quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Capítulo 2 – A MARCA DE TODOS OS MISTÉRIOS

Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Tempo atual.

Mitla, uma bonita jovem loira, mas de olhar desconfiado, procurava algo de maneira quase obsessiva, numa biblioteca universitária. De repente, seus olhos azuis brilharam de forma anormal. Ela apanhou um grande livro, encadernado, escondido na seção esotérica. O titulo estava escrito em caracteres góticos, e dizia o seguinte:

A VERDADE SOBRE O ARQUIVO7

O livro tinha 98 páginas. O coração de Mitla palpitava muito forte, e ela suou frio quando leu o subtítulo: A HISTÓRIA DE MORGANNE.

Ela estava se preparando para uma viagem à Europa. Iria se encontrar com seu noivo, um jovem político que estava vivendo um momento importante em sua carreira. Mitla ainda era bastante jovem, mas já estava divorciada e pronta para investir num novo casamento. Ela havia conhecido Constantine Nommed numa conferência de nações há três anos. Naquela época ela trabalhava como assistente de um diplomata brasileiro, e Constantine era assessor de um importante político europeu. 

Fazia alguns anos que Mitla havia deixado sua cidade natal, no interior do Nordeste brasileiro. Tinha se formado em Jornalismo e Diplomacia, e isto facilitou seu acesso ao mundo das altas esferas políticas. Ela vivia há algum tempo em Porto Alegre, mas brevemente passaria a morar na Europa.

Há duas semanas, Constantine havia ligado informando que estava para dar um grande passo em sua prematura carreira política e precisava de Mitla por perto. Mas havia dito uma coisa que deixou a jovem apreensiva.

- Querida, antes que você venha para a Europa, precisa antes realizar sua última missão no Brasil.

- Última por que? – Mitla sentiu um calafrio.


- Calma! Só queria dizer que provavelmente você não precisará mais suar no Brasil. Algo muito maravilhoso me aconteceu e juntos teremos um futuro extraordinário.

- Querido, você me assusta falando assim. Mas sei que em breve minhas curiosidades serão satisfeitas. Diga-me qual minha “última missão” no Brasil?

Constantine hesitou alguns segundos antes de falar:

- Você já ouviu alguma coisa a respeito de uma organização chamada Arquivo7?

- Aqui no Brasil? Não. É alguma entidade religiosa, uma ONG ou coisa parecida?

- Não. Infelizmente não posso explicar muita coisa por telefone. Tem certeza de que nunca ouviu nada a respeito? E Grupo 7? Parece que é outro nome dessa organização.

- Sinto muito, querido, mas – a não ser que minha memória esteja muito estressada – não consigo me lembrar de nada parecido.

- E a palavra “Morganne” lhe sugere algo?

- Morganne? O que é? Alguém ou alguma coisa?

- É uma pessoa... uma pessoa que você precisa evitar custe o que custar.

- Constantine, você me assusta. Nunca vi você tão tenso e tão preocupado. Por que devo evitar esse ... essa ... afinal é um homem ou uma mulher?

- É um homem. Talvez ele esteja com trinta anos ou um pouco menos. Tudo que posso dizer agora é que você precisa descobrir se existe alguém no Brasil, especialmente num Estado chamado Maranhão, alguém de nome Morganne e ligado a alguma coisa chamada Arquivo7 ou Grupo7. Por favor, não me pergunte mais nada agora. É algo pessoal, mas prometo contar tudo quando você estiver comigo.

E Constantine – após umas palavras de despedidas – desligou. Mitla permaneceu alguns minutos com o celular no ouvido, como se estivesse paralisada.

Aquele nome não lhe era estranho, mas não conseguia lembrar de nada. Por que justamente no Maranhão? Ela havia nascido no Maranhão, e sentiu um calafrio quando Constantine disse: “Por favor, não me pergunte mais nada agora”. Por quê?

Certo dia, enquanto comprava um jornal numa banca próxima ao campus da principal Universidade de Porto Alegre, Mitla teve um choque ao ouvir duas universitárias conversando:

- Nunca pensei que o número 7 tivesse um significado tão interessante e assustador.

- Acho que você está ficando é obcecada igual a esse Mor ... como é mesmo o nome?

- Morganne.

- Morganne? Que nome esquisito. Conheço Morgana, Morgan, mas nunca vi alguém com esse nome. De onde é ele? De algum exótico país europeu?

- Que nada! É brasileirinho da silva. É lá do Nordeste, do Maranhão.

Mitla, que ouvia tudo, estremeceu nas bases novamente. Se perguntou várias vezes se devia se aproximar das duas estudantes e pedir mais informações. Depois de hesitar alguns segundos, avançou e disse:

- Olá, desculpem-me a intromissão, mas não pude evitar de ouvir a conversa de vocês e gostaria de saber onde encontro o livro desse Morganne. Por incrível que pareça, estou à procura dele há vários dias.

- Que feliz coincidência, não? – Disse uma das moças, sorrindo, logo acrescentando – pra falar a verdade, só vi um exemplar do livro dele, na Biblioteca da Universidade, na seção esotérica. Encontrei-o por acaso, enquanto fazia outras pesquisas.

- Oh, muito obrigada. Vocês nem imaginam o favor que me fizeram – Mitla se despediu das duas estudantes, que ficaram pensativas, observando o caminhado dela.

E agora Mitla estava com a respiração suspensa. Por que esse Morganne causava tanta preocupação a Constantine Nommed? E por que o nome Morganne incomodava ela também? Mitla abriu o livro. Era um livro encadernado, com uma linguagem bastante popular e rústica, disponível talvez só no Brasil. O que aquele livrinho teria a ver com um homem tão importante como Constantine Nommed?

Mas ali revelava a história de Morganne. Mitla sentou-se e começou a ler. O pequeno livro tinha duas partes. A primeira era intitulada A HISTÓRIA DE MORGANNE – COMO TUDO COMEÇOU. O texto parecia interessante.

*******

EM ALGUM LUGAR DO PASSADO...

Idade Média, ano 1421.

Um grupo de 10 cavaleiros perseguia um jovem noviço. Tanto ele quanto seu cavalo estavam exaustos. Mas ele sabia muito bem o que lhe aconteceria se fosse capturado. Ele era conhecido por Franco Monserrat (mas não era seu nome verdadeiro). Fora levado para o convento San Tomás ainda criança a fim de ser educado na doutrina cristã (que estava bastante corrompida). Seu destino era se tornar mais um monge, escravo de um sistema corrupto e imoral que já havia infestado a Europa. Nesse mesmo ano o papa Gregório IX havia instituído a prática da tortura para obter a verdade de suspeitos de heresias. A Inquisição já estava atuando em vários paises. Eram tempos difíceis e cruéis. Não havia liberdade religiosa. Qualquer um que se rebelasse contra o sistema religioso imposto, era perseguido, preso e – caso não se retratasse – executado (geralmente na fogueira). Esses “rebeldes” eram chamados hereges.” 

Franco Monserrat era, na verdade, Samuel Shamir, filho de um casal de judeus italianos, negociantes de roupas e tapetes. Seus pais não aceitaram se converter à força ao Cristianismo e foram mortos pelos inquisidores. Samuel era ainda uma criança de 8 anos, e os “assassinos cristãos” acharam por bem tentar transformar o “judeuzinho” em mais um defensor da fé cristã, colocando-o num mosteiro a fim de ser criado pelos velhos monges.

Ele foi educado por Vitório Giani, um dos monges mais velhos daquele mosteiro. Aprendeu ler, escrever e todos os fundamentos do deturpado Cristianismo ensinado naqueles dias. Ele estava bem encaminhado e tornando-se um jovem inteligente e conhecedor da suposta verdade. Mas aos 12 anos sua vida sofreu uma estranha reviravolta.

Não lhe era permitido ler a Bíblia, mas somente uns livros que já vinham preparados especialmente para incutir na mente dele e dos outros noviços uma teologia cristã corrompida.

- Mestre, se a Bíblia é tão citada em nossos estudos, por que não nos é permitido lê-la? – perguntou certo dia ao seu instrutor.

A pergunta, é claro, pegou o ancião de surpresa. Os outros noviços não tinham aquela curiosidade.

- A Bíblia é um livro misterioso – respondeu o velho – cheio de histórias estranhas, que podem confundir a mente daqueles que não estão preparados. Somente os homens sábios é quem podem manuseá-la, a fim de tirar o que é proveitoso para a nossa edificação.

- Mas eu não poderia ao menos vê-la?

- Devemos nos contentar com aquilo que determinam os nossos superiores – e com isso a conversa foi dada como encerrada.

Mas aquilo só serviu para despertar a curiosidade do jovem cada vez mais. 

Certo dia, Samuel entrou na biblioteca – não naquela acessível a todos os noviços, mas em uma secreta, que ele descobriu por acaso, ao varrer umas salas. Ele sabia que era um setor proibido, e não teve coragem de comentar com nenhum dos noviços sua descoberta, pois os outros pareciam satisfeitos com sua situação e não possuíam curiosidade nenhuma pela verdade.

Samuel, pelo contrário, sentia que havia alguma coisa errada com aquela série de ensinamentos. Ele sabia que devia haver uma verdade, mas tinha uma certa intuição de que essa verdade não estava ali. Enquanto penetrava na biblioteca proibida, imaginava o que poderia lhe acontecer se fosse descoberto. Ainda lembrava de certo dia quando um noviço – só porque dormiu na hora de umas orações obrigatórias – foi severamente chicoteado e obrigado a cumprir certas penalidades durante uma semana. Imagine o que poderia lhe acontecer se fosse pego cometendo um “pecado muito maior”.

Aquela era a hora do jantar e era uma chance de desaparecer por um certo tempo sem ser notado, pois os monges - preocupados com muitos pecados – gostavam especialmente de um, o da glutonaria.

O acesso a biblioteca era um segredo, mas também por um acaso (ou não?), Samuel havia descoberto a passagem secreta. Ao varrer o quarto de seu mestre, tropeçara no tapete – colocado de mau jeito – e sua cabeça batera violentamente num canto da sala – justamente no ponto onde estava a mola que fazia abrir uma passagem oculta na parede. Coisa incrível. 

Ele estava boquiaberto diante de tantos livros. Mas não podia perder tempo. Procurou o que lhe interessava. Havia vários modelos de Bíblias – e em várias línguas. Ele procurou um exemplar em latim e que fosse pequeno – pretendia alugá-lo por uns dias.

Meia noite. Samuel estava em sua cela – mas não dormia. Estava inquieto, fascinado e excitado. Estava lendo a Bíblia. Tinha – logicamente – começado pelo Gênesis, mas achou melhor ler primeiro o Novo Testamento, que era onde estava centralizada a maior parte da doutrina cristã.

Duas semanas depois. Samuel concluiu a leitura do Novo Testamento e estava perplexo. Havia uma diferença muito grande entre os ensinamentos cristãos ministrados pelos monges e os ensinamentos de Jesus e seus apóstolos. O que ele devia fazer agora? Ao menor sinal de que estava conhecendo aquelas verdades ele sabia que seria castigado. Não sabia para onde ir, pois durante sua vida não saíra nenhuma vez daquele mosteiro. Para se ter uma idéia, nunca tinha visto uma mulher de verdade, somente em algumas ilustrações dos livros didáticos do mosteiro. Mas ele sabia que o mundo era grande e que em algum lugar deveria haver liberdade e homens livres. Ele haveria de encontrá-los. Então, certo dia, após um plano bem elaborado, o jovem curioso fugiu do mosteiro.

Estava quase anoitecendo. Samuel estava preocupado. Seu cavalo poderia estourar a qualquer momento e ele cairia nas mãos dos guardiões do mosteiro.

E foi o que aconteceu. Seu cavalo caiu por terra. Samuel olhou ao redor assustado. Avistou um cavaleiro se aproximando. Não sabia o que fazer. Sua corrida chegara ao fim.

- Venha depressa – disse o desconhecido, convidando Samuel para montar na garupa do seu cavalo – os guardiões estão chegando!

Samuel não pensou duas vezes.

*******
Mitla e a leitura do Arquivo7.

“Esta é a história real de um jovem chamado Morganne.

Corria o ano de 1987, segundo semestre. Talvez Julho, Agosto ou Setembro. Tudo que sabemos é que era um dia de muito vento e sol. Ele estava no quintal de sua casa, debaixo de umas árvores. Ele acabara de passar por uma grande depressão e encontrava-se ainda com suas emoções abaladas. Bastante pensativo, meditava nas coisas que tinham mexido com seu coração. Queria respostas para centenas de perguntas. Queria saber o “porquê” das coisas. Começou a se interrogar a respeito da vida. Por que afinal estamos aqui? O que é a verdade e onde está ela? Por que o coração do ser humano chega a ser mais cruel do que uma fera selvagem? Repentinamente, aquelas meditações começaram a tomar um rumo inesperado.”

“Quem era realmente Deus? Seria mesmo verdade aquilo que os religiosos pregavam sobre Deus? Mas por que tantas divergências? Será que Deus seria mesmo aquele ser estranho, uma espécie de ditador que adorava aprontar pegadinhas maliciosas com os seres humanos? Ou a verdade seria outra? Morganne começou a pedir compreensão sobre os mistérios da vida. Mas pediu algo estranho também. Pediu a Deus um mistério. Um mistério capaz de mudar radicalmente sua vida, e que lhe revelasse o sentido da vida. Diferentemente do rei Salomão (que um dia tinha pedido sabedoria a Deus), Morganne queria um mistério. Um mistério que revelasse a razão de sua existência na terra. Um mistério que tivesse ligação com os pensamentos de Deus, e que revelasse o propósito do ser humano no Universo.”

“Que mistério? E por que esse pedido? Para lhe fazer esquecer os últimos acontecimentos? Uma fuga, talvez? Não. Pois ele sabia que havia alguma coisa especial por trás das crenças religiosas tradicionais. Uma coisa que os próprios líderes religiosos ou sabiam e faziam questão de não saber ou simplesmente ignoravam. Ele não acreditava que o Deus que criou o Universo e tanta coisa boa fosse simplesmente “aquele deus” apresentado pela maioria dos religiosos. Tentando entender o mistério da vida, ele encontrou Deus. Mas antes que encontrasse Deus, encontrou o mistério.”

Nesse ponto Mitla interrompeu a leitura. Ela se perguntava: Por que Constantine estava tão preocupado com esse Morganne se, ao que tudo indicava, não passava de um maluco metido a esotérico, místico ou coisa parecida? E ela estava achando aquela leitura muito chata, para dizer o mínimo, principalmente porque era uma pessoa não muito chegada às coisas religiosas. Na verdade, Mitla era um pouco cética. Ela acreditava sim, na existência de uma Mente Superior, mas não num Ser Superior como ensinava a maioria das religiões. E aquele texto parecia sem futuro. Mas o que ela tinha de cética, tinha de curiosa e por isso continuou a leitura.

*******

Valença, Espanha. Tempo: Idade Média, ano 1421. A praça central estava repleta de gente de toda espécie. Dos humildes camponeses ao alto escalão da cúpula religiosa – que se considerava mais poderosa que os próprios reis. Aquele dia de sol forte era uma ocasião especial. Uma jovem, acusada de envolvimento com bruxaria, seria queimada na fogueira por ter – segundo os inquisidores – feito um pacto com as forças satânicas e espalhado o mal entre a população. Seu nome era Samantha – ninguém conhecia seu sobrenome.

- Que seja executada a herege! – decretou uma voz odiada por muitos, a voz de Torquemada, o inquisidor geral, que centenas de vezes já tinha pronunciado frases semelhantes.

- Morra a herege! – Veio a exclamação quase unânime do meio da multidão.

O carrasco (encapuzado) aproximou-se com a tocha. A moça estava como que paralisada. Parecia nem piscar. Subitamente, ouviu-se alguém e depois muitos outros gritarem:

- Fogo! Fogo!

Todos olharam para um casarão atrás do palanque dos inquisidores. Um incêndio começou se alastrar. Nesse momento, três cavaleiros surgiram do lado oposto da praça. Três cavaleiros e cinco cavalos. O carrasco montou num deles e a jovem considerada bruxa fez o mesmo com o outro. Uma multidão atônita tentava entender a cena. De um lado, um incêndio ameaçando queimar muitas casas e do outro, o carrasco fugindo com sua vítima.

Teve inicio uma grande perseguição. Os guardiões – espécie de soldados a serviço dos inquisidores – tentavam desesperadamente alcançar os cinco fugitivos.

*******

Mitla conhecendo os segredos de Morganne.

“Janeiro de 1988. Certo dia, folheando um jornal, Morganne teve sua atenção despertada para um artigo, intitulado “SETE”, que descrevia uma coleção envolvendo o número 7 nas artes, religiões, política, história, ciências, filosofia, etc. Lá dizia, entre outras coisas, que: o número 7 na Bíblia é o número divino; no judaísmo é o da mensagem; para os budistas é o místico; para os teosofistas é o da sorte; para os muçulmanos é o do céu; para os gregos é o da sabedoria; para a numerologia é o do mistério; para a maçonaria é o absoluto; para a umbanda é o da magia branca; e para a quimbanda é o da magia negra. E em seguida, havia a seguinte coleção:”

·        7 são os dias da semana;
·        7 são as cores do arco-íris;
·        7 são os algarismos romanos;
·        7 são as colinas de Roma;
·        7 são as cidades sagradas da India;
·        7 as torres de Constantinopla;
·        7 eram as Artes na Antiguidade;
·        7 eram as Belas-Artes;
·        7 eram as Maravilhas do mundo antigo;
·        7 eram os sábios da Grécia;
·        7 as notas musicais;
·        7 os anões da Branca de Neve;
·        7 os edifícios sagrados da antiga Babilônia;
·        7 foram os reis da antiga Roma;
·        7 rainhas na História foram chamadas de CLEÓPATRA;
·        7 eram os deuses da antiga mitologia chinesa;
·        7 é a nota mínima para aprovação;
·        O canário nasce aos 14 dias (2 x 7); a galinha aos 21 dias (3 x 7); os patos e gansos aos 28 dias (4 x 7); o ganso silvestre aos 35 dias (5 x 7); e os papagaios e avestruzes aos 42 dias (6 x 7).
·        No ciclo genital da mulher, a ovulação ocorre no 14.º dia ( 2 x 7); a implantação do óvulo na cavidade interna é no 21.º dia (3 x 7); o ciclo menstrual é de 28 dias (4 x 7), e a gravidez se completa em 280 dias (40 x 7).

“Morganne achou bastante interessante, mas jamais imaginou aonde aquilo tudo haveria de levá-lo. Guardou o jornal, e procurou esquecer o que havia lido. Mas alguma coisa inquietava sua mente. Nos dias seguintes, fez uma pesquisa em vários livros (a maioria de História Geral), e descobriu mais coleções envolvendo o número 7. Por exemplo:”

·        Na religião Islâmica, são 7 os céus e são 7 as portas do inferno;
·        O peregrino do islã deve dar 7 voltas em torno da Caaba Sagrada (um ídolo); e, em certo ritual, lança para trás de si 7 pedras, para afugentar o demônio.
·        De acordo com a religião Budista, Buda passou 49 dias (7 x 7), em meditação debaixo da árvore Bô; há as 7 jóias de Chakravarti; há 7 meios para o homem se tornar puro: domínio de si mesmo, investigar a verdade, energia, alegria, serenidade, concentração e magnanimidade.
·        Na religião Egípcia, são 7 os sábios nascidos do olho direito de Amon Rá, o deus-sol.
·        No antigo Egito, a múmia de um Faraó era colocada de frente para o Oriente, para “ver” o sol nascer 7 vezes.
·        Os egípcios guardavam no leito do filho recém-nascido 7 pedras de cores diferentes. Para eles, o número 7 era símbolo de longa vida.
·        Na religião Católica Romana, 7 são as glórias da Virgem, 7 são os Sacramentos, 7 são os pecados mortais,7 são as virtudes,7 são as ordens eclesiásticas, há a missa de 7.º dia. Há ainda na tradição católica: as 7 quedas de Cristo, do jardim à casa de Anás, 7 mistérios da coroa, 7 gozos de São José, 7 espadas cravadas no peito da Virgem da Amargura, etc.
·        Na Mitologia greco-romana, Vênus possuía um cinto mágico com as 7 armas da sedução feminina; são 7 os tubos da flauta de Pã; são 7 as cordas da lira de Apolo; são 7 os véus de Íris; o minotauro (monstro fabuloso) exigia como sacrifício 7 moças e 7 rapazes anualmente.

Na linguagem popular,

·        Atingir o 7.º céu – significa o máximo de felicidade;
·        Pintar o 7 – fazer travessuras;
·        Fechar a 7 chaves – bem trancado;
·        Homem de 7 instrumentos – pessoa que exerce muitas atividades diferentes;
·        7 fôlegos – ser resistente ou persistente;
·        bola 7 – a bola preta no jogo de Sinuca, que vale 7 pontos.
·        7 costados – pessoa de linhagem nobre;
·        7 ameixeira – na Hungria, significa pessoa muito pobre;
·        Tipo 7 – pessoa fina (no sentido de elegante), coisa de valor, objeto raro;
·        Barriga de 7 almoços – individuo comilão, também chamado de barriga de 7 malas;
·        Bicho de 7 cabeças – coisa muito complicada;
·        7 cães e um osso – alusão feita a uma coisa que é desejada por muita gente;
·        Andar nas suas 7 quinas – significa viver contente, cheio e alegria;
·        Viajar pelos 7 mares – viajar pelo mundo todo;
·        7 falas doces usa uma pessoa quando engana alguém;
·        O gato tem 7 vidas;
·        Há 7 anos de azar para quem quebrar um espelho;
·        7 virtudes – apelido de cachaça, no Nordeste. Dizem os viciados que ela aquece, refresca, anima, clareia, sara, alegra e faz esquecer. Na verdade, isso são 7 tolices.

“Ele se perguntava: isto é somente coincidência ou envolve algo mais sério? Faz algum sentido? Por que essa preferência das culturas e religiões pelo número 7?”

“Ele achava que isto não tinha importância nenhuma. Em Março de 1988, começou seus estudos no Ensino Médio, quando, durante todo o ano, passaria a ser chamado por um número. Ao ouvir que seu número naquele ano seria 34 ele achou que era imaginação demais relacionar com o número 7, pois 3 + 4 = 7. Ele pensou ser apenas uma coincidência, um impulso psicológico ou algo parecido. Disse para si mesmo: “Preciso tomar cuidado.” Mas lembrou-se que durante todo o período ginasial nunca tivera um número relacionado com o número 7. Seus números geralmente eram: 20, 23, 26, etc. Então foi observando algumas coisas que antes não tinham importância.”

Mitla estava curiosa, mas impaciente.

*******

Samuel estava perplexo. Seu misterioso amigo o levara a um lugar parecido com um mosteiro, que estava localizado atrás de umas montanhas, de uma maneira tão perfeita que era quase que impossível alguém descobrir. Após uma cavalgada de cerca de uma hora, eles haviam chegado a uma cadeia de montanhas. Atravessaram um riacho, seguiram por uma trilha durante alguns minutos, até chegarem diante de uma cachoeira impressionante. O misterioso cavaleiro impeliu seu cavalo a entrar na cachoeira. Samuel não ousou perguntar o porquê. Se existiam homens livres, aquele cavaleiro era um e Samuel estava super curioso em saber a razão de tudo aquilo. Ao entrarem na cachoeira deram de encontro a uma caverna. E após atravessarem durante 10 minutos saíram numa planície paradisíaca, com vários jardins e uma enorme casa no centro.

- Chegamos – disse o cavaleiro sorrindo ao notar a expressão admirada no rosto de Samuel – Bem vindo a Amoran.

- Mas que lugar é este?

- O Templo da Liberdade e da Verdade, meu amigo, o esconderijo secreto da Ordem dos SETES, nunca ouviste falar?

Os dois homens desceram do cavalo e subiram uma série de degraus cercados de plantas exóticas. No final dos degraus havia um portão em estilo árabe. E havia algo mais, ou melhor, alguém mais. Uma pessoa que deixou ainda mais admirado o espantado Samuel.

- Uma mulher? – O jovem fugitivo falou precipitadamente, logo notando que tinha feito uma pergunta insensata.

- Claro que é uma mulher, meu caro amigo – sorriu o misterioso companheiro – parece que você precisa conhecer muitas coisas.

Enquanto isso, os cinco fugitivos haviam deixado os guardiões para trás. Aproximavam agora do mesmo trecho trilhado recentemente por Samuel e seu misterioso amigo.

- Conseguimos despistá-los mais uma vez – disse um jovem ruivo com um largo sorriso.

- Eu merecia ter sido deixada lá – falava a moça conhecida como Samantha – como fui tão idiota a ponto de deixar que me capturassem?

- Ora, amiguinha – disse um moreno de olhos grandes – você só teve azar. Quem iria imaginar que o Inquisidor Geral com sua comitiva estivesse em Valença?

- É, mas mesmo assim, teria sido fácil cumprir minha missão se eu não tivesse cometido aquele erro fatal.

- Não se lamente – disse novamente o ruivo – mesmo que tivéssemos chegado a tempo não sei se conseguiríamos salvar Guilherme. Deve ter sido horrível.

Os cinco se aproximaram da cachoeira, onde se encontrava a entrada secreta.

*******

EM ALGUM LUGAR NA ITÁLIA, NO INICIO DOS ANOS 80...

Naquela manhã, a professora Naddyanne apresentava o novo aluno, um menino de 6 anos, recém-chegado de uma cidadezinha do interior.

- Crianças, este é Luigi Gianne, o novo colega de vocês. Querem recebê-los?

Todas as crianças se levantaram e deram as boas-vindas ao garotinho, que sorria desconfiado, olhando em todas as direções.

Nos dias seguintes, Luigi adaptou-se rapidamente ao novo mundo. E começou a chamar a atenção dos professores, pois tinha uma inteligência fora do comum. Ele aprendeu com uma facilidade incrível, e dentro de 6 meses os professores resolveram transferi-lo para um grau maior. Na nova turma, Luigi continuou surpreendendo. Um especialista em Psicologia Infantil examinou o pequeno gênio e concluiu que ele era um superdotado.

- Senhora Gianne – disse o Psicólogo – seu filho é especial. Muito especial. Seus talentos precisam ser estudados e aperfeiçoados. O lugar dele é na Universidade.

- Mas ele é apenas um garoto.

- Sim. Mas seu potencial é impressionante. Creio que, em menos de 16 anos seu filho terá galgado os maiores degraus da Universidade.

- Mas nós não temos condições para...

- Não se preocupe – o psicólogo sorriu, e seus olhos brilharam de forma inquietante – há bolsas de estudos para pessoas especiais como ele.

Mas Leonora Gianne não estava satisfeita. Ela não queria que o filho fosse para tão longe. Ela imaginava um futuro diferente para ele. O psicólogo levantou-se e aproximou-se da janela. Ao longe via Luigi brincando no pátio. Os olhos do psicólogo brilharam de forma sinistra novamente, e ele passou a mão sobre aquela misteriosa cicatriz em forma de cruz em sua testa.

*******
Mitla respirou fundo, fechou o livro por um momento e ficou pensativa. Gostaria de ter conhecido esse Morganne pessoalmente. O interessante é que ele era do Maranhão (igual a ela). Lembrando desse detalhe, ela se perguntou: de qual cidade? Será que não haveria o nome dessa cidade em algum lugar daquele livro? Ela folheou rapidamente e dentro de poucos minutos ficou atônita: IGARAPÉ GRANDE???!!!

“Que droga é essa? Igarapé Grande? Morganne é meu conterrâneo?”

Ela queria continuar a leitura, mas sua curiosidade a impeliu a ir direto à última página do livro. No final havia o nome completo de Morganne, ou pelo menos quase completo, pois uma letra estava abreviada. O nome que aparecia era:

Miguel M. Morganne.

“Miguel? Eu conheci um Miguel em Igarapé Grande – lembrou Mitla – mas esse nome é muito comum.”

Então outra coisa chamou a atenção dela.


“Que coisa estranha. No inicio do livro revela que Morganne passou por uma depressão no ano de 1987. No mesmo ano em que conheci Miguel. O ano em que me casei. Na época em que eu ainda me chamava Keyth Killian.”

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