadas de Cultura 7.
O
Arquivo 7 possui dois lados: a seção “A”, que trata de coisas
sobrenaturais e mistérios espirituais. É o lado mais profundo. Lembra-se
daquele desafio de Sanderville? O 7.º enigma era relacionado à seção A, e os
outros à seção B.
A seção “B” é uma coleção de charadas,
truques interessantes, quebra-cabeças, curiosidades matemáticas e históricas,
enigmas artísticos e numéricos, histórias interessantes envolvendo
coincidências numéricas e enigmas especiais, etc. É a parte divertida do
Arquivo 7. Naquele dia meus amigos deram uma demonstração disso.
O Arquivo 7 – seção “B” existe há muito
tempo (desde 1987 – mas ainda não tinha esse nome); já o Arquivo 7 – seção “A”,
foi criado recentemente, no inicio deste ano (1991), não por acaso, mas devido
ao impacto causado pela Guerra do Golfo Pérsico.
Nesse momento, Morganne notou que Sophie tremeu
um pouco, e seus olhos piscaram duas vezes.
“Toquei em algo particular” – Disse ele
para si mesmo.
- Quer dizer que a
seção A foi criada depois da seção B? Que coisa esquisita.
- Na verdade, antes o Arquivo não tinha o nome Seção B. Só
agora é que criamos essa divisão.
- E por que colocar A depois de B?
- Por que os assuntos que passamos a investigar depois são
muito mais importantes do que os primeiros. Os enigmas naturais podem nos
divertir e afinar nossa mente, mas os enigmas sobrenaturais causam um impacto
maior e podem mudar o nosso destino.
- Você me deixa cada vez mais curioso.
- Quando comecei (justamente com alguns amigos) a organizar
e colecionar coisas interessantes e fatos curiosos, não havia ainda nenhum
interesse na investigação dos enigmas sobrenaturais (e na época eu nem conhecia
o plano de “setes” elaborado na Bíblia). Portanto, o Arquivo 7 parecia mais um
clube de recreação, charadas e truques espetaculares, uma associação de jovens
espertos ou coisa parecida.
- Espera aí. Você disse “planos de setes elaborados na
Bíblia”? O que é isso?
- Desculpe-me. Às vezes esqueço de explicar certos
conceitos. Os estudiosos descobriram que, por trás dos textos da Bíblia, na
língua original, há um plano numérico sempre em múltiplos de setes. Por exemplo,
no capítulo 17 do Evangelho de São João está registrada a Oração Sacerdotal de
Jesus pelos discípulos. Uma oração comovente antes de Jesus ser preso e levado
para a cruz. No texto original grego há
um esquema numérico de setes. Nessa oração Jesus usou exatamente 490 palavras e
2.079 letras, que são múltiplos de 7.
Veja bem: 490 palavras (70 x 7) e 2.079 letras (297 x 7). Mas isso é só
o começo. Nessa poderosa oração, aparecem justamente: 1.162 vogais (166 x 7);
917 consoantes (131 x 7); 98 verbos diferentes (14 x 7); 77 substantivos (11 x
7); 70 conjunções (10 x 7); 49 preposições (7 x 7); 126 pronomes (18 x 7); 70
advérbios e artigos (10 x 7); Jesus usou ainda, 49 pronomes relacionados a Ele
mesmo (7 x 7), 91 palavras relacionadas à Trindade Santa (13 x 7), 7 palavras
relacionadas a Deus, o Pai e 7 palavras relacionadas ao mundo.
- Interessante.
- Toda a Bíblia foi escrita obedecendo-se a certos padrões
numéricos, e na maioria das vezes, usando-se o número 7. Por isso, quando Deus
abriu meus olhos para a incrível estrutura numérica envolvendo o número 7 na
Bíblia, fui levado a dividir o alvo de investigação do Arquivo 7 em duas seções
distintas: uma séria e outra nem tanto.
Porém, algum tempo depois fui despertado para a realidade da INVASÃO
ESOTÉRICA E OCULTISTA no nosso mundo, contaminando principalmente a mente de
adolescentes e jovens. E a seção “A” do Arquivo 7 ganhou mais um item: A
INVESTIGAÇÃO DO OCULTISMO, com o objetivo de esclarecer, alertar e libertar os
jovens envolvidos com tais coisas (Há muitas apostilas no Arquivo 7 que tratam
desses casos).
Quando
pronunciou a expressão “INVASÃO ESOTÉRICA OCULTISTA”, Morganne percebeu
novamente uma alteração na respiração e olhares de Sophie. Se ela estava
sondando ele, talvez não fosse capaz de imaginar que estava sendo sondada por
ele.
- E essa idéia
quase maluca foi criada aqui mesmo?
- Você acha difícil
numa cidadezinha tão pequena?
- Qualquer um
acharia. Vocês recebem ajuda de alguém de fora?
- Na verdade,
quando o pessoal daqui resolve sair para as grandes cidades, levam a Filosofia
com eles, e procuram espalhar por lá, e aí quando encontram alguma coisa
interessante por lá, relacionada às nossas pesquisas, nos enviam imediatamente.
Por isso, a Biblioteca 7 tem crescido.
- Como é essa
Biblioteca 7?
- Ah, não tem
tantos livros, mas os materiais que tem por lá (incluindo jornais, revistas,
cartazes) são muitos interessantes.
- Eu poderia
visitá-la?
- Sim, qualquer
pessoa pode.
- Mas eu pensava
que fosse algo secreto, algo como...
- Uma Maçonaria? – Morganne
sorriu – ah, o pessoal daqui tem um certo preconceito com relação ao Grupo 7. É
claro que temos nossos segredos, mas de maneira geral procuramos espalhar o
conhecimento e não prendê-lo.
- E vocês nunca se
envolveram com coisa séria?
- Como assim?
- Vocês não gostam
de enigmas? Investigar mistérios, essas coisas? Nunca apareceu um crime
misterioso por aqui ou coisa parecida? – Ela sorriu.
- Bom, não. Nada
sério. Mas temos amigos que já se envolveram com coisas muito sérias, mas não
diretamente ligadas ao Arquivo 7 (Nesse momento, Morganne se lembrou de Moyra
Stanley e Wendy Milanne).
*******
Sobre Moyra Stanley e Wendy Milanne,
leia o Romance intitulado: OS JOVENS QUE SABIAM DEMAIS.
*******
- Como é o
pensamento de um SETE, ou seja, o estilo 7? Cite exemplos.
- Naquela noite na
praça a senhora, desculpe, VOCÊ viu uma pequena demonstração. O pensamento de
um “SETE” geralmente envolve números, ou seja: um “SETE” sempre conhece uma
história, uma brincadeira ou um enigma interessante relacionado a qualquer
número. Em outras palavras: Qualquer número leva um “SETE” a pensar numa
história ou coincidência interessante. Vejamos um exemplo – Morganne olhou para
blusa de Sophie, olhou para a biblioteca, volveu os olhos para alguns quadros
na sala, e depois falou – Para nós, um número sempre nos proporciona viagens
interessantes. Olhando para esse número 69 na tua blusa, pensei naquele quadro
ali, com a frase “O SENHOR É O MEU PASTOR E NADA ME FALTARÁ”. É O Salmo 23 e 3
x 23 é igual a 69. Esse Salmo foi escrito pelo rei Davi, e o nome DAVI é o
anagrama da palavra VIDA, uma palavra encontrada naquele livro ali (MINHAS
VIDAS, de Shirley Maclaine). Essa atriz americana ganhou o Oscar no ano de 1983
pelo filme LAÇOS DE TERNURA (que também ganhou o Oscar de melhor filme do ano).
No ano anterior quem ganhou o Oscar de melhor atriz foi Meryl Streep, pelo
filme A ESCOLHA DE SOFIA – Quando pronunciou a palavra SOFIA, ele apontou o
dedo indicador levemente em direção ao rosto de Sophie.
- Muito
interessante. Você começou deste número em minha blusa e fechou o círculo
terminado em meu nome. Legal.
- Mas nós sempre
temos uma surpresinha escondida na manga. Temos um ditado que diz: SER SETE É
SABER SURPREENDER. Veja isto – ele rabiscou algo num pedaço de papel – o nome
SOPHIE tem o valor de... exatamente 69.
- Puxa vida! – Ela
estava realmente impressionada.
- Mas costumamos
usar esse processo mental para falarmos de profecias. Assim, cada número nos
sugere algo relacionado às profecias. O número 69 leva minha mente para uma das
mais interessantes profecias da Bíblia, chamada a Profecia das 70 Semanas.
(A
explicação da profecia das 70 semanas encontra-se detalhada no romance OS
JOVENS QUE SABIAM DEMAIS).
Alguns
minutos após a explicação de Morganne, Sophie perguntou:
- Vocês acreditam
em ÓVNIS?
- Em que sentido?
- Há mais de um
sentido?
- Sim, a maioria
das pessoas crêem que os ÓVNIS tem origem extraterrena.
- E o Arquivo 7?
- Para nós a origem
dos OVNIS é espiritual, e mais do que isso, é demoníaca.
- Como assim,
demoníaca? – Sophie tremeu nas bases, e Morganne percebeu isto – então vocês
acreditam na existência dos demônios?
- E você, não?
- Acredito, mas não
como a tradição cristã. Mas você não poderia me explicar por que acredita na
origem demoníaca dos OVNIS?
Morganne
sentiu algo estranho naquele momento. Desde que tinha entrado naquela casa,
percebeu (pela biblioteca, por alguns símbolos nas paredes e por algumas
figuras de cristais sobre a mesa) que Sophie era uma esotérica, e, portanto,
teria que explicar algumas coisas pra ela de uma forma diferente da que estava
acostumado.
*******
O desconhecido (recém chegado em
Igarapé Grande) encontrou um lugar razoável que alguns chamavam de hotel, e
após visitar seus aposentos temporários e tomar um banho, aproximou-se do
proprietário da casa.
- Ficarei poucos
dias por aqui, talvez uma semana. O senhor poderia me dar uma informação? – Ele
apanhou uma foto da carteira, e mostrou ao dono do hotel – o senhor conhece
este homem?
- Ora, quem não
conhece? É o professor Pike. O senhor é amigo dele?
- Sim, na verdade,
fomos colegas na Universidade. Faz tempo que o procuro. Sabia que estava em
alguma cidade do Maranhão, mas não tinha idéia.
- E por que o
senhor veio diretamente para Igarapé Grande?
- Quem disse que
vim diretamente pra cá? Sou um vendedor de livros, já andei por quase todo o
Maranhão. Na verdade, trabalho no Rio de Janeiro.
- Veio de longe,
hein, senhor ... senhor... como é mesmo o seu nome? Me disse assim que chegou,
mas como é inglês, eu...
- Que inglês nada.
É um nome comum: Ubiratan.
- Ah, me desculpe,
senhor Ubiratan. Deve ser bom viajar pelo mundo, não?
O homem
misterioso não respondeu. Aproximou-se de uma mesa, tomou um copo d’água e
saiu. Apertou a foto com força e disse pra si mesmo:
- Finalmente o
encontrei.
*******
Na casa de Sophie...
Quando Morganne terminou de falar,
reinou um minuto de silêncio entre eles. Sophie estava com um estranho brilho
no olhar. Morganne não sabia porque, mas não estava à vontade ali. Ele tentava
ocupar a mente, falando de coisas profundas, mas sentia uma atmosfera estranha.
Não sabia se era maligna ou benigna. Era estranha, inexplicável.
- Mas será que
nosso planeta é o único habitado, num Universo tão grande? – Enquanto
perguntava Sophie olhava mais fixamente nos olhos de Morganne.
“Será que ela
pretende me hipnotizar?” Pensou Morganne, desviando o olhar.
- O que há com
você? – Perguntou ela, pegando nas mãos dele.
No
momento em que suas mãos tocaram a de Sophie, Morganne sentiu um estremecimento
mais forte ainda. Tentou tirar suas mãos, mas sentia uma força maior lhe
impedindo. Então o inacreditável aconteceu. Sophie o beijou ardentemente.
*******
Diego Draconne estava na Praça
Central, cercado por quatro estudantes, e explicava porque ele e seus amigos
gostavam tanto do número 7.
- No principio Deus criou o mundo em 6 dias. Ao concluir Sua obra-prima,
Deus criou mais um dia (= o 7.º dia), e nele descansou feliz, meditando na
perfeição das coisas criadas. Ele estava especialmente fascinado pela criação
do 6.º dia, a maior das suas obras: o ser humano (o 1.º homem + a 1.ª mulher).
Fez o mais belo dos jardins especialmente para o deleite de Sua criação
preferida. Um mundo perfeito, uma comunhão perfeita. Depois de cada 7 dias,
começava um novo ciclo na contagem dos dias.
Ele deu uma pausa e continuou:
- Mas por que será que Deus criou a raça humana somente no 6.º dia? Por
que até os animais foram criados primeiro? Será que os seres humanos são
inferiores aos animais? Na Matemática de Deus, a raça humana foi criada por
último, porque, na sua matemática o mais importante vem por último. Os últimos
serão os primeiros. Assim, o 2.º dia é mais importante do que o primeiro, e o
7.º mais importante que o 6.º. Há UM ÚNICO SENHOR. NÃO EXISTE OUTRO DEUS NO
UNIVERSO. QUALQUER DEUS ALÉM DO DEUS DE ISRAEL É FALSO, É ILUSÃO.
- Interessante essa tese – disse uma moça, de nome Tanya.
Diego sorriu e continuou:
- Nunca devemos nos esquecer isso: DEUS É O NÚMERO 1! SEMPRE SERÁ O
NÚMERO 1! NÃO EXISTE NADA E NEM NINGUÉM ANTES DELE; ELE É DESDE ANTES DA
ETERNIDADE; É O PAI DA ETERNIDADE; NA VERDADE, ELE NÃO VEIO DA ETERNIDADE, ELA
É QUE VEIO DELE! O homem somente será feliz se honrar a Deus como o Número 1 na
sua vida. Por isso Deus completou os dias com o 7.º, pois este dia representa a
Comunhão Dele com o homem. É 6 + 1; é a criação + O Criador; o homem + DEUS. Os
6 dias da semana sem o 7.º estão incompletos. Da mesma forma a criação SEM O
Criador é imperfeita, incompleta, sem futuro. O número 7 representa a perfeição
(1 + 6, Deus + o homem), e por isso, esse número haveria de se tornar uma
espécie de obsessão da Humanidade. Ele seria o número de destaque na Religião,
Filosofia, Política, História, Ciências, tudo relacionado ao homem. Seria
impossível o homem se livrar dessa marca da antiga comunhão dele com o Criador.
- Eu nunca pensei nisso – disse Ferdinando, um tipo
alegre e bem humorado.
- O homem foi criado somente no 6.º dia da semana;
mas a semana tem 7 dias e não 6. Isto significa que 6 é incompleto. Falta um
para se completar. O homem nunca deveria ter se afastado de Deus – Diego
apanhou uma folha e brincou com ela entre os dedos, enquanto continuava - Mas
os dias se passaram, e Adão se esqueceu das Palavras do Senhor. Ele e sua
mulher obedeceram à voz do Tentador e quebraram a comunhão com O Criador de
todas as coisas. Porém, a partir desse triste dia, Deus tudo fez, moveu céus e
terra, para resgatar Sua preciosa criatura. E Deus mesmo passou a destacar o
número da aliança em todos os acontecimentos importantes da vida do homem. O homem
que valia 7 (6 + 1, Ele + DEUS), agora estava incompleto, separado, distante de
Deus. Agora seu valor era apenas 6. Mas por onde quer que ele andasse, a sombra
do número 7 sempre o perseguia. 7 = 6 + 1... 7 = HOMEM + DEUS... 7 = VOCÊ SEM
DEUS NÃO VALE NADA!... 7 = O HOMEM SEM DEUS ESTÁ PERDIDO!
- Então essa é a razão do número 7 ser tão importante pra vocês? –
Perguntou Tanya.
- Exatamente. É o número mais citado na Bíblia, sempre apontando o
caminho certo de volta para Deus. O homem, desde a Queda de Adão, tem sentido
dentro de si um grande vazio, um vazio que somente Deus poderá preencher.
Porém, ao invés de ir até Deus pelo caminho que ELE mesmo já traçou, o homem
prefere criar SEUS PRÓPRIOS CAMINHOS. Dentro de si algo lhe diz que o número 7
tem qualquer coisa a ver com Deus, mas ele não sabe como. Algo lhe diz que o
número 7 tem alguma relação com o sagrado, mas o homem desviado não tem a
capacidade para entender o seu verdadeiro significado.
Notando que Tanya era o ouvinte mais curioso e mais
atento, Diego se aproximou dela e disse:
- Assim, o homem desviado de Deus, criou idéias e pensamentos religiosos
para tentar chegar até Deus, e em muitos rituais inseriu o número 7, como um
símbolo de sorte, felicidade, algo favorável e coisas semelhantes. E, nessa
tentativa do homem se reconciliar com Seu Criador, nasceram as religiões, mas,
infelizmente, nenhuma delas conhecia o caminho certo. É por isso que todas as
religiões mundiais destacam o número 7 em seus rituais e dogmas. Os poetas e
escritores usam e abusam do número 7.
Algumas trovas populares
de Portugal:
“Eu tenho sete
casacos
todos eles de filó
fechados a sete
chaves
em casa de minha
avó!”
“Dois vezes sete
são catorze,
três vezes sete,
vinte e um!
Tenho sete
namorados,
Só faço conta de
um!”
·
Trindade Coelho (poeta português) escreveu
um livro intitulado “cantiga dos Setes”, onde ele coletou muitas poesias em
Portugal. Eis algumas:
Ó vida da minha
vida
Há sete dias sou
tua;
Não o digas a
ninguém,
Nem às pedrinhas da
rua.
Mariana diz que tem
Sete lenços de
assoar;
Rompe, rompe,
Mariana
Caixeirinho há de
pagar.
Mariana diz que tem
Sete saias de
balão,
Que lhas deu um
caixeirinho
Da gaveta do
patrão.
Na fonte das sete
bicas
É que eu matei
minha sede,
Ontem me deitaste o
laço;
Mas eu não fiquei
na rede!
Eu casei-me c’uma
velha
Que até usava de
touca;
Era caneja das
pernas,
Com sete palmos de
boca.
Eu quero-te e não
t’o digo,
Bem me podes
entender;
Nestes setes que te
faço
O que quero dizer.
Lá te mandei um
raminho
De sete rosas
iguais;
No meio ia um
suspiro
De muitos que me
lembrais.
Escrevi-te sete
cartas
Com letra miúda e
grave,
Para que os nossos
intentos
Se aviem com
brevidade.
Abana, casaca,
abana,
Abana, não tenhas
dó;
Sete casacas eu
tenho
Em casa de minha
avó.
Quatro com três são
sete,
Meu amor já sei
contar;
Já me enganaste uma
vez,
Não me tornes a
enganar.
Sete silvas em meu
peito
Fizeram sociedade:
Todas sete me
prenderam,
Só uma foi de
verdade.
·
Em seu livro “Trovas Populares”, Afrânio
Peixoto coletou as seguintes trovas:
Eu entrei no mar a
dentro
Fui brincar com o inglês.
Bebi chumbo
derretido,
Lancei bala sete mês...
Meu anel de sete
pedras
Não sejas tão
agastado.
Brincarei com todo
mundo,
Teu cantinho está
guardado.
·
No “Cancioneiro Popular de Portugal”, há:
Meu anel de sete
pedras,
Salta fora do meu
dedo.
Que tu foste o
causador
De eu ter amores
tão cedo.
Um anel de sete
pedras
Ninguém o tem como
eu;
Inda que meu pai me
mate
Hei de amar a quem
mo deu.
·
O Sr. Rodolfo Maria de Rangel Moreira,
escreveu a “Canção das sete mortes”
·
A poetisa paulista Ilka Brumilde Laurito é
autora destes versos:
“Pintarei sete
cores nas asas do moinho
e chamarei o
vento.”
·
O Sr.Herculano Rebordão, poeta português,
escreveu a poesia “Sete partidas”, onde diz:
Ai dos meus
olhos...Ai!
Que sete vezes
caíram,
Que sete vezes
subiram
Ai!
E de tanto que
sonharam
Sete lágrimas
choraram!
·
No poema “Cantos da Angústia”, a poetisa
Adalgisa Néri olha para o céu e vê sete luas paradas.
·
Vinicius de Morais em “Novo Poema”,
escreveu:
Meu Deus, eu quero
ser a mulher que passa,
Seu dorso frio é um
campo de lírios
Tem sete cores nos
seus cabelos,
Tem sete esperanças
na boca fresca.
·
Belmiro Braga, poeta mineiro, escreveu:
Saudade...palavra
linda
De sete
letras...Saudade
É noite que têm
ainda
Lampejos de
claridade.
·
O poeta Camões escreveu:
Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Rachel, serrana bela
Mas não servia ao pai, servia a ela
Que a ela só por prêmio a pretendia
Os dias na esperança de um só dia
Passava-se contentando-se com vê-la
Porém o pai usando de cautela
Em lugar de Rachel lhe deu a Lia
Vendo o triste pastor que com enganos
Assim lhe era negada essa pastora
Como se a não tivesse merecido
Começou a servir outros sete anos
Dizendo mais servira se não fora
Para tão longo amor tão pouca vida
Labão, pai de Rachel, serrana bela
Mas não servia ao pai, servia a ela
Que a ela só por prêmio a pretendia
Os dias na esperança de um só dia
Passava-se contentando-se com vê-la
Porém o pai usando de cautela
Em lugar de Rachel lhe deu a Lia
Vendo o triste pastor que com enganos
Assim lhe era negada essa pastora
Como se a não tivesse merecido
Começou a servir outros sete anos
Dizendo mais servira se não fora
Para tão longo amor tão pouca vida
Será que os poetas
(profundos investigadores da alma humana) tinham ou tem alguma idéia de que o
número 7 simboliza a comunhão entre Deus e o homem? De onde vem a inspiração
dos poetas? Por que eles insistem em criar poemas envolvendo o número 7? Por
que não outro número? Não há como contestar esta interpretação: o homem foi
criado somente no 6.º dia, e Deus é o número 1.
HOMEM + DEUS = 7
Deixem-me citar dois versículos da Bíblia - “E o Senhor
será rei sobre toda a terra; naquele dia um será o Senhor, e um será o seu
nome.” (Zacarias 14.9); “Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento,
calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é
seiscentos e sessenta e seis (666).” (Apocalipse 13.18)
O homem desviado de Deus é chamado “velho homem”, ou
seja, o homem com a velha natureza pecaminosa, herdada de Adão, cheia de
maldades. Há um texto especial sobre esse “homem mau”: “Sabendo isto, que o
nosso velho homem foi crucificado com Ele (= Jesus Cristo), para que o corpo do
pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado.” Isto está
escrito exatamente no versículo 6, do capítulo 6 do 6.º livro do Novo
Testamento (= Romanos).
- É muita coincidência – disse Tanya.
- É mesmo muita coincidência, para que seja somente coincidência, não é
mesmo? – Sorriu Diego - Os poetas, mais do que ninguém, sentem um vazio
interior, um buraco na alma, e sabem (mesmo negando) que esse vazio só poderá
ser preenchido com a presença de Deus.
Escutem outra poesia
envolvendo o número 7. Esta é de Cecília Santinho:
“Sete pássaros voando no céu azul
Sete belos animais, jovens e saudáveis
Sete, reis singrando os ares
Majestosos, gloriosos em seu vôo
Sete anjos, emplumados
A caminho da perfeição
Sete sonhos alados
Colorindo o céu, como um sorriso
Sete esperanças vivas
De que um outro amanhã surgirá
Sete, sete, sete e sete
E lá vão eles
Alheios a tudo ao seu redor
Enquanto eu aqui fico
A pensar nos sete que se vão.”
Sete belos animais, jovens e saudáveis
Sete, reis singrando os ares
Majestosos, gloriosos em seu vôo
Sete anjos, emplumados
A caminho da perfeição
Sete sonhos alados
Colorindo o céu, como um sorriso
Sete esperanças vivas
De que um outro amanhã surgirá
Sete, sete, sete e sete
E lá vão eles
Alheios a tudo ao seu redor
Enquanto eu aqui fico
A pensar nos sete que se vão.”
- Apaixonante – As
palavras de Diego tocaram profundamente no coração de Tanya.
*******
Era um
momento encantado e louco. Morganne não sabia se estava hipnotizado ou se tudo
estava acontecendo porque ele desejava. Durante uns dez minutos eles
permaneceram abraçados, os corações batendo a mil, a respiração ofegante.
- Me desculpe –
disse Sophie, acariciando o rosto dele.
- Por que você fez
isso? – A pergunta dele saiu como que forçada.
- Você achou ruim?
- Não, mas não acho
certo.
- O que é certo
para você?
- Isso nunca me
aconteceu antes.
- O quê? Beijar uma
garota?
- Não, trair minha
namorada.
- Mas foi apenas um
beijo...
- Não, não foi... e
você sabe disso. Foi profundo demais. Eu até acho que vi algo...
- Como assim?
- Quem é você,
afinal? – Morganne levantou-se, repentinamente, olhando fixamente para Sophie –
Que feitiçaria é essa que você usa? - Ele andou de um lado para o outro,
apertando a cabeça com as duas mãos.
Ela se
levantou também e ficou como que paralisada diante dele.
- Olhe para mim –
disse ela, como se estivesse ordenando – o que seu coração está sentindo agora?
Se eu quisesse beijá-la novamente você rejeitaria?
“Meu Deus! Que
negócio é esse?” Pensou ele, tentando manter os pés firmes no chão.
“Quem é essa moça?”
- Há mais mistérios
entre o céu e a terra do que possa sonhar nossa vã filosofia, disse Shakespeare
– Falou Sophie, enquanto se aproximava de Morganne – e o amor é o maior deles.
Pela
segunda vez, eles se beijaram.
*******
- Vocês estão
sabendo que hoje é o aniversário da professora Sophie, e que a classe está
pensando em fazer uma festa surpresa no clube? – Perguntou Vanessa, diante de
Brigitte e Giovanna.
- É mesmo? –
Giovanna sorriu - Esse pessoal só quer uma desculpa pra fazer festa. Imagino
que não haverá aula e...
- Haverá sim. A
surpresa acontecerá somente depois das 22 horas.
- Menos mal. Todo mundo aqui vai?
- Até que eu estou
precisando de um relaxamento – disse Brigitte.
- Eu também. Ei, e
o nosso Escorpião? – Indagou Vanessa.
- Está com dois
dias que ele não dá noticias – lembrou Giovanna, logo apontando – olha ali a
Magry. Talvez ela tenha novidades.
Magry
parou a bicicleta e falou com as meninas.
- Oi, gente. Vocês
viram Morganne por aí?
- Nossa, Magry.
Noto pelo seu pescoço que sua pulsação está acelerada – disse Giovanna,
aproximando-se.
- Vocês nem
imaginam o que acabei de ver.
*******
Sophie
realmente foi pega de surpresa. No momento em que entrou em casa, as luzes se
acenderam e todos cantaram o tradicional “parabéns pra você”. Logo depois, um
dos seus alunos a levou até o clube, onde uma multidão maior a aguardava.
Os
SETES estavam preocupados com a ausência de Morganne. Naquela noite, ele estava
muito tenso e quieto durante as aulas. De todos os SETES, ele era o mais
fechado, mais misterioso. Logo que as aulas daquele dia se encerraram, ele
desapareceu. Magry e os outros acharam que ele apareceria na festa, mas isso
não aconteceu.
Na
metade da festa, alguém chegou ofegante, com uma trágica noticia:
- Gente! A casa do
professor Pike pegou fogo!
*******
O
incêndio tomava de conta. Naquele momento, o professor Pike chegou e parou
atônito. Então, após alguns segundos de hesitação, teve uma reação
surpreendente. Correu em direção à casa em chamas, gritando:
- Há
documentos importantes lá! Preciso salvá-los!
- Não
faça isso, professor! – Gritou um dos homens que tentava apagar o incêndio.
Mas o
professor sumiu casa adentro, apesar de várias pessoas tentarem segurá-lo. No
exato momento em que ele entra, uma parte da parede da frente cai, provocando
gritos e grande alvoroço. Os homens continuam desesperados carregando baldes
d’água, enquanto o incêndio prossegue. Passam-se os minutos, como se fossem
horas, e o professor não retorna. Cerca de vinte minutos depois, o incêndio é
controlado. A primeira coisa que vem à mente de todos é procurar o professor, e
é com grande terror que o mestre é encontrado minutos depois. Na sala da
biblioteca, com grande parte destruída, havia um corpo queimado, agarrado à uma
pasta de documentos.
- Meu
Deus! – Exclamou um dos homens.
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