Numa certa
Universidade no Rio de Janeiro...
Vandevil
estava muito chateado. Sua sala de aula estava entupida de gente naquele dia. A
notícia de que uma aluna havia desafiado seu professor se espalhou como fogo na
palha seca dentro daquela Universidade.
Leona
Stanley preparava-se para apresentar sua tese. Ela aproximou-se do quadro negro
e escreveu o número 73.
-
Professor, eu disse na semana passada que a matemática é uma bela prova da
perfeição de Deus.
- E eu disse
que Deus não tem nada a ver com isso. Ele não existe, é pura e simplesmente o
nome que damos a uma ilusão que nos traz algum conforto – falou Vandevil, com
visível irritação.
- Bem,
você pode pensar como quiser, mas não pode querer ignorar os fatos. Agora
gostaria de chamar a atenção de vocês para este número – Leona voltou-se para a
classe – O que o número 73 tem de interessante, ou melhor, de incrível?
Como
ninguém ousou dizer nada, ela prosseguiu:
-
Observem. 73 é um número primo. 7 x 3 é igual a 21 e o 21.º primo é justamente
73.
“Grande
coisa!” Pensou Vandevil.
-
73 é primo e seu inverso, 37 também é primo. Acontece que, se 73 é o 21º primo,
37 é o 12.º (ou seja, o inverso). 73 é o único número formado por dois
algarismos, onde:
Ele
é primo;
Seu
inverso é primo;
E
cada um dos seus algarismos também é primo.
Mas
agora gostaria de chamar a atenção de vocês para 14 fatos matemáticos e
bíblicos impossíveis de serem contestados. Serão simplesmente coincidências
ou possuem algum significado? As explicações podem ser contestadas. Os fatos
não.
Fato número 1 – Os números mais significativos da
Bíblia e que aparecem abundantemente no texto sagrado são 3 e 7 e, geralmente, os dois costumam
aparecer na mesma passagem. Exemplos:
a) O livro de Gênesis começa com o mundo sendo criado em 7 dias, e Deus
vendo 7 vezes que aquilo era bom. E nesses 7 dias, 3 vezes diz que Deus “criou”
(Gn 1.1, 21 e 27), 3 vezes diz que Deus “fez” (Gn 1.7,16,25); 3 vezes Deus
nomeia as coisas (Gn 1.5,8,10); 3 vezes Deus separa ou divide (Gn
1.4,7,18); e 3 vezes Deus abençoa (Gn 1.22,28 e 2.3).
b) Duas vezes no Egito José interpreta sonhos. No 1.º, existem vários 3:
- TRÊS sarmentos;
- TRÊS dias;
- TRÊS cestos;
- TERCEIRO dia.
- TRÊS dias;
- TRÊS cestos;
- TERCEIRO dia.
No 2.º sonho, quem predomina é o
número 7:
- SETE vacas gordas;
- SETE vacas magras;
- SETE espigas cheias;
- SETE espigas mirradas;
- SETE anos de fartura;
- SETE anos de fome.
c) No livro de Jó diz que ele tinha 7 filhos e 3 filhas. E numa só
passagem diz que ele tinha 7 mil ovelhas e 3 mil carneiros. Novamente, 3 e 7.
Depois, quando a desgraça dele começa, aparecem 3 “amigos da onça” que ficam
sentados ao redor dele durante 7 dias. No final da história, Jó volta a ter
outros 7 filhos e 3 filhas.
d) O Evangelho de João diz que, na 3.ª aparição de Jesus após Sua
Ressurreição, Ele foi visto por exatamente 7 discípulos (João 21).
e) Os 3 amigos de Daniel foram lançados na fornalha (acesa 7 vezes
mais).
f) As 7 festas judaicas apresentadas no livro de Levítico deveriam ser
celebradas em 3 meses diferentes. Ou seja, três vezes no ano todo judeu se
apresentaria diante do Senhor para celebrar as 7 festas.
g) Os rituais de purificação em Israel costumavam ser realizados no 3.º
ou no 7.º dia.
“Ao terceiro
dia o mesmo se purificará com
aquela água, e ao sétimo dia se tornará limpo; mas, se ao terceiro
dia não se purificar, não se tornará limpo ao sétimo dia.” (Números 19.12).
“Também o limpo, ao
terceiro dia e ao sétimo dia, a espargirá sobre o imundo, e ao sétimo dia o
purificará; e o que era imundo lavará as suas vestes, e se banhará em água, e à
tarde será limpo.” (Números 19.19).
“Acampai-vos por sete dias fora do arraial; todos vós, tanto o que tiver
matado alguma pessoa, como o que tiver tocado algum morto, ao terceiro dia e ao sétimo diapurificai-vos,
a vós e aos vossos cativos.” (Números 31.19).
h) No capítulo 3 do Evangelho de João, Jesus fala 3 vezes e Nicodemos 3
vezes; no capítulo seguinte, Jesus fala 7 vezes e a samaritana 7 vezes.
i) Na história de Sansão:
“Disse-lhes, pois, Sansão: Permiti-me propor-vos um enigma; se nos sete dias das bodas o decifrardes e mo
descobrirdes, eu vos darei trinta túnicas de linho e trinta mantos;
(...)
Então lhes disse: Do que come saiu comida, e do forte saiu doçura. E em três dias não puderam decifrar o enigma.”
(Juízes 14.12 e 14).
“Disse-lhe ela: como podes dizer: Eu te amo! não estando comigo o teu
coração? Já TRÊS vezes zombaste de mim, e ainda não me
declaraste em que consiste a tua força.
(...)
Então ela o fez dormir sobre os seus joelhos, e mandou chamar um homem
para lhe rapar as SETE tranças de sua cabeça.” (Juízes 16.15
e 19).
Fato número 2 – Os dois dias mais citados na
Bíblia são justamente o TERCEIRO e o SÉTIMO.
E Leona apanhou uma cartolina e colou no quadro.
|
|
Quant.
de versículos
|
Quant.
de versículos
|
TOTAL
|
SETE DIAS
|
SÉTIMO DIA
|
92
|
48
|
140
|
TRÊS DIAS
|
TERCEIRO DIA
|
61
|
48
|
109
|
UM DIA
|
PRIMEIRO DIA
|
24
|
47
|
71
|
DOIS DIAS
|
SEGUNDO DIA
|
12
|
15
|
27
|
OITO DIAS
|
OITAVO DIA
|
06
|
21
|
27
|
SEIS DIAS
|
SEXTO DIA
|
19
|
06
|
25
|
DEZ DIAS
|
DÉCIMO DIA
|
11
|
13
|
24
|
QUATRO DIAS
|
QUARTO DIA
|
04
|
08
|
12
|
CINCO DIAS
|
QUINTO DIA
|
03
|
09
|
12
|
NOVE DIAS
|
NONO DIA
|
00
|
05
|
5
|
- Meus amigos, esta pesquisa feita na versão bíblica conhecida como King
James (a mais conceituada Bíblia da língua inglesa).
Fato número 3 – Caso não saibam, a Bíblia foi
escrita em duas línguas alfa-numéricas. Isto é, o alfabeto hebraico e o grego
possuíam valores numéricos, pois os antigos hebreus e gregos ainda não
conheciam os sinais que representam os algarismos, tais como usamos hoje.
Assim, se cada letra possui um valor numérico, conseqüentemente, cada palavra
tem um valor. Isso é verdade, professor? – Vandevil, mesmo com um semblante não
muito agradável, balançou a cabeça afirmativamente.
Satisfeita, Leona continuou:
- Fato número 4 – O primeiro versículo da Bíblia, a
frase mais importante sobre a criação do Universo, foi escrita, originalmente,
com 7 palavras e 28 letras (4 x 7). E seus valores numéricos são (ela pregou
outra cartolina no quadro):
Fato número 5 – O valor total da primeira frase da
Bíblia, em hebraico, é 2701, justamente o resultado da multiplicação de 37 por
73 ou seja:
2701 = 37 x 73.
Fato número 6 – O valor 2701 somado com o seu
inverso (1072) dá exatamente: 3773.
Fato número 7 – 3773 é a mesma coisa que 7 x 7 x 77.
Fato número 8 – Juntando os sete valores da
primeira frase bíblica, descobrimos que é um número divisível exato por 37.
913203086401395407296 = 24681164497335011008
x 37
Fato número 9 – Se retirarmos um algarismo de cada
um dos 7 valores (913203086401395407296),
restará: 91 20 08 40 39 40 29. Este número também é divisível exato por 37.
91200840394029 = 2464887578217 x 37
Fato número 10 – Se retirarmos mais um algarismo do
valor anterior (91200840394029),
teremos: 9204342. Será que este também é divisível exato por 37? Incrivelmente,
este número é divisível tanto por 3 como por 7 e ainda por 37:
9204342 = 248766 x 37
9204342 = 1314906 x 7
9204342 = 3068114 x 3
Fato número 11 – As 7 palavras contém um valor
(2701), que é 37 x 73; se cortarmos as duas palavras das extremidades (1.ª e
7.ª), os valores restantes (203 + 086 + 401 + 395 + 407), resultarão em 1492,
que é:
373 + 373
+ 373 + 373
Fato número 12 – Cortando mais duas palavras (uma
de cada extremidade), deixando apenas as três centrais (086 + 401 + 395),
termos o valor de 882, ou seja:
(3 x 7 x
7 x 3) + (3 x 7 x 7 x 3)
Fato número 13 – Qual o menor e o maior número que
podemos formar, usando todos os algarismos do valor total das 7 primeiras
palavras da Bíblia (2701)?
Menor número
– 0127
Maior número
– 7210
Soma dos
dois: 0127 + 7210 = 7337.
Novamente
eles! 3 e 7!
Fato número 14 – O valor numérico das três palavras
mais importantes da frase (DEUS, CÉUS e TERRA), que são justamente os
três substantivos do texto, é:
086 + 395 + 296 = 777
Este número (777) já é
incrível e seus fatores (3 x 7 x 37), mais ainda.
Bem, como eu disse anteriormente, estes fatos numéricos e matemáticos
são incontestáveis, e pela grande quantidade deles encontrada, é altamente
improvável que sejam apenas coincidências. De qualquer forma o que vimos aqui
não chega nem “nas unhas” da tonelada de fatos numéricos já encontrados na
Bíblia por diversos estudiosos.
Só pra finalizar este capítulo: Quantas vezes, num dia, o salmista orava
a Deus?
“De tarde, de manhã e ao meio-dia me
queixarei e me lamentarei; e ele ouvirá a minha voz.” (Salmo 55.17)
TRÊS VEZES!!!
E quantas vezes, num dia, o salmista louvava a Deus?
“Sete vezes no dia te louvo pelas
tuas justas ordenanças.” (Salmo 119.164)
SETE VEZES!!!
Pois é!
Leona terminou sua demonstração e foi
bastante aplaudida. Então, ela voltou-se para o professor Vandevil e disse:
- Como vê, amado professor. Você pode
até negar a minha interpretação dos fatos (de que a matemática é uma bela prova
da perfeição divina), mas será impossível contestar os fatos apresentados. São
fatos. E são matemáticos.
*******
Giovanna
seguia pensativa quando foi abordada por um ancião.
-
Moça, preciso falar com você urgentemente e em um local reservado. Por favor, é
uma questão de vida ou morte de milhares de pessoas. Eu tenho as respostas às
perguntas que estão atormentando sua mente. Diga um local e um horário
imediato.
Giovanna
ficou apavorada. O olhar do ancião era penetrante e misterioso. Mas se ele
sabia alguma coisa do que estava acontecendo, valia a pena correr riscos. De
qualquer forma, Giovanna não era uma ingênua e ficaria em estado de alerta.
-
O parque infantil do outro lado do quarteirão, daqui a quinze minutos.
-
Obrigado. Por favor, fique com isto.
O
ancião se retirou olhando desconfiado ao redor e deixando um estranho medalhão
nas mãos de Giovanna. O medalhão da Ordem dos “SETE”. Giovanna afastou-se um
pouco, e após certificar-se de que não havia ninguém por perto, pegou o
celular.
-
Alô? Anderson? Por favor, escute o que vou dizer, com a máxima atenção.
*******
IDADE MÉDIA,
ANO 1428.
Samuel
estava pasmo.
A porta da
gaiola foi então aberta e a jovem sorridente saiu com toda tranqüilidade,
levantou a mão direita e deixou Samuel ainda mais espantado.
- Surpreso,
meu querido? – Ela apontou uma besta para o atônito Samuel. Apontou e disparou,
sem piedade. Samuel não conseguiu evitar a flecha. Foi atingido e caiu.
Samuel
tentou se desviar da perigosa flecha, mas estava tão surpreso com a reviravolta
dos acontecimentos que seus reflexos ficaram muitos lentos. Por mais rápido que
ele tentou ser, não conseguiu evitar a flecha, que o atingiu, mas – felizmente
- no braço esquerdo – quase no coração.
Ele ficou
quieto, dando a impressão de que estava morto. Sua inimiga se aproximou. Samuel
conseguiu perceber que ela estava colocando uma nova flecha na besta –
certamente para lhe dar o tiro de misericórdia. Mas o destemido pregador não
deixou que isto acontecesse, e assim que ela se aproximou, ele a derrubou de
forma violenta. Ela bateu a cabeça numa das muitas máquinas de tortura e
desmaiou.
Samuel
levantou-se e – trincando os dentes – arrancou a flecha do braço. Ele tentou
estancar o ferimento enquanto procurava entender os estranhos acontecimentos. A
moça na gaiola NÃO ERA LILANDRA, mas uma aliada dos inquisidores – talvez uma
amante deles. Eles tentaram iludi-lo, mas a coisa ocorreu de forma diferente. E
onde estaria Lilandra agora? Samuel sentiu um calafrio em imaginar o que
poderia estar acontecendo. Os inquisidores geralmente torturavam as mulheres,
estuprando-as. Depois, para impedi-las de denunciá-los ao povo ou a algum
sacerdote ainda cristão, acusavam as pobres de bruxaria, forjavam provas e
induziam o povo a queimá-las, em praça pública.
Não seria
a toa que muitos anos depois os historiadores haveriam de batizar aqueles
tempos horríveis de IDADE DAS TREVAS.
Samuel
sabia que precisava sair dali depressa. O inquisidor-chefe estava preso debaixo
da grande foice, um inquisidor estava morto (com um punhal sobre o pulmão), mas
o terceiro (ferido na mão) havia fugido. A mulher diabólica continuava
desmaiada.
Ele
precisava encontrar Lilandra e levá-la para a Alemanha, o único país que podia
dar alguma segurança para aqueles “hereges”.
*******
Giovanna
aproximou-se de um banco onde se encontrava o ancião. Sentou-se ao lado dele,
dizendo:
- Pronto.
Estou aqui. Pode falar o que o senhor deseja.
O
ancião, olhando mais uma vez ao redor, e respirando com certa dificuldade,
começou a falar:
- Você
sabe o que significa o medalhão que deixei em suas mãos?
- Não.
Apesar de ter o desenho de um número relacionado às coisas que eu e meus amigos
pesquisamos, não entendo o que possa significar.
- É
o medalhão da Ordem dos “SETE”. Somos uma organização de pesquisas muito antiga
– desde os tempos do sábio Daniel – e temos conseguido permanecer em segredo
durante todo esse tempo – pois nossas pesquisas são altamente perigosas e de
conseqüências imprevisíveis. Nem mesmo Morganne, em suas pesquisas sobre o
número 7, foi capaz de chegar até nós.
- Você
conhece Morganne?
- Mais
do que você imagina. Mas com certeza, em breve, você conhecerá toda a verdade
sobre nossa Ordem. Por enquanto, tenho um assunto muito grave e urgente. Talvez
eu seja o único sobrevivente da Ordem. Na verdade, a Ordem nem existia mais
desde o período da 2.ª Guerra Mundial. Mas em 1967, um dos membros da comissão
que estuda os pergaminhos do Mar Morto encontrou um pergaminho misterioso,
escrito não em aramaico ou hebraico, mas em persa. Mesmo sabendo que poderia
estar ocultando algum conhecimento precioso para a humanidade, ele guardou o
pergaminho para posteriormente estudá-lo sozinho.
E
ele estava certo, pois o pergaminho falava da Ordem dos “SETE” e revelava
coisas que poderia causar uma guerra religiosa. A partir daí, ele, eu e mais
dois amigos começamos a investigar em todas as bibliotecas orientais
disponíveis algo que revelasse mais sobre a tal Ordem.
Depois
de exaustivas pesquisas, descobrimos pela Internet, algo sobre uma organização
de pesquisas brasileira chamada Arquivo 7.
O
ancião parou um pouco e, como se estivesse organizando os pensamentos,
continuou:
- Tudo
ia bem até o ano passado quando descobrimos que uma organização satânica estava
se preparando para receber aquele que os profetas chamam de Anticristo. Mas
isso não era nada de mais, pois há muitas seitas satânicas fazendo isso. A
desgraça começou quando essa organização descobriu que os segredos da Ordem dos
“SETE” estava sendo investigados novamente.
Então,
sabendo que estávamos a par do plano para o estabelecimento da Nova Ordem
Mundial, trataram de nos eliminar. Sem poder revelar os segredos da Ordem para
outras pessoas – pois assim estaríamos assinando a sentença de morte delas –
ficamos sem saber o que fazer. Mas então, sabendo que estava chegando o momento
do Anticristo ser entronizado, e sabendo que violentos ataques terroristas iam
ser executados, resolvemos fazer alguma coisa, pois a responsabilidade era
grande.
Então
procuramos entrar em contato com alguns dos “SETES” da organização de vocês,
que estavam na Europa ou no Oriente. Dois dos meus amigos foram assassinados no
Egito – não sei se conseguiram entregar o documento a uma moça americana que
estava lá. Descobrimos quase por acaso que ela era uma “SETE”. O terceiro amigo
meu foi assassinado em Jerusalém, e também não sei se ele conseguiu entregar o
disquete à mesma moça americana que esteve no Egito. Assim, somente eu restei
com vida. Não sei por quanto tempo. Mas, da mesma forma como imaginamos que os
“SETES” tivessem alguma ligação com a Ordem dos “SETE”, os satanistas também
tiveram o mesmo pensamento, e é por isso que todas as pessoas ligadas ao grupo
de vocês estão em perigo – sei que algumas já sofreram atentados.
- Deus
Eterno! – Giovanna estava assustada – não pensei que estivéssemos envolvidos em
coisas tão perigosas.
*******
IDADE
MÉDIA, ANO 1422.
Começou a
caçada a Samuel. Os guardiões dos inquisidores vasculhavam cada labirinto
daquela miserável cidade. Ao mesmo tempo – tendo conseguido umas roupas escuras
(do tipo usado pelos sacerdotes), Samuel perambulava de um lado para o outro, à
procura de informações que o levassem à Lilandra.
Chegou a
noite. Samuel se aproximou do centro da praça, onde havia um local de
execuções. Havia restos de algo queimado. Será que alguém tinha sido executado
ali recentemente? Ele procurou alguma coisa que pudesse identificar o infeliz
morto há poucos dias. Mas enquanto estava abaixado escutou passos. Levantou-se
e então percebeu que caiu numa armadilha. Ficou cercado por 6 guardiões, cada
um segurando uma besta. Então escutou uma voz, uma odiada voz, a voz do
inquisidor-chefe:
- Não
percam tempo! Ele já está no local das execuções! Executem-no!
“Será
possível que Deus quer que eu morra aqui, sem cumprir minha missão?” Pensou
Samuel.
*******
Vandevil estava distraído durante um
intervalo, quando Leona aproximou-se dele.
- Oi, professor. Quais as novidades?
- Ah, eu queria mesmo falar com
você. Estou curioso com uma coisa.
- Pode dizer – ela sentou-se ao lado
dele, fazendo-o tremer nas bases.
- A maneira de você falar naquele
dia me lembrou alguns amigos de minha cidade natal. Eles tinham um pensamento
muito parecido, embora, devo admitir, você foi muito mais profunda do que eles.
Onde aprendeu essas coisas? Nunca vi nenhum livro a respeito.
- Você está certo. Creio que seus
amigos também são meus amigos. Acho que você está se referindo ao Grupo 7.
- O que? Essa é demais! – Ele
levantou-se e olhou nos olhos dela – Grupo 7? Você disse Grupo 7? Será
possível? Faz tanto tempo e vocês não me deixam em paz.
- Como assim?
- Querida, eu conheci o Grupo 7 bem
no inicio de sua formação. Nós nos enfrentávamos em debates quase todos os
dias.
- Você conheceu Morganne?
- E como! – A partir daquele
momento, Vandevil e Leona passaram a conversar muitas vezes, a amizade entre
eles foi crescendo cada dia, apesar da antipatia que ele tinha pelos SETES.
*******
IDADE
MÉDIA, ANO 1422.
Samuel
estava cercado, sem saída. Diante de tantas bestas apontadas para ele, parece
impossível escapar desta vez.
De
repente, ouviu-se um grito. E outro. E mais outro. Samuel – perplexo – viu três
dos guardiões sendo atingidos nas costas. Quando os outros três olharam para
trás foram atingidos, um após o outro. Atingidos no peito. Foram seis flechas
disparadas e seis guardiões atingidos mortalmente.
Ao longe
um cavaleiro acenou com a mão. No chão, ao lado dele havia seis bestas. Foram
usadas, uma por uma, de maneira perfeita. Samuel correu em direção ao
misterioso salvador. Aquela noite estava cheia de surpresas. O misterioso
cavaleiro era, na verdade, Lilandra.
- Deus do
céu! Lilandra!
- Vamos!
Suba depressa! Depois teremos todo o tempo do mundo para conversarmos.
E os dois
jovens desapareceram na noite, deixando seis homens estirados na praça de
execuções e um inquisidor-chefe irado e pensativo.
DEZ ANOS
DEPOIS.
- Pai,
conte-me a história de Moisés no Mar Vermelho.
O homem
levantou-se, fechou o caderno de anotações e abraçou a garotinha, de quatro
anos.
- Oi,
filhinha. Cadê o Samuel?
- Está
brincando no jardim. O senhor vai me contar a história de Moisés no Mar
Vermelho?
- Claro,
meu bem. Me espere um momento – o homem aproximou-se da porta do quarto e
gritou para alguém:
- Querida,
procure avisar o senhor Stoggart que a tradução do livro do Apocalipse está
concluída.
Uma
senhora ainda bastante jovem levantou-se e saiu. Seu nome era Lilandra Shamir.
Ela estava casada com Samuel havia sete anos. Eles moravam numa pacata cidade
da Alemanha, um local bastante adequado para que os dois traduzissem as
Sagradas Escrituras dos textos originais para o alemão e outras línguas
populares da Europa. Ainda havia uma grande luta pela liberdade religiosa, mas
em muitos lugares Deus levantou homens e mulheres dispostos a batalharem pela
fé sem o uso de armas humanas. Alguns anos mais tarde (1448), um homem chamado
Gutemberg, ali mesmo na Alemanha, inventaria a impressora com tipos móveis, que
permitiria a impressão rápida e eficiente de muitos exemplares das Sagradas
Escrituras. A palavra de Deus voltaria a correr velozmente pela terra, como diz
o Salmo 147.15.
O valente
casal continuava em contato com a Ordem dos SETE, mas agora a contribuição
deles era menos perigosa. Depois de muitas aventuras – pregando, ensinando e
distribuindo exemplares das Sagradas Escrituras em terras dominadas pela Igreja
de Roma e pela Inquisição – Samuel e Lilandra encontraram um lugar de descanso
e resolveram selar sua união, aderindo à primeira instituição que Deus criou na
terra.
Mas eles
não pararam, e fizeram muitas traduções em várias línguas para o despertamento
e libertação de muitos povos. Um certo dia, Samuel resolveu escrever a história
da Ordem dos SETE, mas o livro foi roubado – a caminho da gráfica - e ninguém
soube aonde foi parar. Muitos anos depois, uma cópia desse livro – em latim –
seria encontrada numa discreta biblioteca do Egito, por uma curiosa jornalista
americana, chamada Moyra Stanley.
*******
Giovanna
ficou ainda mais apavorada. Nunca jamais imaginou que o pessoal do Arquivo 7
fosse ficar na mira das organizações ocultistas que eles investigavam. E agora?
Como eles poderiam escapar? Então Rashira e seus amigos eram realmente apenas a
ponta do iceberg. Giovanna se perguntava: “E o estranho atentado contra a vida
de Marcos Moran? Por que somente ele foi alvejado se, na verdade, ele não é bem
um “SETE”, mas apenas um amigo do grupo, um jovem que nunca se interessou muito
por nossas pesquisas?” Será que o ancião misterioso poderia dar uma resposta?
- Recentemente
um amigo nosso sofreu um atentado que...
- Eu
sei muito bem porque aquilo aconteceu – disse o ancião antes que ela terminasse
– prepare-se para um choque: FUI EU QUEM DISPAROU AQUELA ARMA!
Giovanna
levantou-se assustada.
- O
que o senhor disse?
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