segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Capítulo 9 – MEU AMOR, MEU CARRASCO

Numa certa Universidade no Rio de Janeiro...

Vandevil estava muito chateado. Sua sala de aula estava entupida de gente naquele dia. A notícia de que uma aluna havia desafiado seu professor se espalhou como fogo na palha seca dentro daquela Universidade.

Leona Stanley preparava-se para apresentar sua tese. Ela aproximou-se do quadro negro e escreveu o número 73.

- Professor, eu disse na semana passada que a matemática é uma bela prova da perfeição de Deus.

- E eu disse que Deus não tem nada a ver com isso. Ele não existe, é pura e simplesmente o nome que damos a uma ilusão que nos traz algum conforto – falou Vandevil, com visível irritação.

- Bem, você pode pensar como quiser, mas não pode querer ignorar os fatos. Agora gostaria de chamar a atenção de vocês para este número – Leona voltou-se para a classe – O que o número 73 tem de interessante, ou melhor, de incrível?


Como ninguém ousou dizer nada, ela prosseguiu:

         - Observem. 73 é um número primo. 7 x 3 é igual a 21 e o 21.º primo é justamente 73.

         “Grande coisa!” Pensou Vandevil.

         - 73 é primo e seu inverso, 37 também é primo. Acontece que, se 73 é o 21º primo, 37 é o 12.º (ou seja, o inverso). 73 é o único número formado por dois algarismos, onde:

         Ele é primo;
         Seu inverso é primo;
         E cada um dos seus algarismos também é primo.

         Mas agora gostaria de chamar a atenção de vocês para 14 fatos matemáticos e bíblicos impossíveis de serem contestados. Serão simplesmente coincidências ou possuem algum significado? As explicações podem ser contestadas. Os fatos não.

Fato número 1 – Os números mais significativos da Bíblia e que aparecem abundantemente no texto sagrado são 3 e 7 e, geralmente, os dois costumam aparecer na mesma passagem. Exemplos:

a) O livro de Gênesis começa com o mundo sendo criado em 7 dias, e Deus vendo 7 vezes que aquilo era bom. E nesses 7 dias, 3 vezes diz que Deus “criou” (Gn 1.1, 21 e 27), 3 vezes diz que Deus “fez” (Gn 1.7,16,25); 3 vezes Deus nomeia as coisas (Gn 1.5,8,10); 3 vezes Deus separa ou divide (Gn 1.4,7,18);  e 3 vezes Deus abençoa (Gn 1.22,28 e 2.3).

b) Duas vezes no Egito José interpreta sonhos. No 1.º, existem vários 3:

- TRÊS sarmentos;
- TRÊS dias;
- TRÊS cestos;
- TERCEIRO dia.

No 2.º sonho, quem predomina é o número 7:

- SETE vacas gordas;
- SETE vacas magras;
- SETE espigas cheias;
- SETE espigas mirradas;
- SETE anos de fartura;
- SETE anos de fome.

c) No livro de Jó diz que ele tinha 7 filhos e 3 filhas. E numa só passagem diz que ele tinha 7 mil ovelhas e 3 mil carneiros. Novamente, 3 e 7. Depois, quando a desgraça dele começa, aparecem 3 “amigos da onça” que ficam sentados ao redor dele durante 7 dias. No final da história, Jó volta a ter outros 7 filhos e 3 filhas.

d) O Evangelho de João diz que, na 3.ª aparição de Jesus após Sua Ressurreição, Ele foi visto por exatamente 7 discípulos (João 21).

e) Os 3 amigos de Daniel foram lançados na fornalha (acesa 7 vezes mais).

f) As 7 festas judaicas apresentadas no livro de Levítico deveriam ser celebradas em 3 meses diferentes. Ou seja, três vezes no ano todo judeu se apresentaria diante do Senhor para celebrar as 7 festas.

g) Os rituais de purificação em Israel costumavam ser realizados no 3.º ou no 7.º dia.

“Ao terceiro dia o mesmo se purificará com aquela água, e ao sétimo dia se tornará limpo; mas, se ao terceiro dia não se purificar, não se tornará limpo ao sétimo dia.” (Números 19.12).

“Também o limpo, ao terceiro dia e ao sétimo dia, a espargirá sobre o imundo, e ao sétimo dia o purificará; e o que era imundo lavará as suas vestes, e se banhará em água, e à tarde será limpo.” (Números 19.19).

“Acampai-vos por sete dias fora do arraial; todos vós, tanto o que tiver matado alguma pessoa, como o que tiver tocado algum morto, ao terceiro dia e ao sétimo diapurificai-vos, a vós e aos vossos cativos.” (Números 31.19).

h) No capítulo 3 do Evangelho de João, Jesus fala 3 vezes e Nicodemos 3 vezes; no capítulo seguinte, Jesus fala 7 vezes e a samaritana 7 vezes.

i) Na história de Sansão:

“Disse-lhes, pois, Sansão: Permiti-me propor-vos um enigma; se nos sete dias das bodas o decifrardes e mo descobrirdes, eu vos darei trinta túnicas de linho e trinta mantos;
(...)
Então lhes disse: Do que come saiu comida, e do forte saiu doçura. E em três dias não puderam decifrar o enigma.” (Juízes 14.12 e 14).

“Disse-lhe ela: como podes dizer: Eu te amo! não estando comigo o teu coração? Já TRÊS vezes zombaste de mim, e ainda não me declaraste em que consiste a tua força.
(...)
Então ela o fez dormir sobre os seus joelhos, e mandou chamar um homem para lhe rapar as SETE tranças de sua cabeça.” (Juízes 16.15 e 19).

Fato número 2 – Os dois dias mais citados na Bíblia são justamente o TERCEIRO e o SÉTIMO.

E Leona apanhou uma cartolina e colou no quadro.



Quant.
de versículos
Quant.
de versículos

TOTAL
SETE DIAS
SÉTIMO DIA
92
48
140
TRÊS DIAS
TERCEIRO DIA
61
48
109
UM DIA
PRIMEIRO DIA
24
47
71
DOIS DIAS
SEGUNDO DIA
12
15
27
OITO DIAS
OITAVO DIA
06
21
27
SEIS DIAS
SEXTO DIA
19
06
25
DEZ DIAS
DÉCIMO DIA
11
13
24
QUATRO DIAS
QUARTO DIA
04
08
12
CINCO DIAS
QUINTO DIA
03
09
12
NOVE DIAS
NONO DIA
00
05
5

- Meus amigos, esta pesquisa feita na versão bíblica conhecida como King James (a mais conceituada Bíblia da língua inglesa).

Fato número 3 – Caso não saibam, a Bíblia foi escrita em duas línguas alfa-numéricas. Isto é, o alfabeto hebraico e o grego possuíam valores numéricos, pois os antigos hebreus e gregos ainda não conheciam os sinais que representam os algarismos, tais como usamos hoje. Assim, se cada letra possui um valor numérico, conseqüentemente, cada palavra tem um valor. Isso é verdade, professor? – Vandevil, mesmo com um semblante não muito agradável, balançou a cabeça afirmativamente.

Satisfeita, Leona continuou:

- Fato número 4 – O primeiro versículo da Bíblia, a frase mais importante sobre a criação do Universo, foi escrita, originalmente, com 7 palavras e 28 letras (4 x 7). E seus valores numéricos são (ela pregou outra cartolina no quadro):


Fato número 5 – O valor total da primeira frase da Bíblia, em hebraico, é 2701, justamente o resultado da multiplicação de 37 por 73 ou seja:

2701 = 37 x 73.

Fato número 6 – O valor 2701 somado com o seu inverso (1072) dá exatamente: 3773.

Fato número 7 – 3773 é a mesma coisa que 7 x 7 x 77.

Fato número 8 – Juntando os sete valores da primeira frase bíblica, descobrimos que é um número divisível exato por 37.

913203086401395407296 = 24681164497335011008 x 37

Fato número 9 – Se retirarmos um algarismo de cada um dos 7 valores (913203086401395407296), restará: 91 20 08 40 39 40 29. Este número também é divisível exato por 37.

91200840394029 = 2464887578217 x 37

Fato número 10 – Se retirarmos mais um algarismo do valor anterior (91200840394029), teremos: 9204342. Será que este também é divisível exato por 37? Incrivelmente, este número é divisível tanto por 3 como por 7 e ainda por 37:

9204342 = 248766 x 37
9204342 = 1314906 x 7
9204342 = 3068114 x 3

Fato número 11 – As 7 palavras contém um valor (2701), que é 37 x 73; se cortarmos as duas palavras das extremidades (1.ª e 7.ª), os valores restantes (203 + 086 + 401 + 395 + 407), resultarão em 1492, que é:

373 + 373 + 373 + 373

Fato número 12 – Cortando mais duas palavras (uma de cada extremidade), deixando apenas as três centrais (086 + 401 + 395), termos o valor de 882, ou seja:

(3 x 7 x 7 x 3) + (3 x 7 x 7 x 3)

Fato número 13 – Qual o menor e o maior número que podemos formar, usando todos os algarismos do valor total das 7 primeiras palavras da Bíblia (2701)?

Menor número – 0127
Maior número – 7210

Soma dos dois: 0127 + 7210 = 7337.
Novamente eles! 3 e 7!

Fato número 14 – O valor numérico das três palavras mais importantes da frase (DEUS, CÉUS e TERRA), que são justamente os três substantivos do texto, é:

086 + 395 + 296 = 777

Este número (777) já é incrível e seus fatores (3 x 7 x 37), mais ainda.

Bem, como eu disse anteriormente, estes fatos numéricos e matemáticos são incontestáveis, e pela grande quantidade deles encontrada, é altamente improvável que sejam apenas coincidências. De qualquer forma o que vimos aqui não chega nem “nas unhas” da tonelada de fatos numéricos já encontrados na Bíblia por diversos estudiosos.

Só pra finalizar este capítulo: Quantas vezes, num dia, o salmista orava a Deus?

“De tarde, de manhã e ao meio-dia me queixarei e me lamentarei; e ele ouvirá a minha voz.” (Salmo 55.17)

TRÊS VEZES!!!

E quantas vezes, num dia, o salmista louvava a Deus?

“Sete vezes no dia te louvo pelas tuas justas ordenanças.” (Salmo 119.164)

SETE VEZES!!!

Pois é!

         Leona terminou sua demonstração e foi bastante aplaudida. Então, ela voltou-se para o professor Vandevil e disse:

         - Como vê, amado professor. Você pode até negar a minha interpretação dos fatos (de que a matemática é uma bela prova da perfeição divina), mas será impossível contestar os fatos apresentados. São fatos. E são matemáticos.

*******

Giovanna seguia pensativa quando foi abordada por um ancião.

- Moça, preciso falar com você urgentemente e em um local reservado. Por favor, é uma questão de vida ou morte de milhares de pessoas. Eu tenho as respostas às perguntas que estão atormentando sua mente. Diga um local e um horário imediato.

Giovanna ficou apavorada. O olhar do ancião era penetrante e misterioso. Mas se ele sabia alguma coisa do que estava acontecendo, valia a pena correr riscos. De qualquer forma, Giovanna não era uma ingênua e ficaria em estado de alerta.

- O parque infantil do outro lado do quarteirão, daqui a quinze minutos.

- Obrigado. Por favor, fique com isto.

O ancião se retirou olhando desconfiado ao redor e deixando um estranho medalhão nas mãos de Giovanna. O medalhão da Ordem dos “SETE”. Giovanna afastou-se um pouco, e após certificar-se de que não havia ninguém por perto, pegou o celular.

- Alô? Anderson? Por favor, escute o que vou dizer, com a máxima atenção.

*******

IDADE MÉDIA, ANO 1428.

Samuel estava pasmo.

A porta da gaiola foi então aberta e a jovem sorridente saiu com toda tranqüilidade, levantou a mão direita e deixou Samuel ainda mais espantado.

- Surpreso, meu querido? – Ela apontou uma besta para o atônito Samuel. Apontou e disparou, sem piedade. Samuel não conseguiu evitar a flecha. Foi atingido e caiu.

Samuel tentou se desviar da perigosa flecha, mas estava tão surpreso com a reviravolta dos acontecimentos que seus reflexos ficaram muitos lentos. Por mais rápido que ele tentou ser, não conseguiu evitar a flecha, que o atingiu, mas – felizmente - no braço esquerdo – quase no coração.

Ele ficou quieto, dando a impressão de que estava morto. Sua inimiga se aproximou. Samuel conseguiu perceber que ela estava colocando uma nova flecha na besta – certamente para lhe dar o tiro de misericórdia. Mas o destemido pregador não deixou que isto acontecesse, e assim que ela se aproximou, ele a derrubou de forma violenta. Ela bateu a cabeça numa das muitas máquinas de tortura e desmaiou.

Samuel levantou-se e – trincando os dentes – arrancou a flecha do braço. Ele tentou estancar o ferimento enquanto procurava entender os estranhos acontecimentos. A moça na gaiola NÃO ERA LILANDRA, mas uma aliada dos inquisidores – talvez uma amante deles. Eles tentaram iludi-lo, mas a coisa ocorreu de forma diferente. E onde estaria Lilandra agora? Samuel sentiu um calafrio em imaginar o que poderia estar acontecendo. Os inquisidores geralmente torturavam as mulheres, estuprando-as. Depois, para impedi-las de denunciá-los ao povo ou a algum sacerdote ainda cristão, acusavam as pobres de bruxaria, forjavam provas e induziam o povo a queimá-las, em praça pública.

Não seria a toa que muitos anos depois os historiadores haveriam de batizar aqueles tempos horríveis de IDADE DAS TREVAS.

Samuel sabia que precisava sair dali depressa. O inquisidor-chefe estava preso debaixo da grande foice, um inquisidor estava morto (com um punhal sobre o pulmão), mas o terceiro (ferido na mão) havia fugido. A mulher diabólica continuava desmaiada.

Ele precisava encontrar Lilandra e levá-la para a Alemanha, o único país que podia dar alguma segurança para aqueles “hereges”.

*******
Giovanna aproximou-se de um banco onde se encontrava o ancião. Sentou-se ao lado dele, dizendo:

- Pronto. Estou aqui. Pode falar o que o senhor deseja.

O ancião, olhando mais uma vez ao redor, e respirando com certa dificuldade, começou a falar:

- Você sabe o que significa o medalhão que deixei em suas mãos?

- Não. Apesar de ter o desenho de um número relacionado às coisas que eu e meus amigos pesquisamos, não entendo o que possa significar.

- É o medalhão da Ordem dos “SETE”. Somos uma organização de pesquisas muito antiga – desde os tempos do sábio Daniel – e temos conseguido permanecer em segredo durante todo esse tempo – pois nossas pesquisas são altamente perigosas e de conseqüências imprevisíveis. Nem mesmo Morganne, em suas pesquisas sobre o número 7, foi capaz de chegar até nós.

- Você conhece Morganne?

- Mais do que você imagina. Mas com certeza, em breve, você conhecerá toda a verdade sobre nossa Ordem. Por enquanto, tenho um assunto muito grave e urgente. Talvez eu seja o único sobrevivente da Ordem. Na verdade, a Ordem nem existia mais desde o período da 2.ª Guerra Mundial. Mas em 1967, um dos membros da comissão que estuda os pergaminhos do Mar Morto encontrou um pergaminho misterioso, escrito não em aramaico ou hebraico, mas em persa. Mesmo sabendo que poderia estar ocultando algum conhecimento precioso para a humanidade, ele guardou o pergaminho para posteriormente estudá-lo sozinho.

E ele estava certo, pois o pergaminho falava da Ordem dos “SETE” e revelava coisas que poderia causar uma guerra religiosa. A partir daí, ele, eu e mais dois amigos começamos a investigar em todas as bibliotecas orientais disponíveis algo que revelasse mais sobre a tal Ordem.

Depois de exaustivas pesquisas, descobrimos pela Internet, algo sobre uma organização de pesquisas brasileira chamada Arquivo 7.

O ancião parou um pouco e, como se estivesse organizando os pensamentos, continuou:

- Tudo ia bem até o ano passado quando descobrimos que uma organização satânica estava se preparando para receber aquele que os profetas chamam de Anticristo. Mas isso não era nada de mais, pois há muitas seitas satânicas fazendo isso. A desgraça começou quando essa organização descobriu que os segredos da Ordem dos “SETE” estava sendo investigados novamente.

Então, sabendo que estávamos a par do plano para o estabelecimento da Nova Ordem Mundial, trataram de nos eliminar. Sem poder revelar os segredos da Ordem para outras pessoas – pois assim estaríamos assinando a sentença de morte delas – ficamos sem saber o que fazer. Mas então, sabendo que estava chegando o momento do Anticristo ser entronizado, e sabendo que violentos ataques terroristas iam ser executados, resolvemos fazer alguma coisa, pois a responsabilidade era grande.

Então procuramos entrar em contato com alguns dos “SETES” da organização de vocês, que estavam na Europa ou no Oriente. Dois dos meus amigos foram assassinados no Egito – não sei se conseguiram entregar o documento a uma moça americana que estava lá. Descobrimos quase por acaso que ela era uma “SETE”. O terceiro amigo meu foi assassinado em Jerusalém, e também não sei se ele conseguiu entregar o disquete à mesma moça americana que esteve no Egito. Assim, somente eu restei com vida. Não sei por quanto tempo. Mas, da mesma forma como imaginamos que os “SETES” tivessem alguma ligação com a Ordem dos “SETE”, os satanistas também tiveram o mesmo pensamento, e é por isso que todas as pessoas ligadas ao grupo de vocês estão em perigo – sei que algumas já sofreram atentados.

- Deus Eterno! – Giovanna estava assustada – não pensei que estivéssemos envolvidos em coisas tão perigosas.

*******

IDADE MÉDIA, ANO 1422.

Começou a caçada a Samuel. Os guardiões dos inquisidores vasculhavam cada labirinto daquela miserável cidade. Ao mesmo tempo – tendo conseguido umas roupas escuras (do tipo usado pelos sacerdotes), Samuel perambulava de um lado para o outro, à procura de informações que o levassem à Lilandra.

Chegou a noite. Samuel se aproximou do centro da praça, onde havia um local de execuções. Havia restos de algo queimado. Será que alguém tinha sido executado ali recentemente? Ele procurou alguma coisa que pudesse identificar o infeliz morto há poucos dias. Mas enquanto estava abaixado escutou passos. Levantou-se e então percebeu que caiu numa armadilha. Ficou cercado por 6 guardiões, cada um segurando uma besta. Então escutou uma voz, uma odiada voz, a voz do inquisidor-chefe:

- Não percam tempo! Ele já está no local das execuções! Executem-no!

“Será possível que Deus quer que eu morra aqui, sem cumprir minha missão?” Pensou Samuel.

*******
Vandevil estava distraído durante um intervalo, quando Leona aproximou-se dele.
- Oi, professor. Quais as novidades?
- Ah, eu queria mesmo falar com você. Estou curioso com uma coisa.
- Pode dizer – ela sentou-se ao lado dele, fazendo-o tremer nas bases.
- A maneira de você falar naquele dia me lembrou alguns amigos de minha cidade natal. Eles tinham um pensamento muito parecido, embora, devo admitir, você foi muito mais profunda do que eles. Onde aprendeu essas coisas? Nunca vi nenhum livro a respeito.
- Você está certo. Creio que seus amigos também são meus amigos. Acho que você está se referindo ao Grupo 7.
- O que? Essa é demais! – Ele levantou-se e olhou nos olhos dela – Grupo 7? Você disse Grupo 7? Será possível? Faz tanto tempo e vocês não me deixam em paz.
- Como assim?
- Querida, eu conheci o Grupo 7 bem no inicio de sua formação. Nós nos enfrentávamos em debates quase todos os dias.
- Você conheceu Morganne?
- E como! – A partir daquele momento, Vandevil e Leona passaram a conversar muitas vezes, a amizade entre eles foi crescendo cada dia, apesar da antipatia que ele tinha pelos SETES.

*******

IDADE MÉDIA, ANO 1422.

         Samuel estava cercado, sem saída. Diante de tantas bestas apontadas para ele, parece impossível escapar desta vez.

De repente, ouviu-se um grito. E outro. E mais outro. Samuel – perplexo – viu três dos guardiões sendo atingidos nas costas. Quando os outros três olharam para trás foram atingidos, um após o outro. Atingidos no peito. Foram seis flechas disparadas e seis guardiões atingidos mortalmente.

Ao longe um cavaleiro acenou com a mão. No chão, ao lado dele havia seis bestas. Foram usadas, uma por uma, de maneira perfeita. Samuel correu em direção ao misterioso salvador. Aquela noite estava cheia de surpresas. O misterioso cavaleiro era, na verdade, Lilandra.

- Deus do céu! Lilandra!

- Vamos! Suba depressa! Depois teremos todo o tempo do mundo para conversarmos.

E os dois jovens desapareceram na noite, deixando seis homens estirados na praça de execuções e um inquisidor-chefe irado e pensativo.

DEZ ANOS DEPOIS.

- Pai, conte-me a história de Moisés no Mar Vermelho.

O homem levantou-se, fechou o caderno de anotações e abraçou a garotinha, de quatro anos.

- Oi, filhinha. Cadê o Samuel?

- Está brincando no jardim. O senhor vai me contar a história de Moisés no Mar Vermelho?

- Claro, meu bem. Me espere um momento – o homem aproximou-se da porta do quarto e gritou para alguém:

- Querida, procure avisar o senhor Stoggart que a tradução do livro do Apocalipse está concluída.

Uma senhora ainda bastante jovem levantou-se e saiu. Seu nome era Lilandra Shamir. Ela estava casada com Samuel havia sete anos. Eles moravam numa pacata cidade da Alemanha, um local bastante adequado para que os dois traduzissem as Sagradas Escrituras dos textos originais para o alemão e outras línguas populares da Europa. Ainda havia uma grande luta pela liberdade religiosa, mas em muitos lugares Deus levantou homens e mulheres dispostos a batalharem pela fé sem o uso de armas humanas. Alguns anos mais tarde (1448), um homem chamado Gutemberg, ali mesmo na Alemanha, inventaria a impressora com tipos móveis, que permitiria a impressão rápida e eficiente de muitos exemplares das Sagradas Escrituras. A palavra de Deus voltaria a correr velozmente pela terra, como diz o Salmo 147.15.

O valente casal continuava em contato com a Ordem dos SETE, mas agora a contribuição deles era menos perigosa. Depois de muitas aventuras – pregando, ensinando e distribuindo exemplares das Sagradas Escrituras em terras dominadas pela Igreja de Roma e pela Inquisição – Samuel e Lilandra encontraram um lugar de descanso e resolveram selar sua união, aderindo à primeira instituição que Deus criou na terra.

Mas eles não pararam, e fizeram muitas traduções em várias línguas para o despertamento e libertação de muitos povos. Um certo dia, Samuel resolveu escrever a história da Ordem dos SETE, mas o livro foi roubado – a caminho da gráfica - e ninguém soube aonde foi parar. Muitos anos depois, uma cópia desse livro – em latim – seria encontrada numa discreta biblioteca do Egito, por uma curiosa jornalista americana, chamada Moyra Stanley.

*******

Giovanna ficou ainda mais apavorada. Nunca jamais imaginou que o pessoal do Arquivo 7 fosse ficar na mira das organizações ocultistas que eles investigavam. E agora? Como eles poderiam escapar? Então Rashira e seus amigos eram realmente apenas a ponta do iceberg. Giovanna se perguntava: “E o estranho atentado contra a vida de Marcos Moran? Por que somente ele foi alvejado se, na verdade, ele não é bem um “SETE”, mas apenas um amigo do grupo, um jovem que nunca se interessou muito por nossas pesquisas?” Será que o ancião misterioso poderia dar uma resposta?

- Recentemente um amigo nosso sofreu um atentado que...

- Eu sei muito bem porque aquilo aconteceu – disse o ancião antes que ela terminasse – prepare-se para um choque: FUI EU QUEM DISPAROU AQUELA ARMA!

Giovanna levantou-se assustada.


- O que o senhor disse?

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