sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Capítulo 14 – O OUTRO FILHO DA ESCURIDÃO

Sabrina está sentada na praça. Sozinha. Tentava se adaptar naquela nova cidade, onde estava há três meses, mas estava sendo difícil, principalmente porque ela havia deixado grandes amigos em Igarapé Grande. Ela era uma garota inteligente, mas também sofria freqüentemente de depressão. Tinha enviado uma carta para seu amigo Morganne, com uma série de perguntas que demonstrava bem seu atual estado de espírito. Admirava a fé cristã de Morganne, mas não conseguia crer. Para ela Deus era apenas um conceito. Estava entardecendo. O por do sol era um momento adequado demais para quem vivia naquele estado de espírito.

Enquanto meditava nos porquês da vida, uma criança de aproximou e disse:

- Moça, você conhece Jesus? Ele é meu amigo. Este papel fala dele. Você quer?

- Quero, meu bem. Obrigada – Sabrina ficou olhando admirada a criança que continuou a correr na praça. Devia ter uns 6 ou 7 anos. Ao longe, ela avistou um rapaz que segurou na mão da criança e deixou a praça. Devia ser o pai dela. Então, a garota conhecida entre os SETES como “Francesa” resolveu ler o panfleto religioso. A mensagem contida ali falava da vontade de Deus para com a humanidade. Enquanto lia, Sabrina pensava: “Ah, se isto fosse verdade”. Então de repente uma rajada de vento derrubou o folheto. Ela tentou pegá-lo, e ao conseguir ia continuar a leitura quando uma coisa a deixou perplexa. Havia 7 manchinhas vermelhas marcando 7 letras. Exatamente as letras S-A-B-R-I-N-A.


Ela virou o folheto. Do outro lado, havia também 7 manchinhas. Desta vez marcando as letras que formavam a frase: E-U-T-E-A-M-O.

Ela sentiu uma brisa suave tocando em seu rosto. De repente, começou chorar.

*******

         - Deus gosta mesmo de charadas – disse Scapelly, sorrindo, logo que Sabrina concluiu seu testemunho.

         - Mas por que essas coisas aconteceram, Morganne? – Perguntou Wendy – Aqui temos pelo menos duas histórias de amor absurdamente incríveis (ao falar isso olhou para Markus e Malena) – Eu sei que, neste exato momento, em alguma parte do mundo, outras histórias de amor mais do que estranhas devem estar acontecendo com outras pessoas. Mas o que me deixa intrigada é que, de alguma forma, eu, Arthur, Malena e Markus temos uma ligação direta com o Grupo7.

         - Pois é. Para quem não sabe, Malena é prima de minha mãe – esclareceu Alanna.

         - Coisas esquisitas – disse Diego Draconne – só mesmo no Grupo7.

         - Mas ainda temos uma outra história de amor e mistério para contar – disse Morganne, olhando em direção a um outro jovem casal, que até àquele momento não tinha falado nada – É a vez de vocês, Juliana e Max.

         O jovem casal se levantou e caminhou até o centro daquela sala.

- Eu estava a um passo do abismo – Disse Juliana – sem esperança na vida eterna, e achando que a única pessoa que eu amava estava morta, minha vida não fazia mais sentido. E, naquela noite quase trágica...

*******

Juliana sobe ao parapeito da ponte. E prepara-se para saltar. Ela se joga.

Ela se joga, mas alguém a segura antes da queda fatal.

- Não faça isto! Eu amo você!

Ela começa chorar.

- Me deixe morrer!

- Nunca! Eu preciso de você.

O misterioso salvador puxa Juliana de volta para a ponte. Então ela pode ver o rosto do misterioso homem que a livrou de uma inútil tragédia.

- Quem é você? O que quer comigo?

- Juliana, Deus me enviou para salvar você. Ele tem um lindo plano para sua vida e queria que você soubesse disso.

- Deus? Deus não existe. Não há esperança para ninguém. A melhor solução é a morte – ela tentava se soltar, mas aquele homem moreno e de olhos misteriosos estava firme.

- Não! Por que você quer fazer isso?

- Você não tem nada com isto. Me larga!

- Olhe para mim! – Ele falou com um tom tão diferente e forte que fez Juliana parar.

Então ela fixou seus belos olhos castanhos nos olhos misteriosos daquele desconhecido.

- Você não quer morrer – disse ele, sem piscar – antes de se jogar da ponte você pediu em pensamentos para que Deus se revelasse. Você clamou em pensamentos: “Deus! Se Tu existes te manifesta a mim agora, pois vou morrer!”

Juliana se joga nos ombros do desconhecido e passa a chorar mais ainda.

- Querida, Jesus chorou para que você não vertesse mais lágrimas de desespero. Está chegando a hora da purificação do Universo e Deus procura jovens como você para realizar a mais maravilhosa das missões.

- Por que Ele deixou meu amor morrer?

- Querida, seu amor não está morto.

- Como???

Alguns minutos mais tarde, Juliana estava sentada numa praça, enquanto ouvia aquele homem desconhecido, que havia se tornado seu anjo da guarda.

- Você tem sido uma jovem muito brilhante, Juliana. E tem se atormentado em busca do sentido da vida. Deus anda a procura de pessoas que estão em busca da verdade. Você e seu amado precisam se entregar nas mãos de Deus e deixar que Ele dirija suas vidas. Vocês estão na Universidade com um propósito, mas Deus tem um propósito maior para vocês – e dentro da Universidade. Está havendo um recrutamento tenebroso entre os jovens de nossa geração. Uma misteriosa força do mal está seduzindo nossos jovens e nem é preciso provar isso. Qualquer um que pare um pouco e observar a trágica realidade que nos cerca, não tem como ter fé na atual juventude.

Quando Adolf Hitler se preparava para iniciar a matança de 18 milhões de pessoas, incluindo 6 milhões de judeus, ele precisava de jovens que estivessem dispostos a "puxar o gatilho". Se os rapazes e moças alemães não estivessem dispostos a participar do Holocausto, Hitler não teria condições de executá-lo. No entanto, para a satisfação de Hitler, muitos rapazes tinham perdido a sensibilidade, ficaram emocionalmente embrutecidos, por meio de vários elementos na sociedade alemã, alguns anos antes mesmo dele assumir o poder na Alemanha.

Atualmente, nossos jovens estão sendo novamente embrutecidos (perdendo a fé e a sensibilidade), e isto está sendo alcançado por todos os meios de comunicação: TV, rádios, revistas, jornais, computadores, para citar apenas alguns. Por essa razão Deus tem uma preocupação muito grande com jovens apaixonados, pois de certa forma, eles ainda não perderam a capacidade de amar, e justamente esses, os poderes das trevas tem tentado tirar de circulação, induzindo-os ao suicídio.

- Mas Lorenzo está morto. Ele sofreu um acidente trágico que...

- Nunca perca as esperanças, minha querida! Deus é grande! E para Ele tudo é possível.

*******

- O fato é que logo depois aquele misterioso homem desapareceu e nunca mais o vi. Mas suas palavras fizeram algo novo brotar em meu coração. Mesmo imaginando Max morto, eu não conseguia sentir tristeza, pois algo maior agora habitava em mim.

Pensando em tudo que o estranho homem havia me contado, procurei uma igreja que tivesse algum trabalho especial com jovens. Fiquei impressionada com tudo que passei a testemunhar. Dezenas de casos de jovens à beira da morte sendo resgatados pelo amor de Jesus.

E, depois de algum tempo, através de várias circunstâncias vim parar em Porto Alegre. E ao participar de uma conferência, quem encontro lá? – E ela olha para Max - O morto que voltou a viver. Como é que pode isso?

- Será que o misterioso salvador não poderia ser um anjo? – Perguntou Sabrina.

- Quem sabe? – disse Juliana, sorrindo.

         James Anderson levantou a mão e disse:

- Como Sabrina expôs há poucos minutos, as doenças depressivas têm aumentado (e tem atingido inclusive os jovens). Ao mesmo tempo os meios de comunicação tem investido fortemente – e negativamente, diga-se – para embrutecer de vez a juventude mundial. Portanto, nossa missão é urgente. Aqueles que ainda estão na Universidade devem se esforçar o máximo para salvar essa geração perdida, tendo misericórdia deles e - como diz o livro de Judas – “arrebatando-os do fogo”. Nossa maior missão é resgatar essas pobres almas das garras do vindouro governo anticristão, e acender em seus corações as chamas da Esperança.

- Concordo plenamente – disse Juliana.

Naquele momento Morganne se levantou e, olhando para Zoe, ou seja, Wendy, disse:

- Alguma coisa está martelando dentro da minha mente, dizendo que há ainda um enigma que não foi esclarecido. Não é incrível que tantas pessoas que estiveram próximas da morte (= impelidas por demônios de depressão) estejam juntas hoje? Será que há alguma ligação entre vocês, digo, Wendy, Juliana e Malena? Vocês nunca haviam se encontrado antes. Estão se conhecendo pela primeira vez aqui, mas suas histórias são estranhas demais. Creio que há algo mais por ai.

- Algo sobrenatural? – Perguntou Giovanna.

- Sim. Algo do tipo – concordou Morganne.

- É incrível mesmo – disse Wendy - um ex-colega de Universidade me disse certa vez que, quando fatos estranhos e semelhantes acontecem a pessoas diferentes significam que elas possuem alguma ligação espiritual.

- Que coisa extraordinária – exclamou Malena – meu primo costumava me dizer a mesma coisa. David tinha umas idéias esquisitas...

- Você disse David? – Perguntou Wendy intrigada, pois sentiu uma coisa estranha em seu espírito, algo como um alerta de Deus – como era o nome completo desse seu primo?

Malena ficou surpresa com aquela pergunta, e os outros jovens também ficaram inquietos.

- Não me lembro bem. Era algo parecido com a palavra “vida” em inglês.

- Life? – Sugeriu Magry.

- Não, quase isso. Talvez o verbo “viver”...

- Live? – Insistia Magry.

Wendy estava tensa.

- Sim – disse Malena, com um notável brilho nos olhos – sim, agora me lembrei. Lived! David Lived, cujo sonho era ser um rabino.

- Meu Deus! – Wendy tremia – Que coincidência estranha!

- David Lived!? – Sabrina se levanta – ora, ele não é atualmente o mais jovem cardeal do Vaticano? Lembro-me que numa reunião citamos o nome dele.

- Caracas! – Exclamou Scapelly – mais coincidências?

- Não creio que sejam coincidências – disse Morganne.

- Tive um colega de classe com esse nome há muitos anos (ainda no Colegial), e a única lembrança que tenho dele eu preferia nem falar – disse Juliana, o que deixou aqueles jovens ainda mais perplexos.

Que poder ou que mistério haveria por trás de um nome como aquele? Por que David Lived deixou os “SETES” em grande tensão?

- Que estranho – disse Morganne, após alguns minutos em que um certo clima pesado pairou sobre aquele ambiente, onde, meia hora atrás, estava contagiado pela alegria – alguém mais tem algo a dizer sobre esse tal Lived?

Como ninguém dissesse mais nada, Morganne prosseguiu:

– Observem bem mais essa coincidência: As pessoas que conheceram esse Lived (e que pensam se tratar da mesma pessoa), foram as mesmas que viveram histórias quase trágicas e misteriosas, e que nós todos ouvimos há poucos minutos. Wendy, Malena e Juliana viveram em lugares diferentes e todas conheceram David Lived. Poderia haver algum significado nisso tudo?

- Com certeza, caro amigo – disse James Anderson – quais coincidências são sem significados quando envolvem nossos amigos? Nenhuma! Todas têm algo a nos ensinar, e Deus trabalha também nas coincidências. Vamos tentar juntar essas peças. Juliana, você disse que a lembrança que possui desse Lived é muito desagradável. Poderia nos explicar melhor?

A jovem hesitou durante alguns segundos, mas logo falou:

- Como disse, preferia nem lembrar, mas se tem alguma importância para os SETES falarei com prazer. Conheci David Lived, um judeu naturalizado italiano, há mais de 10 anos, quando morava na Itália.

*******
- Olá, Juliana. Está pronta para apresentar aquele trabalho de História?

A jovem, que conversava com outras moças, virou-se, sorriu, e respondeu:

- Oi, David. Sim, estou preparada. Não fiz outra coisa no final de semana. Meus pais ficaram até preocupados, pois me tranquei no quarto um dia inteiro.

O rapaz, cujos olhos transmitiam um brilho esquisito – os estudantes não gostavam de fitá-los – sorriu e disse:

- Bom, já que seu final de semana foi estressante, que tal passear comigo na fazenda do meu tio no próximo Sábado?

- Sábado? Mas você não é judeu?

- Sou filho de judeus – disse David, sorrindo – mas não sou tão radical com relação aos mandamentos de Moisés. De qualquer forma, iremos apenas passear, não procurar trabalho.

A fazenda dos tios de David era realmente encantadora. Juliana levou mais duas amigas (Paloma e Judite) e juntas se divertiram bastante. No final do dia, David as convidou para brincarem de esconde-esconde. Eles estavam no pleno vigor da adolescência e amavam a vida. Os quatro jovens se separaram e cada um se escondeu em uma parte diferente no lado mais sombrio daquela fazenda. Então Juliana se perdeu. Quanto mais tentava encontrar o caminho de volta, mais se aprofundava naquela floresta. Faltava pouco para o entardecer. Ela começou a clamar por socorro, sem contudo ouvir resposta nenhuma. Só havia aceitado aquela brincadeira, porque achava que a fazenda era pequena e bem cercada. Mas agora tinha a impressão que estava no centro de uma floresta gigantesca.

Ela para um pouco e tenta ouvir alguém, ou algo, qualquer som. Mas tudo estava quieto demais. Nem os pássaros cantavam. Então, repentinamente, ouviu um cântico. Mas era um cântico estranho, sinistro. O medo apertou ainda mais o coração de Juliana. Mesmo assim, ela resolveu seguir a direção daquele som esquisito. Com o coração aos pulos, aproximou-se devagar e temerosa. O som aumentava cada vez mais, e como era sinistro. Tinha a impressão de ser um cântico religioso fúnebre. Mas por que ali e naquela hora? Será que existia alguém morando por ali, além dos tios de David?

A passos cada vez mais lentos e prudentes, Juliana aproximou-se do local, onde muitas pessoas estavam cantando. Então ela chegou e viu. Viu e ficou paralisada. Paralisada de terror! Petrificada de pavor! Ela tentava gritar, mas nenhum som saia de sua garganta.

À sua frente estavam 6 figuras encapuzadas ajoelhadas diante de um ídolo horrível, uma espécie de dragão. Sobre o dragão havia duas moças nuas, que, pareciam embriagadas, pois se esfregavam uma na outra e gritavam frases obscenas, enquanto pareciam cavalgar o dragão. Cada uma tinha uma taça nas mãos com um liquido vermelho parecendo sangue. Juliana estava chocada: eram Paloma e Judite! Ela procurou se conter a todo custo a fim de evitar um grito. Um dos encapuzados aproximou-se do dragão, fez certa reverência e ofereceu-lhe algo. Juliana ficou mais uma vez horrorizada. Era David Lived. E o que ele tinha nas mãos como oferenda era estarrecedor: uma criança morta, toda ensangüentada.

Ela procurava forças para sair dali, e pediu a Deus para lhe mostrar o caminho de volta. Mas antes de sair ouviu quando David falou:

Está na hora de procurarmos ela. O mestre a deseja e está ordenando que façamos isso.

Juliana entendeu que aquilo só poderia se referir a ela. Então suas forças voltaram e ela correu. Correu desesperada e clamando a Deus por misericórdia. Quinze minutos depois, já bastante ofegante, sentia que não iria conseguir. Então chegou numa parte elevada e escorregou. Saiu rolando floresta adentro, até que bateu com a cabeça numa pedra e tudo escureceu.

Dois dias depois. Ela abre os olhos. Ao redor há uma luz fortíssima. Vê muitos seres de brancos se aproximando. Ela tenta raciocinar. Teria morrido e estava no céu? Então as imagens tornam-se claras: ela estava num hospital.

- Meu Deus! O que aconteceu? Papai? Mamãe?

- Tudo bem, querida – respondeu um homem magro e olhos fundos, aparentando quase quarenta anos – está tudo bem. Agradeça a seu amigo David...

- David? – Juliana treme ao pronunciar aquele nome.

- Sim, um jovem corajoso – continuou o pai de Juliana, sem perceber o medo nos olhos dela – estava já muito escuro, e você não aparecia. Ele, suas amigas e os tios a procuraram por toda parte. Pensando em alguns animais selvagens que há naquela região, seus amigos começaram a temer o pior. Então David resolveu se embrenhar na floresta, sozinho e horas depois a encontrou desmaiada, próximo a uma grande pedra. Ele entendeu que você havia escorregado, pois o terreno era muito inclinado. Durante esses dois dias você esteve com uma febre altíssima e delirando o tempo todo, dizendo palavras sem sentido.

- Que palavras?

- Do tipo: “Dragão! Dragão! Deus, me livre do Dragão! Tenho medo! Tenho medo de David! Ele vai me pegar também!”, etc. O que é que uma febre não faz com a cabeça da gente – concluiu o pai de Juliana, sorrindo.

Ela ficou quieta. Tentava organizar os pensamentos. Será possível que tudo aquilo foi apenas um pesadelo, uma conseqüência da pancada? Quando saiu do hospital e voltou para o Colégio, Juliana foi recebida com uma festa. E David estava na frente. Ela tentou fitar os olhos dele por alguns minutos, mas ele não permitiu. Desviando o olhar, o rapaz aproximou-se e a abraçou, dizendo:

- Juliana, minha querida, que bom que você está de volta. Ficou nos devendo aquela brincadeira.

- É mesmo – disse Paloma, aproximando-se – tentou se esconder muito longe e quase que não era achada.

Durante muito tempo Juliana viveu pensativa: foi um pesadelo ou realidade? Então, um dia seus pais resolveram tentar uma melhoria de vida na América do Sul, e ela veio para o Rio de Janeiro, onde fez faculdade de Direito, e onde conheceu o jovem Lorenzo.

*******
- E o restante da história vocês já conhecem – disse Juliana – Eu e Lorenzo começamos a namorar e nosso amor quase termina em tragédia shakesperiana.

- Menina, você já viveu cada história maluca – disse Morganne, pensativo – e nunca mais ouviu falar desse misterioso David Lived?

- Não, até hoje, quando vocês me levaram a lembrar.

- O que vocês acham dessa história, meus amigos? – Perguntou Morganne, olhando ao redor.

- Vamos ouvir o que Malena e Wendy tem a dizer – lembrou Magry.

- Quando eu cursava a Universidade nos Estados Unidos havia um tipo misterioso chamado exatamente de David Lived – esclareceu Wendy – e ele era de origem judaica. Não éramos amigos, mas nos falávamos de vez em quando. Não me lembro de nada digno de registro envolvendo ele.

- E a senhora Malena? – perguntou Morganne, sorrindo.

- Como já disse, tenho um primo judeu chamado David Lived. Ele é filho do tio que armou toda aquela trama sinistra, para ficar comigo. David, ainda adolescente, tinha umas idéias esquisitas. Como por exemplo, um dia ele me perguntou: “e se Satanás for o verdadeiro Deus do Universo e os escritores da Bíblia é quem inverteram a história?” Fiquei assustada com essa interrogação, e retruquei: Como assim, David? Sabemos que O Deus de Israel é o Verdadeiro Deus, e que Ele se revelou à Moisés no Monte Sinai.

E David continuou: “Mas por que esse Deus tem permitido que seu povo sofra tanto? Eu estou disposto a entregar meu coração para Aquele que conseguir dar paz e sossego ao nosso povo tão sofrido, seja ele quem for.” Desse dia em diante, passei a ter um certo medo de David e não conversamos mais.

- Esse David me faz lembrar certa pessoa – disse Sabrina.

- Quem? A Besta? – Perguntou Michele.

- Quem mais? Ele é judeu, tem simpatia por Satanás, é inteligente, e de acordo com a estranha história de Juliana, não precisamos dizer mais nada.

- Acho que ele está mais para o papel do Falso Profeta, ou seja, a Segunda Besta, pois atualmente não é um cardeal bastante jovem e na fila de sucessão do atual Papa? – Opinou James Anderson.

- O que faremos com esse conhecimento? – Perguntou Morganne.

- Bem, acho que devemos continuar realizando nossa missão e observar o cumprimento das profecias – disse Wendy. Se David é a Segunda Besta, a Primeira também deve estar por aí, mas não podemos fazer nada contra nenhuma delas.

A opinião de Wendy era correta. Se David fosse mesmo o aliado do demônio (como está previsto nas profecias) o que se poderia fazer contra ele, quando os profetas dizem que SÓ CRISTO DESTRUIRÁ AS DUAS BESTAS NA SUA MANIFESTAÇÃO EM GRANDE PODER E GLÓRIA? Mas Morganne estava pensativo. Algo o intrigava:

- É verdade que não podemos fazer nada contra esses filhos das trevas, mas por que pessoas envolvidas com o Grupo 7 tiveram alguma ligação com esse tal Lived? Se fosse só um dos nossos amigos já causava admiração, mas tanta gente. Por que Wendy foi colega dele na Universidade? Por que Juliana o conheceu bem de perto? E por que Malena (que é parente de nossa amiga Alanna) é também prima dele?

- Gente, descobri uma coisa – disse Magry eufórica – Pronunciem Lived ao contrário.

- LIVED é DEVIL...DEVIL?! – Espantou-se Morganne, juntamente com os outros SETES que soletraram o esquisito nome de trás para a frente.

- Sim, Devil, ou seja, DIABO em inglês. Seria apenas coincidência?

- Que estranho – disse Malena – eu sempre achei esquisito esse sobrenome da família de David, pois não combinava com nenhum dos nossos parentes.

- Bem, só nos resta continuar a proclamar a chegada do Reino de Deus, explicando as profecias para o povo e ficar de olho nesse Lived – disse Morganne – podem ter certeza de uma coisa: os SETES ainda estão para viver a aventura mais extraordinária antes que Jesus volte!

*******

Naquele momento, na cidade de Roma, distante dali em milhares de quilômetros, um jovem estava preocupado com as noticias que lia no jornal do dia. Alguém bateu na porta e interrompeu sua concentração.

- Com licença, senhor Nommed. Há um cardeal querendo falar-lhe.

- Um cardeal? – o jovem deixou escapar um sorriso forçado – mande esse ancião entrar.

- Desculpe, senhor. Não é um ancião. É um cardeal jovem. Muito jovem.

Então Nommed sorriu de forma enigmática e sinistra.

- Mande-o entrar, caro amigo. E depois, não nos interrompa por nada. Se alguém ligar diga que só será possível falar comigo à noite.

O criado se retirou e alguns minutos depois, um homem, trajando vestes características do cargo que ocupava, adentrou a sala e ficou paralisado ao olhar o jovem político que continuava sentado.

Nommed se levantou e se aproximou do recém-chegado, que continuava como que hipnotizado.

- Eu me perguntava quando afinal você iria aparecer – disse Nommed, sorrindo.

Então, repentinamente, o jovem cardeal se lançou ao chão, e com uma reverente atitude de adoração, exclamou:

- Meu Senhor e Meu Deus!!!


Constantine Nommed sorriu silenciosamente. Seu reino estava começando.

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