quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

CAPÍTULO 4 - QUER ME CONTAR TEUS SEGREDOS?

Morganne resolveu ir à casa de Sophie, não no sábado, mas na sexta-feira. Ela morava com uma amiga, outra professora, Cibele. Esta já se encontrava em Igarapé Grande há três anos, e lecionava Literatura e Língua Estrangeira (Inglês).
- Oi, seja bem vindo. Fique à vontade.
Morganne sentou-se, olhando para todos os lados (aquela velha mania de sondar o ambiente, examinar tudo minuciosamente, como se fosse um detetive na cena de algum crime). Sophie foi até à cozinha pegar um suco. Morganne levantou-se e se aproximou da pequena biblioteca da professorinha. Os SETES acreditavam que uma biblioteca particular era um lugar adequado para se sondar a alma de uma pessoa.
- Na minha casa em São Luis tenho muito mais livros – Disse Sophie, interrompendo os pensamentos de Morganne.
- Os livros são misteriosos – respondeu ele, recebendo o suco e voltando para o sofá – a maneira de usá-los pode determinar nosso futuro, nosso destino. Eles abrem nossa mente, nossa alma, mas podem tanto iluminar nossas vidas, como mergulhá-las na escuridão.
- Sempre gostei de estudar a alma humana, por isso me formei em Psicologia.
- O que você pode dizer ao meu respeito?
- Há pessoas cujo coração é mais difícil de se penetrar do que os outros.
- Sou uma dessas?
- Qual o seu maior segredo, Morganne? – Ela fez essa pergunta de forma tão direta, que provocou um certo impacto. Mas o que fez Morganne tremer nas bases, é que Sophie inclinou-se para a frente ao fazer a pergunta, como se quisesse intimidá-lo, ou dominá-lo.
- Todos temos segredos. Talvez seja uma fórmula de sobrevivência – respondeu, vacilante.
- Mas os segredos se tornam mais fascinantes quando compartilhamos com uma pessoa – apenas uma.
- O que você consegue lê em mim?
- Não sei. Seu coração parece impenetrável.
“O que essa moça pretende?”


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Vanessa, Melissa e Sabrina se encontraram.
- Descobri a palavra chave – disseram todas, quase ao mesmo tempo.
- No inicio pensei que fosse algo mais sério, mas estou começando a achar isso muito infantil – disse Sabrina – afinal, essas palavras (NEVE, REI, GALO, ÁGUIA, ESCORPIÃO, NAVIO) não são palavras especiais (salvo Escorpião).
- Mas talvez o restante do segredo esteja aí – disse Vanessa – Deve haver alguma frase, alguma história que faça ligação com todas essas seis palavras.
- E as outras mensagens? – Perguntou Melissa – No inicio, ele não enviou duas mensagens, que falavam, se não me engano, da 8.ª e 7.ª palavra chave?
- Estou ansiosa pela reunião de sábado – falou Vanessa – talvez lá a gente consiga decifrar essa charada por completo.
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Morganne e Sophie.
- Fale-me sobre o Arquivo 7. Como é esse arquivo? É uma Biblioteca? Por que o nome Arquivo 7? Por que não Arquivo 8, 6, outro número qualquer?
- Olha, o Arquivo 7 é uma coleção de pastas, livros, revistas, jornais,  apostilas, cartazes e documentos onde são investigados casos sobrenaturais, estranhos, inexplicáveis e extraordinários, principalmente envolvendo números simbólicos. Por que chamar de Arquivo 7?  Porque 7 é o número-chave dos mistérios  da Bíblia e é o fator constante em todas as profecias bíblicas. É o número mais citado na Bíblia, com significados extraordinários. Nesse caso, o Arquivo 7 se tornou um centro de pesquisas sobre coisas incomuns, estranhas e extraordinárias.
Os estudiosos do Arquivo 7 são chamados de  “SETES”, ou Grupo 7; seu modo de pensar é chamado Filosofia 7; as coisas estudadas e colecionadas no Arquivo 7 são chamadas de Cultura 7.
O Arquivo 7 possui dois lados: a seção “A”, que trata de coisas sobrenaturais e mistérios espirituais. É o lado mais profundo. Lembra-se daquele desafio de Sanderville? O 7.º enigma era relacionado à seção A, e os outros à seção B.
 A seção “B” é uma coleção de charadas, truques interessantes, quebra-cabeças, curiosidades matemáticas e históricas, enigmas artísticos e numéricos, histórias interessantes envolvendo coincidências numéricas e enigmas especiais, etc. É a parte divertida do Arquivo 7. Naquele dia meus amigos deram uma demonstração disso.
O Arquivo 7 – seção “B” existe há muito tempo (desde 1987 – mas ainda não tinha esse nome); já o Arquivo 7 – seção “A”, foi criado recentemente, no inicio deste ano (1991), não por acaso, mas devido ao impacto causado pela Guerra do Golfo Pérsico.
Nesse momento, Morganne notou que Sophie tremeu um pouco, e seus olhos piscaram duas vezes.
“Toquei em algo particular” – Disse ele para si mesmo.
 - Quer dizer que a seção A foi criada depois da seção B? Que coisa esquisita.
- Na verdade, antes o Arquivo não tinha o nome Seção B. Só agora é que criamos essa divisão.
- E por que colocar A depois de B?
- Por que os assuntos que passamos a investigar depois são muito mais importantes do que os primeiros. Os enigmas naturais podem nos divertir e afinar nossa mente, mas os enigmas sobrenaturais causam um impacto maior e podem mudar o nosso destino.
- Você me deixa cada vez mais curioso.
- Quando comecei (justamente com alguns amigos) a organizar e colecionar coisas interessantes e fatos curiosos, não havia ainda nenhum interesse na investigação dos enigmas sobrenaturais (e na época eu nem conhecia o plano de “setes” elaborado na Bíblia). Portanto, o Arquivo 7 parecia mais um clube de recreação, charadas e truques espetaculares, uma associação de jovens espertos ou coisa parecida.
- Espera aí. Você disse “planos de setes elaborados na Bíblia”? O que é isso?
- Desculpe-me. Às vezes esqueço de explicar certos conceitos. Os estudiosos descobriram que, por trás dos textos da Bíblia, na língua original, há um plano numérico sempre em múltiplos de setes. Por exemplo, no capítulo 17 do Evangelho de São João está registrada a Oração Sacerdotal de Jesus pelos discípulos. Uma oração comovente antes de Jesus ser preso e levado para a cruz.  No texto original grego há um esquema numérico de setes. Nessa oração Jesus usou exatamente 490 palavras e 2.079 letras, que são múltiplos de 7.  Veja bem: 490 palavras (70 x 7) e 2.079 letras (297 x 7). Mas isso é só o começo. Nessa poderosa oração, aparecem justamente: 1.162 vogais (166 x 7); 917 consoantes (131 x 7); 98 verbos diferentes (14 x 7); 77 substantivos (11 x 7); 70 conjunções (10 x 7); 49 preposições (7 x 7); 126 pronomes (18 x 7); 70 advérbios e artigos (10 x 7); Jesus usou ainda, 49 pronomes relacionados a Ele mesmo (7 x 7), 91 palavras relacionadas à Trindade Santa (13 x 7), 7 palavras relacionadas a Deus, o Pai e 7 palavras relacionadas ao mundo.
- Interessante.
- Toda a Bíblia foi escrita obedecendo-se a certos padrões numéricos, e na maioria das vezes, usando-se o número 7. Por isso, quando Deus abriu meus olhos para a incrível estrutura numérica envolvendo o número 7 na Bíblia, fui levado a dividir o alvo de investigação do Arquivo 7 em duas seções distintas: uma séria e outra nem tanto.  Porém, algum tempo depois fui despertado para a realidade da INVASÃO ESOTÉRICA E OCULTISTA no nosso mundo, contaminando principalmente a mente de adolescentes e jovens. E a seção “A” do Arquivo 7 ganhou mais um item: A INVESTIGAÇÃO DO OCULTISMO, com o objetivo de esclarecer, alertar e libertar os jovens envolvidos com tais coisas (Há muitas apostilas no Arquivo 7 que tratam desses casos).
Quando pronunciou a expressão “INVASÃO ESOTÉRICA OCULTISTA”, Morganne percebeu novamente uma alteração na respiração e olhares de Sophie. Se ela estava sondando ele, talvez não fosse capaz de imaginar que estava sendo sondada por ele.
- E essa idéia quase maluca foi criada aqui mesmo?
- Você acha difícil numa cidadezinha tão pequena?
- Qualquer um acharia. Vocês recebem ajuda de alguém de fora?
- Na verdade, quando o pessoal daqui resolve sair para as grandes cidades, levam a Filosofia com eles, e procuram espalhar por lá, e aí quando encontram alguma coisa interessante por lá, relacionada às nossas pesquisas, nos enviam imediatamente. Por isso, a Biblioteca 7 tem crescido.
- Como é essa Biblioteca 7?
- Ah, não tem tantos livros, mas os materiais que tem por lá (incluindo jornais, revistas, cartazes) são muitos interessantes.
- Eu poderia visitá-la?
- Sim, qualquer pessoa pode.
- Mas eu pensava que fosse algo secreto, algo como...
- Uma Maçonaria? – Morganne sorriu – ah, o pessoal daqui tem um certo preconceito com relação ao Grupo 7. É claro que temos nossos segredos, mas de maneira geral procuramos espalhar o conhecimento e não prendê-lo.
- E vocês nunca se envolveram com coisa séria?
- Como assim?
- Vocês não gostam de enigmas? Investigar mistérios, essas coisas? Nunca apareceu um crime misterioso por aqui ou coisa parecida? – Ela sorriu.
- Bom, não. Nada sério. Mas temos amigos que já se envolveram com coisas muito sérias, mas não diretamente ligadas ao Arquivo 7 (Nesse momento, Morganne se lembrou de Moyra Stanley e Wendy Milanne).
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         Sobre Moyra Stanley e Wendy Milanne, leia o Romance intitulado: OS JOVENS QUE SABIAM DEMAIS.
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- Como é o pensamento de um SETE, ou seja, o estilo 7? Cite exemplos.
- Naquela noite na praça a senhora, desculpe, VOCÊ viu uma pequena demonstração. O pensamento de um “SETE” geralmente envolve números, ou seja: um “SETE” sempre conhece uma história, uma brincadeira ou um enigma interessante relacionado a qualquer número. Em outras palavras: Qualquer número leva um “SETE” a pensar numa história ou coincidência interessante. Vejamos um exemplo – Morganne olhou para blusa de Sophie, olhou para a biblioteca, volveu os olhos para alguns quadros na sala, e depois falou – Para nós, um número sempre nos proporciona viagens interessantes. Olhando para esse número 69 na tua blusa, pensei naquele quadro ali, com a frase “O SENHOR É O MEU PASTOR E NADA ME FALTARÁ”. É O Salmo 23 e 3 x 23 é igual a 69. Esse Salmo foi escrito pelo rei Davi, e o nome DAVI é o anagrama da palavra VIDA, uma palavra encontrada naquele livro ali (MINHAS VIDAS, de Shirley Maclaine). Essa atriz americana ganhou o Oscar no ano de 1983 pelo filme LAÇOS DE TERNURA (que também ganhou o Oscar de melhor filme do ano). No ano anterior quem ganhou o Oscar de melhor atriz foi Meryl Streep, pelo filme A ESCOLHA DE SOFIA – Quando pronunciou a palavra SOFIA, ele apontou o dedo indicador levemente em direção ao rosto de Sophie.
- Muito interessante. Você começou deste número em minha blusa e fechou o círculo terminado em meu nome. Legal.
- Mas nós sempre temos uma surpresinha escondida na manga. Temos um ditado que diz: SER SETE É SABER SURPREENDER. Veja isto – ele rabiscou algo num pedaço de papel – o nome SOPHIE tem o valor de... exatamente 69.
- Puxa vida! – Ela estava realmente impressionada.
- Mas costumamos usar esse processo mental para falarmos de profecias. Assim, cada número nos sugere algo relacionado às profecias. O número 69 leva minha mente para uma das mais interessantes profecias da Bíblia, chamada a Profecia das 70 Semanas.
(A explicação da profecia das 70 semanas encontra-se detalhada no romance OS JOVENS QUE SABIAM DEMAIS).
Alguns minutos após a explicação de Morganne, Sophie perguntou:
- Vocês acreditam em ÓVNIS?
- Em que sentido?
- Há mais de um sentido?
- Sim, a maioria das pessoas crêem que os ÓVNIS tem origem extraterrena.
- E o Arquivo 7?
- Para nós a origem dos OVNIS é espiritual, e mais do que isso, é demoníaca.
- Como assim, demoníaca? – Sophie tremeu nas bases, e Morganne percebeu isto – então vocês acreditam na existência dos demônios?
- E você, não?
- Acredito, mas não como a tradição cristã. Mas você não poderia me explicar por que acredita na origem demoníaca dos OVNIS?
Morganne sentiu algo estranho naquele momento. Desde que tinha entrado naquela casa, percebeu (pela biblioteca, por alguns símbolos nas paredes e por algumas figuras de cristais sobre a mesa) que Sophie era uma esotérica, e, portanto, teria que explicar algumas coisas pra ela de uma forma diferente da que estava acostumado.
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         O desconhecido (recém chegado em Igarapé Grande) encontrou um lugar razoável que alguns chamavam de hotel, e após visitar seus aposentos temporários e tomar um banho, aproximou-se do proprietário da casa.
- Ficarei poucos dias por aqui, talvez uma semana. O senhor poderia me dar uma informação? – Ele apanhou uma foto da carteira, e mostrou ao dono do hotel – o senhor conhece este homem?
- Ora, quem não conhece? É o professor Pike. O senhor é amigo dele?
- Sim, na verdade, fomos colegas na Universidade. Faz tempo que o procuro. Sabia que estava em alguma cidade do Maranhão, mas não tinha idéia.
- E por que o senhor veio diretamente para Igarapé Grande?
- Quem disse que vim diretamente pra cá? Sou um vendedor de livros, já andei por quase todo o Maranhão. Na verdade, trabalho no Rio de Janeiro.
- Veio de longe, hein, senhor ... senhor... como é mesmo o seu nome? Me disse assim que chegou, mas como é inglês, eu...
- Que inglês nada. É um nome comum: Ubiratan.
- Ah, me desculpe, senhor Ubiratan. Deve ser bom viajar pelo mundo, não?
O homem misterioso não respondeu. Aproximou-se de uma mesa, tomou um copo d’água e saiu. Apertou a foto com força e disse pra si mesmo:
- Finalmente o encontrei.
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         Na casa de Sophie...
         Quando Morganne terminou de falar, reinou um minuto de silêncio entre eles. Sophie estava com um estranho brilho no olhar. Morganne não sabia porque, mas não estava à vontade ali. Ele tentava ocupar a mente, falando de coisas profundas, mas sentia uma atmosfera estranha. Não sabia se era maligna ou benigna. Era estranha, inexplicável.
- Mas será que nosso planeta é o único habitado, num Universo tão grande? – Enquanto perguntava Sophie olhava mais fixamente nos olhos de Morganne.
“Será que ela pretende me hipnotizar?” Pensou Morganne, desviando o olhar.
- O que há com você? – Perguntou ela, pegando nas mãos dele.
No momento em que suas mãos tocaram a de Sophie, Morganne sentiu um estremecimento mais forte ainda. Tentou tirar suas mãos, mas sentia uma força maior lhe impedindo. Então o inacreditável aconteceu. Sophie o beijou ardentemente.
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            Diego Draconne estava na Praça Central, cercado por quatro estudantes, e explicava porque ele e seus amigos gostavam tanto do número 7.

- No principio Deus criou o mundo em 6 dias. Ao concluir Sua obra-prima, Deus criou mais um dia (= o 7.º dia), e nele descansou feliz, meditando na perfeição das coisas criadas. Ele estava especialmente fascinado pela criação do 6.º dia, a maior das suas obras: o ser humano (o 1.º homem + a 1.ª mulher). Fez o mais belo dos jardins especialmente para o deleite de Sua criação preferida. Um mundo perfeito, uma comunhão perfeita. Depois de cada 7 dias, começava um novo ciclo na contagem dos dias.

Ele deu uma pausa e continuou:

- Mas por que será que Deus criou a raça humana somente no 6.º dia? Por que até os animais foram criados primeiro? Será que os seres humanos são inferiores aos animais? Na Matemática de Deus, a raça humana foi criada por último, porque, na sua matemática o mais importante vem por último. Os últimos serão os primeiros. Assim, o 2.º dia é mais importante do que o primeiro, e o 7.º mais importante que o 6.º. Há UM ÚNICO SENHOR. NÃO EXISTE OUTRO DEUS NO UNIVERSO. QUALQUER DEUS ALÉM DO DEUS DE ISRAEL É FALSO, É ILUSÃO. 

- Interessante essa tese – disse uma moça, de nome Tanya.

Diego sorriu e continuou:
        
- Nunca devemos nos esquecer isso: DEUS É O NÚMERO 1! SEMPRE SERÁ O NÚMERO 1! NÃO EXISTE NADA E NEM NINGUÉM ANTES DELE; ELE É DESDE ANTES DA ETERNIDADE; É O PAI DA ETERNIDADE; NA VERDADE, ELE NÃO VEIO DA ETERNIDADE, ELA É QUE VEIO DELE! O homem somente será feliz se honrar a Deus como o Número 1 na sua vida. Por isso Deus completou os dias com o 7.º, pois este dia representa a Comunhão Dele com o homem. É 6 + 1; é a criação + O Criador; o homem + DEUS. Os 6 dias da semana sem o 7.º estão incompletos. Da mesma forma a criação SEM O Criador é imperfeita, incompleta, sem futuro. O número 7 representa a perfeição (1 + 6, Deus + o homem), e por isso, esse número haveria de se tornar uma espécie de obsessão da Humanidade. Ele seria o número de destaque na Religião, Filosofia, Política, História, Ciências, tudo relacionado ao homem. Seria impossível o homem se livrar dessa marca da antiga comunhão dele com o Criador.

- Eu nunca pensei nisso – disse Ferdinando, um tipo alegre e bem humorado.

- O homem foi criado somente no 6.º dia da semana; mas a semana tem 7 dias e não 6. Isto significa que 6 é incompleto. Falta um para se completar. O homem nunca deveria ter se afastado de Deus – Diego apanhou uma folha e brincou com ela entre os dedos, enquanto continuava - Mas os dias se passaram, e Adão se esqueceu das Palavras do Senhor. Ele e sua mulher obedeceram à voz do Tentador e quebraram a comunhão com O Criador de todas as coisas. Porém, a partir desse triste dia, Deus tudo fez, moveu céus e terra, para resgatar Sua preciosa criatura. E Deus mesmo passou a destacar o número da aliança em todos os acontecimentos importantes da vida do homem. O homem que valia 7 (6 + 1, Ele + DEUS), agora estava incompleto, separado, distante de Deus. Agora seu valor era apenas 6. Mas por onde quer que ele andasse, a sombra do número 7 sempre o perseguia. 7 = 6 + 1... 7 = HOMEM + DEUS... 7 = VOCÊ SEM DEUS NÃO VALE NADA!... 7 = O HOMEM SEM DEUS ESTÁ PERDIDO!

- Então essa é a razão do número 7 ser tão importante pra vocês? – Perguntou Tanya.

- Exatamente. É o número mais citado na Bíblia, sempre apontando o caminho certo de volta para Deus. O homem, desde a Queda de Adão, tem sentido dentro de si um grande vazio, um vazio que somente Deus poderá preencher. Porém, ao invés de ir até Deus pelo caminho que ELE mesmo já traçou, o homem prefere criar SEUS PRÓPRIOS CAMINHOS. Dentro de si algo lhe diz que o número 7 tem qualquer coisa a ver com Deus, mas ele não sabe como. Algo lhe diz que o número 7 tem alguma relação com o sagrado, mas o homem desviado não tem a capacidade para entender o seu verdadeiro significado.

Notando que Tanya era o ouvinte mais curioso e mais atento, Diego se aproximou dela e disse:

- Assim, o homem desviado de Deus, criou idéias e pensamentos religiosos para tentar chegar até Deus, e em muitos rituais inseriu o número 7, como um símbolo de sorte, felicidade, algo favorável e coisas semelhantes. E, nessa tentativa do homem se reconciliar com Seu Criador, nasceram as religiões, mas, infelizmente, nenhuma delas conhecia o caminho certo. É por isso que todas as religiões mundiais destacam o número 7 em seus rituais e dogmas. Os poetas e escritores usam e abusam do número 7.

         Algumas trovas populares de Portugal:

“Eu tenho sete casacos
todos eles de filó
fechados a sete chaves
em casa de minha avó!”

“Dois vezes sete são catorze,
três vezes sete, vinte e um!
Tenho sete namorados,
Só faço conta de um!”

·        Trindade Coelho (poeta português) escreveu um livro intitulado “cantiga dos Setes”, onde ele coletou muitas poesias em Portugal. Eis algumas:

Ó vida da minha vida
Há sete dias sou tua;
Não o digas a ninguém,
Nem às pedrinhas da rua.

Mariana diz que tem
Sete lenços de assoar;
Rompe, rompe, Mariana
Caixeirinho há de pagar.

Mariana diz que tem
Sete saias de balão,
Que lhas deu um caixeirinho
Da gaveta do patrão.

Na fonte das sete bicas
É que eu matei minha sede,
Ontem me deitaste o laço;
Mas eu não fiquei na rede!

Eu casei-me c’uma velha
Que até usava de touca;
Era caneja das pernas,
Com sete palmos de boca.

Eu quero-te e não t’o digo,
Bem me podes entender;
Nestes setes que te faço
O que quero dizer.

Lá te mandei um raminho
De sete rosas iguais;
No meio ia um suspiro
De muitos que me lembrais.

Escrevi-te sete cartas
Com letra miúda e grave,
Para que os nossos intentos
Se aviem com brevidade.

Abana, casaca, abana,
Abana, não tenhas dó;
Sete casacas eu tenho
Em casa de minha avó.

Quatro com três são sete,
Meu amor já sei contar;
Já me enganaste uma vez,
Não me tornes a enganar.

Sete silvas em meu peito
Fizeram sociedade:
Todas sete me prenderam,
Só uma foi de verdade.

·        Em seu livro “Trovas Populares”, Afrânio Peixoto coletou as seguintes trovas:

Eu entrei no mar a dentro
Fui brincar com o inglês.
Bebi chumbo derretido,
Lancei bala sete mês...

Meu anel de sete pedras
Não sejas tão agastado.
Brincarei com todo mundo,
Teu cantinho está guardado.

·        No “Cancioneiro Popular de Portugal”, há:

Meu anel de sete pedras,
Salta fora do meu dedo.
Que tu foste o causador
De eu ter amores tão cedo.

Um anel de sete pedras
Ninguém o tem como eu;
Inda que meu pai me mate
Hei de amar a quem mo deu.

·        O Sr. Rodolfo Maria de Rangel Moreira, escreveu a “Canção das sete mortes”
·        A poetisa paulista Ilka Brumilde Laurito é autora destes versos:

“Pintarei sete cores nas asas do moinho
e chamarei o vento.”

·        O Sr.Herculano Rebordão, poeta português, escreveu a poesia “Sete partidas”, onde diz:

Ai dos meus olhos...Ai!
Que sete vezes caíram,
Que sete vezes subiram
Ai!
E de tanto que sonharam
Sete lágrimas choraram!

·        No poema “Cantos da Angústia”, a poetisa Adalgisa Néri olha para o céu e vê sete luas paradas.
·        Vinicius de Morais em “Novo Poema”, escreveu:

Meu Deus, eu quero ser a mulher que passa,
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos,
Tem sete esperanças na boca fresca.

·        Belmiro Braga, poeta mineiro, escreveu:

Saudade...palavra linda
De sete letras...Saudade
É noite que têm ainda
Lampejos de claridade.

·        O poeta Camões escreveu:

Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Rachel, serrana bela
Mas não servia ao pai, servia a ela
Que a ela só por prêmio a pretendia
Os dias na esperança de um só dia
Passava-se contentando-se com vê-la
Porém o pai usando de cautela
Em lugar de Rachel lhe deu a Lia
Vendo o triste pastor que com enganos
Assim lhe era negada essa pastora
Como se a não tivesse merecido
Começou a servir outros sete anos
Dizendo mais servira se não fora
Para tão longo amor tão pouca vida
        
         Será que os poetas (profundos investigadores da alma humana) tinham ou tem alguma idéia de que o número 7 simboliza a comunhão entre Deus e o homem? De onde vem a inspiração dos poetas? Por que eles insistem em criar poemas envolvendo o número 7? Por que não outro número? Não há como contestar esta interpretação: o homem foi criado somente no 6.º dia, e Deus é o número 1.

HOMEM + DEUS = 7

Deixem-me citar dois versículos da Bíblia - “E o Senhor será rei sobre toda a terra; naquele dia um será o Senhor, e um será o seu nome.” (Zacarias 14.9); “Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis (666).” (Apocalipse 13.18)

O homem desviado de Deus é chamado “velho homem”, ou seja, o homem com a velha natureza pecaminosa, herdada de Adão, cheia de maldades. Há um texto especial sobre esse “homem mau”: “Sabendo isto, que o nosso velho homem foi crucificado com Ele (= Jesus Cristo), para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado.” Isto está escrito exatamente no versículo 6, do capítulo 6 do 6.º livro do Novo Testamento (= Romanos).

- É muita coincidência – disse Tanya.

- É mesmo muita coincidência, para que seja somente coincidência, não é mesmo? – Sorriu Diego - Os poetas, mais do que ninguém, sentem um vazio interior, um buraco na alma, e sabem (mesmo negando) que esse vazio só poderá ser preenchido com a presença de Deus.

         Escutem outra poesia envolvendo o número 7. Esta é de Cecília Santinho:
“Sete pássaros voando no céu azul
Sete belos animais, jovens e saudáveis
Sete, reis singrando os ares
Majestosos, gloriosos em seu vôo
Sete anjos, emplumados
A caminho da perfeição
Sete sonhos alados
Colorindo o céu, como um sorriso
Sete esperanças vivas
De que um outro amanhã surgirá
Sete, sete, sete e sete
E lá vão eles
Alheios a tudo ao seu redor
Enquanto eu aqui fico
A pensar nos sete que se vão.”

- Apaixonante – As palavras de Diego tocaram profundamente no coração de Tanya. 
*******
Era um momento encantado e louco. Morganne não sabia se estava hipnotizado ou se tudo estava acontecendo porque ele desejava. Durante uns dez minutos eles permaneceram abraçados, os corações batendo a mil, a respiração ofegante.
- Me desculpe – disse Sophie, acariciando o rosto dele.
- Por que você fez isso? – A pergunta dele saiu como que forçada.
- Você achou ruim?
- Não, mas não acho certo.
- O que é certo para você?
- Isso nunca me aconteceu antes.
- O quê? Beijar uma garota?
- Não, trair minha namorada.
- Mas foi apenas um beijo...
- Não, não foi... e você sabe disso. Foi profundo demais. Eu até acho que vi algo...
- Como assim?
- Quem é você, afinal? – Morganne levantou-se, repentinamente, olhando fixamente para Sophie – Que feitiçaria é essa que você usa? - Ele andou de um lado para o outro, apertando a cabeça com as duas mãos.
Ela se levantou também e ficou como que paralisada diante dele.
- Olhe para mim – disse ela, como se estivesse ordenando – o que seu coração está sentindo agora? Se eu quisesse beijá-la novamente você rejeitaria?
“Meu Deus! Que negócio é esse?” Pensou ele, tentando manter os pés firmes no chão.
“Quem é essa moça?”
- Há mais mistérios entre o céu e a terra do que possa sonhar nossa vã filosofia, disse Shakespeare – Falou Sophie, enquanto se aproximava de Morganne – e o amor é o maior deles.
Pela segunda vez, eles se beijaram.
*******
- Vocês estão sabendo que hoje é o aniversário da professora Sophie, e que a classe está pensando em fazer uma festa surpresa no clube? – Perguntou Vanessa, diante de Brigitte e Giovanna.
- É mesmo? – Giovanna sorriu - Esse pessoal só quer uma desculpa pra fazer festa. Imagino que não haverá aula e...
- Haverá sim. A surpresa acontecerá somente depois das 22 horas.
 - Menos mal. Todo mundo aqui vai?
- Até que eu estou precisando de um relaxamento – disse Brigitte.
- Eu também. Ei, e o nosso Escorpião? – Indagou Vanessa.
- Está com dois dias que ele não dá noticias – lembrou Giovanna, logo apontando – olha ali a Magry. Talvez ela tenha novidades.
Magry parou a bicicleta e falou com as meninas.
- Oi, gente. Vocês viram Morganne por aí?
- Nossa, Magry. Noto pelo seu pescoço que sua pulsação está acelerada – disse Giovanna, aproximando-se.
- Vocês nem imaginam o que acabei de ver.
*******
Sophie realmente foi pega de surpresa. No momento em que entrou em casa, as luzes se acenderam e todos cantaram o tradicional “parabéns pra você”. Logo depois, um dos seus alunos a levou até o clube, onde uma multidão maior a aguardava.
Os SETES estavam preocupados com a ausência de Morganne. Naquela noite, ele estava muito tenso e quieto durante as aulas. De todos os SETES, ele era o mais fechado, mais misterioso. Logo que as aulas daquele dia se encerraram, ele desapareceu. Magry e os outros acharam que ele apareceria na festa, mas isso não aconteceu.
Na metade da festa, alguém chegou ofegante, com uma trágica noticia:
- Gente! A casa do professor Pike pegou fogo!
*******
O incêndio tomava de conta. Naquele momento, o professor Pike chegou e parou atônito. Então, após alguns segundos de hesitação, teve uma reação surpreendente. Correu em direção à casa em chamas, gritando:
- Há documentos importantes lá! Preciso salvá-los!
- Não faça isso, professor! – Gritou um dos homens que tentava apagar o incêndio.
Mas o professor sumiu casa adentro, apesar de várias pessoas tentarem segurá-lo. No exato momento em que ele entra, uma parte da parede da frente cai, provocando gritos e grande alvoroço. Os homens continuam desesperados carregando baldes d’água, enquanto o incêndio prossegue. Passam-se os minutos, como se fossem horas, e o professor não retorna. Cerca de vinte minutos depois, o incêndio é controlado. A primeira coisa que vem à mente de todos é procurar o professor, e é com grande terror que o mestre é encontrado minutos depois. Na sala da biblioteca, com grande parte destruída, havia um corpo queimado, agarrado à uma pasta de documentos.

- Meu Deus! – Exclamou um dos homens.

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