segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

CAPÍTULO 3 - VIVENDO E APRENDENDO

- O estilo desafiante desse Escorpião parece-se com Sanderville – disse Morganne – mas seus intricados códigos parece coisa de alguém que conhece bastante nosso estilo.
- Vandevil costuma ler as apostilas do Arquivo 7? – Perguntou Melissa.
- Eu já ofereci algumas pra ele, mas não sei o que ele fez delas – respondeu Morganne.
- Mas você já ofereceu a ele algumas apostilas sobre códigos secretos? – Perguntou Scapelly.
- Não, claro que não. Esse tipo de apostila é do conhecimento exclusivo dos SETES.
- Mas ele pode ter aprendido isso nos livros que qualquer um pode comprar por ai – sugeriu Diego.
- Espera aí – atalhou Brigitte – Vocês estão falando como se fosse certo que o Escorpião seja Vandevil.
- Ela tem razão – concordou Lonners – Não há um só indicio de que Vandevil tenha qualquer ligação com nosso desafiador oculto.
- O que você acha, Sabrina? Está muito quieta hoje.
Ela olhou para Scapelly e respondeu:
- Lembram-se de que fui à cidade de Pedreiras ontem? – Ela contou todos os detalhes envolvendo o encontro com Sanderville, o misterioso adesivo e o telefonema misterioso, concluindo – a ligação dele durou apenas alguns segundos e antes que eu dissesse qualquer coisa, desligou.
- Isso é bem interessante – disse Morganne – embora não pareça tão inteligente. Se Sanderville aproximou-se de você várias vezes, teve muita chance para pregar o adesivo na bolsa, mas isso seria deixar uma pista muito clara de que ele está envolvido.
- Concordo com Morganne – disse Lonners – e digo mais: na minha opinião, Sanderville não está interessado em nos desafiar com códigos e enigmas. Ele está interessado é em Sabrina.
Todos sorriram, e Sabrina apressou-se em se defender:


- Não que ele não seja um gatinho, mas está longe, muito longe, de fazer o meu tipo. Acho que ele interpretou mal meu olhar naquela noite em que desafiou os SETES. Eu estava estudando seus movimentos e tentando penetrar seus pensamentos, mas ele deve ter achado que eu estava era interessada nele. Em que armadilha fui cair.
- Então, tirando Sanderville da jogada, como é que esse adesivo foi parar na tua bolsa? – Perguntou Morganne.
- Não faço a mínima idéia.
- Bem, pessoal. E as mensagens do Escorpião? Por que ele não mandou mais?
Diego olhou para Brigitte e respondeu:
- Acho que, quando menos esperarmos, teremos novas correspondências dele.
Diego estava muito certo. No dia seguinte, o Escorpião voltou a dar sinais de vida.
Aquela manhã foi a mais sensacional do mês de Abril. Simultaneamente (ou quase), seis jovens do Grupo 7 receberam uma correspondência do Escorpião. Era um claro desafio.
Somente as meninas receberam as mensagens (que foram enviadas pelo Correio): Sabrina, Magry, Melissa, Brigitte, Vanessa, e Giovanna.
Imediatamente, elas entraram em contato com os rapazes e organizaram uma reunião de urgência.
- Parece que ele quer brincar de mocinho e bandido – disse Morganne, após passar um visto em todas as mensagens.
- Fazia tempo que a gente não tinha uma oportunidade de exercitar nossas células cinzentas – disse Magry – Estou começando a gostar desse desafio.
- Vejam o carimbo aqui – apontou Diego – Ele enviou todas as cartas a partir de Pedreiras. Que esperto. Talvez ele nem tenha viajado à Pedreiras, mas pediu para alguém fazer isso.
- Sendo assim, ele teria um cúmplice, o  que torna mais fácil descobri-lo – disse Sabrina.
- Será que ele é um inimigo do Arquivo 7 ou somente um simpatizante, ou quem sabe um fã maluco? – Perguntou Morganne.
- Seria bom que ele fosse um simpatizante, pois poderia ser mais um amigo nosso, não acham? – Sugeriu Diego Draconne.
- E o cara parece conhecer bem a Bíblia – observou Lonners – e usa a Bíblia evangélica.
- Como é que você sabe disso? – Perguntou Sabrina, desconfiada.
- Ora, observe na mensagem enviada para Giovanna. Ele cita as passagens bíblicas, separando os capítulos dos versículos com um ponto, diferente dos católicos que costumam separar os capítulos dos versículos com uma vírgula.
- É verdade – concordou Sabrina.
- Vocês observaram que todos estes códigos parecem demais com aqueles que nós usamos no Arquivo? – Perguntou Vanessa.
- O sujeito parece conhecer bem a Bíblia, usa os códigos parecidos com os nossos. E se alguém do próprio Arquivo estiver brincando conosco? – Perguntou Giovanna – Poderia ser qualquer um de vocês – disse apontando para os rapazes – isso explicaria por que somente nós, meninas, recebemos uma mensagem desafiadora hoje.
- Eu poderia ser o Escorpião, não? – Disse Morganne, sorrindo – Quem iria suspeitar de mim?
- Eu – disse Magry, sorrindo.
- Vocês têm imaginação demais. Deveriam escrever um livro de suspense – disse Scapelly.
- Notaram que essas últimas mensagens são perfumadas? – Observou Magry, voltado a ficar séria – Ou há uma mulher envolvida nisso ou ele quer nos desorientar.
- Aposto na segunda hipótese – disse Sabrina.
- Como faremos agora? – Perguntou Melissa – esta semana é a preparação para a semana das provas deste mês de Abril e não podemos nos envolver demais nesse desafio.
- Não precisamos nos desconcentrar dos estudos por causa desse Escorpião – disse Diego – proponho deixarmos pra pensarmos nisso somente no próximo final de semana.
A maioria concordou com a sugestão, mas alguns decidiram decifrar os enigmas sozinhos.
Foram tiradas cópias das seis mensagens e cada um ficou com uma cópia. Mas as originais ficaram com as meninas, que faziam questão de decifrar sozinhas.
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A Mensagem enviada a Brigitte:
“- Destruirás o justo com o ímpio?
- É assim que Deus disse?
- Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida
- A mulher montada na besta
- Três coisas perdidas
- A chave do poço do abismo
- A travessia do Mar Vermelho”
         Brigitte estava no jardim de sua casa, lendo e relendo a mensagem. “O que essas frases bíblicas estão escondendo?” Depois de pensar algum tempo, fazendo uma anotação aqui e ali, ela teve uma inspiração:
“Cada frase ou título está relacionada com um capítulo da Bíblia. vejamos:”
- Destruirás o justo com o ímpio? – Encontra-se em Gênesis, capítulo 18.
- É assim que Deus disse? – Gênesis 3.
- Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida – João 14.
- A mulher montada na besta – Apocalipse 17.
- Três parábolas sobre coisas perdidas – Lucas 15.
- A chave do poço do abismo – Apocalipse 9.
- A travessia do Mar Vermelho – Êxodo 14.
“Ele está chamando a atenção para os capítulos e versículos ou somente para os capítulos? – Perguntou para si mesma, logo respondendo – claro! Só os capítulos interessam agora, pois há algumas expressões aqui que são na verdade títulos e não versículos (tais como A MULHER MONTADA NA BESTA que se encontra como título do capítulo 17 do livro do Apocalipse em algumas Bíblias).”
Brigitte organizou os números 18, 3, 14, 17, 15, 9 e 14, e raciocinou: “Se trocarmos esses números pelas letras do alfabeto na ordem correspondente, teremos as letras S, C, O, R, P, I e O... Nossa! SCORPIO! ESCORPIÃO, em inglês!”
         Ela ficou extasiada. Nunca imaginou que fosse tão fácil decifrar aquele enigma. Mas aquela palavra não trazia nenhuma revelação nova. O que estava pretendendo aquele Escorpião?
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A Mensagem enviada a Giovanna:
“Lc 13.4; Lc 2.21; Mt 27.46; Lc 3.1”.
Giovanna leu e releu as passagens bíblicas muitas vezes, até que encontrou uma coincidência. Todos falavam de algum número.
“Ou pensais que aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém?” – Número que aparece: 18.
“Quando se completaram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, que pelo anjo lhe fora posto antes de ser concebido.” – Número que aparece: 8.
“Cerca da hora nona, bradou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactani; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” – Número que aparece: 9.
“No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe tetrarca da região da Ituréia e de Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene...” – Número que aparece: 15.
Giovanna ficou meditando nos quatro números: 18, 8, 9 e 15. Repetiu mentalmente cada um deles várias vezes até que soltou uma grande gargalhada. Era fácil demais! Os números, na verdade, representava as letras do alfabeto (pelo velho sistema de códigos dos SETES), e correspondiam às letras S, H, I e P, ou seja: SHIP.
- Ship é a palavra inglesa para Navio – disse Giovanna, para si mesma.
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A Mensagem enviada a Magry:

“MAR – FREIRA – CORUJA – ÁGUA – Em inglês as palavras fazem sentido”.

Rapidamente Magry passou as quatro palavras para a língua inglesa, e o resultado foi: SEA – NUN – OWL – WATER. Ela destacou as primeiras letras e saltou de alegria:
- A palavra é S – N – O – W, SNOW, ou seja, NEVE! Mas o que isto significa?
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A Mensagem enviada a Melissa:
“1.5.24
1.24.29
44.5.34
40.3.9
11.17.1”
“O que isto pode significar?” Melissa tentou trocar os números pela letra correspondente no alfabeto.
“1.5.24 pode ser A.E.Y (usando o alfabeto de 26 letras). Mas isso não faz sentido. Não, o sistema deve ser outro, pois não há letra nenhuma correspondente aos números 29, 34, 45 e 40.”
Melissa passou uma parte da manhã, usando toda a força do seu raciocínio, procurando se lembrar de todos os sistemas de códigos usados no Arquivo 7, mas não conseguiu avançar nada. Sua cabeça começou doer.
“Que droga! Era só o que me faltava”. Ela resolveu dar um tempo. Justamente na hora do almoço veio a inspiração. Enquanto comia, ela olhava para um quadro com uma frase bíblica.
“O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei?” Salmo 27.1
Ela ficou refletindo e repetindo “Salmo 27.1, Salmo 27.1... Espera aí! E se o primeiro número representar o n.º de ordem de um livro da Bíblia? 1 é Gênesis, 2 é Êxodo, 3 é Levitico e assim por diante.” Ela se levantou rapidamente e correu até o quarto. Apanhou a estranha mensagem e foi anotando:
1.5.24 – Gênesis 5.24
1.24.29 – Gênesis 24.29
44.5.34 – Atos 5.34
40.3.9 – Mateus 3.9
11.17.1 – I Reis 17.1
“E agora?” Ela leu todas as passagens bíblicas, mas ficou mais confusa.
“Isso não tem sentido”. Anotou todos os versículos e procurou alguma relação entre eles. Por exemplo: O que havia em comum entre Gênesis 5.24 e Gênesis 24.29? Por mais que ela procurasse, não fazia sentido nenhum.
Procurou alguns livros do Arquivo 7 sobre códigos. Nada! Mas aquele misterioso Escorpião deveria confiar muito na inteligência dela, já que enviou aquele enigma sem a chave. Ela resolveu relaxar um pouco. Pensou numa loucura: Passar todos os versículos do código para a língua inglesa, para ver se encontrava a mensagem oculta em algum acróstico ou coisa parecida.
Apanhou um dicionário e ao imaginar que teria que traduzir mais de 50 palavras, achou melhor desistir e procurar outra saída. De repente, notou uma coisa. Em todos os versículos destacados aparecia um ou mais nomes próprios, ou seja, nomes de personagens bíblicos. Então se lembrou de um certo código do Arquivo 7.
Bastante excitada, colocou ao lado dos versículos-chave os nomes das personalidades bíblicas que apareciam:
·        1.5.24 – Gênesis 5.24 - Enoque
·        1.24.29 – Gênesis 24.29 – Rebeca e Labão
·        44.5.34 – Atos 5.34 - Gamaliel
·        40.3.9 – Mateus 3.9 - Abraão
·        11.17.1 – I Reis 17.1 – Elias e Acabe.
Ficou soletrando os sete nomes encontrados, mas não viu sentido. Tinha certeza de que estava na pista certa, mas até agora não via muito sentido. Resolveu destacar as primeiras letras dos nomes (E, R, L, G, A, E, A). Nem na ordem certa e nem ao contrário as letras diziam qualquer coisa.
“Esse Escorpião deve ser muito inteligente. Até parece um dos SETES” Pensou Melissa, procurando uma saída. “Espera aí. Gênesis 24.29 e I Reis 17.1 tem cada um dois personagens. Talvez eu deva escolher somente um. Vejamos.”
Ela destacou as letras E, R, G, A,E (deixando de fora as letras L (de Labão) e A (de Acabe). Mas a palavra ERGAE não fazia sentido nem ao contrário (EAGRE). Porém, ao ler a palavra ao contrário, seu cérebro deu um sinal de que aquela palavra parecia familiar.
“EAGRE? Onde já vi essa palavra?” Pensou nas poucas palavras que tinha aprendido na língua inglesa. Mas não se lembrou de nenhuma daquela forma. Teve outra idéia. Foi ao pequeno dicionário inglês-português e vice-versa. Procurou na letra E.
- Meu Deus! Está aqui!
A palavra era EAGLE, ou seja, ÁGUIA! Nesse caso, a letra certa no lugar de R de Rebeca, era L de Labão. A palavra EAGLE foi colocada ao contrário pelo esperto Escorpião. Quem não fosse acostumado com códigos não veria sentido nenhum na palavra ELGAE.
- A palavra-chave é ÁGUIA – Melissa não se cansava de repetir. Era bom demais decifrar um código. A sensação era muito boa.
         “Mas o que essa palavra significa, afinal?”
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A Mensagem enviada a Sabrina:
“A cantora do Titanic encontrou-se com o diretor de Cidadão Kane, enquanto que o coronel Braddock namorava com a bond-girl do filme 007-NUNCA MAIS OUTRA VEZ”.
“Aqui se fala de quatro pessoas, e já sei o nome de três” Pensou Sabrina, anotando tudo rapidamente.
“01 - Cantora do Titanic – Só pode ser Celine Dion.
02 - Diretor de Cidadão Kane – Quem não sabe que foi Orson Welles?
03 - Coronel Braddock – O nome de Chuck Norris em uma série de filmes de ação. Agora só me falta essa bond girl. Eu já assisti esse filme de James Bond...” Ela correu para vasculhar algumas revistas antigas e não demorou a encontrar. “Ah, está aqui. NUNCA MAIS OUTRA VEZ, o último filme de 007, estrelado por Sean Connery. Nesse filme ele faz par romântico com...KIM BASSINGER, uma das loiras mais bonitas do cinema americano. As peças do quebra-cabeça estão completas agora.”
01 - CELINE DION
02 – ORSON WELLES
03 – CHUCK NORRIS
04 – KIM BASSINGER
“Vejamos, as iniciais são: C, D, O, W, C, N, K, B. Não! Não faz sentido. A não ser que eu destaque somente  as iniciais dos primeiros nomes. Sim, é isso mesmo. C, O, C, K... COCK, que em inglês é GALO! O que isto quer dizer?”
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A Mensagem enviada a Vanessa:
Ao desdobrar o papel ela teve uma surpresa. Não havia nada escrito, era apenas um grande mapa mundi. Mas havia algo estranho. Sobre o mapa de quatro países havia um desenho de um animal ou inseto.
Sobre a Noruega no norte da Europa havia a figura de um rato; sobre a Grécia, uma coruja; sobre o Kwait no Oriente Médio, havia uma formiga; e por fim, sobre o Iraque, havia uma galinha.
Vanessa andou de um lado para o outro, tentando entender a mensagem. Pensou em destacar as letras iniciais das quatro figuras: rato, coruja, formiga, galinha, ficando: R – C – F – G. Mas viu que isto não queria dizer nada, nem se mudasse a ordem, pois não havia vogais para formar palavras.
“O processo deve ser outro” Pensou.
Colocou as palavras em inglês. Mouse – Owl – Ant – Hen. Destacou as letras: M – O – A – H. Mas não viu sentido, nem misturando as letras com todas as combinações possíveis. Folheou várias apostilas do Arquivo 7 sobre códigos, e continuou tentando durante quase meia hora. Então, sua face se iluminou. Ela sorriu e disse em voz alta.
- Como sou burra. O segredo está no nome dos países.
Destacou os nomes e começou a estudar.
- Iraque – Noruega – Kwait – Grécia. Letras iniciais destacadas: I – N – K – G.
“Mas o que tem a ver os desenhos dos animais?” Ela pensou na ordem das letras iniciais dos países. Depois de organizadas, ficou: I – G – K – N (pela ordem alfabética).  Ela voltou a ficar desanimada. Ficou cerca de dez minutos batendo pausadamente a caneta sobre o caderno, até que:
- Meu Deus! Claro como as águas cristalinas! O que tem que ser colocado em ordem alfabética são os nomes dos animais. Ela organizou a nova tabela.
·        ANT – KWAIT
·        HEN – IRAQUE
·        MOUSE – NORUEGA
·        OWL - GRÉCIA
Depois de colocar os nomes dos animais pela ordem alfabética correta, destacou as letras dos países e encontrou: K – I – N – G.
- KING? Claro! A palavra chave é REI! 
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- E aí, rapazes? Vocês estão sumidos, hein? – Disse Magry, ao se encontrar com Timonthy e Alain John.
- Houve algum progresso com relação à identidade do misterioso Escorpião? – Perguntou Timonthy.
- Talvez. Pelo menos estamos conseguindo decifrar seus códigos.
- Scapelly me entregou uma cópia de uma das mensagens e depois de muito quebrar a cabeça, consegui descobrir uma palavra – disse Alain – mas ainda não sei o que essa palavra quer dizer.
- Qual foi a palavra? – Perguntou Magry.
- NEVE.
- Oh, que coincidência. Foi a mensagem que eu recebi.
- Neve? – Repetiu Timonthy – O que poderia significar?
- Penso que talvez todas as palavras juntas completem o quebra-cabeças – sugeriu Magry.
- Acho que devemos reunir o pessoal e fazer a montagem – falou Timonthy.
- Morganne disse que, em razão desta ser a semana preparatória para as provas deste bimestre, é bom nos reunirmos somente no sábado, na Biblioteca 7.
- Legal! – concordou Timonthy - Faz tempo que não visito a Biblioteca 7.
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Diego Draconne viu o professor Pike sentado na praça, lendo um jornal, e resolveu sondá-lo um pouco.
- Olá, professor. Tem muita noticia boa, hoje?
- Oi – respondeu Pike, levantando os olhos, meio desconfiado, depois sorriu – olá, Diego. As noticias de sempre: corrupção no Brasil, inflação, crise no Oriente Médio, etc. E você? Quais as novidades?
- Olhando para essa sua caneta, pensei no Dilúvio e na próxima guerra mundial – Diego estava agindo como um SETE.
- Lá vem você com suas coisas. Vocês chamam isso de Ligação Lógica 7, se não me engano.
- O senhor está bem informado sobre a Filosofia 7, ao que parece.
- Sou um curioso, e gosto de saber das coisas. Mas não consigo ver a relação entre minha humilde caneta e a próxima guerra mundial ou o dilúvio, como você disse.
- É simples – Diego sentiu-se um pouco atrevido, ao fazer o papel de professor diante do seu professor de História. Pegou a caneta do professor e ficou examinando, como se fosse um cientista diante de uma descoberta – Quando olhei para a palavra MEC (gravada aqui na caneta), lembrei-me da palavra CEM (MEC ao contrário); CEM me fez pensar em SEM (com S), nome do filho mais velho de Noé. Daí para o Dilúvio, foi simples demais.
- É, vendo por esse ponto, é bem simples mesmo. E a relação com a terceira guerra mundial? Aí você já está entrando no campo das adivinhações, não?
- De forma nenhuma, professor. Como Cristão, não acredito em adivinhações, mas em profecias, profecias bíblicas.
- Ah...
- A Bíblia diz que, após o dilúvio, a arca de Noé repousou nas montanhas de Ararate (não no monte Ararat, como muitos imaginam). Essas montanhas estão localizadas entre a Armênia, Turquia e Irã, se bem que estão no controle do governo turco. No capítulo 38 do livro do profeta Ezequiel cita a Turquia como um dos países que irão atacar Israel.
- A palavra Turquia aparece lá?
- Não, o profeta usou o nome de Togarma, um povo que, no passado, ocupava a mesma região geográfica da atual Turquia.
- Você tem certeza de que isso vai acontecer mesmo?
- O senhor não ouviu o discurso de Morganne sobre o povo de Israel? Se todas as profecias com relação a Israel têm se cumprido até agora, não há porque duvidar que as outras  (referente as nações) não se cumpram.
- Existem regras básicas para se usar essa Ligação Lógica 7, ou podemos usar a imaginação de qualquer forma?
- Bom, geralmente usamos a Ligação Lógica para falarmos de profecias ou assuntos ligados ao campo profético, e costumamos fazer isso sempre a partir dos números. Aqui, usei o método verbal, mas há um número aqui, que pode nos conduzir ao mesmo assunto. Veja aqui, o número 900.
- Isso sugere o quê?
- O número 900 aparece somente duas vezes na Bíblia, no livro dos Juizes. Ali se fala dos 900 carros de ferro de Jabim, rei de Canaã, que atacou Israel. Essa batalha aconteceu próximo ao ribeiro de Quisom, no mesmo lugar em que Elias matou os profetas de Baal (I Reis 18).
- Qual a relação com a próxima guerra mundial?
- O ribeiro de Quisom fica próximo de Megido, a planície onde, de acordo com os profetas, acontecerá a batalha final, a chamada Batalha do Armagedom.
- Muito interessante – o professor pegou a caneta de volta, e ficou olhando, como se procurasse mais detalhes – aqui há a sigla FAE (de Fundação de Assistência ao Estudante). O que isto teria a ver com a próxima guerra mundial?
- O alvo da guerra será Israel, que, o senhor deve saber também, foi formado por 12 tribos. O que me fez pensar em Israel foi o número 12 que é o valor da palavra FAE.
- Muito bem. Isso é bom para exercitar a criatividade.
- Pra encerrar com chave de ouro, está vendo essa formiguinha? O que ela tem a ver com o Dilúvio?
- Não faço a mínima idéia.
- Há um versículo bíblico que diz: “VAI APRENDER COM A FORMIGA, PREGUIÇOSO”. Está no livro de Provérbios, da autoria de Salomão. Nesse livro a palavra PREGUIÇA ou PREGUIÇOSO aparece 17 vezes; foi no dia 17 do segundo mês, do ano 600 de Noé que o Dilúvio começou.
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Manhã de sexta-feira.
Quando o ônibus parou na praça central, somente uma pessoa desceu. Um homem magro, de óculos escuros, e vestindo uma jaqueta negra. Seu rosto era cheio de rugas, e bastante carrancudo. Se tivesse um chapéu e um bigode grosso era a figura perfeita daqueles pistoleiros de filmes de faroeste. Parecia ter uns 35 a 40 anos. Aproximou-se de uma senhora que passava e pediu informações.
- Onde encontro um hotel ou coisa parecida por aqui?
Ao atravessar a avenida, chamou a atenção de todos. E criou aqueles costumeiros comentários típicos de cidade pequena, diante da chegada de algum desconhecido.
Naquele exato momento, Magry seguia de bicicleta, quando, por pouco não atropela o desconhecido. Freou bem em cima, como se costuma dizer.
- Desculpe-me, tentei desviar daquele buraco e...
- Tudo bem – Ele sorriu, de forma estranha e olhou nos olhos dela.

Magry tentou não trair suas emoções, mas ficou bastante chocada ao ver o objeto que o desconhecido trazia pendurado no pescoço. Uma figura dourada, bem feita e bem interessante: UM ESCORPIÃO.

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