Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Tempo atual.
Mitla, uma bonita jovem loira, mas de olhar desconfiado,
procurava algo de maneira quase obsessiva, numa biblioteca universitária. De
repente, seus olhos azuis brilharam de forma anormal. Ela apanhou um grande
livro, encadernado, escondido na seção esotérica. O titulo estava escrito em
caracteres góticos, e dizia o seguinte:
A VERDADE SOBRE O ARQUIVO7
O livro tinha 98 páginas. O coração de Mitla palpitava muito
forte, e ela suou frio quando leu o subtítulo: A HISTÓRIA DE MORGANNE.
Ela estava se preparando para uma viagem à Europa. Iria se
encontrar com seu noivo, um jovem político que estava vivendo um momento
importante em sua carreira. Mitla ainda era bastante jovem, mas já estava
divorciada e pronta para investir num novo casamento. Ela havia conhecido
Constantine Nommed numa conferência de nações há três anos. Naquela época ela
trabalhava como assistente de um diplomata brasileiro, e Constantine era assessor
de um importante político europeu.
Fazia alguns anos que Mitla havia deixado sua cidade natal,
no interior do Nordeste brasileiro. Tinha se formado em Jornalismo e
Diplomacia, e isto facilitou seu acesso ao mundo das altas esferas políticas.
Ela vivia há algum tempo em Porto Alegre, mas brevemente passaria a morar na
Europa.
Há duas semanas, Constantine havia ligado informando que
estava para dar um grande passo em sua prematura carreira política e precisava
de Mitla por perto. Mas havia dito uma coisa que deixou a jovem apreensiva.
- Querida, antes que você venha para a Europa, precisa antes
realizar sua última missão no Brasil.
- Última por que? – Mitla sentiu um calafrio.
- Calma! Só queria dizer que provavelmente você não
precisará mais suar no Brasil. Algo muito maravilhoso me aconteceu e juntos
teremos um futuro extraordinário.
- Querido, você me assusta falando assim. Mas sei que em
breve minhas curiosidades serão satisfeitas. Diga-me qual minha “última missão”
no Brasil?
Constantine hesitou alguns segundos antes de falar:
- Você já ouviu alguma coisa a respeito de uma organização
chamada Arquivo7?
- Aqui no Brasil? Não. É alguma entidade religiosa, uma ONG
ou coisa parecida?
- Não. Infelizmente não posso explicar muita coisa por telefone.
Tem certeza de que nunca ouviu nada a respeito? E Grupo 7? Parece que é outro
nome dessa organização.
- Sinto muito, querido, mas – a não ser que minha memória
esteja muito estressada – não consigo me lembrar de nada parecido.
- E a palavra “Morganne” lhe sugere algo?
- Morganne? O que é? Alguém ou alguma coisa?
- É uma pessoa... uma pessoa que você precisa evitar custe o
que custar.
- Constantine, você me assusta. Nunca vi você tão tenso e
tão preocupado. Por que devo evitar esse ... essa ... afinal é um homem ou uma
mulher?
- É um homem. Talvez ele esteja com trinta anos ou um pouco
menos. Tudo que posso dizer agora é que você precisa descobrir se existe alguém
no Brasil, especialmente num Estado chamado Maranhão, alguém de nome Morganne e
ligado a alguma coisa chamada Arquivo7 ou Grupo7. Por favor, não me pergunte
mais nada agora. É algo pessoal, mas prometo contar tudo quando você estiver
comigo.
E Constantine – após umas palavras de despedidas – desligou.
Mitla permaneceu alguns minutos com o celular no ouvido, como se estivesse
paralisada.
Aquele nome não lhe era estranho, mas não conseguia lembrar
de nada. Por que justamente no Maranhão? Ela havia nascido no Maranhão, e
sentiu um calafrio quando Constantine disse: “Por favor, não me pergunte mais
nada agora”. Por quê?
Certo dia, enquanto comprava um jornal numa banca próxima ao
campus da principal Universidade de Porto Alegre, Mitla teve um choque ao ouvir
duas universitárias conversando:
- Nunca pensei que o número 7 tivesse um significado tão
interessante e assustador.
- Acho que você está ficando é obcecada igual a esse Mor ...
como é mesmo o nome?
- Morganne.
- Morganne? Que nome esquisito. Conheço Morgana, Morgan, mas
nunca vi alguém com esse nome. De onde é ele? De algum exótico país europeu?
- Que nada! É brasileirinho da
silva. É lá do Nordeste, do Maranhão.
Mitla, que ouvia tudo, estremeceu nas bases novamente. Se
perguntou várias vezes se devia se aproximar das duas estudantes e pedir mais
informações. Depois de hesitar alguns segundos, avançou e disse:
- Olá, desculpem-me a intromissão, mas não pude evitar de
ouvir a conversa de vocês e gostaria de saber onde encontro o livro desse
Morganne. Por incrível que pareça, estou à procura dele há vários dias.
- Que feliz coincidência, não? – Disse uma das moças,
sorrindo, logo acrescentando – pra falar a verdade, só vi um exemplar do livro
dele, na Biblioteca da Universidade, na seção esotérica. Encontrei-o por acaso,
enquanto fazia outras pesquisas.
- Oh, muito obrigada. Vocês nem imaginam o favor que me
fizeram – Mitla se despediu das duas estudantes, que ficaram pensativas,
observando o caminhado dela.
E agora Mitla estava com a respiração suspensa. Por que esse
Morganne causava tanta preocupação a Constantine Nommed? E por que o nome
Morganne incomodava ela também? Mitla abriu o livro. Era um livro encadernado,
com uma linguagem bastante popular e rústica, disponível talvez só no Brasil. O
que aquele livrinho teria a ver com um homem tão importante como Constantine
Nommed?
Mas ali revelava a história de Morganne. Mitla sentou-se e
começou a ler. O pequeno livro tinha duas partes. A primeira era intitulada A
HISTÓRIA DE MORGANNE – COMO TUDO COMEÇOU. O texto parecia interessante.
*******
EM ALGUM
LUGAR DO PASSADO...
Idade Média,
ano 1421.
Um grupo
de 10 cavaleiros perseguia um jovem noviço. Tanto ele quanto seu cavalo estavam
exaustos. Mas ele sabia muito bem o que lhe aconteceria se fosse capturado. Ele
era conhecido por Franco Monserrat (mas não era seu nome verdadeiro). Fora
levado para o convento San Tomás ainda criança a fim de ser educado na doutrina
cristã (que estava bastante corrompida). Seu destino era se tornar mais um
monge, escravo de um sistema corrupto e imoral que já havia infestado a Europa.
Nesse mesmo ano o papa Gregório IX havia instituído a prática da tortura para
obter a verdade de suspeitos de heresias. A Inquisição já estava atuando em
vários paises. Eram tempos difíceis e cruéis. Não havia liberdade religiosa.
Qualquer um que se rebelasse contra o sistema religioso imposto, era
perseguido, preso e – caso não se retratasse – executado (geralmente na
fogueira). Esses “rebeldes” eram chamados hereges.”
Franco
Monserrat era, na verdade, Samuel Shamir, filho de um casal de judeus
italianos, negociantes de roupas e tapetes. Seus pais não aceitaram se
converter à força ao Cristianismo e foram mortos pelos inquisidores. Samuel era
ainda uma criança de 8 anos, e os “assassinos cristãos” acharam por bem tentar
transformar o “judeuzinho” em mais um defensor da fé cristã, colocando-o num
mosteiro a fim de ser criado pelos velhos monges.
Ele foi
educado por Vitório Giani, um dos monges mais velhos daquele mosteiro. Aprendeu
ler, escrever e todos os fundamentos do deturpado Cristianismo ensinado
naqueles dias. Ele estava bem encaminhado e tornando-se um jovem inteligente e
conhecedor da suposta verdade. Mas aos 12 anos sua vida sofreu uma estranha
reviravolta.
Não lhe
era permitido ler a Bíblia, mas somente uns livros que já vinham preparados
especialmente para incutir na mente dele e dos outros noviços uma teologia
cristã corrompida.
- Mestre,
se a Bíblia é tão citada em nossos estudos, por que não nos é permitido lê-la?
– perguntou certo dia ao seu instrutor.
A
pergunta, é claro, pegou o ancião de surpresa. Os outros noviços não tinham
aquela curiosidade.
- A Bíblia
é um livro misterioso – respondeu o velho – cheio de histórias estranhas, que
podem confundir a mente daqueles que não estão preparados. Somente os homens
sábios é quem podem manuseá-la, a fim de tirar o que é proveitoso para a nossa
edificação.
- Mas eu
não poderia ao menos vê-la?
- Devemos
nos contentar com aquilo que determinam os nossos superiores – e com isso a
conversa foi dada como encerrada.
Mas aquilo
só serviu para despertar a curiosidade do jovem cada vez mais.
Certo dia,
Samuel entrou na biblioteca – não naquela acessível a todos os noviços, mas em
uma secreta, que ele descobriu por acaso, ao varrer umas salas. Ele sabia que
era um setor proibido, e não teve coragem de comentar com nenhum dos noviços
sua descoberta, pois os outros pareciam satisfeitos com sua situação e não
possuíam curiosidade nenhuma pela verdade.
Samuel,
pelo contrário, sentia que havia alguma coisa errada com aquela série de
ensinamentos. Ele sabia que devia haver uma verdade, mas tinha uma certa
intuição de que essa verdade não estava ali. Enquanto penetrava na biblioteca
proibida, imaginava o que poderia lhe acontecer se fosse descoberto. Ainda
lembrava de certo dia quando um noviço – só porque dormiu na hora de umas
orações obrigatórias – foi severamente chicoteado e obrigado a cumprir certas
penalidades durante uma semana. Imagine o que poderia lhe acontecer se fosse
pego cometendo um “pecado muito maior”.
Aquela era
a hora do jantar e era uma chance de desaparecer por um certo tempo sem ser
notado, pois os monges - preocupados com muitos pecados – gostavam
especialmente de um, o da glutonaria.
O acesso a
biblioteca era um segredo, mas também por um acaso (ou não?), Samuel havia
descoberto a passagem secreta. Ao varrer o quarto de seu mestre, tropeçara no
tapete – colocado de mau jeito – e sua cabeça batera violentamente num canto da
sala – justamente no ponto onde estava a mola que fazia abrir uma passagem
oculta na parede. Coisa incrível.
Ele estava
boquiaberto diante de tantos livros. Mas não podia perder tempo. Procurou o que
lhe interessava. Havia vários modelos de Bíblias – e em várias línguas. Ele
procurou um exemplar em latim e que fosse pequeno – pretendia alugá-lo por uns
dias.
Meia
noite. Samuel estava em sua cela – mas não dormia. Estava inquieto, fascinado e
excitado. Estava lendo a Bíblia. Tinha – logicamente – começado pelo Gênesis,
mas achou melhor ler primeiro o Novo Testamento, que era onde estava
centralizada a maior parte da doutrina cristã.
Duas
semanas depois. Samuel concluiu a leitura do Novo Testamento e estava perplexo.
Havia uma diferença muito grande entre os ensinamentos cristãos ministrados
pelos monges e os ensinamentos de Jesus e seus apóstolos. O que ele devia fazer
agora? Ao menor sinal de que estava conhecendo aquelas verdades ele sabia que
seria castigado. Não sabia para onde ir, pois durante sua vida não saíra
nenhuma vez daquele mosteiro. Para se ter uma idéia, nunca tinha visto uma
mulher de verdade, somente em algumas ilustrações dos livros didáticos do
mosteiro. Mas ele sabia que o mundo era grande e que em algum lugar deveria
haver liberdade e homens livres. Ele haveria de encontrá-los. Então, certo dia,
após um plano bem elaborado, o jovem curioso fugiu do mosteiro.
Estava
quase anoitecendo. Samuel estava preocupado. Seu cavalo poderia estourar a
qualquer momento e ele cairia nas mãos dos guardiões do mosteiro.
E foi o
que aconteceu. Seu cavalo caiu por terra. Samuel olhou ao redor assustado.
Avistou um cavaleiro se aproximando. Não sabia o que fazer. Sua corrida chegara
ao fim.
- Venha
depressa – disse o desconhecido, convidando Samuel para montar na garupa do seu
cavalo – os guardiões estão chegando!
Samuel não
pensou duas vezes.
*******
Mitla e a
leitura do Arquivo7.
“Esta é a
história real de um jovem chamado Morganne.
Corria o
ano de 1987, segundo semestre. Talvez Julho, Agosto ou Setembro. Tudo que
sabemos é que era um dia de muito vento e sol. Ele estava no quintal de sua
casa, debaixo de umas árvores. Ele acabara de passar por uma grande depressão e
encontrava-se ainda com suas emoções abaladas. Bastante pensativo, meditava nas
coisas que tinham mexido com seu coração. Queria respostas para centenas de
perguntas. Queria saber o “porquê” das coisas. Começou a se interrogar a
respeito da vida. Por que afinal estamos aqui? O que é a verdade e onde está
ela? Por que o coração do ser humano chega a ser mais cruel do que uma fera
selvagem? Repentinamente, aquelas meditações começaram a tomar um rumo inesperado.”
“Quem era
realmente Deus? Seria mesmo verdade aquilo que os religiosos pregavam sobre
Deus? Mas por que tantas divergências? Será que Deus seria mesmo aquele ser
estranho, uma espécie de ditador que adorava aprontar pegadinhas maliciosas com
os seres humanos? Ou a verdade seria outra? Morganne começou a pedir
compreensão sobre os mistérios da vida. Mas pediu algo estranho também. Pediu a
Deus um mistério. Um mistério capaz de mudar radicalmente sua vida, e que
lhe revelasse o sentido da vida. Diferentemente do rei Salomão (que um dia
tinha pedido sabedoria a Deus), Morganne queria um mistério. Um mistério que
revelasse a razão de sua existência na terra. Um mistério que tivesse ligação
com os pensamentos de Deus, e que revelasse o propósito do ser humano no
Universo.”
“Que
mistério? E por que esse pedido? Para lhe fazer esquecer os últimos
acontecimentos? Uma fuga, talvez? Não. Pois ele sabia que havia alguma coisa
especial por trás das crenças religiosas tradicionais. Uma coisa que os
próprios líderes religiosos ou sabiam e faziam questão de não saber ou
simplesmente ignoravam. Ele não acreditava que o Deus que criou o Universo e
tanta coisa boa fosse simplesmente “aquele deus” apresentado pela maioria dos
religiosos. Tentando entender o mistério da vida, ele encontrou Deus. Mas antes
que encontrasse Deus, encontrou o mistério.”
Nesse
ponto Mitla interrompeu a leitura. Ela se perguntava: Por que Constantine
estava tão preocupado com esse Morganne se, ao que tudo indicava, não passava
de um maluco metido a esotérico, místico ou coisa parecida? E ela estava
achando aquela leitura muito chata, para dizer o mínimo, principalmente porque
era uma pessoa não muito chegada às coisas religiosas. Na verdade, Mitla era um
pouco cética. Ela acreditava sim, na existência de uma Mente Superior, mas não
num Ser Superior como ensinava a maioria das religiões. E aquele texto parecia
sem futuro. Mas o que ela tinha de cética, tinha de curiosa e por isso
continuou a leitura.
*******
Valença,
Espanha. Tempo: Idade Média, ano 1421. A praça central estava repleta de gente
de toda espécie. Dos humildes camponeses ao alto escalão da cúpula religiosa –
que se considerava mais poderosa que os próprios reis. Aquele dia de sol forte
era uma ocasião especial. Uma jovem, acusada de envolvimento com bruxaria,
seria queimada na fogueira por ter – segundo os inquisidores – feito um pacto
com as forças satânicas e espalhado o mal entre a população. Seu nome era
Samantha – ninguém conhecia seu sobrenome.
- Que seja
executada a herege! – decretou uma voz odiada por muitos, a voz de Torquemada,
o inquisidor geral, que centenas de vezes já tinha pronunciado frases
semelhantes.
- Morra a
herege! – Veio a exclamação quase unânime do meio da multidão.
O carrasco
(encapuzado) aproximou-se com a tocha. A moça estava como que paralisada.
Parecia nem piscar. Subitamente, ouviu-se alguém e depois muitos outros
gritarem:
- Fogo!
Fogo!
Todos
olharam para um casarão atrás do palanque dos inquisidores. Um incêndio começou
se alastrar. Nesse momento, três cavaleiros surgiram do lado oposto da praça.
Três cavaleiros e cinco cavalos. O carrasco montou num deles e a jovem
considerada bruxa fez o mesmo com o outro. Uma multidão atônita tentava
entender a cena. De um lado, um incêndio ameaçando queimar muitas casas e do
outro, o carrasco fugindo com sua vítima.
Teve
inicio uma grande perseguição. Os guardiões – espécie de soldados a serviço dos
inquisidores – tentavam desesperadamente alcançar os cinco fugitivos.
*******
Mitla
conhecendo os segredos de Morganne.
“Janeiro
de 1988. Certo dia, folheando um jornal, Morganne teve sua atenção despertada
para um artigo, intitulado “SETE”, que descrevia uma coleção envolvendo o
número 7 nas artes, religiões, política, história, ciências, filosofia, etc. Lá
dizia, entre outras coisas, que: o número 7 na Bíblia é o número divino; no
judaísmo é o da mensagem; para os budistas é o místico; para os teosofistas é o
da sorte; para os muçulmanos é o do céu; para os gregos é o da sabedoria; para
a numerologia é o do mistério; para a maçonaria é o absoluto; para a umbanda é
o da magia branca; e para a quimbanda é o da magia negra. E em seguida, havia a
seguinte coleção:”
·
7 são os dias da semana;
·
7 são as cores do arco-íris;
·
7 são os algarismos romanos;
·
7 são as colinas de Roma;
·
7 são as cidades sagradas da India;
·
7 as torres de Constantinopla;
·
7 eram as Artes na Antiguidade;
·
7 eram as Belas-Artes;
·
7 eram as Maravilhas do mundo antigo;
·
7 eram os sábios da Grécia;
·
7 as notas musicais;
·
7 os anões da Branca de Neve;
·
7 os edifícios sagrados da antiga Babilônia;
·
7 foram os reis da antiga Roma;
·
7 rainhas na História foram chamadas de CLEÓPATRA;
·
7 eram os deuses da antiga mitologia chinesa;
·
7 é a nota mínima para aprovação;
·
O canário nasce aos 14 dias (2 x 7); a galinha aos 21 dias
(3 x 7); os patos e gansos aos 28 dias (4 x 7); o ganso silvestre aos 35 dias
(5 x 7); e os papagaios e avestruzes aos 42 dias (6 x 7).
·
No ciclo genital da mulher, a ovulação ocorre no 14.º dia (
2 x 7); a implantação do óvulo na cavidade interna é no 21.º dia (3 x 7); o
ciclo menstrual é de 28 dias (4 x 7), e a gravidez se completa em 280 dias (40
x 7).
“Morganne
achou bastante interessante, mas jamais imaginou aonde aquilo tudo haveria de
levá-lo. Guardou o jornal, e procurou esquecer o que havia lido. Mas alguma
coisa inquietava sua mente. Nos dias seguintes, fez uma pesquisa em vários
livros (a maioria de História Geral), e descobriu mais coleções envolvendo o
número 7. Por exemplo:”
·
Na religião Islâmica, são 7 os céus e são 7 as portas do inferno;
·
O peregrino do islã deve dar 7 voltas em torno da Caaba
Sagrada (um ídolo); e, em certo ritual, lança para trás de si 7 pedras, para
afugentar o demônio.
·
De acordo com a religião Budista, Buda passou 49 dias (7 x
7), em meditação debaixo da árvore Bô; há as 7 jóias de Chakravarti; há 7 meios
para o homem se tornar puro: domínio de si mesmo, investigar a verdade,
energia, alegria, serenidade, concentração e magnanimidade.
·
Na religião Egípcia, são 7 os sábios nascidos do olho
direito de Amon Rá, o deus-sol.
·
No antigo Egito, a múmia de um Faraó era colocada de frente
para o Oriente, para “ver” o sol nascer 7 vezes.
·
Os egípcios guardavam no leito do filho recém-nascido 7
pedras de cores diferentes. Para eles, o número 7 era símbolo de longa vida.
·
Na religião Católica Romana, 7 são as glórias da Virgem, 7
são os Sacramentos, 7 são os pecados mortais,7 são as virtudes,7 são as ordens
eclesiásticas, há a missa de 7.º dia. Há ainda na tradição católica: as 7
quedas de Cristo, do jardim à casa de Anás, 7 mistérios da coroa, 7 gozos de
São José, 7 espadas cravadas no peito da Virgem da Amargura, etc.
·
Na Mitologia greco-romana, Vênus possuía um cinto mágico com
as 7 armas da sedução feminina; são 7 os tubos da flauta de Pã; são 7 as cordas
da lira de Apolo; são 7 os véus de Íris; o minotauro (monstro fabuloso) exigia
como sacrifício 7 moças e 7 rapazes anualmente.
Na
linguagem popular,
·
Atingir o 7.º céu – significa o máximo de felicidade;
·
Pintar o 7 – fazer travessuras;
·
Fechar a 7 chaves – bem trancado;
·
Homem de 7 instrumentos – pessoa que exerce muitas
atividades diferentes;
·
7 fôlegos – ser resistente ou persistente;
·
bola 7 – a bola preta no jogo de Sinuca, que vale 7 pontos.
·
7 costados – pessoa de linhagem nobre;
·
7 ameixeira – na Hungria, significa pessoa muito pobre;
·
Tipo 7 – pessoa fina (no sentido de elegante), coisa de
valor, objeto raro;
·
Barriga de 7 almoços – individuo comilão, também chamado de
barriga de 7 malas;
·
Bicho de 7 cabeças – coisa muito complicada;
·
7 cães e um osso – alusão feita a uma coisa que é desejada
por muita gente;
·
Andar nas suas 7 quinas – significa viver contente, cheio e
alegria;
·
Viajar pelos 7 mares – viajar pelo mundo todo;
·
7 falas doces usa uma pessoa quando engana alguém;
·
O gato tem 7 vidas;
·
Há 7 anos de azar para quem quebrar um espelho;
·
7 virtudes – apelido de cachaça, no Nordeste. Dizem os
viciados que ela aquece, refresca, anima, clareia, sara, alegra e faz esquecer.
Na verdade, isso são 7 tolices.
“Ele se
perguntava: isto é somente coincidência ou envolve algo mais sério? Faz algum
sentido? Por que essa preferência das culturas e religiões pelo número 7?”
“Ele
achava que isto não tinha importância nenhuma. Em Março de 1988, começou seus
estudos no Ensino Médio, quando, durante todo o ano, passaria a ser chamado por
um número. Ao ouvir que seu número naquele ano seria 34 ele achou que era
imaginação demais relacionar com o número 7, pois 3 + 4 = 7. Ele pensou ser
apenas uma coincidência, um impulso psicológico ou algo parecido. Disse para si
mesmo: “Preciso tomar cuidado.” Mas lembrou-se que durante todo o período
ginasial nunca tivera um número relacionado com o número 7. Seus números
geralmente eram: 20, 23, 26, etc. Então foi observando algumas coisas que antes
não tinham importância.”
Mitla
estava curiosa, mas impaciente.
*******
Samuel
estava perplexo. Seu misterioso amigo o levara a um lugar parecido com um
mosteiro, que estava localizado atrás de umas montanhas, de uma maneira tão
perfeita que era quase que impossível alguém descobrir. Após uma cavalgada de
cerca de uma hora, eles haviam chegado a uma cadeia de montanhas. Atravessaram
um riacho, seguiram por uma trilha durante alguns minutos, até chegarem diante
de uma cachoeira impressionante. O misterioso cavaleiro impeliu seu cavalo a
entrar na cachoeira. Samuel não ousou perguntar o porquê. Se existiam homens
livres, aquele cavaleiro era um e Samuel estava super curioso em saber a razão
de tudo aquilo. Ao entrarem na cachoeira deram de encontro a uma caverna. E
após atravessarem durante 10 minutos saíram numa planície paradisíaca, com
vários jardins e uma enorme casa no centro.
- Chegamos
– disse o cavaleiro sorrindo ao notar a expressão admirada no rosto de Samuel –
Bem vindo a Amoran.
- Mas que
lugar é este?
- O Templo
da Liberdade e da Verdade, meu amigo, o esconderijo secreto da Ordem dos SETES,
nunca ouviste falar?
Os dois
homens desceram do cavalo e subiram uma série de degraus cercados de plantas
exóticas. No final dos degraus havia um portão em estilo árabe. E havia algo
mais, ou melhor, alguém mais. Uma pessoa que deixou ainda mais admirado o
espantado Samuel.
- Uma
mulher? – O jovem fugitivo falou precipitadamente, logo notando que tinha feito
uma pergunta insensata.
- Claro
que é uma mulher, meu caro amigo – sorriu o misterioso companheiro – parece que
você precisa conhecer muitas coisas.
Enquanto
isso, os cinco fugitivos haviam deixado os guardiões para trás. Aproximavam
agora do mesmo trecho trilhado recentemente por Samuel e seu misterioso amigo.
-
Conseguimos despistá-los mais uma vez – disse um jovem ruivo com um largo
sorriso.
- Eu
merecia ter sido deixada lá – falava a moça conhecida como Samantha – como fui
tão idiota a ponto de deixar que me capturassem?
- Ora,
amiguinha – disse um moreno de olhos grandes – você só teve azar. Quem iria imaginar
que o Inquisidor Geral com sua comitiva estivesse em Valença?
- É, mas
mesmo assim, teria sido fácil cumprir minha missão se eu não tivesse cometido
aquele erro fatal.
- Não se
lamente – disse novamente o ruivo – mesmo que tivéssemos chegado a tempo não
sei se conseguiríamos salvar Guilherme. Deve ter sido horrível.
Os cinco
se aproximaram da cachoeira, onde se encontrava a entrada secreta.
*******
EM ALGUM LUGAR NA ITÁLIA, NO INICIO DOS ANOS 80...
Naquela manhã, a professora Naddyanne apresentava o novo
aluno, um menino de 6 anos, recém-chegado de uma cidadezinha do interior.
- Crianças, este é Luigi Gianne, o novo colega de vocês.
Querem recebê-los?
Todas as crianças se levantaram e deram as boas-vindas ao
garotinho, que sorria desconfiado, olhando em todas as direções.
Nos dias seguintes, Luigi adaptou-se rapidamente ao novo
mundo. E começou a chamar a atenção dos professores, pois tinha uma
inteligência fora do comum. Ele aprendeu com uma facilidade incrível, e dentro
de 6 meses os professores resolveram transferi-lo para um grau maior. Na nova
turma, Luigi continuou surpreendendo. Um especialista em Psicologia Infantil
examinou o pequeno gênio e concluiu que ele era um superdotado.
- Senhora Gianne – disse o Psicólogo – seu filho é especial.
Muito especial. Seus talentos precisam ser estudados e aperfeiçoados. O lugar
dele é na Universidade.
- Mas ele é apenas um garoto.
- Sim. Mas
seu potencial é impressionante. Creio que, em menos de 16 anos seu filho terá
galgado os maiores degraus da Universidade.
- Mas nós não temos condições para...
- Não se
preocupe – o psicólogo sorriu, e seus olhos brilharam de forma inquietante – há
bolsas de estudos para pessoas especiais como ele.
Mas
Leonora Gianne não estava satisfeita. Ela não queria que o filho fosse para tão
longe. Ela imaginava um futuro diferente para ele. O psicólogo levantou-se e
aproximou-se da janela. Ao longe via Luigi brincando no pátio. Os olhos do
psicólogo brilharam de forma sinistra novamente, e ele passou a mão sobre aquela
misteriosa cicatriz em forma de cruz em sua testa.
*******
Mitla
respirou fundo, fechou o livro por um momento e ficou pensativa. Gostaria de
ter conhecido esse Morganne pessoalmente. O interessante é que ele era do
Maranhão (igual a ela). Lembrando desse detalhe, ela se perguntou: de qual
cidade? Será que não haveria o nome dessa cidade em algum lugar daquele livro?
Ela folheou rapidamente e dentro de poucos minutos ficou atônita: IGARAPÉ
GRANDE???!!!
“Que droga
é essa? Igarapé Grande? Morganne é meu conterrâneo?”
Ela queria
continuar a leitura, mas sua curiosidade a impeliu a ir direto à última página
do livro. No final havia o nome completo de Morganne, ou pelo menos quase
completo, pois uma letra estava abreviada. O nome que aparecia era:
Miguel M.
Morganne.
“Miguel?
Eu conheci um Miguel em Igarapé Grande – lembrou Mitla – mas esse nome é muito
comum.”
Então
outra coisa chamou a atenção dela.
“Que coisa
estranha. No inicio do livro revela que Morganne passou por uma depressão no
ano de 1987. No mesmo ano em que conheci Miguel. O ano em que me casei. Na
época em que eu ainda me chamava Keyth Killian.”
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