UNIVERSIDADE
GALILEU, PORTO ALEGRE, BRASIL, 2008.
Eliakim explicava o
significado de um número estrelar hexagonal.
- Esta categoria não é muito conhecida ou não é muito
divulgada, mas que existe, existe. O que é um número hexagonal? É todo número
formado a partir da fórmula: 3n(n-1) + 1. Vamos ilustrar para ficar mais claro:
se quisermos desenhar uma figura hexagonal usando bolinhas ou pedras, a
primeira figura terá, obrigatoriamente, 7 pedras.
Bem, a partir do hexágono é
que surge a estrela hexagonal, também conhecida como Estrela de Davi, um dos
símbolos da nação de Israel. Será que podemos desenhar uma estrela hexagonal
usando bolinhas ou pedras?
Claro. Partindo do primeiro
número hexagonal, 7, é só colocarmos uma pedra em cada um dos seis lados e
teremos a primeira estrela hexagonal. Vejam aqui:
Quantas pedras essa primeira
estrela possui?
Sim, exatamente 13 pedras.
Vamos tentar construir a segunda estrela hexagonal. No centro tem 19 pedras
e... pronto! Quantas pedras no total?
Essa é demais! A terceira
estrela hexagonal possui exatamente 73 pedras, e seu centro tem justamente 37!
Então, professor? Coincidência ou projeto?
Miranda estava impressionado. Eliakim
estava usando matemática, uma ciência exata. Não havia como contestar.
- Falando em centro, esqueci-me de mais uma coisa. No
Centro da estrela hexagonal de 73 tem o hexágono de 37; e no centro do hexágono
de 37 tem... o hexágono de 7.
- Caros amigos, se vocês quiserem conhecer os outros
números estrelares hexagonais, a fórmula matemática é: 6n(n-1) + 1. Usando esta
fórmula vocês conhecerão todos os números estrelares hexagonais. Os 7 primeiros
são: 1, 13, 37, 73, 121, 181, e 253. Antes de passarmos pra próxima fase, só
gostaria de dizer que: abaixo de 1000 só existe um número que é hexagonal e
estrelar hexagonal ao mesmo tempo: 37. Tais números são muito raros. Vejam aqui
os 11 primeiros:
37,
1261,
42841,
1455337,
49438621,
1679457781,
57052125937,
1938092824081,
65838103892821,
2236557439531837,
75977114840189641.
Observem que, abaixo de
75.977.114.840.189.641 (mais de 75 quaquilhões), só existem 10 números que são
hexagonais e estrelares hexagonais ao mesmo tempo. E todos terminam em 1 ou 7.
Mas existem mistérios
matemáticos ainda mais incríveis no Código Gênesis. Vejamos o...
Exemplo 6 – Os misteriosos
cristais de neve.
*******
Jerusalém,
julho de 2002.
A palestra aconteceu na noite anterior. Agora Eliakim
estava no Monte das Oliveiras. Ainda era muito cedo. Ele queria testemunhar ali
o nascimento do sol. Enquanto os primeiros raios da manhã anunciavam a chegada
do astro-rei, o palestrante se entregou às lembranças. Doces e amargas lembranças.
Sentiu um vento forte bater em seu rosto enquanto revivia, mentalmente, um
pesadelo.
Um pesadelo chamado 11 de setembro de 2001.
Eram 9 horas e 03 minutos. Um segundo Boeing 767-200, da
American Airlines - que partira de Boston às 8 horas e 10 minutos para o vôo
11, rumo a Los Angeles, com 92 pessoas a bordo - atingiu a Torre Norte do World
Trade Center, diante das câmeras de TV.
As duas torres em chamas, uma cena pavorosa, nunca vista
nem no cinema – pelo menos não daquela forma, tão real, tão estarrecedora. Em
meio a tanto terror, as cenas mais assombrosas mostravam pessoas em desespero
saltando para a morte.
Eliakim arrastava-se no chão, procurando não ser
atropelado pela multidão em pânico. Ele gritava em extrema aflição:
- ZIVA!
ZIVA! ZIVA!
Não sabe quanto tempo se arrastou tentando sair daquele
inferno. Mas conseguiu. Quando se levantou não conseguia acreditar no que via.
Era um pesadelo. Achava que iria enlouquecer.
“Meu Deus! Por que?”
Encostou-se em um muro e se deixou cair ao chão. Sua
lágrimas sufocavam qualquer palavras. Aliás, que palavras poderiam se atrever a
se manifestar ali? Naquele momento, sua mente estava nas fronteiras da loucura.
“Meu Senhor, por que deixou isso acontecer?”
“Senhor, por que a trouxe pra este inferno? Por que me
trouxe aqui para vê-la morrer diante dos meus olhos?”
Talvez num outro tipo de dia alguém, passando por ali,
pararia para tentar ajudá-lo. Mas não naquele dia, naquele terrível dia.
Naquele dia que jamais deveria ter existido.
“Eu estive tão perto dela. Toquei em suas mãos. Ouvi sua
voz. Como pude perdê-la tão rápido?”
O mundo aguardou o fim na passagem de 1999 para 2000. Não
tendo acontecido nada de anormal, a vida continuou, o novo milênio raiou e
parecia que a humanidade entraria agora na tão sonhada era de ouro, a era das
realizações, de paz e amor. Mas 11 de setembro acabou com todas as ilusões e
despertou os piores pesadelos. 11 de setembro trouxe novamente à tona as
terríveis sombras de um holocausto nuclear. 11 de setembro revelou que uma fera
indomável realmente se esconde no interior da alma humana. 11 de setembro
inaugurou a Era do Terror.
Eliakim tentava se manter lúcido e sadio mentalmente. Não
poderia enlouquecer justamente agora. Diante de tragédias de tamanha magnitude,
muitas pessoas perdem a fé. Mas havia algo mais forte dentro de Eliakim.
“O mundo está perdido. A única solução é o Evangelho de
Cristo. Poucos estão se importando com isso. Eu não devo aderir a essa
categoria egoísta. Não posso salvar o mundo. Mas posso dar esperanças a algumas
pessoas. Posso ser um canal de mudanças para algumas vidas. A lição foi dura,
Senhor, muito dura. Mas acho que aprendi.”
Nos próximos dias, ele andou por hospitais e necrotérios,
mas não encontrou ninguém parecido com Ziva. Agora nem tinha certeza se ela
estava morta ou viva. Procurou ajuda numa pequena igreja cristã em Nova York.
Ficou duas semanas com os cristãos daquela igreja e compartilhou com eles o
pouco que tinha aprendido nas palestras do Dr. Makanera. Disse acreditar que a
tragédia de 11 de setembro fora um sinal da chegada da Era Apocalíptica e que,
talvez estivéssemos mesmo vivendo a era do ENCONTRO ENTRE O 3.º E O 7.º DIA.
- É
terrivelmente emocionante saber que todo esse momento de terror no qual estamos
vivendo está acontecendo justamente no período das três últimas festas judaicas
proféticas – disse o Reverendo James Kallyson.
- Como
assim? – Perguntou Eliakim. Eles estavam conversando no gabinete pastoral. O
Reverendo levantou-se e mostrou um calendário.
- Veja
isso. É um calendário judaico. Existe uma relação muito estranha entre as
profecias e as festas judaicas. Quando
comecei a estudar as profecias bíblicas fui surpreendido ao notar que muitos
acontecimentos bíblicos especiais coincidiram com datas festivas judaicas. Por
exemplo, Jesus morreu no período da Festa da Páscoa e Pães Asmos, ressuscitou
na Festa das Primícias, e a Igreja Cristã foi inaugurada na Festa de
Pentecostes. O Templo construído por Salomão foi inaugurado no período da Festa
dos Tabernáculos – O Reverendo andou de um lado para o outro e prosseguiu -
Algum tempo depois fui novamente surpreendido ao observar que eventos modernos
relacionados ao Oriente Médio costumavam coincidir com os festivais judaicos.
Uma das guerras mais importantes de Israel ocorreu
durante o dia mais sagrado do calendário judaico: O DIA DO PERDÃO (YOM KIPPUR).
Em 1973, o Egito e a Síria resolveram atacar Israel exatamente no dia mais
sagrado, o dia 10 do sétimo mês, que naquele ano aconteceu no dia 06 de
outubro.
Outros eventos interessantes que coincidiram com os
feriados judaicos:
- A
destruição de Jerusalém pelos romanos, no ano 70 d.C., começou na semana da
Páscoa.
- 15
de junho de 1967 - após milênios, o Muro das Lamentações volta para as mãos de
Israel (uma semana após a vitória de Israel na Guerra dos 6 dias), exatamente
na data da Festa de Pentecostes.
- 28
de fevereiro de 1991 – Derrota de Saddam Hussein para os aliados durante a
Guerra do Golfo – em Israel comemora-se a Festa do Purim, a vitória dos judeus
sobre o perverso Hamã e seu plano de extermínio.
- O
acordo de paz entre Israel e os Palestinos que emocionou o mundo (quem não
lembra da imagem mostrando Ytzhak Rabin, primeiro-ministro israelense apertando
a mão de Yassar Arafat, líder palestino, tendo ao centro o presidente americano
Bill Clinton?). Bem, esse acordo aconteceu em 13 de setembro de 1993, ou seja,
3 dias antes do Ano Novo judaico.
- Sete
anos depois (29 de setembro de 2000) começou a Nova Rebelião dos palestinos
contra Israel, às vésperas do Ano Novo Judaico.
-
Agora, o atentado às torres gêmeas americanas, ocorreu 6 dias antes do Ano Novo
Judaico.
- Isso
é muito interessante – disse Eliakim.
- Bem,
daqui a uma semana Israel comemorará outra festa, a dos Tabernáculos. E vai ser
nesse período aqui – o Reverendo apontou com o dedo uma parte do calendário,
situada entre os dias 1.º e 7 de outubro de 2001.
- Quer
dizer que, se algo grandioso relacionado as profecias tiver que acontecer, é
provável que na primeira semana de outubro seja uma data propícia?
- Se
eu tivesse que apostar, apostaria.
Eliakim se aproximou do calendário. Olhou para um jornal
sobre a mesa e disse:
- É
verdade que os americanos estão planejando invadir o Afeganistão?
-
Todos apostam que Osama Bin Laden está escondido lá.
- Se
isso acontecer será, digamos, a primeira guerra do século XXI, ou seja, a
primeira guerra do 3.º Milênio?
-
Certamente – respondeu o Reverendo.
*******
UNIVERSIDADE
GALILEU, PORTO ALEGRE, BRASIL, 2008.
Eliakim apontou novamente para
uma imagem lançada no quadro pelo data-show.
- Olhem para estas figuras:
Já viram algo parecido? Isto é
chamado de cristal de neve. Não existem dois iguais e cerca de 99% deles
possuem a forma hexagonal. Observem melhor e poderão visualizar uma estrela
hexagonal aqui. É fácil demonstrar que existe uma conexão entre os cristais de
neve e a estrela hexagonal. Permitam-me citar dois versículos bíblicos:
“Porque,
assim como a chuva e a neve descem dos céus e para lá não tornam, mas regam a
terra, (...) assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para
mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.”
(Isaias
55.10-11)
“E a
sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve; e os seus olhos
como chama de fogo.”
(Apocalipse
1.14).
O primeiro versículo mostra a
conexão entre a neve e a Palavra de Deus. O segundo mostra a relação entre a
neve e Jesus. O primeiro texto foi escrito em hebraico e o segundo, em grego.
Já vimos a conexão entre a neve e a estrela hexagonal. E já vimos que os
números 37 e 73 são números estrelares hexagonais. Será que existe alguma
relação entre os números 37 e 73 e a palavra NEVE?
Se você procurar a palavra
NEVE, em hebraico, encontrará SHELEG. O valor numérico dessa palavra é
exatamente 333. Já a palavra NEVE, em grego, é CHION. O valor numérico é 1460.
Alguém notou a conexão?
Neve, em hebraico, 333, é
múltiplo exato de 37, e neve em grego, 1460, é exatamente múltiplo de 73.
PROVA
333 =
3 x 3 x 37
1460 =
20 x 73
Como isso é possível? Coincidência
ou projeto? Observem que a estrela
hexagonal é, na verdade, a junção de dois triângulos. O Deus bíblico é
apresentado como uma Trindade Divina, 3 Pessoas em 1 Único Deus. Você não é
obrigado a crer nesse mistério. A Bíblia também ensina que o ser humano possui
uma tríplice constituição: Espírito, Alma e Corpo. Bem, digamos que a estrela
hexagonal simbolize a união entre as duas Trindades (a Divina com a humana).
Se somarmos o valor da palavra
NEVE, em hebraico, 333, com 2368, valor do nome JESUS CRISTO, teremos
exatamente...
2701, o valor do versículo
mais importante sobre a Criação do Universo. Coincidência ou projeto?
A platéia estava extasiada e
perplexa. Miranda permanecia muito sério, torcendo para que aquilo acabasse
logo.
- Vamos ao ...
Exemplo 7 – Os Quatro
Elegantes Cavalheiros.
*******
Jerusalém, julho de 2002.
No Monte das Oliveiras, Eliakim
refletia nas drásticas mudanças pelas quais sua vida tinha passado
recentemente. Naquele momento, ele estava lembrando da última semana de setembro
de 2001.
Eliakim
continuava na casa do Reverendo Kallyson. Este ouviu toda a triste história do
brasileiro e disse que este poderia ficar ali o tempo que quisesse, até se
sentir melhor. Na verdade, o Reverendo vira algo no rapaz, sabia que ele tinha
talento e que poderia ser uma grande bênção na causa do Senhor.
Lembrando das recentes conversas com o Reverendo a
respeito das festas judaicas, Eliakim aproximou-se do calendário e passou os
dedos sobre o mês de outubro, sobre os dias da primeira semana.
“Senhor, se existe algo em mim que ainda preste para ser
usado na Tua obra, se minha vida ainda presta para ser gasta no Teu Reino,
mostra-me um sinal. Perdoa minha incredulidade, mas mostra-me um sinal. Se o
que o Reverendo falou sobre as festas judaicas tem mesmo algum significado,
dá-me uma prova disso.”
1.º de outubro de 2001. O mundo continuava aguardando a
reação americana. Cresciam os rumores da invasão ao Afeganistão.
2 de outubro de 2001. O suspense continuava. Afinal,
quando os Estados Unidos partirão para a ofensiva? Os judeus, em Israel e em
outras partes do mundo, começavam a celebrar a Festa dos Tabernáculos.
3 de outubro de 2001. O mundo com a respiração suspensa e
os judeus se regozijando em sua festa mais alegre.
4 de outubro de 2001. Eliakim continuava atento aos
noticiários. Ao mesmo tempo em Israel, o terceiro dia da Festa dos
Tabernáculos.
5 de outubro de 2001. Rumores cada vez mais fortes. A
guerra poderia começar a qualquer momento.
6 de outubro de 2001. Tudo indicava que nas próximas
semanas haveria mesmo a ofensiva ao Afeganistão. A questão era saber quando.
7 de outubro de 2001. Penúltimo dia da Festa dos
Tabernáculos. Eliakim sente um calafrio na espinha ao ouvir o noticiário
daquela tarde.
- 7 DE
OUTUBRO DE 2001. O PRIMEIRO BOMBARDEIO ANGLO-AMERICANO ATINGE CABUL, CAPITAL DO
AFEGANISTÃO, COMO PARTE DA OPERAÇÃO LIBERDADE DURADOURA. WASHINGTON LIDERA UMA
COALIZÃO MILITAR INTERNACIONAL PARA DERRUBAR O REGIME DOS TALEBANS, NO PODER
DESDE 1996. POUCAS HORAS DEPOIS DO BOMBARDEIO, OSAMA BIN LADEN, CONCLAMA TODOS
OS MUÇULMANOS À GUERRA SANTA, A JIHAD.
- Meu
Pai Eterno!!! – Exclamou Eliakim, olhando para o calendário judaico em suas
mãos.
O sol raiou sobre o Monte das Oliveiras. Eliakim voltou
ao tempo presente. Que mundo estranho. Dez meses atrás ele deixou para trás sua
vida de professor universitário no Brasil, foi abalado por uma tragédia
pessoal, e – alguns meses depois - se tornou um palestrante cristão. Agora,
incentivado pelo seu amigo, o Reverendo Kallyson, tentava convencer as pessoas
de que a Bíblia era verdadeira e que estávamos vivendo os tempos proféticos,
quando Cristo voltaria para estabelecer Seu Reino Eterno, e que cada pessoa
deveria se preparar para encontrá-lO. Inacreditável!
Quantas mudanças drásticas não podem acontecer de uma
hora pra outra na vida de um ser humano? Ele se perguntara várias vezes
enquanto ministrava sobre profecias bíblicas:
“E se a história tivesse tido um outro rumo? E se ele e Ziva
tivessem ficado juntos? O que estariam fazendo agora? Como estariam suas
vidas?”
As noites pra ele estavam longas demais. Muitas vezes ele
passava a noite estudando. Não porque precisava estudar, mas porque o sono não
vinha. A imagem de Ziva continuava diante dele. E o pior de tudo, a imagem de
terror, quando ela se separou dele.
“Senhor, não sei quanto tempo vou agüentar.”
A palestra da noite passada foi bem recebida e um jovem
casal judeu messiânico convidou Eliakim para que passasse um dia com eles, na
sua igreja.
-
Amanhã, teremos uma palestra especial em nossa igreja – informou Daniel Shamir,
ao convidar Eliakim – é um palestrante europeu. Por que não passa o dia
conosco? Tem algum compromisso pra amanhã?
Eliakim hesitou alguns segundos. Apesar de palestrante
ele era meio anti-social. Um sujeito solitário. Misterioso. Seu coração
enlutado explicava tudo isso. Mas, naquele momento, diante daquele casal jovem
e simpático, sentiu que deveria se esforçar e se socializar.
-
Obrigado pelo convite. É um prazer conhecer vocês. Nos vemos amanhã.
Jerusalém,
03 de julho de 2002.
Enquanto se dirigia à igreja messiânica, foi indagado num
assunto que procurava evitar falar a todo custo.
- É
casado, senhor Eliakim?
A pergunta o pegou de surpresa. Olhou para Daniel, que
dirigia o carro, depois voltou a olhar para Ruth, a jovem esposa de Daniel e
respondeu:
- Não.
Parece que o Senhor me privou dessa bênção – respondeu, com certa tristeza.
-
Desculpe-me – Ruth percebeu que havia tocado em alguma ferida recente.
- Sem
problemas. A senhora não perguntou nada de mais.
Era impossível não perceber a tristeza no semblante dele.
- Essa
não! – Exclamou Daniel – talvez hoje não seja um dia muito adequado para o
senhor visitar minha igreja.
- Por
que? – Eliakim, que estava no banco de trás, inclinou-se para a frente, curioso.
- É
que... – Daniel tentava escolher as palavras – é que a palestra hoje é sobre o
livro de Cantares.
- Ah,
sim... – Eliakim entendeu o constrangimento de Daniel – não se preocupem. Eu
vou estar bem.
Mas, no íntimo sabia que não era bem assim.
“Cantares?
Não! Não suporto ouvir esse tipo de palestra. O Senhor precisa me curar dessa
enorme ferida em meu coração.”
Sempre que Eliakim olhava para um casal, via alguma cena
romântica, escutava alguma frase ou música sobre o amor, desabava por dentro. Suas
palestras haviam transformado muitas vidas, por meio dele muitas pessoas
descobriram a alegria de viver, muitos firmaram uma aliança com Deus. Mas seu
coração era um coração enlutado.
Quanto tempo ele iria conviver com aquela tristeza,
aquela amargura, aquele sofrimento sem fim?
A igreja estava lotada. O ambiente era muito alegre. Era
uma igreja pequena, mas muito bem estruturada. Ao redor, várias cortinas nas
cores branca e azul (cores da bandeira de Israel), e no centro, próximo ao
púlpito, um grande candelabro dourado, de 7 lâmpadas. Ele se sentia perdido no
meio de tanta alegria. Os louvores, com ritmos tipicamente judaicos, espantavam
qualquer tristeza, e pareciam trazer a presença de Deus para o meio das
pessoas.
- Meus
irmãos. Temos hoje uma palestra especial, sobre o livro de Cantares. Muitas
pessoas estranham a presença desse livro dentro da Bíblia. Entretanto, isso
decorre de seus preconceitos em relação ao amor, especialmente o puro amor
entre um homem e uma mulher.
O líder da igreja falava em hebraico e um jovem repetia
tudo em inglês, pois havia muitos visitantes naquela noite, muitos turistas e
peregrinos.
Eliakim estava admirado com tanto tipo de gente ali. Na
verdade, nas ruas de Jerusalém, os turistas e peregrinos formavam um mosaico
bem colorido, representando várias nacionalidades.
-
Nosso convidado, ou melhor, nossa convidada, vem da Europa. Foi-nos indicada
por uma congregação de irmãos da Inglaterra.
Uma mulher jovem e bonita aproximou-se do púlpito.
Naquele momento, Eliakim sentiu o chão se abrir. Seu
corpo todo gelou.
-
Jesus Cristo!!!
A palestrante assumiu sua posição no púlpito e disse
algumas palavras introdutórias.
-
Estou feliz por estar em Israel.
Um barulho chamou a atenção da maioria dos presentes.
- O
que aconteceu ali? – Ela perguntou.
Um grupo de pessoas se amontoou num dos cantos do templo.
-
Parece que alguém desmaiou – informou alguém.
- Tudo
bem, meus amigos – o líder da igreja manifestou-se, acalmando a todos – um
senhor passou mal, mas já foi levado para a sala de aconselhamento, onde temos
alguns remédios para primeiros socorros.
O ambiente voltou a ficar em silêncio, e a jovem mulher
começou sua palestra.
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