Jerusalém, Praça Zion.
Dezembro de 2008.
Ziva
e Eliakim resolveram aproveitar suas férias naquele ano viajando mais uma vez a
Jerusalém. Eles tinham muitos amigos por lá e era uma sensação maravilhosa
andar por onde Jesus andou fisicamente.
Eles
sentaram um pouco e ficaram admirando o por do sol. Naquele momento eles
estavam sendo observados por alguém que estava do outro lado da praça há algum
tempo.
Então
esse misterioso “alguém” se aproximou.
- Ora, ora. Isso é
inacreditável – disse o recém chegado.
O
inteligente casal levantou os olhos, e os mesmos olhos logo se arregalaram.
- Meu Deus! Professor
Makanera? Aqui?
- Que mundo estranhamente
pequeno, não? – O professor aproximou-se, sorrindo.
- Não me diga que o senhor
está dando alguma palestra por aqui? – Perguntou Eliakim, enquanto abraçava o
professor.
- Não, minha missão aqui é
totalmente diferente do que vocês estão acostumados a ouvir – respondeu
Makanera, enquanto abraçava Ziva – e mais estranha do que vocês possam imaginar.
O
professor sentou-se num banco próximo do casal, respirou fundo e entregou um
envelope para Eliakim.
- Na verdade, estou aqui
por causa de vocês.
O
casal entreolhou-se.
Eliakim
rapidamente abriu o envelope, com a ajuda de Ziva, e ambos leram com muita
ansiedade a carta que se encontrava lá.
Alguns
minutos depois, Eliakim é o primeiro a falar.
- Inacreditável!
- Deus Eterno! – Exclamou
Ziva – Isso é totalmente inacreditável!
- Você conhece esse rabino?
– Perguntou Eliakim.
O
professor respondeu sem hesitar:
- Como poderia não
conhecê-lo? É o meu pai.
Novamente
o casal se surpreendeu.
*******
- Nunca vou esquecer aquela
cena. Eu tinha 12 anos. Estava passeando aqui com meu pai, quando vimos várias
pessoas concentradas em torno de algo. Nos aproximamos e vimos os dois casais
mortos. Foi horrível. Não creio que alguém tenha sentido mais a morte deles do
que o meu pai. Ele os conhecia pessoalmente. Era amigo deles.
Ziva
e Eliakim estavam atentos às palavras do senhor à sua frente, um homem conhecido
como professor ou Dr. Makanera, uma testemunha ocular de um trágico evento
ocorrido há 35 anos, em 11 de setembro de 1973.
O
jovem casal sabia que havia muita coisa estranha em seus passados, pois tinham
consciência de que foram adotados. Nunca conheceram seus verdadeiros pais.
Tanto Eliakim quanto Ziva tentaram muitas vezes levantar o pesado véu que havia
sobre o passado deles, mas sem sucesso.
Ao
ler a carta deixada pelo rabino Samuel Salomon, Ziva começou a entender certas
peças do quebra-cabeças de sua vida que nunca se encaixavam. Uma palavra que
abriu uma grande janela de informações foi a palavra NAMAZI.
- Por que a palavra Namazi
chamou sua atenção? – Perguntou Makanera.
- É que... – Ziva hesitou,
como se procurasse as palavras certas a dizer – Fui criada por uma professora
inglesa, uma simpática senhora que cuidou de mim como uma verdadeira mãe.
Quando ela morreu eu tinha 15 anos. Fiquei revoltada. Acho que foi nessa época
que me revoltei contra Deus e depois virei ateísta. Eu a vi morrer aos
poucos... de câncer. Sem poder fazer nada, e revoltada porque o Deus dela não a
curava – ela era cristã – jurei nunca acreditar nele. Foi somente poucos meses
antes de morrer que ela me contou que tinha me adotado. Mas nunca me disse nada
sobre meus verdadeiros pais. E...
- E? – Eliakim estava
atento e inquieto.
- O nome dela era Sanya Namazi.
- Interessante – disse o
professor Makanera.
*******
- Parte da família Namazi
queria que as crianças também fossem mortas – explicou Makanera – mas outra parte
não, e foi essa outra parte que empreendeu uma verdadeira estratégia de fuga,
para livrar vocês dois da morte certa. Você, Ziva, foi levada para a
Inglaterra. Eliakim foi adotado por um casal de idosos judeus, amigos de seus
pais. Os dois criaram a criança secretamente, temendo a família Namazi. Mas
estavam muito doentes e logo pediram ajuda a um parente próximo que morava na
América. Alguns anos depois, ao visitar o Brasil, especialmente a Amazônia, o
homem ficou gravemente doente e morreu. Uma família amazonense cuidou do menino
e este só descobriu que era adotado quando estava na Universidade.
- É verdade – disse Eliakim
– apesar de ter descoberto que fui adotado por uma família brasileira, nunca
tive pistas nenhuma dos meus pais verdadeiros.
- E foi nesta praça que
nossos pais foram assassinados? – Perguntou Ziva – É estarrecedor.
- E essa profecia do seu
pai? O senhor pode nos dar mais detalhes? – Perguntou Eliakim.
- Confesso que passei muito
tempo tentando entender essa história de encontro do 3.º com o 7.º dia. Fui
estudar na América, ampliei meus estudos teológicos e certo dia encontrei uma
conexão entre a Teologia e a Matemática. Como já era bastante envolvido com
alguns ministérios cristãos, da noite para o dia virei palestrante. Mas parte
da minha vida passei tentando localizar as duas crianças cujos pais foram
assassinados de maneira trágica em Jerusalém. Quando encontrei Ziva pela
primeira vez, naquele vôo para Roma, em 2001, senti algo estranho ao conversar
com ela. Ao ouvir sua história sobre as coincidências com o número 3, fiquei
ainda mais perturbado. Lembrei-me da data de nascimento dela.
- E qual minha data de
nascimento verdadeira? – Quis saber Ziva.
- Você e Eliakim nasceram
no mesmo dia, quase ao mesmo tempo. No dia 03 de julho de 1973.
- Jesus! – Exclamou Ziva.
- 03 de 07 de 1973 –
repetiu Eliakim - Nós nascemos no dia 3 do 7.º mês do ano de 73. 3 de 7 de 73. É
impressionante.
- Quando nos reencontramos
em Roma, a sensação de que eu estava diante de uma das crianças desaparecidas aumentou
ainda mais – disse o professor, apertando as mãos uma nas outras - Quando
voltei para o Canadá resolvi seguir essa pista. Durante algum tempo rastreei o
que pude sobre sua vida, Ziva. Mas, após os atentados ao World Trade Center,
minha atenção foi desviada para um outro enigma.
Lembrei-me de Eliakim, da noite em que me procurou. Fui
surpreendido quando ele me mostrou aquele enigma, contendo uma frase semelhante
à que meu pai ouvira naquela visão. Era muita coincidência. Procurei saber mais
detalhes sobre a sua vida. Saber sobre seus pais. Ao descobrir que fora adotado
por uma família brasileira, minhas suspeitas só aumentaram. Ao mesmo tempo
tentava saber como alguém teve a ideia de criar uma espécie de senha para um
ataque terrorista, usando justamente uma frase semelhante à que meu pai ouvira
na visão.
Lembrei-me
de minha primeira palestra em Nova York, cujo tema era justamente “O ENCONTRO
DO 3.º COM O 7.º DIA”. Mesmo assim, eu não falei nada sobre 37 semanas ou coisa
parecida. Era difícil imaginar como alguém se inspirou em minhas palestras para
criar aquela senha. Então uma antiga foto trouxe a solução do enigma de forma
surpreendente. Olhem aqui, neste círculo – o professor mostrou uma foto par o
casal.
- Nossa! – Exclamou Eliakim
- Apesar de não estar muito boa, dá pra notar que é muito parecida com Dália
Yassir.
- É mesmo – concordou Ziva.
- Ela esteve na minha
palestra, em Nova York. providencialmente, apareceu numa das muitos fotos que
alguém tirou naquele dia a meu pedido, pois gosto de guardar lembranças dos
eventos em que participo.
- Mas como essa foto o
ajudou a solucionar o mistério? – perguntou Eliakim.
- Eu conhecia Dália há
muito tempo. Na verdade, quando adolescente, em Jerusalém, eu e Dália... bem, nós
namoramos durante alguns meses. Um namoro de alto risco, pois ela era da
família Namazi.
- Essa não! – Disse
Eliakim, bastante surpreso.
- Que coisa! – Exclamou
Ziva.
- As peças se encaixavam
perfeitamente – continuou Makanera, sem ligar para as expressões de espanto do
jovem casal – tenho uma memória muito boa e acabei lembrando de um dia quando
Dália me perguntou como é que o 3.º dia poderia se encontrar com o 7.º. Na
época, ainda não sabia nada da visão que meu pai tivera. Só vim conhecê-la
quando tinha 24 anos. Então, estranhei a pergunta de Dália, e ela logo mudou de
assunto. Ao revê-la na minha palestra, muitos anos depois, me perguntei se
aquilo significava alguma coisa. Quando aconteceu o infame ataque terrorista às
torres do World Trade Center, justamente na 37.ª semana, do primeiro ano do
novo milênio, quando o 3.º se encontrou com o 7.º dia, e tomando conhecimento
do envolvimento de alguns muçulmanos na história, novamente lembrei-me de
Dália. Algum tempo depois, vim a saber que três dos terroristas que morreram no
atentado eram irmãos dela. Mais claro, impossível!
- Puxa vida! – Exclamou
Eliakim.
- Eu não tinha mais dúvidas
de que Dália estava de alguma forma, envolvida naquele infame atentado e que
aquela senha era ideia dela, inspirada pelo que soube da visão do meu pai.
- Espera aí – atalhou
Eliakim – como ela pôde ter conhecimento da visão do seu pai? Não era um
segredo que apenas ele e nossos pais conheciam? Você mesmo não só soube alguns
anos depois?
- Sim. Sua pergunta é
justa. Mas com o conhecimento de alguns fatos talvez encontremos a resposta
certa. Primeiro fato: no dia do casamento dos pais de vocês, havia alguns
membros da família Namazi, os poucos que não eram inimigos dos dois casais, os
mesmos que ajudaram a proteger as crianças depois. Segundo fato: Mas, mesmo
entre eles, havia uma ovelha negra. Alguém o vira sair de um quarto vizinho da
sala onde meu pai conversou com os pais de vocês. Ele pode ter escutado alguma
coisa. E tudo se explica.
- É, tudo se explica –
repetiu Eliakim, logo perguntando – mas, professor, quando a ficha caiu sobre
mim?
- Houve um fator que
encaixou como luva. A cortina foi descerrada no dia em que descobri que Ziva
havia casado. Fiquei curioso. Casou com quem? Quando o nome Eliakim Florestany
apareceu quase caí da cadeira.
- Realmente, parece que
Deus guiou o senhor direitinho. Isso é muito impressionante – disse Ziva,
sorrindo.
- Também é impressionante o
fato dos nomes de vocês serem de origem hebraica. Ziva significa BRILHANTE ou
ESPLENDOR. Eliakim significa DEUS DETERMINA. E esses nomes são os originais,
dados pelos seus pais. O que mudou quando vocês foram adotados foi apenas o
sobrenome.
- Portanto, nossos
verdadeiros nomes são ELIAKIM e ZIVA NAMAZI – disse Eliakim.
- Estranho, não? Um nome
judeu misturado com um sobrenome árabe – disse Makanera, sorrindo.
- E se o senhor é judeu
como veio a ter esse nome? – Perguntou Ziva.
- Eu me perguntava quando,
afinal, vocês iriam me questionar sobre isso – o professor sorriu e explicou –
tive muito medo de ser alvo de antissemitas, pois me disseram que as
universidades americanas estavam repletas deles. Quando cheguei na América alguns
parentes me aconselharam que eu mudasse meu nome judaico para evitar problemas.
Então, com a ajuda de pessoas influentes, o tímido judeu Matias Salomon
tornou-se o extrovertido americano Frank Makanera.
- Ainda sobre a profecia do
seu pai, professor – disse Eliakim, olhando seriamente para Makanera – aqui na
carta diz que os nossos filhos prepararão o caminho do Messias em Jerusalém.
Como assim?
- Os caminhos do Senhor são
misteriosos, meus filhos, mas com o passar dos anos, após muitas reflexões e
orações, creio que cheguei à compreensão exata sobre a visão do meu pai.
O sol estava desaparecendo no horizonte. Sua missão daquele
dia estava cumprida. Agora iria iluminar do outro lado do mundo. Em Jerusalém
as sombras da noite começavam a cair sobre a terra. Havia muita gente na praça
Zion naquele momento. Mas, em meio à multidão, alguém não perdia de vista Ziva,
Eliakim e o professor Makanera. Esse “alguém” abriu a blusa e apertou com força
o medalhão que trazia no peito. Era um estranho medalhão de prata, formato
triangular e com o número 666 bem no centro, gravado em cores vermelhas.
No mesmo instante, Ziva tomou um pequeno susto ao ouvir um
grito estridente sobre sua cabeça. Levantou os olhos e respirou aliviada ao ver
que era apenas um corvo que havia levantando vôo.
*******
Universidade Galileu, Rio
Grande do Sul, dezembro de 2008.
Alanna Maxwell estava na biblioteca, na seção de livros de
História, pesquisando para a elaboração de sua monografia. Eram 22 horas e 15
minutos. A biblioteca era grande e naquele momento não havia mais ninguém
naquela seção de História a não ser ela. Pelo menos era o que ela pensava.
Estava bastante concentrada na leitura quando ouviu um pequeno barulho. Então
notou que era apenas o som de um livro sendo arrastado, um livro que alguém
estava tirando da estante do outro lado da prateleira, na seção de livros
esotéricos.
“Ainda
bem que não estou sozinha”, pensou ela.
Logo
o silêncio voltou a reinar. Mais tarde, Alanna resolveu dar um tempo e dormir.
Ao sair da seção de História teve que passar pela seção Esotérica. Não havia
mais ninguém lá. Ela ia atravessando o corredor tranqüilamente quando algo no chão
chamou sua atenção. Abaixou-se e apanhou. Tomou um susto.
Era
um esquisito medalhão de prata, no formato de um triângulo. Com o número 666
gravado com letras vermelhas bem no centro.
O
sangue da linda jornalista gelou.
*******
Jerusalém, final de dezembro
de 2008.
Ziva
aproximou-se de Eliakim e disse:
- Estou grávida.
- O quê?
- E são gêmeos.
- Meu Deus!
- Tive um estranho sonho
ontem à noite – disse ela.
- Como?
- Uma voz me dizia que
nossos filhos são dois homens. E deverão ser chamados MOSHÉ e ELIHAHU. Dizia
também que eles irão preparar o caminho do Senhor em Jerusalém. Durante 1.260
dias!
- Jesus Cristo! - Eliakim ajoelhou-se
e, chorando, abraçou a barriga de Ziva - Eles chegaram! Eles chegaram!
Ziva
o abraçou, dizendo:
- Eu sei, meu querido. Eu
sei. A hora da redenção de Israel e da restauração de todas as coisas está
chegando.
“E concederei às minhas
duas testemunhas que, vestidas de saco, profetizem por mil duzentos e sessenta
dias. Estas são as duas oliveiras e os dois candeeiros que estão diante do
Senhor da terra.
E, se alguém lhes quiser
fazer mal, das suas bocas sairá fogo e devorará os seus inimigos; pois se
alguém lhes quiser fazer mal, importa que assim seja morto.
Elas têm poder para fechar
o céu, para que não chova durante os dias da sua profecia; e têm poder sobre as
águas para convertê-las em sangue, e para ferir a terra com toda sorte de
pragas, quantas vezes quiserem.
E, quando acabarem o seu
testemunho, a besta que sobe do abismo lhes fará guerra e as vencerá e matará.
E jazerão os seus corpos na praça da grande cidade, que espiritualmente se
chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado.
Homens de vários povos, e
tribos e línguas, e nações verão os seus corpos por três dias e meio, e não
permitirão que sejam sepultados. E os que habitam sobre a terra se regozijarão
sobre eles, e se alegrarão; e mandarão presentes uns aos outros, porquanto
estes dois profetas atormentaram os que habitam sobre a terra.
E depois daqueles três dias
e meio o espírito de vida, vindo de Deus, entrou neles, e puseram-se sobre seus
pés, e caiu grande temor sobre os que os viram. E ouviram uma grande voz do
céu, que lhes dizia: Subi para cá. E subiram ao céu em uma nuvem; e os seus
inimigos os viram.
E naquela hora houve um
grande terremoto, e caiu a décima parte da cidade, e no terremoto foram mortos
sete mil homens; e os demais ficaram atemorizados, e deram glória ao Deus do
céu.
É passado o segundo ai; eis
que cedo vem o terceiro. E tocou o sétimo anjo a sua trombeta, e houve no céu
grandes vozes, que diziam: O reino do mundo passou a ser de nosso Senhor e do
seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos.”
(Apocalipse 11.3-15).
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