Cairo,
Egito. Próximo à pirâmide de Gizé. Um senhor de meia idade – com típicos trajes
de turista – fotografava aquelas exóticas paisagens milenares. De repente,
soltou um grito e caiu, deixando as pessoas intrigadas. Muito curiosos se
aproximaram, alguém se abaixou, tocou no pulso do sujeito estranho, levantou-se
e disse:
- Ele está
morto.
- Alguém
chame a policia.
No meio da
multidão de curiosos, havia alguém que conhecia aquele homem. Era uma jovem
jornalista. Seu nome: Moyra Stanley. Ela aproximou-se do homem morto e
conseguiu observar uma corrente no braço esquerdo dele. E então viu um
misterioso medalhão, do tamanho de uma moeda comum, tendo no centro o desenho
de um número 7.
Assustada,
afastou-se dali rapidamente. Chegara tarde demais. Os misteriosos assassinos
foram mais rápidos e eliminaram o homem que estava com muitas respostas. Ela
conseguira escapar dos assassinos na Biblioteca do Cairo. Mas antes tinha
ouvido da boca do estranho barbudo, assassinado na biblioteca, um nome e um
endereço: Selton Samael, pirâmide de Gizé. Este deveria saber o significado
daquilo que estava acontecendo. Mas ela chegou tarde. Agora tinha que sair
daquele país o mais rápido possível. Já estava sabendo demais. E aquele
conhecimento precisava chegar aos ouvidos do pessoal do Arquivo7 no Brasil.
Enquanto
se afastava dali, notou um homem de vestes orientais aproximando-se dela. Moyra
Stanley correu. Para despistar o estranho resolveu usar um velho estratagema:
entrou em um beco que dava acesso a uma feira de antiguidades. Mas diante dela
surgiu um homem com uma adaga, pronto para atingi-la. Parecia que ela estava
num beco sem saída. Mas uma pedra vinda não se sabe de onde atingiu o inimigo
no rosto, derrubando-o violentamente. Mais do que depressa, ela conseguiu
fugir.
*******
UNIVERSIDADE DE ROMA, FINAL DOS ANOS 80...
- O que Deus significa para vocês? É possível ainda
acreditar na existência dEle num mundo totalmente dominado pelas máquinas e
pelo prazer carnal? Todos dizem que o mal de nossa geração é a depressão,
acompanhada de dezenas de outras doenças psicológicas. O aumento da violência,
terrorismo, desemprego, doenças mortais, etc., leva-nos a desejar a morte, pois
a vida é uma tortura angustiante. Mas será que viemos a este planeta só para
vivermos alguns dias, sofrendo todo tipo de angústia e depois morrer,
desaparecer no nada, extinguir-se? NÃO!!! O ser humano possui uma estrutura
complexa demais para ser considerado uma simples obra do acaso.
Não faz sentido acreditar que nascemos só para sofrer
e morrer. Há algo mais por trás da cortina. Aliás, há muita coisa por trás
daquilo que pensamos conhecer. As religiões têm atrapalhado o relacionamento do
homem com Deus, quando deveria ter ajudado. Infelizmente, há muitas pessoas que
odeiam Deus por culpa das religiões.
Naquele momento, um
adolescente de 12 anos chamava a atenção com seu discurso religioso. Seu nome
era Luigi Gianne, um gênio que há 6 anos assombrava os maiores intelectuais de
Roma. Ele era especial e começava a se orgulhar disso.
- Mas os dias são outros, Luigi – disse uma
adolescente chamada Sônia – hoje há muitas pessoas buscando novamente a
religião, até mesmo os intelectuais. E não somente a religião cristã, mas as
crenças do Oriente tem tido grande destaque.
- Mas a verdade só pode ser uma.
Sônia olhou nos
olhos de Luigi – um olhar de admiração e reverência - e disse:
- Puxa, Luigi. Eu admiro demais sua fé, sua
dedicação, sua inteligência. Se a doutrina da Reencarnação fosse verdadeira,
você deveria ser a reencarnação de algum deus, um dos iluminados do passado:
Jesus, Buda, Krisna ou Hermes.
Aquelas palavras mexeram com o coração de Luigi. Ele
já sabia que havia algo de especial nele. E sentia que estava chegando a hora
de demonstrar isso ao mundo.
*******
Idade Média,
ano 1421.
Após um
revigorante banho e uma refeição rápida, Samuel foi levado a uma grande sala,
uma grande biblioteca, cheia de livros, pergaminhos e vários documentos, onde
muitas pessoas (rapazes, moças e alguns anciãos) pesquisavam e discutiam coisas
relacionadas a Filosofia, Religião e Bruxaria.
Enquanto
caminhava passando o visto em cada título organizado naquela estranha
biblioteca, o noviço fugitivo ouvia as explicações do moço que o salvara dos guardiões.
- Está
mais do que na hora de você saber o que tudo isto significa. Meu nome é Jean
Almazinni, e, assim como as outras pessoas que vivem por aqui, sou um
pesquisador e estudioso do homem, da natureza e de várias áreas do conhecimento
universal. Acima de tudo somos cristãos que conseguiram escapar das garras da
inquisição e fomos obrigados a procurar um refúgio secreto por discordamos das
doutrinas ensinadas pela igreja oficial estabelecida em Roma. Um príncipe da
Alemanha foi obrigado a fugir de sua terra por concordar com o ensinamento dos
chamados hereges e foi justamente ele, com seus recursos, que construiu esta
espécie de santuário do conhecimento. Aqui há copistas que traduzem as
Escrituras Sagradas para várias línguas européias e, por meio dos nossos
espiões, temos levado cópias da Palavra de Deus a reis e nobres sedentos da
verdade. Temos muitos amigos dentro dos mosteiros controlados por Roma, e por
meio deles temos acesso a várias obras raras condenadas pelos inquisidores.
- Há algum
de vocês no mosteiro onde eu vivia?
Jean sorriu
antes de responder:
- Você se
lembra do noviço que foi duramente disciplinado por dormir na hora das orações
da tarde?
- Sim, mas
não entendo o que...
- Ele
inventou que tinha dormido para esconder um “crime” ainda maior: na hora
daquelas orações ele tem o costume de visitar a biblioteca secreta do mosteiro
a fim de copiar obras valiosíssimas para nós.
- Essa
não! E eu pensando que fosse o único a me atrever a entrar naquela biblioteca.
- Foi por
meio dele que tomamos conhecimento de sua história.
- Minha
história? O que vocês sabem dela?
- Siga-me.
Eles
saíram da Biblioteca e entraram numa sala com uma grande mesa redonda. Samuel
contou cerca de 50 cadeiras.
- 49 –
disse Jean.
- 49 o
quê?
- 49
cadeiras e não 50 – disse Jean, como se estivesse lendo o pensamento de Samuel.
- Como
você sabe que eu estava contando as cadeiras?
- Ora,
qualquer curioso ao entrar nesta sala e fica olhando admirado todas estas
cadeiras não faz outra coisa.
Havia mais
pessoas na sala naquele momento, e sentadas ao redor da grande mesa.
- Veja,
nossos amigos estão discutindo alguma coisa importante. Venha. Preciso
apresentá-los.
E Samuel
foi apresentado às cinco pessoas que conversavam naquele momento.
Algumas
horas depois.
- Ordem
dos “SETES”? Por que esse nome?
- Meu caro
Samuel – respondeu Jean enquanto passeava naquele jardim que parecia tirado
daquelas ilustrações sobre o paraíso – essa é uma longa história, que você
conhecerá pouco a pouco. Não precisa ter pressa. Por enquanto é importante que
você conheça nossos princípios e planos. Vou lhe mostrar algo.
Caminharam
mais alguns passos e uma obra de escultura causou novo espanto ao noviço
fugitivo. Uma estranha escultura próximo a uma árvore seca – único ponto feio
naquele jardim – mostrava uma mulher de aspecto sedutor e bizarro montada numa
fera de 7 cabeças, cheia de nomes escritos em línguas desconhecidas. A mulher
tinha os lábios manchados com um vermelho escuro de uma forma tal que parecia
sangue a escorrer pelo seu queixo. E realmente representava sangue. Na sua mão
havia uma taça com o mesmo liquido que escorria de seus lábios. A mulher tinha
uma aparência obscena e seu olhar parecia hipnotizar quem o fixasse bastante
tempo.
- O que é
isso? – Perguntou o noviço fugitivo.
- Você
nunca ouviu falar da Prostituta da Babilônia? Ah! Claro que não, pois no
convento é proibido se falar de todas as partes da Bíblia, principalmente o
Apocalipse.
- Eu já
ouvi essa palavra antes. Certa vez ouvi alguns noviços falando em coisas
proibidas e alguém citou a palavra “apocalipse”.
- É, eu
preciso contar tudo do começo mesmo.
*******
Mitla
continuou a leitura.
Morganne
passou a trabalhar numa pequena empresa bancária e como todo funcionário,
possuía uma conta. Todos os 12 funcionários tinham uma conta de 8 algarismos,
começados com qualquer número: 5,6,9,2, etc. NENHUMA CONTA COMEÇAVA COM O
NÚMERO 7... ATÉ ELE CHEGAR! Sua conta era a única que começava com o número 7.
Seria somente coincidência?
Certo dia,
uma experiência esquisita o deixou mais perturbado. Na cantina do seu local de
trabalho havia 7 copos de vidro. No fundo de cada um tinha um número qualquer.
Somente havia um copo com o número 7. Certo dia, o Supervisor Geral quebrou um
copo sem querer. Era exatamente o de número 7. Ele sorriu, olhou para Morganne
e disse: “Por que tu não contas os cacos?” (Ele sabia que Morganne estava
pesquisando sobre o número 7). O jovem sorriu também. “Claro que eu não farei
uma besteira dessa”. Pensou. Porém, quando o supervisor saiu, Morganne ficou
inquieto e curioso. Como estava sozinho, resolveu contar os cacos. Teve outro
susto. O copo tinha se quebrado em exatamente 7 cacos. Aquilo já estava
parecendo alguma espécie de feitiçaria e não mais coincidência.
Aquilo
começou a virar uma obsessão. Tudo que ele fazia aparecia alguma coleção de 7
coisas pelo meio. Às vezes ele pedia para algum amigo abrir numa página
qualquer de um livro, e depois fazia o mesmo. Sempre era uma página onde
aparecia o número 7.
Mitla
parou um pouco e fechou o livro. Depois o abriu numa página qualquer. Era a
página de número 77.
- Que
bruxaria é essa?!! – Ela não conseguiu evitar uma exclamação, e logo olhou ao
redor, desconfiada que alguém tivesse ouvido. Continuou a leitura.
“Chegou ao
final do ano e ele ficou ansioso para que começasse logo o ano letivo do ano
seguinte, para provar de uma vez por todas que aquilo tudo era somente
coincidência. Ele teria um novo número no colégio e esse número nada teria a
ver com o número 7. “
“Mas
no segundo ano do Ensino Médio, seu número foi novamente 34 (mesmo com uma
quantidade diferente de alunos). É claro que ele ficou mais inquieto. Dois anos
seguidos, com o mesmo número relacionado ao número 7. Já era algo para pensar.
Mas por que não mais uma coincidência? Porque as coisas não pararam por ai. No
inicio daquele ano, ele havia levantado bem cedo, ligou a TV e, enquanto se
vestia, entretia-se com um filme de artes marciais que estava passando. Mas no
momento em que apareceu o letreiro com o nome do filme, ficou inquieto. O filme
se chamava “OS 7 HERÓIS DO KUNG FU”.
Isso poderia não ter importância (= Há centenas de filmes, cujos títulos
envolvem o número 7)” .
“Porém as
coincidências só aumentavam. No mesmo dia aconteceram outras e outras e outras,
sem pausa para respirar. Aquele dia era dia de renovação de matrícula. Quando
ele chegou ao Colégio para se matricular para o 2.º ano do Ensino Médio,
perguntou para a Secretária quantas pessoas já tinham se matriculado. Ela disse
calmamente que 6 pessoas já tinham se matriculado... e ele seria a SÉTIMA. SERÁ
QUE ESTOU FICANDO DOIDO? – Pensou Morganne, seriamente preocupado”.
“Ora,
ele não queria um mistério? Pois estava ali. Mas o que aquilo teria a ver com
Deus, se parecia mais coisa do diabo? Quando as aulas recomeçaram, as
coincidências triplicaram, e ele lutou muito para se concentrar nos estudos.”
“Alguns
dias depois, resolveu visitar a Biblioteca. Queria relaxar um pouco, arejar as
idéias, encontrar um sentido para a vida, etc. Ele gostava de romances de
mistério. Aproximou-se da seção de romances policiais e resolver pegar um livro
na sorte. Fechou os olhos, passou a mão sobre alguns e sorteou um.”
“Era um
livro de Agatha Christie (grande escritora inglesa, conhecida como “a rainha do
crime”). O título era: “O MISTÉRIO DOS 7 RELÓGIOS”. Ele tremeu dos pés à
cabeça. Parou um pouco e resolveu abrir numa página qualquer. Foi exatamente no
capítulo 7, e a página tinha o número 47. ‘Isso é só coincidência, só
coincidência’ – disse para si mesmo. Fechou o livro e notou que alguém mais
estava naquela seção. Uma moça vestia uma camisa de time de futebol. E era a de
número 7. “Mas que coisa” ele guardou o livro e resolveu pegar outro. Viu um
sobre Sherlock Holmes, o grande detetive inglês. E o título era: A SOLUÇÃO 7
POR CENTO. Olhou para a moça e pensou em contar tudo pra ela, mas se conteve.
Ia devolver o livro, quando, não resistindo, resolveu abrir numa página
qualquer. Foi exatamente a de número 77.”
- Que
macumba é esta?!!! – Exclamou em voz alta.
Mitla
sentiu um calafrio. Há poucos minutos ela tinha pronunciado uma frase
estranhamente parecida, diante de uma coincidência semelhante. Continuou a ler.
“O jovem
estudante ficou alguns minutos pensativos. De repente, teve um sobressalto.
Olhou para o relógio. Era 7 de Abril. Olhou desconfiado ao redor, como se
temesse que alguém estivesse observando o que estava acontecendo, ou lendo seus
pensamentos. Resolveu sair dali imediatamente. Enquanto saia da Biblioteca,
ouviu quando uma estudante falava pra outra:
- Ah,
amiga. Pra mim a questão mais difícil foi a sétima. Isso só porque eu passei o
final de semana estudando feito uma louca.
Morganne
estava assustado. Tudo que ele ouvia por parte dos estudantes era como uma seta
que atravessava o seu coração da maneira mais mortífera possível. As conversas
dos estudantes naquele dia pareciam planejadas, parecia uma conspiração.
- Rapaz,
se eu tirasse pelo menos 7 naquela prova de quinta-feira.
- Quando
olhei para aquele trabalho, era como se estivesse vendo o famoso bicho de 7
cabeças.
- Se eu
não tivesse passado o final de semana pintando o 7, tinha tirado uma boa nota.
Naquela
noite, Morganne ligou a TV. Havia uma sessão de ótimos filmes de faroeste. Mas
o jovem por pouco não caiu da cadeira ao ver que ia passar o clássico de
faroeste “7 HOMENS E UM DESTINO”, com Yul Brinner.
- Isso é
demais! Ele desligou a TV e levantou-se aborrecido. O que estava acontecendo?
Que brincadeira era aquela? E quem era o responsável?
Mitla
respirou fundo. “Como tudo isso irá terminar?”
*******
UNIVERSIDADE
DE ROMA, ANO 1996...
- Luigi!
O jovem
olhou para um lado e avistou seu amigo Paolo Massini, um homem de uns trinta e
dois anos, que lecionava Psicologia naquela Universidade, um grande amigo que o
acompanhava desde os 6 anos.
- Oi,
professor. O que aconteceu?
- Oh, nada
demais. Eu queria saber se você tem um tempo para a gente conversar.
Logo
depois, num local afastado da agitação do campus universitário...
- Luigi –
O professor Massini falava de uma maneira que parecia estar numa cerimônia
especial – o que você pretende ser no futuro?
- Uma
pessoa que mude o futuro daqueles que não acreditam mais no futuro – ele
respondeu sem hesitar.
- Você
poderia explicar melhor? – Massini tentou disfarçar uma certa satisfação
interior.
- Deus me
deu um dom especial e quero compartilhá-lo com as pessoas, quero ajudar os
outros.
- Mas para
que você ajude as pessoas precisa estar numa posição necessária.
- Que
posição necessária?
- Por
exemplo, você não poderá ajudar o mundo, se ficar escondido numa Universidade,
ou quem sabe, se, como um advogado, ficar defendendo causas isoladas aqui e
ali. Ou, se como um médico, ficar trancado em algum hospitalzinho só cuidando
de doentes. As pessoas normais já fazem isso, mas as pessoas com dons especiais
como você tem um destino diferente e mais privilegiado.
- Eu
acredito que Deus me mostrará o que fazer.
- Não está
escrito na Bíblia que os Cristãos devem fazer sua luz brilhar? Pois é isso que
você precisa fazer. Onde uma lâmpada ficaria mais bem localizada para iluminar
um vale inteiro?
- No alto
de uma montanha, evidentemente.
- É isso.
No alto para que todos possam ver. Você nunca sentiu em seu coração que Deus
quer fazer de você um líder?
- Um
líder? Como assim?
- Você tem
um dom, você tem carisma, você nasceu para iluminar o mundo e para ser
reverenciado por ele. Você tem uma inteligência fora do normal. Você tem uma
bela aparência. Veja como as garotas olham para você com desejo e os rapazes
com inveja. Você é único.
Aquelas
palavras lisonjeiras pareciam de um adorador diante de um deus, e Luigi – como
todos os seres humanos – começava a olhar para si, começava a ser seduzido pela
fraqueza de todos os mortais, a tentação do poder.
*******
Mitla e o Arquivo 7.
Muitas
coisas envolvendo o número 7 começaram a perturbar Morganne. Aconteceu um caso
que ultrapassou todos os outros em matéria de coincidência. Ele conversava com
seus amigos sobre suas pesquisas sobre o número 7. Então um certo jovem começou
a desacreditar daquela história e passou a dizer que tudo era mentira.
- Vocês
não têm o que fazer? Eu queria que acontecesse comigo – o rapaz deu um passo em
direção a Morganne e o desafiou.
- Tu
queres uma prova? – Disse um jovem, que, naquele exato momento, saía de uma
igreja bem diante da praça, onde eles estavam debatendo. Ele conhecia as
coincidências envolvendo Morganne e o número 7 e sem hesitar, entregou uma
Bíblia para o jovem desafiante e pediu-lhe para abrir numa página qualquer.
O zombador
sorriu. Quando abriu o Livro Sagrado, pareceu ter um choque. Espantado, tentou fechar
a Bíblia, mas foi impedido por um dos amigos de Morganne. A página aberta foi
mostrada para quem quisesse ver. Era a página de número 777! Isso mesmo: três números 7 de uma só vez.
- Ora,
isso é feitiçaria! – Ele saiu dali rapidamente, transtornado e confuso.
Soube-se depois que ele passara o resto da noite rezando, achando que estava
mexendo com jovens feiticeiros.
Por
causa das absurdas coincidências envolvendo o número 7 Morganne começou a ser
observado com olhares desconfiados. As pessoas achavam que ele era realmente
algum bruxo. Mas será que aquilo que estava acontecendo era obra maligna? Naquele mesmo ano ele começaria a descobrir a
verdade.
Qual o
significado desses mistérios? O que todas essas coincidências envolvendo o
número 7 queriam dizer? Isso era coisa boa ou má? Era uma mensagem de Deus ou
do Diabo? Uma coisa era certa: Aquela oração pedindo o mistério estava sendo
atendida. E ele acreditava que somente Deus podia estar fazendo aquilo. Com
qual propósito ele não sabia.
Mitla tornou
a lembrar de seu noivo Constantine. Por que ele estava tão preocupado com esse
tal Morganne?
Ela
continuou a leitura.
“De
repente, uma reviravolta na vida de Morganne. Um amigo o convenceu a visitar
uma Igreja Evangélica. E ele fez uma aliança com Deus. Agora tinha esperança de
que os mistérios envolvendo o número fossem desvendados. Ele resolveu ler a
Bíblia... e passou a se surpreender com a enorme quantidade de setes espalhadas
por todas as páginas do Livro Sagrado.
“A resposta do enigma deve estar aí” – pensou ele. Sempre ouvira alguém
dizer que o número 7 era conta de mentiroso, mas estava descobrindo o
contrário. O número 7 era o número da verdade. Do primeiro ao último livro da
Bíblia, o número 7 aparece milhares de vezes claramente ou ocultamente,
formando coleções. É uma coleção impressionante.”
*******
UNIVERSIDADE
DE ROMA, ITÁLIA, ano 1996.
- Seu
destino é liderar o mundo – dizia Paolo Massini, para um jovem inteligente e
que começava a revelar o outro lado de sua personalidade – Você irá levar a
Europa de volta a sua grandeza do passado. O que é Roma hoje? Apenas uma cidade
do passado, que atrai milhares de turistas cristãos e não cristãos. Onde está a
Roma gloriosa que fazia todas as nações se ajoelharem à seus pés?
- E você
acha que eu sou capaz de fazer tudo isso? – Perguntou Luigi, num tomo como se
já soubesse a resposta.
- Sim, e
só você pode fazer isso. Repito que você tem um dom, Luigi. Um dom que ninguém
mais possui neste mundo.
- E você
acha que Deus quer que eu seja esse grande líder?
- Por que
outra razão você seria tão especial?
O jovem
parou um momento. Parecia estar refletindo sobre todas aquelas coisas. Alguns
minutos depois, olhou nos olhos de Massini e disse:
- Por que
é que Deus não me fala claramente sobre o que devo fazer?
A resposta
de Massini foi chocante:
- Porque
Ele não se importa com você. Mas existe alguém que se importa.
- O que
você está dizendo? – Luigi deu um passo para trás.
- O que eu
disse claramente – respondeu Paolo, com firmeza - Deus não se importa com você,
Ele não se importa com nenhum ser humano. Na verdade, Ele tem prazer em ver as
pessoas sofrerem.
- Você não
pode estar falando sério.
- Quando
você entender, irá falar a mesma coisa. O que quero dizer é que há um Deus que
se importa com você e outro que não se importa.
- Espera
aí. Que história é essa de dois Deuses? Só existe um e...
- E quem é
Ele? – Perguntou Paolo quase gritando - Qual o nome dEle? Você está se
referindo Àquele Deus da Bíblia, adorado pelos judeus e pelos cristãos? Não,
meu jovem. A história está errada, muito errada. Chegou a hora de você saber a
verdade.
Luigi não
estava assustado com aquelas revelações. Deveria estar, mas não estava. E por
que? Porque na verdade seu coração já estava dominado por uma outra entidade há
muito tempo.
- PAOLO! –
Luigi começou a falar de uma maneira estranha, um tom de voz perturbador, que
fez Massini tremer nas bases – EU JÁ SEI DE TUDO ISSO. EU SEI QUE FUI
PREDESTINADO PARA GOVERNAR O MUNDO. EU SEI QUE EM BREVE TODO O PODER DO
UNIVERSO ESTARÁ NAS MINHAS MÃOS. EU SEI QUEM É O VERDADEIRO DEUS. EU TIVE UM
ENCONTRO COM ELE NO INICIO DESTE ANO. ELE ME ABRIU OS OLHOS. ELE ME FEZ VER QUE
EU SOU SUA GERAÇÃO, EU TRAGO O PODER DELE, O PODER QUE FARÁ O MUNDO REJEITAR O
FALSO DEUS JAVEH, O FALSO MESSIAS. EU VIM PARA DESTRONAR O FALSO MESSIAS JESUS
DE NAZARÉ.
Paolo
Massini ficou assombrado. Ele se ajoelhou diante de Luigi, cujos olhos pareciam
arder como fogo, como chamas infernais. Luigi sorria. Olhou para o alto e
continuou sorrindo, enquanto seis corvos sinistros voavam em círculo como se
estivessem lhe prestando uma homenagem, uma adoração.
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