quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

EPÍLOGO - A HISTÓRIA ESTÁ LONGE DE TERMINAR...

Jerusalém, Praça Zion. Dezembro de 2008.

Ziva e Eliakim resolveram aproveitar suas férias naquele ano viajando mais uma vez a Jerusalém. Eles tinham muitos amigos por lá e era uma sensação maravilhosa andar por onde Jesus andou fisicamente.

Eles sentaram um pouco e ficaram admirando o por do sol. Naquele momento eles estavam sendo observados por alguém que estava do outro lado da praça há algum tempo.

Então esse misterioso “alguém” se aproximou.

- Ora, ora. Isso é inacreditável – disse o recém chegado.

O inteligente casal levantou os olhos, e os mesmos olhos logo se arregalaram.


- Meu Deus! Professor Makanera? Aqui?

- Que mundo estranhamente pequeno, não? – O professor aproximou-se, sorrindo.

- Não me diga que o senhor está dando alguma palestra por aqui? – Perguntou Eliakim, enquanto abraçava o professor.

- Não, minha missão aqui é totalmente diferente do que vocês estão acostumados a ouvir – respondeu Makanera, enquanto abraçava Ziva – e mais estranha do que vocês possam imaginar.

O professor sentou-se num banco próximo do casal, respirou fundo e entregou um envelope para Eliakim.

- Na verdade, estou aqui por causa de vocês.

O casal entreolhou-se.

Eliakim rapidamente abriu o envelope, com a ajuda de Ziva, e ambos leram com muita ansiedade a carta que se encontrava lá.

Alguns minutos depois, Eliakim é o primeiro a falar.

- Inacreditável!

- Deus Eterno! – Exclamou Ziva – Isso é totalmente inacreditável!

- Você conhece esse rabino? – Perguntou Eliakim.

O professor respondeu sem hesitar:

- Como poderia não conhecê-lo? É o meu pai.

Novamente o casal se surpreendeu.

*******
- Nunca vou esquecer aquela cena. Eu tinha 12 anos. Estava passeando aqui com meu pai, quando vimos várias pessoas concentradas em torno de algo. Nos aproximamos e vimos os dois casais mortos. Foi horrível. Não creio que alguém tenha sentido mais a morte deles do que o meu pai. Ele os conhecia pessoalmente. Era amigo deles.

Ziva e Eliakim estavam atentos às palavras do senhor à sua frente, um homem conhecido como professor ou Dr. Makanera, uma testemunha ocular de um trágico evento ocorrido há 35 anos, em 11 de setembro de 1973.

O jovem casal sabia que havia muita coisa estranha em seus passados, pois tinham consciência de que foram adotados. Nunca conheceram seus verdadeiros pais. Tanto Eliakim quanto Ziva tentaram muitas vezes levantar o pesado véu que havia sobre o passado deles, mas sem sucesso.

Ao ler a carta deixada pelo rabino Samuel Salomon, Ziva começou a entender certas peças do quebra-cabeças de sua vida que nunca se encaixavam. Uma palavra que abriu uma grande janela de informações foi a palavra NAMAZI.

- Por que a palavra Namazi chamou sua atenção? – Perguntou Makanera.

- É que... – Ziva hesitou, como se procurasse as palavras certas a dizer – Fui criada por uma professora inglesa, uma simpática senhora que cuidou de mim como uma verdadeira mãe. Quando ela morreu eu tinha 15 anos. Fiquei revoltada. Acho que foi nessa época que me revoltei contra Deus e depois virei ateísta. Eu a vi morrer aos poucos... de câncer. Sem poder fazer nada, e revoltada porque o Deus dela não a curava – ela era cristã – jurei nunca acreditar nele. Foi somente poucos meses antes de morrer que ela me contou que tinha me adotado. Mas nunca me disse nada sobre meus verdadeiros pais. E...

- E? – Eliakim estava atento e inquieto.

- O nome dela era Sanya Namazi.

- Interessante – disse o professor Makanera.

*******
- Parte da família Namazi queria que as crianças também fossem mortas – explicou Makanera – mas outra parte não, e foi essa outra parte que empreendeu uma verdadeira estratégia de fuga, para livrar vocês dois da morte certa. Você, Ziva, foi levada para a Inglaterra. Eliakim foi adotado por um casal de idosos judeus, amigos de seus pais. Os dois criaram a criança secretamente, temendo a família Namazi. Mas estavam muito doentes e logo pediram ajuda a um parente próximo que morava na América. Alguns anos depois, ao visitar o Brasil, especialmente a Amazônia, o homem ficou gravemente doente e morreu. Uma família amazonense cuidou do menino e este só descobriu que era adotado quando estava na Universidade.

- É verdade – disse Eliakim – apesar de ter descoberto que fui adotado por uma família brasileira, nunca tive pistas nenhuma dos meus pais verdadeiros.

- E foi nesta praça que nossos pais foram assassinados? – Perguntou Ziva – É estarrecedor.

- E essa profecia do seu pai? O senhor pode nos dar mais detalhes? – Perguntou Eliakim.

- Confesso que passei muito tempo tentando entender essa história de encontro do 3.º com o 7.º dia. Fui estudar na América, ampliei meus estudos teológicos e certo dia encontrei uma conexão entre a Teologia e a Matemática. Como já era bastante envolvido com alguns ministérios cristãos, da noite para o dia virei palestrante. Mas parte da minha vida passei tentando localizar as duas crianças cujos pais foram assassinados de maneira trágica em Jerusalém. Quando encontrei Ziva pela primeira vez, naquele vôo para Roma, em 2001, senti algo estranho ao conversar com ela. Ao ouvir sua história sobre as coincidências com o número 3, fiquei ainda mais perturbado. Lembrei-me da data de nascimento dela.

- E qual minha data de nascimento verdadeira? – Quis saber Ziva.

- Você e Eliakim nasceram no mesmo dia, quase ao mesmo tempo. No dia 03 de julho de 1973.

- Jesus! – Exclamou Ziva.

- 03 de 07 de 1973 – repetiu Eliakim - Nós nascemos no dia 3 do 7.º mês do ano de 73. 3 de 7 de 73. É impressionante.

- Quando nos reencontramos em Roma, a sensação de que eu estava diante de uma das crianças desaparecidas aumentou ainda mais – disse o professor, apertando as mãos uma nas outras - Quando voltei para o Canadá resolvi seguir essa pista. Durante algum tempo rastreei o que pude sobre sua vida, Ziva. Mas, após os atentados ao World Trade Center, minha atenção foi desviada para um outro enigma.

         Lembrei-me de Eliakim, da noite em que me procurou. Fui surpreendido quando ele me mostrou aquele enigma, contendo uma frase semelhante à que meu pai ouvira naquela visão. Era muita coincidência. Procurei saber mais detalhes sobre a sua vida. Saber sobre seus pais. Ao descobrir que fora adotado por uma família brasileira, minhas suspeitas só aumentaram. Ao mesmo tempo tentava saber como alguém teve a ideia de criar uma espécie de senha para um ataque terrorista, usando justamente uma frase semelhante à que meu pai ouvira na visão.

Lembrei-me de minha primeira palestra em Nova York, cujo tema era justamente “O ENCONTRO DO 3.º COM O 7.º DIA”. Mesmo assim, eu não falei nada sobre 37 semanas ou coisa parecida. Era difícil imaginar como alguém se inspirou em minhas palestras para criar aquela senha. Então uma antiga foto trouxe a solução do enigma de forma surpreendente. Olhem aqui, neste círculo – o professor mostrou uma foto par o casal.

- Nossa! – Exclamou Eliakim - Apesar de não estar muito boa, dá pra notar que é muito parecida com Dália Yassir.

- É mesmo – concordou Ziva.

- Ela esteve na minha palestra, em Nova York. providencialmente, apareceu numa das muitos fotos que alguém tirou naquele dia a meu pedido, pois gosto de guardar lembranças dos eventos em que participo.

- Mas como essa foto o ajudou a solucionar o mistério? – perguntou Eliakim.

- Eu conhecia Dália há muito tempo. Na verdade, quando adolescente, em Jerusalém, eu e Dália... bem, nós namoramos durante alguns meses. Um namoro de alto risco, pois ela era da família Namazi.

- Essa não! – Disse Eliakim, bastante surpreso.

- Que coisa! – Exclamou Ziva.

- As peças se encaixavam perfeitamente – continuou Makanera, sem ligar para as expressões de espanto do jovem casal – tenho uma memória muito boa e acabei lembrando de um dia quando Dália me perguntou como é que o 3.º dia poderia se encontrar com o 7.º. Na época, ainda não sabia nada da visão que meu pai tivera. Só vim conhecê-la quando tinha 24 anos. Então, estranhei a pergunta de Dália, e ela logo mudou de assunto. Ao revê-la na minha palestra, muitos anos depois, me perguntei se aquilo significava alguma coisa. Quando aconteceu o infame ataque terrorista às torres do World Trade Center, justamente na 37.ª semana, do primeiro ano do novo milênio, quando o 3.º se encontrou com o 7.º dia, e tomando conhecimento do envolvimento de alguns muçulmanos na história, novamente lembrei-me de Dália. Algum tempo depois, vim a saber que três dos terroristas que morreram no atentado eram irmãos dela. Mais claro, impossível!

- Puxa vida! – Exclamou Eliakim.

- Eu não tinha mais dúvidas de que Dália estava de alguma forma, envolvida naquele infame atentado e que aquela senha era ideia dela, inspirada pelo que soube da visão do meu pai.

- Espera aí – atalhou Eliakim – como ela pôde ter conhecimento da visão do seu pai? Não era um segredo que apenas ele e nossos pais conheciam? Você mesmo não só soube alguns anos depois?

- Sim. Sua pergunta é justa. Mas com o conhecimento de alguns fatos talvez encontremos a resposta certa. Primeiro fato: no dia do casamento dos pais de vocês, havia alguns membros da família Namazi, os poucos que não eram inimigos dos dois casais, os mesmos que ajudaram a proteger as crianças depois. Segundo fato: Mas, mesmo entre eles, havia uma ovelha negra. Alguém o vira sair de um quarto vizinho da sala onde meu pai conversou com os pais de vocês. Ele pode ter escutado alguma coisa. E tudo se explica.

- É, tudo se explica – repetiu Eliakim, logo perguntando – mas, professor, quando a ficha caiu sobre mim?

- Houve um fator que encaixou como luva. A cortina foi descerrada no dia em que descobri que Ziva havia casado. Fiquei curioso. Casou com quem? Quando o nome Eliakim Florestany apareceu quase caí da cadeira.

- Realmente, parece que Deus guiou o senhor direitinho. Isso é muito impressionante – disse Ziva, sorrindo.

- Também é impressionante o fato dos nomes de vocês serem de origem hebraica. Ziva significa BRILHANTE ou ESPLENDOR. Eliakim significa DEUS DETERMINA. E esses nomes são os originais, dados pelos seus pais. O que mudou quando vocês foram adotados foi apenas o sobrenome.

- Portanto, nossos verdadeiros nomes são ELIAKIM e ZIVA NAMAZI – disse Eliakim.

- Estranho, não? Um nome judeu misturado com um sobrenome árabe – disse Makanera, sorrindo.

- E se o senhor é judeu como veio a ter esse nome? – Perguntou Ziva.

- Eu me perguntava quando, afinal, vocês iriam me questionar sobre isso – o professor sorriu e explicou – tive muito medo de ser alvo de antissemitas, pois me disseram que as universidades americanas estavam repletas deles. Quando cheguei na América alguns parentes me aconselharam que eu mudasse meu nome judaico para evitar problemas. Então, com a ajuda de pessoas influentes, o tímido judeu Matias Salomon tornou-se o extrovertido americano Frank Makanera.

- Ainda sobre a profecia do seu pai, professor – disse Eliakim, olhando seriamente para Makanera – aqui na carta diz que os nossos filhos prepararão o caminho do Messias em Jerusalém. Como assim?

- Os caminhos do Senhor são misteriosos, meus filhos, mas com o passar dos anos, após muitas reflexões e orações, creio que cheguei à compreensão exata sobre a visão do meu pai.

         O sol estava desaparecendo no horizonte. Sua missão daquele dia estava cumprida. Agora iria iluminar do outro lado do mundo. Em Jerusalém as sombras da noite começavam a cair sobre a terra. Havia muita gente na praça Zion naquele momento. Mas, em meio à multidão, alguém não perdia de vista Ziva, Eliakim e o professor Makanera. Esse “alguém” abriu a blusa e apertou com força o medalhão que trazia no peito. Era um estranho medalhão de prata, formato triangular e com o número 666 bem no centro, gravado em cores vermelhas.

         No mesmo instante, Ziva tomou um pequeno susto ao ouvir um grito estridente sobre sua cabeça. Levantou os olhos e respirou aliviada ao ver que era apenas um corvo que havia levantando vôo.

*******
Universidade Galileu, Rio Grande do Sul, dezembro de 2008.

         Alanna Maxwell estava na biblioteca, na seção de livros de História, pesquisando para a elaboração de sua monografia. Eram 22 horas e 15 minutos. A biblioteca era grande e naquele momento não havia mais ninguém naquela seção de História a não ser ela. Pelo menos era o que ela pensava. Estava bastante concentrada na leitura quando ouviu um pequeno barulho. Então notou que era apenas o som de um livro sendo arrastado, um livro que alguém estava tirando da estante do outro lado da prateleira, na seção de livros esotéricos.

“Ainda bem que não estou sozinha”, pensou ela.

Logo o silêncio voltou a reinar. Mais tarde, Alanna resolveu dar um tempo e dormir. Ao sair da seção de História teve que passar pela seção Esotérica. Não havia mais ninguém lá. Ela ia atravessando o corredor tranqüilamente quando algo no chão chamou sua atenção. Abaixou-se e apanhou. Tomou um susto.

Era um esquisito medalhão de prata, no formato de um triângulo. Com o número 666 gravado com letras vermelhas bem no centro.

O sangue da linda jornalista gelou.

*******
Jerusalém, final de dezembro de 2008.

Ziva aproximou-se de Eliakim e disse:

- Estou grávida.

- O quê?

- E são gêmeos.

- Meu Deus!

- Tive um estranho sonho ontem à noite – disse ela.

- Como?

- Uma voz me dizia que nossos filhos são dois homens. E deverão ser chamados MOSHÉ e ELIHAHU. Dizia também que eles irão preparar o caminho do Senhor em Jerusalém. Durante 1.260 dias!

- Jesus Cristo! - Eliakim ajoelhou-se e, chorando, abraçou a barriga de Ziva - Eles chegaram! Eles chegaram!

Ziva o abraçou, dizendo:

- Eu sei, meu querido. Eu sei. A hora da redenção de Israel e da restauração de todas as coisas está chegando.

“E concederei às minhas duas testemunhas que, vestidas de saco, profetizem por mil duzentos e sessenta dias. Estas são as duas oliveiras e os dois candeeiros que estão diante do Senhor da terra.

E, se alguém lhes quiser fazer mal, das suas bocas sairá fogo e devorará os seus inimigos; pois se alguém lhes quiser fazer mal, importa que assim seja morto.

Elas têm poder para fechar o céu, para que não chova durante os dias da sua profecia; e têm poder sobre as águas para convertê-las em sangue, e para ferir a terra com toda sorte de pragas, quantas vezes quiserem.

E, quando acabarem o seu testemunho, a besta que sobe do abismo lhes fará guerra e as vencerá e matará. E jazerão os seus corpos na praça da grande cidade, que espiritualmente se chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado.

Homens de vários povos, e tribos e línguas, e nações verão os seus corpos por três dias e meio, e não permitirão que sejam sepultados. E os que habitam sobre a terra se regozijarão sobre eles, e se alegrarão; e mandarão presentes uns aos outros, porquanto estes dois profetas atormentaram os que habitam sobre a terra.

E depois daqueles três dias e meio o espírito de vida, vindo de Deus, entrou neles, e puseram-se sobre seus pés, e caiu grande temor sobre os que os viram. E ouviram uma grande voz do céu, que lhes dizia: Subi para cá. E subiram ao céu em uma nuvem; e os seus inimigos os viram.

E naquela hora houve um grande terremoto, e caiu a décima parte da cidade, e no terremoto foram mortos sete mil homens; e os demais ficaram atemorizados, e deram glória ao Deus do céu.

É passado o segundo ai; eis que cedo vem o terceiro. E tocou o sétimo anjo a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: O reino do mundo passou a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos.”

(Apocalipse 11.3-15).

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