Os
SETES estavam na Biblioteca, atentos às palavras de Sabrina, que estava prestes
a revelar quem era o misterioso Escorpião.
- E com todas as
oito palavras chave em nossas mãos, tínhamos agora a chance de decifrar toda a
charada – disse Sabrina. Ela anotou no quadro todas as oito palavras
encontradas.
OURO – MAÇÃ – ESCORPIÃO – ÁGUIA – NAVIO –
NEVE - GALO - REI
- Aparentemente
essas palavras não querem dizer nada, não possuem nenhuma ligação entre si. Mas
ficamos imaginando o que o Escorpião quis dizer ao enviar a primeira mensagem,
dizendo que era a 8.ª palavra. Então, tivemos a inspiração de que, talvez cada
palavra indicasse uma letra, para assim formar um nome. Então, destacamos a
primeira letra das 8 palavras e descobrimos a verdade. Quem diria, hein? –
Observando a curiosidade expressa no olhar de cada um dos rapazes, Sabrina
sorriu e concluiu: - Tudo leva a uma só direção. Senhoras e senhores, o
Escorpião é...
Ela suspendeu a frase, e se divertiu
com a extrema ansiedade expressa nos rostos dos rapazes do Arquivo 7.
- Sabem de uma
coisa? Eu estava achando aqueles quebra-cabeças meio sem graça, sem sentido,
até que juntei os outros elos da corrente. Ouvindo uma observação da Magry, uma
sugestão da Vanessa, outra da Giovanna, uma idéia da Brigitte, alguns toques da
Melissa, conseguimos encaixar todas as peças. Esse Escorpião foi muito astuto,
mas deixou (sem querer) muitas pistas importantes, que só notamos depois. Mas
vamos falar primeiro das mensagens.
Se ele
não quisesse ser descoberto não teria enviado aquela série de mensagens. Mas
esse era o seu grande desafio. Talvez ele imaginasse que a gente iria levar
meses para solucionar aqueles enigmas, mas nesse ponto, com certeza, ele
subestimou nossa inteligência.
Quando
deciframos aquelas seis mensagens (enviadas exclusivamente para nós), ficamos a
achar que as palavras descobertas não levavam a lugar nenhum, mas era tão
simples. Um detalhezinho de nada. Brigitte e Melissa já tinham desvendado as
primeiras mensagens.
Outra coisa me deixou encucada desde o
inicio. Por que cada uma das meninas recebeu uma mensagem diferente? Porque
havia uma razão, uma simples razão, exatamente no nome de cada uma. Vejam – E
Sabrina tornou a escrever no quadro. Ao lado das 8 palavras escreveu os nomes
das meninas do Arquivo 7.
- OURO –
palavra-chave da 2.ª mensagem.
- MAÇÃ –
palavra-chave da 1.ª.
- ESCORPIÃO -
Brigitte
- ÁGUIA - Melissa
- NAVIO - Giovanna
- NEVE - Magry
- GALO - Sabrina
- REI - Vanessa
- Observem – disse
Sabrina, apontando palavra por palavra – a 8.ª palavra-chave é MAÇÃ e a 7.ª é
OURO. Qual a 6.ª, a 5.ª, a 4.ª, a 3.ª, a 2.ª e a 1.ª? Se colocarmos nossos
nomes em ordem alfabética, quem vem primeiro? – Ela tornou a escrever, desta
vez colocando os nomes em ordem alfabética.
01 – Brigitte -
ESCORPIÃO
02 – Giovanna -
NAVIO
03 – Magry - NEVE
04 – Melissa -
ÁGUIA
05 – Sabrina - GALO
06 – Vanessa - REI
- Então, a ordem
das palavras correta é:
01 – ESCORPIÃO
02 – NAVIO
03 – NEVE
04 – ÁGUIA
05 – GALO
06 – REI
07 - OURO
08 - MAÇÃ
- Destacando as
letras iniciais, teremos: E – N – N – A – G – R – O – M – Sabrina soltou uma
gostosa gargalhada – O que essa palavra quer dizer meus amigos?
- MORGANNE!!! –
Disseram todos juntos, surpresos e impressionados.
Morganne levantou-se e começou a
sorrir.
- Estou
impressionado. Realmente, subestimei a inteligência de vocês.
- Morganne, quem
diria? – Disse Scapelly – E nós pensando em Vandervil, Sanderville, até nos
nossos professores... Que tremendo cara de pau.
- Você lembra
daquele dia no Colégio, Melissa? Naquele dia quando você me perguntou quando
haveria um Treinamento 7?
Melissa
sorriu.
- Quer dizer que
isso foi o nosso treinamento?
- Bom, faz tempo
que eu queria fazer isso.
- E por que
escolheu esse nome “Escorpião” ? – Perguntou
Mac Lonners.
- Espera ai, gente
– atalhou Scapelly – Há algumas coisas que não estão claras. Naquele dia lá em
casa, estávamos todos juntos quando de repente aquela flecha foi atirada. Se
Morganne estava com a gente, e ele é o Escorpião, quem atirou a flecha? Algum
cúmplice?
Morganne
soltou uma risadinha, e Sabrina se apressou em explicar.
- Ora, Scapelly,
você nunca leu nos arquivos sobre aquelas armadilhas que fazem com que uma arma
dispare sozinha?
- Você quer dizer
que ele programou para que a flecha fosse disparada sozinha, quando
estivéssemos juntos, para que ninguém suspeitasse de nada? E por que não
encontramos os vestígios do arco? Lembra-se que corremos logo em direção ao
local do disparo? Lembra-se que foi a Magry quem encontrou um pedaço de
barbante queimado?
Morganne
continuava sorrindo, se divertindo com as indagações de Scapelly.
- Vocês lembram que
não havia rastros nenhum, mas que havia um risco estranho que ligava a árvore
ao igarapé? Magry irá nos esclarecer isso – Sabrina olhou para a namorada de
Morganne e disse – É com você.
Magry
abriu uma caixa e mostrou uma pedra, de aproximadamente uns três quilos, amarrada
com um grande barbante. Na outra extremidade havia um arco. Todos os objetos
estavam molhados.
- Nós encontramos
isso no igarapé, naquele mesmo local, a três metros da árvore de onde a flecha
misteriosa foi disparada – Explicou Magry.
- Estou começando a
entender – disse Mac Lonners.
- É um truque
antigo – continuou Magry – O arco foi preparado para atirar na hora que o
estopim queimando atingisse o ponto x. Alguns minutos antes de se encontrar
conosco no quintal de Scapelly, Morganne acendeu o estopim (que levaria uns
cinco ou seis minutos para ser consumido). Quando o fogo atingisse o ponto x,
liberaria a flecha, que seria disparada em direção ao alvo. Mas não termina ai.
A arma do crime teria que sumir, e aí Morganne fez mais um truque engenhoso. O
estopim queimando, não terminaria no ponto x, mas seguiria até um segundo ponto
(que chamaremos de z). Nesse segundo ponto, queimaria o barbante que estava
segurando o arco. Pra que isso? Pra liberar o arco. Na beira do igarapé havia
uma outra árvore, com essa pedra pendurada. O barbante que prendia o arco,
estava amarrado a essa pedra. No momento em que o fogo atingisse o ponto z, o
arco seria libertado, e, com a força da pedra, seria arrastado para o fundo do
igarapé. Por isso fez aqueles riscos estranhos no chão. Não preciso dizer que,
com essa idéia em mente, eu e as meninas fomos hoje cedo ao igarapé e
encontramos o arco no lugar previsto, e aqui está ele. Podem examinar.
- É, Morganne –
disse Diego, batendo no ombro do rapaz – desta vez você se superou.
- E aquele episódio
do adesivo na tua bolsa, Sabrina? – Perguntou Mac Lonners – Como foi parar ali?
- A principio eu
pensava que o culpado de tudo fosse Sanderville. Quando o encontrei várias
vezes em Pedreiras, achei até que estava me seguindo, e pensei que talvez, num
momento em que eu estava distraída
fazendo compra, ele tivesse colado o adesivo em minha bolsa. Mas lembrei-me
que, antes de viajar, Morganne se aproximou de mim e me pediu que comprasse uma
revista pra ele. Com certeza foi nesse momento que ele colou o adesivo com o
desenho do escorpião.
Morganne
soltou uma risada.
- Sendo assim, é
fácil concluir todo o resto – Disse Scapelly – Muito bem, chefe. Um dia lhe
daremos o troco.
Alguns
minutos depois, e Morganne falou:
- Bem, pessoal,
vamos agora ao verdadeiro motivo desta reunião extraordinária. Nós estamos
suspeitando que há algo de criminoso na morte do professor Pike.
Então
Morganne relata todos os pontos que estavam sugerindo aquelas suspeitas.
- E você acha que o
sujeito que a Magry viu com esse medalhão no pescoço está envolvido? –
Perguntou Scapelly.
- Bem, os fatos são
os seguintes: No mesmo período em que esse desconhecido chegou em Igarapé
Grande, aconteceu o incêndio, o professor foi morto, e nós encontramos esse
medalhão, que é igualzinho ao medalhão desse cara misterioso.
- Não pode ser
coincidência – disse Lonners – Mas onde estaria ele agora? Será que fugiu sem
ao menos passar no hotel para pegar suas coisas? Por que toda essa pressa se
ninguém o conhecia?
- Justamente por
isso mesmo – sugeriu Vanessa – E acho que talvez alguém o tenha visto perto da
casa do professor ou coisa parecida.
- Tem sentido e eu
concordo com ela – Falou Magry.
- E qual será nossa
atitude agora? – perguntou Morganne – devemos esquecer tudo ou ...
- Acho que é uma
ótima oportunidade de aplicarmos nosso conhecimento SETE – disse Diego – temos
aqui um enigma sério, real. Se somos bons em enigmas imaginários, acredito que
seremos ainda melhores em enigmas reais.
- Também penso
assim – concordou Sabrina – e qual será o nosso ponto de partida?
*******
- Não saia, Magry.
Preciso falar com você.
- Está tudo bem?
- Está.
- Não, não está.
- Como sabe?
- Você hesitou em
responder – ela olha firmemente em seus olhos - Quer me contar alguma coisa?
- Sim, antes de
ontem aconteceu algo... algo surpreendente.
- Além da morte do
professor Pike?
- Antes disso...
Magry
aproximou-se dele, apanhou suas mãos e colocou entre as suas. Enquanto
acariciava as mãos dele, de forma lenta e suave, ela o beijou de leve e
sussurrou em seus ouvidos:
- Você está
arrependido do que aconteceu?
- Estou. Sinto que
as coisas tenham saído do meu controle.
- Foi tão forte
assim?
- Muito forte... –
Ele afastou-se um pouco, olhou nos olhos dela e perguntou – Então você sabe o
que aconteceu?
- Sim.
- Como?
- Já se esqueceu
que também sou um SETE? Você tentou não deixar nada transparecer, mas sinto
muito, querido: você não consegue esconder mais nada de mim. Vamos sentar um
pouco. Acabe com esse tormento. Deve haver uma explicação razoável para isso
ter acontecido.
Magry
era demais. Além de sua fortíssima intuição, ela conhecia os Arquivos 7 a
fundo, e conseqüentemente, conhecia todos os estudos relacionados a arte da
investigação, verdades e mentiras, como conhecer as pessoas, como ler os
pensamentos através de uma observação afiada, etc.
Morganne
olhou firmemente para um canto da Biblioteca, depois falou:
- Não sei que
explicação razoável pode existir...
- Eu sabia que você
tinha estado na casa de Sophie; à noite notei que você estava estranho demais
na sala de aula; quando notei sua falta no aniversário de Sophie fiquei mais
intrigada ainda; no enterro do professor observei a troca de olhar entre você e
Sophie. O que aconteceu mesmo entre vocês?
*******
Naquela noite, Morganne estava inquieto e sem conseguir
dormir. Resolveu ler um pouco. Passou o visto em alguns arquivos até depois da
meia-noite, e depois, sentindo a proximidade do sono, resolveu deitar
novamente. Então conseguiu dormir. Mas meia hora depois começou a sonhar.
Em seu sonho viu águas e escuridão.
Grandes ondas pareciam ter coberto o mundo. Então ele ouviu muitos gritos,
clamores de socorro, que pareciam vir das profundezas do mar. Ele viu um grande
navio afundando. Então, de repente, uma voz bem forte e feminina soou em seus
ouvidos:
- Reverendo Morgan! Reverendo Morgan! Ajude-nos!
A firme voz feminina continuava
gritando, cada vez mais próxima:
- Reverendo Morgan! Ajude-nos! – De repente, no meio
das águas, ele percebeu claramente uma mulher, desesperada. Ele a viu somente
por alguns segundos, depois ela afundou, sendo levada pelas ondas.
Ao longe Morganne ouviu um hino, que
parecia estar sendo cantado por um grande coral. Sentiu um aperto tão grande no
coração, que acordou bruscamente. Ele estava suando frio. Ainda tremendo,
levantou-se e foi tomar um pouco d’água. Passou na Biblioteca, correu as mãos
sobre os livros, como que tentando relaxar. Sentou-se um pouco, tornou a
levantar e sem olhar, apanhou um livro. O titulo era “O IMPOSSIVEL ACONTECE”,
organizado por Peter Brookesmith. Abriu numa página por acaso, e tomou um
susto. Abrira justamente na página que contava a misteriosa história do navio
Titanic. E a figura do navio era igualzinha ao navio que ele vira no sonho.
“Que enigma é esse?” – Perguntou para si mesmo.
*******
É o dia seguinte. Anoiteceu.
- A professora
Sophie irá ministrar as aulas de História a partir de agora, pelas razões que
vocês bem sabem – anunciou a Diretora Stefânia, diante de uma multidão de
alunos e professores, reunidos no pátio.
- Sei que é uma
mistura esquisita ensinar Psicologia e História, mas procurarei separar as
disciplinas e dar o máximo de mim – prometeu Sophie.
*******
A aula de História inaugural de Sophie. Todos estavam
atentos para saber como a professora de Psicologia iria ensinar. Morganne
tentava parecer natural, mas sempre que olhava para Sophie ficava constrangido.
Notando o nervosismo do rapaz, ela esboçava um discreto sorriso, e explicava a
aula com muita naturalidade. Aliás, uma naturalidade tão grande que dava a
impressão de que lecionava História há muito tempo.
Ao final daquela aula, disse:
- Todos vocês já
ouviram falar do Titanic, certo?
“Titanic?” –
Morganne tomou um grande choque. Ainda estava abalado com o sonho da noite
passada.
- O navio azarado?
– Perguntou alguém do fundo da sala.
- Sim, ele mesmo.
- Por que ele foi
azarado? – Tornou a perguntar a mesma pessoa, que era ninguém menos que
Vandevil.
- Ora, se o choque
contra aquele iceberg gigante não foi azar... – disse Sophie.
- Mas já ouvi
muitas pessoas dizendo que o Titanic afundou porque seus construtores haviam
afirmado que “NEM DEUS ERA CAPAZ DE AFUNDAR AQUELE NAVIO”.
- Também já ouvi
falar disso, mas acho que é tudo lenda. Certamente foi uma fábula criada por
pregadores religiosos para tentar convencer mais pessoas a acreditar em Deus.
Também foi divulgada depois uma série de coincidências que criavam mais
mistérios em torno da tragédia.
- Coincidências?
Ora, as coincidências sempre foram usadas pelos religiosos para tentarem
provarem que o sobrenatural existe, mas para mim, tudo possui uma explicação –
disse Vandervil, chamando a atenção de todos. Sabem o que acho das
coincidências? Num mundo tão grande, com bilhões de pessoas, é claro que há
também bilhões de acontecimentos iguais, que coincidem todos os dias. Com
certeza, se há somente 365 dias no ano, e quase 6 bilhões de pessoas no mundo,
é claro que milhões de pessoas fazem aniversário no mesmo dia. Isso são milhões
de coincidências, certo?
- Esses exemplos
podem impressionar e fechar a conta, meu amigo, mas há muitos acontecimentos
históricos ligados por coincidências que não possuem explicação, nem pela
matemática (Teoria das Probabilidades) e nem por outro meio – Disse Sophie –
escutem essa história:
No ano de 1898, um escritor
americano, Morgan Robertson, escreveu um romance, intitulado FUTILIDADE, que
contava a história de um grande navio que naufragava em sua viagem inaugural,
após colidir com um gigantesco iceberg, em uma noite gelada de abril. O nome do
navio era TITAN. E 14 anos mais tarde, no dia 15 de abril de 1912, um navio de
verdade chamado TITANIC, naufragou em sua viagem inaugural, também numa noite
gelada de abril, após colidir com um iceberg. Coincidência? Esperem que há
mais.
Os paralelos entre os dois gigantescos
navios de turismo continuam a desafiar a imaginação. O profético Titan, do
romance de Robertson, partiu de Southampton, Inglaterra, em sua viagem
inaugural, exatamente como o "insubmergível" Titanic. Ambos os navios
eram mais ou menos do mesmo tamanho - 243 metros e 252 metros de comprimento -
e tinham capacidade de carga comparável - 70 mil e 66 mil toneladas,
respectivamente. Cada um tinha três hélices e capacidade para 3 mil pessoas.
Lotados de milionários, os dois navios
colidiram com um iceberg no mesmo local e afundaram. Em ambos, o número de
mortos foi terrivelmente elevado, porque nenhum dispunha de quantidade
suficiente de botes salva-vidas. No caso do Titanic, 1513 passageiros morreram,
a maioria devido a exposição ao frio do sul da Terra Nova, no Atlântico.
Um dos que morreram a bordo do Titanic
foi o famoso espiritualista e jornalista W. T. Stead, autor de um conto que
previa acontecimento semelhante em 1892. Contudo, nem o romance de Robertson,
FUTILIDADE, nem o conto de Stead puderam salvar o Titanic da colisão fatal.
Sophie narrava com tanta convicção que passava a todos a impressão de
que fora uma testemunha ocular. Os SETES estavam impressionados com a forma com
que ela contava aquela história, e com seu conhecimento dos detalhes. Essa
série de coincidências absurdas envolvendo o Titanic estava escrita no Arquivo
7 desde sua criação, mas até aquele momento nenhum dos SETES sabiam que o nome
do romance de Morgan Robertson era FUTILIDADE, e que havia outra pessoa que
tinha escrito algo parecido, e ainda por cima, que essa pessoa fosse espírita.
“Por que esse interesse repentino pelo Titanic? E por
que eu sonhei com isto na noite passada?
– Questionava-se Morganne”. Porém o que mais perturbava seu espírito eram os
gritos clamando por socorro e chamando pelo Reverendo Morgan. Quem seria esse
Reverendo? O nome Morganne derivava de Morgan, mas ele nunca tinha ouvido falar
de alguém conhecido por “Reverendo Morgan”. Ele também não conseguia esquecer o
clamor da mulher, que acabou sendo levada pelas águas. Seu rosto não saia de
sua mente.
- Há uma coincidência ainda mais estranha – continuou
Sophie - Em abril de 1935, o marujo William Reeves estava cumprindo turno de
vigia na proa de um navio cargueiro, um navio sem linha estabelecida, que
aportava e pegava cargas em qualquer porto, seguindo para o Canadá, proveniente
da Inglaterra. Quando a proa do navio estava cortando as mesmas águas
tranqüilas já percorridas pelo Titanic, Reeves começou a sentir um frio na
espinha, mas ele ainda não estava lembrando do Titanic. Havia um grande nevoeiro
à frente, e o marinheiro pensou em parar o navio. Mas não achou certo parar o
navio apenas por causa de uma premonição – seus companheiros certamente iriam
zombar dele. Mas quanto mais o navio avançava, mais Reeves sentia um peso no
coração. Com a aproximação da meia-noite, exatamente a hora do desastre do
grande transatlântico de 1912, Reeves lembrou-se que o dia em que o gigantesco
navio colidira com o iceberg - 14 de abril de 1912 - correspondia exatamente à
data do seu aniversário.
Ele ficou mais perturbado ao lembrar
também que o nome do navio em que ele estava era exatamente TITANIAN – Parece
brincadeira, mas é verdade. TITANIAN? Isso era demais! Impressionado com tanta
coincidência, Reeves transmitiu uma ordem, e o Titanian teve o curso interrompido.
E, para espanto de todos, logo que o Titanian parou, todos viram um gigantesco
e apavorante iceberg à frente. Pouco depois, outras montanhas de gelo surgiram
no meio da noite. O Titanian permaneceu imóvel, mas em segurança, durante nove
dias, até que os barcos quebra-gelos da Terra Nova finalmente abriram caminho.
É claro que a história logo correu por
meio mundo e ninguém era capaz de contestar. Como é que pode? Três navios com
nomes parecidos (TITAN, TITANIC e TITANIAN), quase protagonistas de uma mesma
história, na mesma região, no mesmo mês. Que explicação vocês dariam para isso?
*******
Semelhanças entre o Titanic e o Titan ( do romance Futility - Morgan
Robertson)
|
||
|
Titanic
|
Titan
|
Comprimento
|
243 metros
|
252 metros
|
Capacidade de Carga
|
66 mil
|
70 mil
|
Hélices
|
3 hélices
|
3 hélices
|
Capacidade de Pessoas
|
3 mil
|
3 mil
|
Causa do Desastre
|
Iceberg
|
Iceberg
|
Número de mortos
|
1513
|
-
|
Local da Partida
|
Southampton, Inglaterra
|
Southampton, Inglaterra
|
Data do Desastre
|
14 de Abril de 1912
|
Abril de 1898
|
*******
Como a classe permaneceu em silêncio –
até Vandervil estava perturbado com aquela história - Sophie continuou:
- Escutem essa outra história. Em uma manhã de domingo,
o reverendo Charles Morgan...
Ela freou suas palavras ao notar a
palidez repentina de Morganne. Tentou não se perturbar, e continuou:
- Como eu estava dizendo, o reverendo Charles Morgan,
que era ministro da Igreja Metodista Rosedale, em Winnipeg, Manitoba, Canadá,
chegou cedo para as preparações dos serviços religiosos daquela noite. Antes de
entrar em seu gabinete, ele separou os hinos que seriam entoados e dedicou-se a
outros preparativos.
Feito isso, retirou-se para o gabinete
e decidiu tirar uma soneca até a hora dos serviços religiosos. Assim que caiu
no sono, começou a ter um sonho vívido, que misturava escuridão com o som de
enormes ondas. Acima daquele ruído contínuo, um coro entoava um velho hino que
o reverendo Morgan não ouvia fazia anos.
“Meu Deus! Eu também ouvi esse hino em
meus sonhos” – Disse Morganne, para si mesmo – “O que está acontecendo?”
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