quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

CAPÍTULO 6 - SUSPEITEI DESDE O PRINCIPIO...

Os SETES estavam na Biblioteca, atentos às palavras de Sabrina, que estava prestes a revelar quem era o misterioso Escorpião.
- E com todas as oito palavras chave em nossas mãos, tínhamos agora a chance de decifrar toda a charada – disse Sabrina. Ela anotou no quadro todas as oito palavras encontradas.
OURO – MAÇÃ – ESCORPIÃO – ÁGUIA – NAVIO – NEVE - GALO - REI
- Aparentemente essas palavras não querem dizer nada, não possuem nenhuma ligação entre si. Mas ficamos imaginando o que o Escorpião quis dizer ao enviar a primeira mensagem, dizendo que era a 8.ª palavra. Então, tivemos a inspiração de que, talvez cada palavra indicasse uma letra, para assim formar um nome. Então, destacamos a primeira letra das 8 palavras e descobrimos a verdade. Quem diria, hein? – Observando a curiosidade expressa no olhar de cada um dos rapazes, Sabrina sorriu e concluiu: - Tudo leva a uma só direção. Senhoras e senhores, o Escorpião é...
         Ela suspendeu a frase, e se divertiu com a extrema ansiedade expressa nos rostos dos rapazes do Arquivo 7.


- Sabem de uma coisa? Eu estava achando aqueles quebra-cabeças meio sem graça, sem sentido, até que juntei os outros elos da corrente. Ouvindo uma observação da Magry, uma sugestão da Vanessa, outra da Giovanna, uma idéia da Brigitte, alguns toques da Melissa, conseguimos encaixar todas as peças. Esse Escorpião foi muito astuto, mas deixou (sem querer) muitas pistas importantes, que só notamos depois. Mas vamos falar primeiro das mensagens.
Se ele não quisesse ser descoberto não teria enviado aquela série de mensagens. Mas esse era o seu grande desafio. Talvez ele imaginasse que a gente iria levar meses para solucionar aqueles enigmas, mas nesse ponto, com certeza, ele subestimou nossa inteligência.
Quando deciframos aquelas seis mensagens (enviadas exclusivamente para nós), ficamos a achar que as palavras descobertas não levavam a lugar nenhum, mas era tão simples. Um detalhezinho de nada. Brigitte e Melissa já tinham desvendado as primeiras mensagens.
         Outra coisa me deixou encucada desde o inicio. Por que cada uma das meninas recebeu uma mensagem diferente? Porque havia uma razão, uma simples razão, exatamente no nome de cada uma. Vejam – E Sabrina tornou a escrever no quadro. Ao lado das 8 palavras escreveu os nomes das meninas do Arquivo 7.
- OURO – palavra-chave da 2.ª mensagem.
- MAÇÃ – palavra-chave da 1.ª.
- ESCORPIÃO - Brigitte
- ÁGUIA - Melissa
- NAVIO - Giovanna
- NEVE - Magry
- GALO - Sabrina
- REI - Vanessa
- Observem – disse Sabrina, apontando palavra por palavra – a 8.ª palavra-chave é MAÇÃ e a 7.ª é OURO. Qual a 6.ª, a 5.ª, a 4.ª, a 3.ª, a 2.ª e a 1.ª? Se colocarmos nossos nomes em ordem alfabética, quem vem primeiro? – Ela tornou a escrever, desta vez colocando os nomes em ordem alfabética.
01 – Brigitte - ESCORPIÃO
02 – Giovanna - NAVIO
03 – Magry - NEVE
04 – Melissa - ÁGUIA
05 – Sabrina - GALO
06 – Vanessa - REI
- Então, a ordem das palavras correta é:
01 – ESCORPIÃO
02 – NAVIO
03 – NEVE
04 – ÁGUIA
05 – GALO
06 – REI
07 -  OURO
08 - MAÇÃ
- Destacando as letras iniciais, teremos: E – N – N – A – G – R – O – M – Sabrina soltou uma gostosa gargalhada – O que essa palavra quer dizer meus amigos?
- MORGANNE!!! – Disseram todos juntos, surpresos e impressionados.
         Morganne levantou-se e começou a sorrir.
- Estou impressionado. Realmente, subestimei a inteligência de vocês.
- Morganne, quem diria? – Disse Scapelly – E nós pensando em Vandervil, Sanderville, até nos nossos professores... Que tremendo cara de pau.
- Você lembra daquele dia no Colégio, Melissa? Naquele dia quando você me perguntou quando haveria um Treinamento 7?
Melissa sorriu.
- Quer dizer que isso foi o nosso treinamento?
- Bom, faz tempo que eu queria fazer isso.
- E por que escolheu esse nome “Escorpião” ? – Perguntou  Mac Lonners.
- Espera ai, gente – atalhou Scapelly – Há algumas coisas que não estão claras. Naquele dia lá em casa, estávamos todos juntos quando de repente aquela flecha foi atirada. Se Morganne estava com a gente, e ele é o Escorpião, quem atirou a flecha? Algum cúmplice?
Morganne soltou uma risadinha, e Sabrina se apressou em explicar.
- Ora, Scapelly, você nunca leu nos arquivos sobre aquelas armadilhas que fazem com que uma arma dispare sozinha?
- Você quer dizer que ele programou para que a flecha fosse disparada sozinha, quando estivéssemos juntos, para que ninguém suspeitasse de nada? E por que não encontramos os vestígios do arco? Lembra-se que corremos logo em direção ao local do disparo? Lembra-se que foi a Magry quem encontrou um pedaço de barbante queimado?
Morganne continuava sorrindo, se divertindo com as indagações de Scapelly.
- Vocês lembram que não havia rastros nenhum, mas que havia um risco estranho que ligava a árvore ao igarapé? Magry irá nos esclarecer isso – Sabrina olhou para a namorada de Morganne e disse – É com você.
Magry abriu uma caixa e mostrou uma pedra, de aproximadamente uns três quilos, amarrada com um grande barbante. Na outra extremidade havia um arco. Todos os objetos estavam molhados.
- Nós encontramos isso no igarapé, naquele mesmo local, a três metros da árvore de onde a flecha misteriosa foi disparada – Explicou Magry.
- Estou começando a entender – disse Mac Lonners.
- É um truque antigo – continuou Magry – O arco foi preparado para atirar na hora que o estopim queimando atingisse o ponto x. Alguns minutos antes de se encontrar conosco no quintal de Scapelly, Morganne acendeu o estopim (que levaria uns cinco ou seis minutos para ser consumido). Quando o fogo atingisse o ponto x, liberaria a flecha, que seria disparada em direção ao alvo. Mas não termina ai. A arma do crime teria que sumir, e aí Morganne fez mais um truque engenhoso. O estopim queimando, não terminaria no ponto x, mas seguiria até um segundo ponto (que chamaremos de z). Nesse segundo ponto, queimaria o barbante que estava segurando o arco. Pra que isso? Pra liberar o arco. Na beira do igarapé havia uma outra árvore, com essa pedra pendurada. O barbante que prendia o arco, estava amarrado a essa pedra. No momento em que o fogo atingisse o ponto z, o arco seria libertado, e, com a força da pedra, seria arrastado para o fundo do igarapé. Por isso fez aqueles riscos estranhos no chão. Não preciso dizer que, com essa idéia em mente, eu e as meninas fomos hoje cedo ao igarapé e encontramos o arco no lugar previsto, e aqui está ele. Podem examinar.
- É, Morganne – disse Diego, batendo no ombro do rapaz – desta vez você se superou.
- E aquele episódio do adesivo na tua bolsa, Sabrina? – Perguntou Mac Lonners – Como foi parar ali?
- A principio eu pensava que o culpado de tudo fosse Sanderville. Quando o encontrei várias vezes em Pedreiras, achei até que estava me seguindo, e pensei que talvez, num momento em que eu  estava distraída fazendo compra, ele tivesse colado o adesivo em minha bolsa. Mas lembrei-me que, antes de viajar, Morganne se aproximou de mim e me pediu que comprasse uma revista pra ele. Com certeza foi nesse momento que ele colou o adesivo com o desenho do escorpião.
Morganne soltou uma risada.
- Sendo assim, é fácil concluir todo o resto – Disse Scapelly – Muito bem, chefe. Um dia lhe daremos o troco.
Alguns minutos depois, e Morganne falou:
- Bem, pessoal, vamos agora ao verdadeiro motivo desta reunião extraordinária. Nós estamos suspeitando que há algo de criminoso na morte do professor Pike.
Então Morganne relata todos os pontos que estavam sugerindo aquelas suspeitas.
- E você acha que o sujeito que a Magry viu com esse medalhão no pescoço está envolvido? – Perguntou Scapelly.
- Bem, os fatos são os seguintes: No mesmo período em que esse desconhecido chegou em Igarapé Grande, aconteceu o incêndio, o professor foi morto, e nós encontramos esse medalhão, que é igualzinho ao medalhão desse cara misterioso.
- Não pode ser coincidência – disse Lonners – Mas onde estaria ele agora? Será que fugiu sem ao menos passar no hotel para pegar suas coisas? Por que toda essa pressa se ninguém o conhecia?
- Justamente por isso mesmo – sugeriu Vanessa – E acho que talvez alguém o tenha visto perto da casa do professor ou coisa parecida.
- Tem sentido e eu concordo com ela – Falou Magry.
- E qual será nossa atitude agora? – perguntou Morganne – devemos esquecer tudo ou ...
- Acho que é uma ótima oportunidade de aplicarmos nosso conhecimento SETE – disse Diego – temos aqui um enigma sério, real. Se somos bons em enigmas imaginários, acredito que seremos ainda melhores em enigmas reais.
- Também penso assim – concordou Sabrina – e qual será o nosso ponto de partida?
*******
- Não saia, Magry. Preciso falar com você.
- Está tudo bem?
- Está.
- Não, não está.
- Como sabe?
- Você hesitou em responder – ela olha firmemente em seus olhos - Quer me contar alguma coisa?
- Sim, antes de ontem aconteceu algo... algo surpreendente.
- Além da morte do professor Pike?
- Antes disso...
Magry aproximou-se dele, apanhou suas mãos e colocou entre as suas. Enquanto acariciava as mãos dele, de forma lenta e suave, ela o beijou de leve e sussurrou em seus ouvidos:
- Você está arrependido do que aconteceu?
- Estou. Sinto que as coisas tenham saído do meu controle.
- Foi tão forte assim?
- Muito forte... – Ele afastou-se um pouco, olhou nos olhos dela e perguntou – Então você sabe o que aconteceu?
- Sim.
- Como?
- Já se esqueceu que também sou um SETE? Você tentou não deixar nada transparecer, mas sinto muito, querido: você não consegue esconder mais nada de mim. Vamos sentar um pouco. Acabe com esse tormento. Deve haver uma explicação razoável para isso ter acontecido.
Magry era demais. Além de sua fortíssima intuição, ela conhecia os Arquivos 7 a fundo, e conseqüentemente, conhecia todos os estudos relacionados a arte da investigação, verdades e mentiras, como conhecer as pessoas, como ler os pensamentos através de uma observação afiada, etc.
Morganne olhou firmemente para um canto da Biblioteca, depois falou:
- Não sei que explicação razoável pode existir...
- Eu sabia que você tinha estado na casa de Sophie; à noite notei que você estava estranho demais na sala de aula; quando notei sua falta no aniversário de Sophie fiquei mais intrigada ainda; no enterro do professor observei a troca de olhar entre você e Sophie. O que aconteceu mesmo entre vocês?
*******
Naquela noite, Morganne estava inquieto e sem conseguir dormir. Resolveu ler um pouco. Passou o visto em alguns arquivos até depois da meia-noite, e depois, sentindo a proximidade do sono, resolveu deitar novamente. Então conseguiu dormir. Mas meia hora depois começou a sonhar.
Em seu sonho viu águas e escuridão. Grandes ondas pareciam ter coberto o mundo. Então ele ouviu muitos gritos, clamores de socorro, que pareciam vir das profundezas do mar. Ele viu um grande navio afundando. Então, de repente, uma voz bem forte e feminina soou em seus ouvidos:
- Reverendo Morgan! Reverendo Morgan! Ajude-nos!
A firme voz feminina continuava gritando, cada vez mais próxima:
- Reverendo Morgan! Ajude-nos! – De repente, no meio das águas, ele percebeu claramente uma mulher, desesperada. Ele a viu somente por alguns segundos, depois ela afundou, sendo levada pelas ondas.
Ao longe Morganne ouviu um hino, que parecia estar sendo cantado por um grande coral. Sentiu um aperto tão grande no coração, que acordou bruscamente. Ele estava suando frio. Ainda tremendo, levantou-se e foi tomar um pouco d’água. Passou na Biblioteca, correu as mãos sobre os livros, como que tentando relaxar. Sentou-se um pouco, tornou a levantar e sem olhar, apanhou um livro. O titulo era “O IMPOSSIVEL ACONTECE”, organizado por Peter Brookesmith. Abriu numa página por acaso, e tomou um susto. Abrira justamente na página que contava a misteriosa história do navio Titanic. E a figura do navio era igualzinha ao navio que ele vira no sonho.
“Que enigma é esse?” – Perguntou para si mesmo.
*******
É o dia seguinte. Anoiteceu.
- A professora Sophie irá ministrar as aulas de História a partir de agora, pelas razões que vocês bem sabem – anunciou a Diretora Stefânia, diante de uma multidão de alunos e professores, reunidos no pátio.
- Sei que é uma mistura esquisita ensinar Psicologia e História, mas procurarei separar as disciplinas e dar o máximo de mim – prometeu Sophie.
*******
A aula de História inaugural de Sophie. Todos estavam atentos para saber como a professora de Psicologia iria ensinar. Morganne tentava parecer natural, mas sempre que olhava para Sophie ficava constrangido. Notando o nervosismo do rapaz, ela esboçava um discreto sorriso, e explicava a aula com muita naturalidade. Aliás, uma naturalidade tão grande que dava a impressão de que lecionava História há muito tempo.

Ao final daquela aula, disse:
- Todos vocês já ouviram falar do Titanic, certo?
“Titanic?” – Morganne tomou um grande choque. Ainda estava abalado com o sonho da noite passada.
- O navio azarado? – Perguntou alguém do fundo da sala.
- Sim, ele mesmo.
- Por que ele foi azarado? – Tornou a perguntar a mesma pessoa, que era ninguém menos que Vandevil.
- Ora, se o choque contra aquele iceberg gigante não foi azar... – disse Sophie.
- Mas já ouvi muitas pessoas dizendo que o Titanic afundou porque seus construtores haviam afirmado que “NEM DEUS ERA CAPAZ DE AFUNDAR AQUELE NAVIO”.
- Também já ouvi falar disso, mas acho que é tudo lenda. Certamente foi uma fábula criada por pregadores religiosos para tentar convencer mais pessoas a acreditar em Deus. Também foi divulgada depois uma série de coincidências que criavam mais mistérios em torno da tragédia.
- Coincidências? Ora, as coincidências sempre foram usadas pelos religiosos para tentarem provarem que o sobrenatural existe, mas para mim, tudo possui uma explicação – disse Vandervil, chamando a atenção de todos. Sabem o que acho das coincidências? Num mundo tão grande, com bilhões de pessoas, é claro que há também bilhões de acontecimentos iguais, que coincidem todos os dias. Com certeza, se há somente 365 dias no ano, e quase 6 bilhões de pessoas no mundo, é claro que milhões de pessoas fazem aniversário no mesmo dia. Isso são milhões de coincidências, certo?
- Esses exemplos podem impressionar e fechar a conta, meu amigo, mas há muitos acontecimentos históricos ligados por coincidências que não possuem explicação, nem pela matemática (Teoria das Probabilidades) e nem por outro meio – Disse Sophie – escutem essa história:
          No ano de 1898, um escritor americano, Morgan Robertson, escreveu um romance, intitulado FUTILIDADE, que contava a história de um grande navio que naufragava em sua viagem inaugural, após colidir com um gigantesco iceberg, em uma noite gelada de abril. O nome do navio era TITAN. E 14 anos mais tarde, no dia 15 de abril de 1912, um navio de verdade chamado TITANIC, naufragou em sua viagem inaugural, também numa noite gelada de abril, após colidir com um iceberg. Coincidência? Esperem que há mais.
Os paralelos entre os dois gigantescos navios de turismo continuam a desafiar a imaginação. O profético Titan, do romance de Robertson, partiu de Southampton, Inglaterra, em sua viagem inaugural, exatamente como o "insubmergível" Titanic. Ambos os navios eram mais ou menos do mesmo tamanho - 243 metros e 252 metros de comprimento - e tinham capacidade de carga comparável - 70 mil e 66 mil toneladas, respectivamente. Cada um tinha três hélices e capacidade para 3 mil pessoas.
Lotados de milionários, os dois navios colidiram com um iceberg no mesmo local e afundaram. Em ambos, o número de mortos foi terrivelmente elevado, porque nenhum dispunha de quantidade suficiente de botes salva-vidas. No caso do Titanic, 1513 passageiros morreram, a maioria devido a exposição ao frio do sul da Terra Nova, no Atlântico.
Um dos que morreram a bordo do Titanic foi o famoso espiritualista e jornalista W. T. Stead, autor de um conto que previa acontecimento semelhante em 1892. Contudo, nem o romance de Robertson, FUTILIDADE, nem o conto de Stead puderam salvar o Titanic da colisão fatal.
Sophie narrava com tanta  convicção que passava a todos a impressão de que fora uma testemunha ocular. Os SETES estavam impressionados com a forma com que ela contava aquela história, e com seu conhecimento dos detalhes. Essa série de coincidências absurdas envolvendo o Titanic estava escrita no Arquivo 7 desde sua criação, mas até aquele momento nenhum dos SETES sabiam que o nome do romance de Morgan Robertson era FUTILIDADE, e que havia outra pessoa que tinha escrito algo parecido, e ainda por cima, que essa pessoa fosse espírita.
“Por que esse interesse repentino pelo Titanic? E por que eu sonhei com isto  na noite passada? – Questionava-se Morganne”. Porém o que mais perturbava seu espírito eram os gritos clamando por socorro e chamando pelo Reverendo Morgan. Quem seria esse Reverendo? O nome Morganne derivava de Morgan, mas ele nunca tinha ouvido falar de alguém conhecido por “Reverendo Morgan”. Ele também não conseguia esquecer o clamor da mulher, que acabou sendo levada pelas águas. Seu rosto não saia de sua mente.
- Há uma coincidência ainda mais estranha – continuou Sophie - Em abril de 1935, o marujo William Reeves estava cumprindo turno de vigia na proa de um navio cargueiro, um navio sem linha estabelecida, que aportava e pegava cargas em qualquer porto, seguindo para o Canadá, proveniente da Inglaterra. Quando a proa do navio estava cortando as mesmas águas tranqüilas já percorridas pelo Titanic, Reeves começou a sentir um frio na espinha, mas ele ainda não estava lembrando do Titanic. Havia um grande nevoeiro à frente, e o marinheiro pensou em parar o navio. Mas não achou certo parar o navio apenas por causa de uma premonição – seus companheiros certamente iriam zombar dele. Mas quanto mais o navio avançava, mais Reeves sentia um peso no coração. Com a aproximação da meia-noite, exatamente a hora do desastre do grande transatlântico de 1912, Reeves lembrou-se que o dia em que o gigantesco navio colidira com o iceberg - 14 de abril de 1912 - correspondia exatamente à data do seu aniversário.
Ele ficou mais perturbado ao lembrar também que o nome do navio em que ele estava era exatamente TITANIAN – Parece brincadeira, mas é verdade. TITANIAN? Isso era demais! Impressionado com tanta coincidência, Reeves transmitiu uma ordem, e o Titanian teve o curso interrompido. E, para espanto de todos, logo que o Titanian parou, todos viram um gigantesco e apavorante iceberg à frente. Pouco depois, outras montanhas de gelo surgiram no meio da noite. O Titanian permaneceu imóvel, mas em segurança, durante nove dias, até que os barcos quebra-gelos da Terra Nova finalmente abriram caminho.
É claro que a história logo correu por meio mundo e ninguém era capaz de contestar. Como é que pode? Três navios com nomes parecidos (TITAN, TITANIC e TITANIAN), quase protagonistas de uma mesma história, na mesma região, no mesmo mês. Que explicação vocês dariam para isso?
*******
Semelhanças entre o Titanic e o Titan ( do romance Futility - Morgan Robertson)

Titanic
Titan
Comprimento
243 metros
252 metros
Capacidade de Carga
66 mil
70 mil
Hélices
3 hélices
3 hélices
Capacidade de Pessoas
3 mil
3 mil
Causa do Desastre
Iceberg
Iceberg
Número de mortos
1513
-
Local da Partida
Southampton, Inglaterra
Southampton, Inglaterra
Data do Desastre
14 de Abril de 1912
Abril de 1898
*******
Como a classe permaneceu em silêncio – até Vandervil estava perturbado com aquela história  - Sophie continuou:
- Escutem essa outra história. Em uma manhã de domingo, o reverendo Charles Morgan...
Ela freou suas palavras ao notar a palidez repentina de Morganne. Tentou não se perturbar, e continuou:
- Como eu estava dizendo, o reverendo Charles Morgan, que era ministro da Igreja Metodista Rosedale, em Winnipeg, Manitoba, Canadá, chegou cedo para as preparações dos serviços religiosos daquela noite. Antes de entrar em seu gabinete, ele separou os hinos que seriam entoados e dedicou-se a outros preparativos.
Feito isso, retirou-se para o gabinete e decidiu tirar uma soneca até a hora dos serviços religiosos. Assim que caiu no sono, começou a ter um sonho vívido, que misturava escuridão com o som de enormes ondas. Acima daquele ruído contínuo, um coro entoava um velho hino que o reverendo Morgan não ouvia fazia anos.

“Meu Deus! Eu também ouvi esse hino em meus sonhos” – Disse Morganne, para si mesmo – “O que está acontecendo?”

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