A noite estava fria, calma, sem ondas no mar, nem vento.
Somente a luz das estrelas e do Titanic iluminavam a escuridão. As 23:40h um
dos vigias do mastro, Frederick Fleet, avistou uma sombra mais escura que o mar
a frente. A imensa sombra cresceu rapidamente e revelou-se em um imenso Iceberg
vindo em direção ao navio.
Imediatamente o pânico deu lugar aos reflexos e o vigia
tocou o sino de alerta do mastro três vezes e ergueu o comunicador para falar
com a ponte de comando. Preciosos segundos se perderam até que o comunicador
foi atendido e o vigia gritou "Iceberg logo a frente". O primeiro
oficial que ouvira e vira a imensa massa de gelo vindo em direção ao navio,
adentrou a sala de comando e gritou "tudo a estibordo" e
imediatamente acionou os telégrafos de comunicação com a sala de máquinas
solicitando "toda a velocidade para trás". Enquanto o timoneiro ainda
virava o leme do navio a estibordo a sala de máquinas respondeu a solicitação
de todo o vapor para trás. Na ponte de comando e no mastro de proa os tripulantes
só observavam, inertes, o imenso Iceberg vindo de encontro ao navio.
Na sala de máquinas por sua vez a correria foi grande. O
vapor que estava sendo deslocado para os motores teve que ser trancado, a fim
de parar os pistões. Nas salas de caldeiras o aviso de parada dos motores
provocou alvoroço entre os carvoeiros que tiveram que parar de alimentar as
fornalhas e abrir os abafadores das caldeiras. Quando os enormes pistões
estavam quase parando, uma alavanca na base dos motores fora acionada para
reverter os giros das hélices centrais, e então as válvulas tiveram que ser
novamente acionadas para liberar o vapor para entrar nos motores que começaram
a girar no contrário. O hélice central assim que fora acionado o reverso dos
motores parou de funcionar, pois este não era acionado pelos motores do navio e
sim por uma turbina que era alimentada pela sobra do vapor dos motores.
Finalmente a proa do navio começa a deslocar-se do
Iceberg, mas 37 segundos após ter avistado o Iceberg, o vigia Fleet agacha-se
no ninho da gávea do mastro de proa e sente o navio tremer e pedaços de gelo
são arremessados aos decks de proa. O navio todo treme e na ponte de comando o
oficial Murdoch aciona imediatamente o fechamento das portas a prova d´água.
Nos porões de carga do navio a água jorra com imensa força. Na sala de
caldeiras numero 6 o foguista Frederick Barret estava trabalhando ainda no
abafamento das fornalhas quando a luz de alerta soou e as portas começaram a se
fechar. Seguiu-se então um estrondo e a água espumante do mar rompeu por toda a
lateral da sala de caldeiras 6. Barret conseguiu esquivar-se para a sala de
caldeiras 5 através da porta a prova d´água enquanto esta se fechava. Mas a
situação ali não era diferente. A lateral ali também já fazia água. Com a
sacudida provocada pela colisão muitos acordaram. O capitão dirigiu-se
imediatamente para a ponte de comando e fora informado do ocorrido. Ordenou
imediatamente a parada total dos motores. Com a parada dos motores o vapor das
caldeiras teve que ser liberado pelas chaminés, caso contrário uma explosão
seria inevitável pelo aumento da pressão. Um barulho ensurdecedor era ouvido na
área externa do navio, devido a grande quantidade de vapor que era expelido.
O comandante chamou o engenheiro chefe Thomas Andrews e
solicitou um exame das avarias. Andrews desceu aos conveses inferiores com
alguns tripulantes e após alguns minutos voltou com o relato de avarias. O Sr.
Bruce Ismay já se encontrava junto ao capitão. O que Andrews viu nos porões no
Titanic foi devastador. Após alguns cálculos Andrews selou o destino do
Titanic. "O navio vai afundar, temos menos de 2 horas para evacuar o
navio". Ismay e o capitão mostraram-se pasmos com o relato.
- O Titanic não pode afundar - menciona Ismay - é impossível ele afundar -
resmunga novamente.
Já o capitão Smith pede para Andrews se ele tem certeza
disso e o mesmo volta a confirmar. O iceberg raspou o casco do Titanic,
amassando as placas de aço e rasgando-as. As avarias atingiram 5 compartimentos
estanques. Com 4 o Titanic ainda conseguiria flutuar, mas com 5 não. O peso de
5 compartimentos cheios fez a proa afundar e o navio perdeu seu ponto de
equilíbrio. A água do sexto passaria para o sétimo compartimento, depois o
oitavo e assim por diante. Como numa forma de gelo. Coloque água em alguns
compartimentos e essa ainda flutua na água. Mas assim que perde o ponto de
equilíbrio a água invade as demais e ela afunda.
Por volta das 0:00h do dia 15 de abril o capitão Smith
dirige-se a cabine de telégrafos e solicita para que o operador de plantão
envie a posição do navio e o pedido de ajuda. "SOS Abalroamos um Iceberg.
Afundando rápido. Venham nos ajudar". Foi a primeira vez que o sinal de
SOS (Save Ours Sours, Salvem Nossas Almas), fora utilizado em um desastre. O
navio de passageiros da concorrente Cunard o Carpathia recebeu o pedido de
ajuda do Titanic e foi o primeiro a atender. O rádio operador do Carpathia ia
dormir quando resolveu dar uma última averiguada nas comunicações e captou a
mensagem do Titanic. O Carpathia estava a 4 horas de distância do Titanic, mas
mesmo assim deixou de lado a sua rota e partiu em ajuda ao navio que pedia
socorro.
Próximo ao Titanic um navio era visível, possivelmente o
Californian. Seu telegrafista não recebeu os pedidos de ajuda, pois acredita-se
que estava dormindo. Não era comum manter telegrafistas de plantão durante a
noite. Após o desastre do Titanic tornou-se obrigatório.
As 0:05h o capitão reuniu os oficiais e informou do
ocorrido. Solicitou que os passageiros fossem acordados e que se dirigissem ao
convés de botes salva-vidas. Sabiam que o número de botes era suficiente para
apenas um terço das pessoas abordo, mas mesmo assim pediu para não haver
pânico. Camareiras e camareiros começaram a passar de cabine por cabine na
primeira e segunda classe, acordando os passageiros, solicitando para colocarem
os coletes salva-vidas e que se dirigissem para o convés de botes
imediatamente. Vinte minutos após os botes começaram a ser preenchidos com
"Mulheres e crianças primeiro", uma ordem dada pelo capitão Smith.
Alguns sobreviventes relataram que a sensação ao caminhar no convés de botes
era a de estar descendo um morro.
As 0:45h como o navio que estava próximo não respondia
nem aos sinais de telégrafo e nem aos sinais de lanterna, o capitão solicitou
que fossem disparados os foguetes de sinalização. Neste mesmo instante o
primeiro bote começa a ser lançado ao mar. A água estava gélida, cerca de 2
graus abaixo de zero o suficiente para matar por hipotermia uma pessoa em
apenas 20min.
A fim de evitar a euforia e o pânico o capitão solicitou
que a orquestra de bordo viesse tocar junto ao convés de botes para animar os
passageiros. Enquanto os passageiros de primeira e segunda classe entravam nos
botes, os passageiros de terceira classe permaneciam reunidos e trancados no
grande salão da terceira classe junto a popa (parte de trás do navio). Só seria
permitido a saída deles assim que a ordem viesse dos oficiais. Muitos
passageiros revoltaram-se e alguns se aventuraram pelos labirintos de
corredores no interior do navio para tentar achar outra saída. Alguns
conseguiram mas outros acabaram se perdendo nas entranhas do Titanic.
Agora tudo era uma questão de tempo. Enquanto que nos
primeiros botes tinha que se implorar para as pessoas entrarem, fazendo muitos
deles descerem praticamente vazios, nos últimos o tumulto já era visível. Tiros
foram disparados para o alto a fim de conter os mais afoitos. Faltando pouco
mais de 2 botes para deixar o navio, os passageiros da terceira classe são
liberados. Restava apenas esses dois botes e os dois desmontáveis que ficavam
junto a base da primeira chaminé. A água já invadia os convés de botes quando
os botes desmontáveis conseguiram ser lançados.
Às 2:17h o último sinal de socorro é enviado pelos
telegrafistas. O capitão Smith ordena “cada um por si” e não é mais visto por
ninguém. Já com a proa mergulhada no mar e a água atingindo o convés de botes,
o pânico é geral. Heroicamente, os operários da sala de eletricidade resistem
para manter as luzes o quanto podem. Todos padeceram. As primeiras vítimas
foram 5 operários que lutavam para manter seguras as correspondências na sala
de correios inundada logo após a colisão. Morreram todos afogados tentando
salvar as cartas que rumavam para a América a bordo do navio. A primeira chaminé
não agüentando mais a pressão exercida sobre ela tomba na água, esmagando
dezenas de pessoas nos convés e na água. A água avança com foracidade pelo
navio já condenado. Adentra pelo redomo da grande escadaria arrasando tudo pela
frente. Muitos são sugados pelas janelas para dentro do navio, carregados pela
força das águas. A popa do Titanic agora eleva-se fora da água mostrando suas
imponentes hélices de bronze. Os que conseguem ainda caminhar arrastam-se para
a o castelo de popa do navio. O navio agora afunda mais rapidamente invadindo o
interior e os porões do navio.
Dos botes os passageiros assistem as sombras do navio
afundando para sempre em meio a milhares de gritos de pavor. Após a popa sumir
alguns segundos de silêncio são seguidos por uma fina névoa branca acinzentada
por sobre o local do naufrágio. Como se um véu de morte fosse esticado por
sobre as vítimas. Essa névoa fora provocada pela fuligem do carvão e também
pelo vapor que ainda havia no interior do navio. O silêncio que parecia imenso
deu lugar a uma infinita gritaria por pedidos de socorro. Mais de 1.500 pessoas
estavam agora sendo lançadas na água congelante. Os que não tiveram a sorte de
morrer durante o naufrágio agora lutavam para se manter vivos, tentando agarrar
qualquer coisa que boiasse. Aos passageiros dos botes não restava nada a fazer
a não ser esperar. Mas um bote não esperou. O bote comandado pelo oficial Lowe
aproximou-se de outro, transferiu seus passageiros e retornou ao local do
naufrágio para recolher alguns possíveis sobreviventes. Foi uma decisão tomada
muito tardia. Praticamente todos já havia morrido de hipotermia. Apenas 6
pessoas foram resgatadas ainda com vida.
As 4:10h da madrugada de 15 de abril de 1912 o Carpathia
consegue resgatar o primeiro bote salva-vidas. No local apenas duas dezenas de
botes flutuando dispersos e vestígios boiando eram a prova de que um dia o
Titanic vira a ser o maior navio do mundo. Agora seu nome era símbolo de
tragédia. Das 2.223 pessoas a bordo, apenas 706 foram resgatadas. Mais de 1.500
padeceram. Assim que os primeiros raios de sol surgiram no horizonte, outros
navios começaram a chegar na área do naufrágio. Dentre eles o Californian. Mas
nada mais havia a fazer a não ser resgatar os corpos que boiavam. As 8:10h o
Carpathia partiu rumo a Nova York com os sobreviventes e os botes resgatados
como prova do ocorrido naquela fatídica noite de 15 de abril de 1912.
O capitão Smith e o engenheiro Thomas Andrews perderam
suas vidas. No entanto, o presidente da companhia, Bruce Ismay, conseguiu embarcar
num dos últimos botes que deixava o navio. A sociedade da época nunca ira
perdoá-lo por esse feito.
*******
Dez
anos depois. Muitas pessoas ainda estavam abaladas. Aquela tragédia seria
impossível de se esquecer. Principalmente para Nefertiti. Sim, ela estava viva.
Viu seu amado morrer da forma mais horrível e diabólica que alguém poderia
imaginar; viu seu pai e seus asseclas desaparecendo nas escuras águas do
Atlântico. Antes de afundar, o satânico sacerdote amaldiçoou sua filha,
lançando toda sorte de pragas sobre ela, culpando-a por toda aquela terrível
tragédia.
Passaram-se
dez anos. Se alguém ousasse esquecer tudo aquilo, Nefertiti jamais. Ao chegar
na América, como uma das sobreviventes do infeliz Titanic, ela conseguiu se
estruturar. Isto depois de passar quase 6 anos internada com sérios problemas
mentais. O que acontecera em 1912 foi pesado demais para alguém tão jovem.
Um dia um casal de idosos, visitando o
Centro Psiquiátrico onde ela se encontrava, sentiram algo especial por ela e a
adotaram como filha. Ela entrou na Universidade e tentou refazer sua vida. Mas
os demônios do passado sempre a perseguiam, sempre a perturbavam. Seus sonhos
eram, na verdade, pesadelos. Apesar do enorme carinho dos idosos, ela se sentia
isolada do mundo.
Algum
tempo depois, ao concluir seu curso universitário, formando-se em História, ela
passou a ter uma série de sonhos, onde seu amado Mayron sempre aparecia,
dizendo-lhe que iria voltar, voltar para os braços dela. E ele sempre repetia a
mesma mensagem:
- Não morra. Aguarde-me
que nascerei de novo.
Ela
foi criada e ensinada no paganismo do antigo Egito. Mais tarde se aprofundou na
religião dos antepassados, buscando respostas para os sofrimentos da vida. E
então, passou a ficar obcecada com a doutrina da Reencarnação.
*******
REENCARNAÇÃO – Também chamada de Transmigração,
trânsito da alma a um novo corpo ou forma de ser. Os antigos egípcios
acreditavam na transmigração das almas, assim como os gregos Pitágoras e
Platão. Esta idéia nunca foi adotada pelo judaísmo e cristianismo ortodoxo.
Aparece, na Índia, pela primeira vez de forma doutrinal nas compilações
filosóficas e religiosas dos Upanishad. A partir de então, Samsara
(termo sânscrito para transmigração) tem sido um dos principais dogmas das
principais religiões orientais: hinduísmo, budismo e jainismo.
A
doutrina Judaico-Cristã acredita na Ressurreição dos corpos mortos.
Reencarnação e Ressurreição são dois conceitos totalmente opostos. Não se pode
acreditar nos dois ao mesmo tempo. Toda a Bíblia fala de Ressurreição. Ela
ensina que, após a morte, o homem será julgado e não terá outra chance de
nascer na terra e viver outra vida. Um dia todos os mortos ressuscitarão, uns
para a perdição eterna e os outros para a glória eterna. O que somos agora, determinará
quem seremos por toda a Eternidade.
*******
Cada
vez mais obcecada, Nefertiti passou a estudar e a fazer pesquisas sobre tudo
que falasse sobre Reencarnação. Mas o tempo foi passando. E ela estava
envelhecendo. Parecia um cadáver ambulante. Ela vivia apenas na aparência. Seu
coração e sua alma estavam mortos. Ela pensou em se suicidar várias vezes.
Sentia uma opressão maligna cada vez mais forte. Ansiava pela morte de uma
forma incompreensível. Quando os dois anciãos (seus pais adotivos) morreram,
ela ficou sozinha, e com uma pequena fortuna para administrar. Mas não sabia o
que fazer com tanto dinheiro. A vida não tinha sentido para ela.
E
Mayron continuava aparecendo em seus sonhos, prometendo voltar. Certo dia, ele
até usa a palavra REENCARNAÇÃO (É claro que não era ele, mas um demônio
enganador). Certo dia, ainda na Universidade, uma moça cristã estava orando
quando sentiu Deus falar em seu coração para ir até uma certa moça (Nefertiti)
e falar do Amor Divino para ela. A jovem se aproxima da infeliz egípcia, olha
para ela, mas não tem coragem de dizer nada.
Muitos
anos mais tarde aquela jovem cristã enfrentaria uma série de sofrimentos,
devidos à sua covardia, pois Deus haveria de cobrar dela por não ter falado do
Seu Amor para uma preciosa alma, uma alma que ainda iria galgar vários degraus
de sofrimento, medo e tristeza.
Nefertiti
está agora com quase 50 anos. Está envelhecendo. E vaga pelo mundo como uma
alma penada. Ela começa a ficar obcecada com a beleza física. Imagina que, se
Mayron reencarnar, eles jamais poderão ficar juntos novamente, pois aí ela
estará muito velha ou morta, e ele começará uma nova vida. Os demônios
continuam seguindo ela por toda a parte. Ela pesquisa tudo sobre
rejuvenescimento, viaja para todas as partes do mundo, à procura de fórmulas,
ervas, alguma coisa para tardar o processo de envelhecimento. Mas cada vez mais
fica frustrada.
Em
suas andanças pelo mundo ela encontra alguém, alguém que abala todas as suas
estruturas emocionais. Um homem muito parecido com Mayron. Durante uma
conferência de líderes religiosos, a respeito do futuro do mundo, um homem
apareceu na televisão várias vezes. Era um famoso pregador evangélico, Daniel
Morgan, de uns 50 e poucos anos.
Ele
era parecido demais com Mayron. Nefertiti não conseguia mais pensar em outra
coisa. Ela tinha que se encontrar com esse Reverendo. Lembrou-se que Mayron era
filho de um famoso reverendo canadense (talvez aquele ali tivesse algum laço de
parentesco com seu amado). Quando soube que o pregador cinquentão tinha o
sobrenome Morgan, Nefertiti ficou ainda mais excitada.
*******
Três
meses depois.
Quantas
coisas aconteceram naqueles três meses. Nefertiti conseguiu encontrar o
Reverendo Daniel Morgan. Tentando controlar suas emoções, ela se apresentou
dizendo ser uma jornalista americana, pesquisando sobre os evangélicos
canadenses.
De
pesquisa em pesquisa, ela descobre que Daniel Morgan é sobrinho de Charles
Morgan, o pai de seu amado Mayron Morgan. Ela não consegue ter coragem para
revelar ao Reverendo Daniel que conheceu seu primo Mayron, na trágica viagem do
Titanic. Teria que explicar muitas outras coisas e, portanto, resolve deixar
como está. Nefertiti tira algumas fotos ao lado do Reverendo Daniel e vai
embora.
Em
1955, aos 60 anos, e sentindo a morte se aproximar (pois estava muito doente),
Nefertiti tem outro sonho, onde Mayron diz que nascerá dentro de 20 anos. Ela
chora. Sabe que, 20 anos é muito tempo para ela. Dentro de 20 anos estará
provavelmente morta. Ela se pergunta a razão de tanto sofrimento.
“Será
que o Deus de Mayron existe? Será que Ele está me castigando por tê-lO
amaldiçoado? Por que Ele é tão cruel? Por que deixou meu amado morrer e tem me
mantido viva tantos anos em meio a tristeza e sofrimento?” Em meio a inquietações, perturbações mentais
e questionamentos Nefertiti continuava a vagar, sem destino.
Então, um dia, pesquisando
sobre rejuvenescimento, depara-se com uma estranha história.
*******
A família Bathory era uma das mais ricas e poderosas
famílias em toda a Hungria.
Nela existiam dois dos mais importantes príncipes reinantes na Transilvânia, um vasto número de heróis de guerra, oficiais da igreja na Hungria e até mesmo um grande construtor de impérios, Stephen Bathory, príncipe da Transilvânia e rei da Polônia.
Nela existiam dois dos mais importantes príncipes reinantes na Transilvânia, um vasto número de heróis de guerra, oficiais da igreja na Hungria e até mesmo um grande construtor de impérios, Stephen Bathory, príncipe da Transilvânia e rei da Polônia.
Foi nessa família que nasceu Elizabeth Bathory, no ano
de 1560. Uma mulher conhecida por sua beleza, uma das mais belas da época.
Também tivera uma ótima educação, era inteligente, falava alemão, latim e
húngaro fluentemente, chegava a ser mais inteligente do que muitos homens e até
príncipes de seu tempo.
Elizabeth era, porém, uma mulher cruel, cometeu
inúmeras atrocidades. Suas atitudes desumanas são atribuídas a traumas de
infância. Por volta dos 6 anos, Elizabeth teria visto um cigano, que foi
acusado de vender crianças, ser colocado por soldados dentro da barriga de um
cavalo, depois a barriga foi costurada e o cigano lá ficou para morrer.
Outro fato seria que ela, Elizabeth, viu suas duas
irmãs sendo mortas e estupradas durante um ataque ao castelo. Um verdadeiro
massacre de onde poucos escaparam.
Em 1571, Elizabeth ficou noiva de Ferenc Nadasdy, de
uma famíla prestigiada, mas não tão rica quanto a Bathory. Na época do noivado
Ferenc tinha 16 anos, e Elizabeth 11.
Casou-se em 1575, em um grande acontecimento onde até mesmo o Imperador Romano Maximian II foi convidado. Elizabeth e Ferenc tiveram 4 filhos, três meninas e um menino depois de 10 anos de casamento.
Casou-se em 1575, em um grande acontecimento onde até mesmo o Imperador Romano Maximian II foi convidado. Elizabeth e Ferenc tiveram 4 filhos, três meninas e um menino depois de 10 anos de casamento.
Ferenc era um grande guerreiro, por isso precisava
ficar longos períodos longe de casa deixando o castelo e os criados aos
cuidados de sua esposa. Os métodos de disciplinar os criados eram atos de
extrema tortura. Elizabeth espetava alfinetes nos lábios e unhas das criadas.
Costumava também arrastá-las pela neve onde ela ou suas aias jogavam água fria
nas moças até que morressem congeladas.
Durante a ausência do marido, Elizabeth começou a
desenvolver outros gostos. Visitava freqüentemente uma tia lésbica muito
conhecida de nome Klara. Esta sempre tinha a disposição muitas belas garotas e,
influenciada pela tia, Elizabeth participava sempre de suas orgias.
Em 1604 faleceu o Conde Ferenc Nadasdy. Não se sabe se
ele tinha conhecimento das atrocidades que sua esposa cometia, mas sim de que
ele também participava das elaborações de tortura, nunca chegando a ponto de
matar os criados como Elizabeth costumava fazer.
Em cartas de Elizabeth para a família nota-se que era
extremamente carinhosa com os filhos e marido, o contrário do que acontecia com
os seus criados. Segundo historiadores, a morte do Conde fortaleceu ainda mais
o lado sanguinário da Condessa. Uma lenda diz que durante um passeio
Elizabeth insultou uma senhora idosa dizendo que sua aparência era repulsiva. A
senhora respondeu:
- Cuidado, ó vaidosa! Em breve ficarás como eu e depois, o que farás?
Segundo a história, a prática sanguinária de Elizabeth
começou quando uma criada acidentalmente puxou o cabelo da Condessa enquanto o
estava a pentear. Elizabeth instintivamente bateu na moça com tanta força que a
mesma começou a sangrar, fazendo com que o sangue espirrasse para a mão da
Condessa.
A princípio Elizabeth ficou enraivecida e apanhou uma
toalha para limpar o sangue, mas subitamente reparou que à medida que o sangue
ia secando a sua pele parecia ter retomado a mesma brancura e jovialidade da
pele das jovens camponesas.
Então, a partir daí, ela passou a matar e torturar
jovens virgens, a fim de banhar-se com seu sangue, para que permanecesse bela e
jovem para sempre. São muitas as histórias, e tão horríveis e difíceis de se
acreditar que a maioria dos historiadores evita tocar no assunto, e quando
falam, negam que Elizabeth tenha praticado esses crimes.
Vários relatos mostram que ela torturava as moças de
tal maneira que ficava ensopada no sangue delas e tinha que trocar de roupa antes
de poder prosseguir. Elizabeth poderia ter continuado com esta moda de torturar
criados até à morte, à sua vontade e indefinidamente, porque até os clérigos
naquele tempo consentiam que os nobres tratassem os seus criados da maneira que
quisessem, por mais cruel que essa fosse e legalmente não diziam nada.
A Condessa não estava só em suas maldades, junto a ela
existia um servo, Ficzko, a ama dos seus filhos, Helena Jô, Dorothea Szentos
(Dorka) e Katarina Beneczky, uma lavadeira. Entre os anos de 1604 e 1610 uma
misteriosa mulher de nome Anna Darvulia, que provavelmente era amante de
Elizabeth, juntou-se a ela e ensinou-lhe novas técnicas de tortura.
Este é o relato de uma das atrocidades cometida por esse grupo:
"...uma rapariga de 12 anos chamada Pola conseguiu
escapar do castelo, mas Dorka, ajudada por Helena Jo, apanhou a assustada
rapariga de surpresa e levou-a à força para o castelo de Csejthe. A Condessa
recebeu a rapariga no seu retorno. Estava furiosa, novamente. Avançou para a
rapariga e forçou-a a entrar numa espécie de jaula. Esta jaula foi construída
com a forma de uma grande bola, demasiado estreita para ser possível uma pessoa
sentar-se e demasiado baixa para se poder permanecer em pé.
Uma vez
posta a rapariga lá dentro a jaula era erguida por uma roldana e dezenas de
espigões ressaltavam de dentro dela. Pola tentou não ser apanhada pelos
espigões, mas Ficzko manuseou as cordas de modo a que a jaula oscilasse para os
lados. A carne de Pola ficou desfeita.
Com a
morte de Darvulia, por volta dos 40 anos de Elizabeth, esta tornou-se ainda
mais descuidada. Era Darvulia que se certificava que as vítimas seriam apenas
camponesas e que nenhuma moça da nobreza era levada, mas com a sua morte e
também com as dúvidas das camponesas acerca das maravilhas do castelo Csejthe,
Elizabeth começou então a escolher moças da baixa nobreza. Sentindo-se sozinha,
a Condessa juntou-se à viúva de um fazendeiro da cidade vizinha de Miava. O
nome dela era Erzsi Majorova. Aparentemente foi ela que encorajou Elizabeth a
ir atrás de moças de berço nobre para além de continuar a sua busca entre as
camponesas.
As
atrocidades de Elizabeth continuaram: Um cúmplice seu testemunhou que em alguns
dias Elizabeth deitava moças nuas no chão do seu quarto e torturava-as de tal
maneira que o chão ficava inundado de sangue. Elizabeth teve de pedir aos
criados que trouxessem um tapete para tapar as poças de sangue. Uma jovem aia
que não conseguiu agüentar as torturas e morreu muito rapidamente mereceu o
seguinte comentário no diário da Condessa: "Ela era muito pequena...”
Elizabeth chegou a um ponto na sua vida em que ficou muito doente e não
conseguia levantar-se da cama nem arranjar forças para torturar as suas
criadas. Ordenou então que lhe fosse trazida uma das suas jovens criadas.
Dorothea Szentes, uma rude mulher camponesa arrastou uma das criadas jovens de
Elizabeth para o seu lado e segurou-a aí. Elizabeth ergueu-se da sua cama e tal
como um cão raivoso abriu a boca e mordeu a jovem na face. Depois seguiu para
os ombros onde rasgou um pedaço de carne com os dentes. Depois disso, Elizabeth
mordeu os seios da moça.
Elizabeth
teve de vender dois de seus castelos já que não foi paga a ela uma dívida
pendente. Isso chamou a atenção do seu primo, o Conde Thurzo que reuniu o
restante dos Bathory para exilar Elizabeth, só que isso não deu certo.
Elizabeth
deixou de ter o cuidado de providenciar enterros cristãos, feitos pelo pastor
local, pelo menos inicialmente. Depois de algum tempo, o pastor recusou-se a
prosseguir com estes ritos, pois haviam muitas jovens mortas por causas
desconhecidas e misteriosas, mas sempre levadas a cabo por Elizabeth. Ela
ameaçou-o então para que ele não revelasse os seus atos e continuou a ter os
corpos enterrados secretamente. Mais perto do fim, os corpos começaram a ser
deixados em locais perigosos (nos campos junto ao castelo, na horta perto da
cozinha, etc.) Estas ações contribuíram muito para a descoberta dos seus
crimes.
Em 1610
alguns camponeses avistaram os criados de Elizabeth jogando os corpos de suas
vítimas das muralhas do castelo. Este ato foi informado aos oficiais do rei e
Thurzo obrigado a fazer algo a respeito da situação.
A 29 de
Setembro de 1610 foi efetuado o ataque ao castelo Csejthe. Não houve
necessidade de fazer um ataque noturno e de surpresa, pois ao longo dos anos,
as evidências dos crimes de Elizabeth foram-se acumulando. Quando o grupo de
ataque chegou à mansão senhorial de Elizabeth, encontraram um corpo de uma
criada espancada logo na entrada.
Elizabeth
e os seus cúmplices não se tinham preocupado em enterrar o corpo. Dentro da
casa, os nobres depararam-se ainda com os corpos de mais duas moças, pelo visto
muito marcadas pelas torturas e uma delas encontrava-se ainda viva.
Os
julgamentos em 2 e 7 de Janeiro de 1611 foram feitos apenas para satisfazer um
ato oficial. Durante os julgamentos, os testemunhos dos seus cúmplices, Ficzko,
Dorka, Katharina Beneczky e Helena Jo foram ouvidos. Erzi Majorova foi julgada
muito mais tarde porque desapareceu. É importante salientar que as quatro
testemunhas mencionaram apenas entre 30 e 60 mortes, mas uma quinta testemunha,
ouvida no dia 7 de Janeiro, revelou a peça que faltava. O testemunho mais
surpreendente veio de uma mulher, identificada apenas como "senhora
Zusanna", não tendo sido mencionado o seu último nome, que depois de
descrever as torturas feitas por Helena Jo, Dorothea e Ficzko... e de ter
pedido um atenuante para Katarina Beneczky, revelou a evidência mais chocante
deste julgamento: existia uma lista ou registro (que se encontrava num cesto de
desenhos), feito pela Condessa onde a própria revelava o número de moças mortas
até então: foram 650. Os criados foram considerados culpados e as suas penas
deliberadas da seguinte maneira:
Em
primeiro lugar, Helena Jo, seguida por Dorothea Szentes, as então chamadas de
culpadas do grande crime foram condenadas a: os seus dedos (aqueles que usaram
como instrumentos de tortura e na carnificina e ainda por onde pingou o sangue
de cristãs) seriam arrancados pelo executor público com uma pinça incandescente
e posteriormente os seus corpos deveriam ser atirados ainda vivos para o fogo.
Ficzko
foi decapitado. O seu corpo, exangue, juntar-se-ia ao dos seus cúmplices e
seria também queimado. Apenas Katharina Beneczky escapou à sentença de morte.
Mais tarde, a 24 de Janeiro de 1611, Erzsi Majorova foi encontrada, considerada
culpada e executada.
Elizabeth
foi a única a não ser levada a corte, sua sentença foi dada pelo próprio
Thurzo:
- Tu, Elizabeth, és como um animal - disse ele - estás nos últimos meses da tua vida. Não mereces respirar o ar nesta terra, nem ver a luz do Senhor. Irás desaparecer deste mundo e nunca mais irás aparecer. As sombras irão encobrir-te e terás tempo para te arrependeres da tua brutal vida. Condeno-te, Senhora de Csejthe, a seres aprisionada perpetuamente no teu próprio castelo.
- Tu, Elizabeth, és como um animal - disse ele - estás nos últimos meses da tua vida. Não mereces respirar o ar nesta terra, nem ver a luz do Senhor. Irás desaparecer deste mundo e nunca mais irás aparecer. As sombras irão encobrir-te e terás tempo para te arrependeres da tua brutal vida. Condeno-te, Senhora de Csejthe, a seres aprisionada perpetuamente no teu próprio castelo.
Trabalhadores
foram chamados para tapar as janelas de cima a baixo com tijolos e a porta do
quarto de Elizabeth no castelo de Csejthe onde ela passaria o resto da sua
vida. Existiria apenas um pequeno orifício por onde passaria a comida e ainda
algumas fendas para a ventilação.
Adicionalmente,
quatro forcas foram construídas nos quatro cantos do castelo para demonstrar
aos camponeses que justiça havia sido feita.
Em
agosto de 1614, um dos carcereiros da condessa, sabendo da reputação da mulher,
quis ver se ela ainda continuava sendo a tão bela Elizabeth, foi então que se
espremendo pelo orifício na parede, ele a encontrou no chão, morta aos 54 anos
de idade. Esse foi o fim de Elizabeth Bathory, a Condessa Sanguinária.
Atualmente,
seu nome encontra-se no Guiness, o livro dos Recordes, considerada a maior
assassina em toda a História, pois acreditando preservar sua juventude, ela
teria matado e se banhado no sangue de mais de 600 meninas.
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