sexta-feira, 6 de março de 2015

CAPÍTULO 11 - A CONDESSA SANGUINÁRIA

A noite estava fria, calma, sem ondas no mar, nem vento. Somente a luz das estrelas e do Titanic iluminavam a escuridão. As 23:40h um dos vigias do mastro, Frederick Fleet, avistou uma sombra mais escura que o mar a frente. A imensa sombra cresceu rapidamente e revelou-se em um imenso Iceberg vindo em direção ao navio.

Imediatamente o pânico deu lugar aos reflexos e o vigia tocou o sino de alerta do mastro três vezes e ergueu o comunicador para falar com a ponte de comando. Preciosos segundos se perderam até que o comunicador foi atendido e o vigia gritou "Iceberg logo a frente". O primeiro oficial que ouvira e vira a imensa massa de gelo vindo em direção ao navio, adentrou a sala de comando e gritou "tudo a estibordo" e imediatamente acionou os telégrafos de comunicação com a sala de máquinas solicitando "toda a velocidade para trás". Enquanto o timoneiro ainda virava o leme do navio a estibordo a sala de máquinas respondeu a solicitação de todo o vapor para trás. Na ponte de comando e no mastro de proa os tripulantes só observavam, inertes, o imenso Iceberg vindo de encontro ao navio.


Na sala de máquinas por sua vez a correria foi grande. O vapor que estava sendo deslocado para os motores teve que ser trancado, a fim de parar os pistões. Nas salas de caldeiras o aviso de parada dos motores provocou alvoroço entre os carvoeiros que tiveram que parar de alimentar as fornalhas e abrir os abafadores das caldeiras. Quando os enormes pistões estavam quase parando, uma alavanca na base dos motores fora acionada para reverter os giros das hélices centrais, e então as válvulas tiveram que ser novamente acionadas para liberar o vapor para entrar nos motores que começaram a girar no contrário. O hélice central assim que fora acionado o reverso dos motores parou de funcionar, pois este não era acionado pelos motores do navio e sim por uma turbina que era alimentada pela sobra do vapor dos motores.

Finalmente a proa do navio começa a deslocar-se do Iceberg, mas 37 segundos após ter avistado o Iceberg, o vigia Fleet agacha-se no ninho da gávea do mastro de proa e sente o navio tremer e pedaços de gelo são arremessados aos decks de proa. O navio todo treme e na ponte de comando o oficial Murdoch aciona imediatamente o fechamento das portas a prova d´água. Nos porões de carga do navio a água jorra com imensa força. Na sala de caldeiras numero 6 o foguista Frederick Barret estava trabalhando ainda no abafamento das fornalhas quando a luz de alerta soou e as portas começaram a se fechar. Seguiu-se então um estrondo e a água espumante do mar rompeu por toda a lateral da sala de caldeiras 6. Barret conseguiu esquivar-se para a sala de caldeiras 5 através da porta a prova d´água enquanto esta se fechava. Mas a situação ali não era diferente. A lateral ali também já fazia água. Com a sacudida provocada pela colisão muitos acordaram. O capitão dirigiu-se imediatamente para a ponte de comando e fora informado do ocorrido. Ordenou imediatamente a parada total dos motores. Com a parada dos motores o vapor das caldeiras teve que ser liberado pelas chaminés, caso contrário uma explosão seria inevitável pelo aumento da pressão. Um barulho ensurdecedor era ouvido na área externa do navio, devido a grande quantidade de vapor que era expelido.

O comandante chamou o engenheiro chefe Thomas Andrews e solicitou um exame das avarias. Andrews desceu aos conveses inferiores com alguns tripulantes e após alguns minutos voltou com o relato de avarias. O Sr. Bruce Ismay já se encontrava junto ao capitão. O que Andrews viu nos porões no Titanic foi devastador. Após alguns cálculos Andrews selou o destino do Titanic. "O navio vai afundar, temos menos de 2 horas para evacuar o navio". Ismay e o capitão mostraram-se pasmos com o relato.

- O Titanic não pode afundar - menciona Ismay - é impossível ele afundar - resmunga novamente.

Já o capitão Smith pede para Andrews se ele tem certeza disso e o mesmo volta a confirmar. O iceberg raspou o casco do Titanic, amassando as placas de aço e rasgando-as. As avarias atingiram 5 compartimentos estanques. Com 4 o Titanic ainda conseguiria flutuar, mas com 5 não. O peso de 5 compartimentos cheios fez a proa afundar e o navio perdeu seu ponto de equilíbrio. A água do sexto passaria para o sétimo compartimento, depois o oitavo e assim por diante. Como numa forma de gelo. Coloque água em alguns compartimentos e essa ainda flutua na água. Mas assim que perde o ponto de equilíbrio a água invade as demais e ela afunda.

Por volta das 0:00h do dia 15 de abril o capitão Smith dirige-se a cabine de telégrafos e solicita para que o operador de plantão envie a posição do navio e o pedido de ajuda. "SOS Abalroamos um Iceberg. Afundando rápido. Venham nos ajudar". Foi a primeira vez que o sinal de SOS (Save Ours Sours, Salvem Nossas Almas), fora utilizado em um desastre. O navio de passageiros da concorrente Cunard o Carpathia recebeu o pedido de ajuda do Titanic e foi o primeiro a atender. O rádio operador do Carpathia ia dormir quando resolveu dar uma última averiguada nas comunicações e captou a mensagem do Titanic. O Carpathia estava a 4 horas de distância do Titanic, mas mesmo assim deixou de lado a sua rota e partiu em ajuda ao navio que pedia socorro.

Próximo ao Titanic um navio era visível, possivelmente o Californian. Seu telegrafista não recebeu os pedidos de ajuda, pois acredita-se que estava dormindo. Não era comum manter telegrafistas de plantão durante a noite. Após o desastre do Titanic tornou-se obrigatório.

As 0:05h o capitão reuniu os oficiais e informou do ocorrido. Solicitou que os passageiros fossem acordados e que se dirigissem ao convés de botes salva-vidas. Sabiam que o número de botes era suficiente para apenas um terço das pessoas abordo, mas mesmo assim pediu para não haver pânico. Camareiras e camareiros começaram a passar de cabine por cabine na primeira e segunda classe, acordando os passageiros, solicitando para colocarem os coletes salva-vidas e que se dirigissem para o convés de botes imediatamente. Vinte minutos após os botes começaram a ser preenchidos com "Mulheres e crianças primeiro", uma ordem dada pelo capitão Smith. Alguns sobreviventes relataram que a sensação ao caminhar no convés de botes era a de estar descendo um morro.

As 0:45h como o navio que estava próximo não respondia nem aos sinais de telégrafo e nem aos sinais de lanterna, o capitão solicitou que fossem disparados os foguetes de sinalização. Neste mesmo instante o primeiro bote começa a ser lançado ao mar. A água estava gélida, cerca de 2 graus abaixo de zero o suficiente para matar por hipotermia uma pessoa em apenas 20min.

A fim de evitar a euforia e o pânico o capitão solicitou que a orquestra de bordo viesse tocar junto ao convés de botes para animar os passageiros. Enquanto os passageiros de primeira e segunda classe entravam nos botes, os passageiros de terceira classe permaneciam reunidos e trancados no grande salão da terceira classe junto a popa (parte de trás do navio). Só seria permitido a saída deles assim que a ordem viesse dos oficiais. Muitos passageiros revoltaram-se e alguns se aventuraram pelos labirintos de corredores no interior do navio para tentar achar outra saída. Alguns conseguiram mas outros acabaram se perdendo nas entranhas do Titanic.

Agora tudo era uma questão de tempo. Enquanto que nos primeiros botes tinha que se implorar para as pessoas entrarem, fazendo muitos deles descerem praticamente vazios, nos últimos o tumulto já era visível. Tiros foram disparados para o alto a fim de conter os mais afoitos. Faltando pouco mais de 2 botes para deixar o navio, os passageiros da terceira classe são liberados. Restava apenas esses dois botes e os dois desmontáveis que ficavam junto a base da primeira chaminé. A água já invadia os convés de botes quando os botes desmontáveis conseguiram ser lançados.

Às 2:17h o último sinal de socorro é enviado pelos telegrafistas. O capitão Smith ordena “cada um por si” e não é mais visto por ninguém. Já com a proa mergulhada no mar e a água atingindo o convés de botes, o pânico é geral. Heroicamente, os operários da sala de eletricidade resistem para manter as luzes o quanto podem. Todos padeceram. As primeiras vítimas foram 5 operários que lutavam para manter seguras as correspondências na sala de correios inundada logo após a colisão. Morreram todos afogados tentando salvar as cartas que rumavam para a América a bordo do navio. A primeira chaminé não agüentando mais a pressão exercida sobre ela tomba na água, esmagando dezenas de pessoas nos convés e na água. A água avança com foracidade pelo navio já condenado. Adentra pelo redomo da grande escadaria arrasando tudo pela frente. Muitos são sugados pelas janelas para dentro do navio, carregados pela força das águas. A popa do Titanic agora eleva-se fora da água mostrando suas imponentes hélices de bronze. Os que conseguem ainda caminhar arrastam-se para a o castelo de popa do navio. O navio agora afunda mais rapidamente invadindo o interior e os porões do navio.

Dos botes os passageiros assistem as sombras do navio afundando para sempre em meio a milhares de gritos de pavor. Após a popa sumir alguns segundos de silêncio são seguidos por uma fina névoa branca acinzentada por sobre o local do naufrágio. Como se um véu de morte fosse esticado por sobre as vítimas. Essa névoa fora provocada pela fuligem do carvão e também pelo vapor que ainda havia no interior do navio. O silêncio que parecia imenso deu lugar a uma infinita gritaria por pedidos de socorro. Mais de 1.500 pessoas estavam agora sendo lançadas na água congelante. Os que não tiveram a sorte de morrer durante o naufrágio agora lutavam para se manter vivos, tentando agarrar qualquer coisa que boiasse. Aos passageiros dos botes não restava nada a fazer a não ser esperar. Mas um bote não esperou. O bote comandado pelo oficial Lowe aproximou-se de outro, transferiu seus passageiros e retornou ao local do naufrágio para recolher alguns possíveis sobreviventes. Foi uma decisão tomada muito tardia. Praticamente todos já havia morrido de hipotermia. Apenas 6 pessoas foram resgatadas ainda com vida.

As 4:10h da madrugada de 15 de abril de 1912 o Carpathia consegue resgatar o primeiro bote salva-vidas. No local apenas duas dezenas de botes flutuando dispersos e vestígios boiando eram a prova de que um dia o Titanic vira a ser o maior navio do mundo. Agora seu nome era símbolo de tragédia. Das 2.223 pessoas a bordo, apenas 706 foram resgatadas. Mais de 1.500 padeceram. Assim que os primeiros raios de sol surgiram no horizonte, outros navios começaram a chegar na área do naufrágio. Dentre eles o Californian. Mas nada mais havia a fazer a não ser resgatar os corpos que boiavam. As 8:10h o Carpathia partiu rumo a Nova York com os sobreviventes e os botes resgatados como prova do ocorrido naquela fatídica noite de 15 de abril de 1912.

O capitão Smith e o engenheiro Thomas Andrews perderam suas vidas. No entanto, o presidente da companhia, Bruce Ismay, conseguiu embarcar num dos últimos botes que deixava o navio. A sociedade da época nunca ira perdoá-lo por esse feito.

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Dez anos depois. Muitas pessoas ainda estavam abaladas. Aquela tragédia seria impossível de se esquecer. Principalmente para Nefertiti. Sim, ela estava viva. Viu seu amado morrer da forma mais horrível e diabólica que alguém poderia imaginar; viu seu pai e seus asseclas desaparecendo nas escuras águas do Atlântico. Antes de afundar, o satânico sacerdote amaldiçoou sua filha, lançando toda sorte de pragas sobre ela, culpando-a por toda aquela terrível tragédia.

Passaram-se dez anos. Se alguém ousasse esquecer tudo aquilo, Nefertiti jamais. Ao chegar na América, como uma das sobreviventes do infeliz Titanic, ela conseguiu se estruturar. Isto depois de passar quase 6 anos internada com sérios problemas mentais. O que acontecera em 1912 foi pesado demais para alguém tão jovem.
Um dia um casal de idosos, visitando o Centro Psiquiátrico onde ela se encontrava, sentiram algo especial por ela e a adotaram como filha. Ela entrou na Universidade e tentou refazer sua vida. Mas os demônios do passado sempre a perseguiam, sempre a perturbavam. Seus sonhos eram, na verdade, pesadelos. Apesar do enorme carinho dos idosos, ela se sentia isolada do mundo.
Algum tempo depois, ao concluir seu curso universitário, formando-se em História, ela passou a ter uma série de sonhos, onde seu amado Mayron sempre aparecia, dizendo-lhe que iria voltar, voltar para os braços dela. E ele sempre repetia a mesma mensagem:

- Não morra. Aguarde-me que nascerei de novo.

Ela foi criada e ensinada no paganismo do antigo Egito. Mais tarde se aprofundou na religião dos antepassados, buscando respostas para os sofrimentos da vida. E então, passou a ficar obcecada com a doutrina da Reencarnação.

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REENCARNAÇÃO – Também chamada de Transmigração, trânsito da alma a um novo corpo ou forma de ser. Os antigos egípcios acreditavam na transmigração das almas, assim como os gregos Pitágoras e Platão. Esta idéia nunca foi adotada pelo judaísmo e cristianismo ortodoxo. Aparece, na Índia, pela primeira vez de forma doutrinal nas compilações filosóficas e religiosas dos Upanishad. A partir de então, Samsara (termo sânscrito para transmigração) tem sido um dos principais dogmas das principais religiões orientais: hinduísmo, budismo e jainismo.

A doutrina Judaico-Cristã acredita na Ressurreição dos corpos mortos. Reencarnação e Ressurreição são dois conceitos totalmente opostos. Não se pode acreditar nos dois ao mesmo tempo. Toda a Bíblia fala de Ressurreição. Ela ensina que, após a morte, o homem será julgado e não terá outra chance de nascer na terra e viver outra vida. Um dia todos os mortos ressuscitarão, uns para a perdição eterna e os outros para a glória eterna. O que somos agora, determinará quem seremos por toda a Eternidade.

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Cada vez mais obcecada, Nefertiti passou a estudar e a fazer pesquisas sobre tudo que falasse sobre Reencarnação. Mas o tempo foi passando. E ela estava envelhecendo. Parecia um cadáver ambulante. Ela vivia apenas na aparência. Seu coração e sua alma estavam mortos. Ela pensou em se suicidar várias vezes. Sentia uma opressão maligna cada vez mais forte. Ansiava pela morte de uma forma incompreensível. Quando os dois anciãos (seus pais adotivos) morreram, ela ficou sozinha, e com uma pequena fortuna para administrar. Mas não sabia o que fazer com tanto dinheiro. A vida não tinha sentido para ela.

E Mayron continuava aparecendo em seus sonhos, prometendo voltar. Certo dia, ele até usa a palavra REENCARNAÇÃO (É claro que não era ele, mas um demônio enganador). Certo dia, ainda na Universidade, uma moça cristã estava orando quando sentiu Deus falar em seu coração para ir até uma certa moça (Nefertiti) e falar do Amor Divino para ela. A jovem se aproxima da infeliz egípcia, olha para ela, mas não tem coragem de dizer nada.

Muitos anos mais tarde aquela jovem cristã enfrentaria uma série de sofrimentos, devidos à sua covardia, pois Deus haveria de cobrar dela por não ter falado do Seu Amor para uma preciosa alma, uma alma que ainda iria galgar vários degraus de sofrimento, medo e tristeza. 

Nefertiti está agora com quase 50 anos. Está envelhecendo. E vaga pelo mundo como uma alma penada. Ela começa a ficar obcecada com a beleza física. Imagina que, se Mayron reencarnar, eles jamais poderão ficar juntos novamente, pois aí ela estará muito velha ou morta, e ele começará uma nova vida. Os demônios continuam seguindo ela por toda a parte. Ela pesquisa tudo sobre rejuvenescimento, viaja para todas as partes do mundo, à procura de fórmulas, ervas, alguma coisa para tardar o processo de envelhecimento. Mas cada vez mais fica frustrada.

Em suas andanças pelo mundo ela encontra alguém, alguém que abala todas as suas estruturas emocionais. Um homem muito parecido com Mayron. Durante uma conferência de líderes religiosos, a respeito do futuro do mundo, um homem apareceu na televisão várias vezes. Era um famoso pregador evangélico, Daniel Morgan, de uns 50 e poucos anos.

Ele era parecido demais com Mayron. Nefertiti não conseguia mais pensar em outra coisa. Ela tinha que se encontrar com esse Reverendo. Lembrou-se que Mayron era filho de um famoso reverendo canadense (talvez aquele ali tivesse algum laço de parentesco com seu amado). Quando soube que o pregador cinquentão tinha o sobrenome Morgan, Nefertiti ficou ainda mais excitada.

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Três meses depois.

Quantas coisas aconteceram naqueles três meses. Nefertiti conseguiu encontrar o Reverendo Daniel Morgan. Tentando controlar suas emoções, ela se apresentou dizendo ser uma jornalista americana, pesquisando sobre os evangélicos canadenses.

De pesquisa em pesquisa, ela descobre que Daniel Morgan é sobrinho de Charles Morgan, o pai de seu amado Mayron Morgan. Ela não consegue ter coragem para revelar ao Reverendo Daniel que conheceu seu primo Mayron, na trágica viagem do Titanic. Teria que explicar muitas outras coisas e, portanto, resolve deixar como está. Nefertiti tira algumas fotos ao lado do Reverendo Daniel e vai embora.

Em 1955, aos 60 anos, e sentindo a morte se aproximar (pois estava muito doente), Nefertiti tem outro sonho, onde Mayron diz que nascerá dentro de 20 anos. Ela chora. Sabe que, 20 anos é muito tempo para ela. Dentro de 20 anos estará provavelmente morta. Ela se pergunta a razão de tanto sofrimento.

“Será que o Deus de Mayron existe? Será que Ele está me castigando por tê-lO amaldiçoado? Por que Ele é tão cruel? Por que deixou meu amado morrer e tem me mantido viva tantos anos em meio a tristeza e sofrimento?”  Em meio a inquietações, perturbações mentais e questionamentos Nefertiti continuava a vagar, sem destino.
Então, um dia, pesquisando sobre rejuvenescimento, depara-se com uma estranha história. 

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A família Bathory era uma das mais ricas e poderosas famílias em toda a Hungria.
Nela existiam dois dos mais importantes príncipes reinantes na Transilvânia, um vasto número de heróis de guerra, oficiais da igreja na Hungria e até mesmo um grande construtor de impérios, Stephen Bathory, príncipe da Transilvânia e rei da Polônia.

Foi nessa família que nasceu Elizabeth Bathory, no ano de 1560. Uma mulher conhecida por sua beleza, uma das mais belas da época. Também tivera uma ótima educação, era inteligente, falava alemão, latim e húngaro fluentemente, chegava a ser mais inteligente do que muitos homens e até príncipes de seu tempo.

Elizabeth era, porém, uma mulher cruel, cometeu inúmeras atrocidades. Suas atitudes desumanas são atribuídas a traumas de infância. Por volta dos 6 anos, Elizabeth teria visto um cigano, que foi acusado de vender crianças, ser colocado por soldados dentro da barriga de um cavalo, depois a barriga foi costurada e o cigano lá ficou para morrer. 

Outro fato seria que ela, Elizabeth, viu suas duas irmãs sendo mortas e estupradas durante um ataque ao castelo. Um verdadeiro massacre de onde poucos escaparam.

Em 1571, Elizabeth ficou noiva de Ferenc Nadasdy, de uma famíla prestigiada, mas não tão rica quanto a Bathory. Na época do noivado Ferenc tinha 16 anos, e Elizabeth 11.
Casou-se em 1575, em um grande acontecimento onde até mesmo o Imperador Romano Maximian II foi convidado. Elizabeth e Ferenc tiveram 4 filhos, três meninas e um menino depois de 10 anos de casamento. 

Ferenc era um grande guerreiro, por isso precisava ficar longos períodos longe de casa deixando o castelo e os criados aos cuidados de sua esposa. Os métodos de disciplinar os criados eram atos de extrema tortura. Elizabeth espetava alfinetes nos lábios e unhas das criadas. Costumava também arrastá-las pela neve onde ela ou suas aias jogavam água fria nas moças até que morressem congeladas.

Durante a ausência do marido, Elizabeth começou a desenvolver outros gostos. Visitava freqüentemente uma tia lésbica muito conhecida de nome Klara. Esta sempre tinha a disposição muitas belas garotas e, influenciada pela tia, Elizabeth participava sempre de suas orgias.

Em 1604 faleceu o Conde Ferenc Nadasdy. Não se sabe se ele tinha conhecimento das atrocidades que sua esposa cometia, mas sim de que ele também participava das elaborações de tortura, nunca chegando a ponto de matar os criados como Elizabeth costumava fazer.

Em cartas de Elizabeth para a família nota-se que era extremamente carinhosa com os filhos e marido, o contrário do que acontecia com os seus criados. Segundo historiadores, a morte do Conde fortaleceu ainda mais o lado sanguinário da Condessa. Uma lenda diz que durante um passeio Elizabeth insultou uma senhora idosa dizendo que sua aparência era repulsiva. A senhora respondeu:

- Cuidado, ó vaidosa! Em breve ficarás como eu e depois, o que farás?

Segundo a história, a prática sanguinária de Elizabeth começou quando uma criada acidentalmente puxou o cabelo da Condessa enquanto o estava a pentear. Elizabeth instintivamente bateu na moça com tanta força que a mesma começou a sangrar, fazendo com que o sangue espirrasse para a mão da Condessa.

A princípio Elizabeth ficou enraivecida e apanhou uma toalha para limpar o sangue, mas subitamente reparou que à medida que o sangue ia secando a sua pele parecia ter retomado a mesma brancura e jovialidade da pele das jovens camponesas.

Então, a partir daí, ela passou a matar e torturar jovens virgens, a fim de banhar-se com seu sangue, para que permanecesse bela e jovem para sempre. São muitas as histórias, e tão horríveis e difíceis de se acreditar que a maioria dos historiadores evita tocar no assunto, e quando falam, negam que Elizabeth tenha praticado esses crimes.

Vários relatos mostram que ela torturava as moças de tal maneira que ficava ensopada no sangue delas e tinha que trocar de roupa antes de poder prosseguir. Elizabeth poderia ter continuado com esta moda de torturar criados até à morte, à sua vontade e indefinidamente, porque até os clérigos naquele tempo consentiam que os nobres tratassem os seus criados da maneira que quisessem, por mais cruel que essa fosse e legalmente não diziam nada. 

A Condessa não estava só em suas maldades, junto a ela existia um servo, Ficzko, a ama dos seus filhos, Helena Jô, Dorothea Szentos (Dorka) e Katarina Beneczky, uma lavadeira. Entre os anos de 1604 e 1610 uma misteriosa mulher de nome Anna Darvulia, que provavelmente era amante de Elizabeth, juntou-se a ela e ensinou-lhe novas técnicas de tortura.
Este é o relato de uma das atrocidades cometida por esse grupo:

"...uma rapariga de 12 anos chamada Pola conseguiu escapar do castelo, mas Dorka, ajudada por Helena Jo, apanhou a assustada rapariga de surpresa e levou-a à força para o castelo de Csejthe. A Condessa recebeu a rapariga no seu retorno. Estava furiosa, novamente. Avançou para a rapariga e forçou-a a entrar numa espécie de jaula. Esta jaula foi construída com a forma de uma grande bola, demasiado estreita para ser possível uma pessoa sentar-se e demasiado baixa para se poder permanecer em pé.
Uma vez posta a rapariga lá dentro a jaula era erguida por uma roldana e dezenas de espigões ressaltavam de dentro dela. Pola tentou não ser apanhada pelos espigões, mas Ficzko manuseou as cordas de modo a que a jaula oscilasse para os lados. A carne de Pola ficou desfeita. 
Com a morte de Darvulia, por volta dos 40 anos de Elizabeth, esta tornou-se ainda mais descuidada. Era Darvulia que se certificava que as vítimas seriam apenas camponesas e que nenhuma moça da nobreza era levada, mas com a sua morte e também com as dúvidas das camponesas acerca das maravilhas do castelo Csejthe, Elizabeth começou então a escolher moças da baixa nobreza. Sentindo-se sozinha, a Condessa juntou-se à viúva de um fazendeiro da cidade vizinha de Miava. O nome dela era Erzsi Majorova. Aparentemente foi ela que encorajou Elizabeth a ir atrás de moças de berço nobre para além de continuar a sua busca entre as camponesas.
As atrocidades de Elizabeth continuaram: Um cúmplice seu testemunhou que em alguns dias Elizabeth deitava moças nuas no chão do seu quarto e torturava-as de tal maneira que o chão ficava inundado de sangue. Elizabeth teve de pedir aos criados que trouxessem um tapete para tapar as poças de sangue. Uma jovem aia que não conseguiu agüentar as torturas e morreu muito rapidamente mereceu o seguinte comentário no diário da Condessa: "Ela era muito pequena...” Elizabeth chegou a um ponto na sua vida em que ficou muito doente e não conseguia levantar-se da cama nem arranjar forças para torturar as suas criadas. Ordenou então que lhe fosse trazida uma das suas jovens criadas. Dorothea Szentes, uma rude mulher camponesa arrastou uma das criadas jovens de Elizabeth para o seu lado e segurou-a aí. Elizabeth ergueu-se da sua cama e tal como um cão raivoso abriu a boca e mordeu a jovem na face. Depois seguiu para os ombros onde rasgou um pedaço de carne com os dentes. Depois disso, Elizabeth mordeu os seios da moça.
Elizabeth teve de vender dois de seus castelos já que não foi paga a ela uma dívida pendente. Isso chamou a atenção do seu primo, o Conde Thurzo que reuniu o restante dos Bathory para exilar Elizabeth, só que isso não deu certo. 
Elizabeth deixou de ter o cuidado de providenciar enterros cristãos, feitos pelo pastor local, pelo menos inicialmente. Depois de algum tempo, o pastor recusou-se a prosseguir com estes ritos, pois haviam muitas jovens mortas por causas desconhecidas e misteriosas, mas sempre levadas a cabo por Elizabeth. Ela ameaçou-o então para que ele não revelasse os seus atos e continuou a ter os corpos enterrados secretamente. Mais perto do fim, os corpos começaram a ser deixados em locais perigosos (nos campos junto ao castelo, na horta perto da cozinha, etc.) Estas ações contribuíram muito para a descoberta dos seus crimes.
Em 1610 alguns camponeses avistaram os criados de Elizabeth jogando os corpos de suas vítimas das muralhas do castelo. Este ato foi informado aos oficiais do rei e Thurzo obrigado a fazer algo a respeito da situação.
A 29 de Setembro de 1610 foi efetuado o ataque ao castelo Csejthe. Não houve necessidade de fazer um ataque noturno e de surpresa, pois ao longo dos anos, as evidências dos crimes de Elizabeth foram-se acumulando. Quando o grupo de ataque chegou à mansão senhorial de Elizabeth, encontraram um corpo de uma criada espancada logo na entrada.
Elizabeth e os seus cúmplices não se tinham preocupado em enterrar o corpo. Dentro da casa, os nobres depararam-se ainda com os corpos de mais duas moças, pelo visto muito marcadas pelas torturas e uma delas encontrava-se ainda viva. 
Os julgamentos em 2 e 7 de Janeiro de 1611 foram feitos apenas para satisfazer um ato oficial. Durante os julgamentos, os testemunhos dos seus cúmplices, Ficzko, Dorka, Katharina Beneczky e Helena Jo foram ouvidos. Erzi Majorova foi julgada muito mais tarde porque desapareceu. É importante salientar que as quatro testemunhas mencionaram apenas entre 30 e 60 mortes, mas uma quinta testemunha, ouvida no dia 7 de Janeiro, revelou a peça que faltava. O testemunho mais surpreendente veio de uma mulher, identificada apenas como "senhora Zusanna", não tendo sido mencionado o seu último nome, que depois de descrever as torturas feitas por Helena Jo, Dorothea e Ficzko... e de ter pedido um atenuante para Katarina Beneczky, revelou a evidência mais chocante deste julgamento: existia uma lista ou registro (que se encontrava num cesto de desenhos), feito pela Condessa onde a própria revelava o número de moças mortas até então: foram 650. Os criados foram considerados culpados e as suas penas deliberadas da seguinte maneira:
Em primeiro lugar, Helena Jo, seguida por Dorothea Szentes, as então chamadas de culpadas do grande crime foram condenadas a: os seus dedos (aqueles que usaram como instrumentos de tortura e na carnificina e ainda por onde pingou o sangue de cristãs) seriam arrancados pelo executor público com uma pinça incandescente e posteriormente os seus corpos deveriam ser atirados ainda vivos para o fogo.
Ficzko foi decapitado. O seu corpo, exangue, juntar-se-ia ao dos seus cúmplices e seria também queimado. Apenas Katharina Beneczky escapou à sentença de morte. Mais tarde, a 24 de Janeiro de 1611, Erzsi Majorova foi encontrada, considerada culpada e executada.
Elizabeth foi a única a não ser levada a corte, sua sentença foi dada pelo próprio Thurzo:

- Tu, Elizabeth, és como um animal - disse ele - estás nos últimos meses da tua vida. Não mereces respirar o ar nesta terra, nem ver a luz do Senhor. Irás desaparecer deste mundo e nunca mais irás aparecer. As sombras irão encobrir-te e terás tempo para te arrependeres da tua brutal vida. Condeno-te, Senhora de Csejthe, a seres aprisionada perpetuamente no teu próprio castelo. 
Trabalhadores foram chamados para tapar as janelas de cima a baixo com tijolos e a porta do quarto de Elizabeth no castelo de Csejthe onde ela passaria o resto da sua vida. Existiria apenas um pequeno orifício por onde passaria a comida e ainda algumas fendas para a ventilação. 
Adicionalmente, quatro forcas foram construídas nos quatro cantos do castelo para demonstrar aos camponeses que justiça havia sido feita.
Em agosto de 1614, um dos carcereiros da condessa, sabendo da reputação da mulher, quis ver se ela ainda continuava sendo a tão bela Elizabeth, foi então que se espremendo pelo orifício na parede, ele a encontrou no chão, morta aos 54 anos de idade. Esse foi o fim de Elizabeth Bathory, a Condessa Sanguinária.

Atualmente, seu nome encontra-se no Guiness, o livro dos Recordes, considerada a maior assassina em toda a História, pois acreditando preservar sua juventude, ela teria matado e se banhado no sangue de mais de 600 meninas.

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