Igarapé Grande, 1999. Biblioteca dos SETES.
Sabrina
fazia uma exposição detalhada sobre a Nova Ordem Mundial e as sociedades secretas.
- Muitos
cientistas e sábios foram atraídos à essa Doutrina Secreta, e com a fundação,
em 1776 da Ordem dos Iluminados, que pretendiam – e pretendem – fazer dos
Estados Unidos uma nova Atlântida, um novo impulso foi dado para a implantação
do reino anticristão na terra. Um século e alguns anos mais tarde foi fundada a
Sociedade de Thule. Sabemos que Hitler foi um dos mais famosos membros dela.
Adolf Hitler ingressou nessa sociedade em 1919, tornando-se um adepto, sob a
liderança de Dietrich Eckhart.
Posteriormente,
a Sociedade de Thule selecionou Hitler como seu líder da Nova Ordem Mundial,
como Eckhart revelou no seu leito de morte, dizendo, “Sigam Hitler, ele
dançará, mas eu toquei a música. Eu o iniciei na Doutrina Secreta, abri seus centros de visão, e lhe dei os meios de
comunicar-se com os poderes.” E tem mais: A Sociedade de Thule mantinha
regularmente sessões ocultistas, durante as quais os membros comunicavam-se com
os demônios que se mascaravam de uma pessoa morta ou que simplesmente apareciam
como o espíritos-guia das pessoas.
Dietrich
Eckhart, Alfred Rosenberg e Adolf Hitler invocavam a manifestação do Anticristo
nas sessões mediúnicas do Grupo de Thule em Munique. Echkart acreditava que
recebera a revelação de seu espírito-guia que teria o privilégio de treinar o
futuro grande líder. Desde o início de suas associações, Eckhart acreditava que
Hitler seria o Anticristo. Portanto, não escondeu dele nenhum conhecimento
ocultista, ritual ou perversão em seus esforços de equipá-lo para sua tarefa.
Quando o treinamento terminou, Hitler acreditava que tinha “renascido” com
aquela força e decisão sobre-humanas que precisaria para cumprir seu mandato
ordenado para ele. Podemos achar que Hitler falhou, mas na visão dos ocultistas
ele foi apenas um “ensaio”. O verdadeiro Hitler está para aparecer no cenário
mundial.
Sabrina
sentou-se e perguntou:
- E isso é
tudo. Como vocês ouviram, essa Ordem dos “SETE” sabia – ou sabe – das coisas.
Alguém quer dizer alguma coisa?
- Eu já
tinha ouvido falar desses tais “Mestres Elevados” antes – disse Wendy Millane,
levantando-se – eu estava analisando as mensagens e os livros que estão fazendo
sucesso no meio evangélico atual. Vocês sabem que a maioria dos pregadores
estão ensinando que o pensamento positivo, a comunicação positiva e a
visualização positiva são as chaves para o sucesso. Qualquer um pode
literalmente incubar e dar a luz a realidade física ao criar uma imagem vívida
em sua mente e focalizar nela seus pensamentos.
Robert
Schüller, um famoso pregador americano, cujo programa de TV é assistido por
quase três milhões de pessoas, disse: “EU DESCOBRI A REALIDADE DAQUELA DIMENSÃO
DINÂMICA NA ORAÇÃO QUE VEM POR MEIO DA VISUALIZAÇÃO. NÃO TENTE ENTENDER ISSO.
SIMPLESMENTE COMECE A TIRAR PROVEITO! É VERDADE. FUNCIONA. EU
EXPERIMENTEI”. E assim a simples oração
bíblica tem se tornado uma fórmula mágica para fazer as coisas acontecerem. E
nesse caso, se qualquer pessoa imagina que, por pensar certos pensamentos ou
falar certas palavras, obrigará Deus a agir, de certo modo, está envolvida com
feitiçaria e, se não estiver assumindo o papel de Deus, está pelo menos
tentando manipular a Deus.
Muitos
cristãos não imaginam que estão crendo na mesma “fé” dos ocultistas. Vocês
sabem que Napoleon Hill é um grande autor americano que sabe vender livros. Seu
maior Best Seller é o livro “PENSE E FIQUE RICO”. Milhares de pessoas estão
sendo influenciadas por ele – e inclusive líderes cristãos. E aqui veremos de
onde vem essa nova fé evangélica.
Stephen B.
Douglas e Lee Roddy, dois autores cristãos, no livro “APROVEITANDO SUA MENTE AO
MÁXIMO”, afirmaram: “EM ANOS RECENTES UM BOM NÚMERO DE LIVROS SECULARES TEM
RELACIONADO O SUCESSO AO PODER DA MENTE. OS AUTORES DE TAIS LIVROS COMEÇARAM A
SONDAR AS PROFUNDEZAS DO RESERVATÓRIO DE POTENCIAL QUE DEUS COLOCOU NA MENTE
HUMANA. NAPOLEON HILL FOI UM DESSES ESCRITORES SECULARES.” Eu li isso no livro
deles. Assim, os cristãos ingênuos estão comprando os livros de Napoleon Hill
porque seus próprios líderes estão recomendando.
Mas
alguém poderia dizer: E o que há de tão perigoso nos livros de Hill? É que ele
mesmo – em um dos seus livros – conta como aprendeu as técnicas de poder
mental. Ele escreveu: “COM FREQUÊNCIA TENHO TIDO PROVAS DE QUE AMIGOS
INVISIVEIS PAIRAM SOBRE MIM, IMPOSSÍVEIS DE PERCEBER PELOS SENTIDOS NORMAIS. EM
MEUS ESTUDOS DESCOBRI QUE HÁ UM GRUPO DE ESTRANHOS SERES QUE DIRIGEM UMA ESCOLA
DE SABEDORIA.”
“A
ESCOLA TEM MESTRES QUE PODEM DESENCARNAR E VIAJAR INSTANTANEAMENTE A QUALQUER
LUGAR QUE ESCOLHAM...PARA TRANSMITIR CONHECIMENTOS DIRETAMENTE, POR VOZ... EU
SABIA QUE UM DESSES MESTRES TINHA VIAJADO MILHARES DE MILHAS, DURANTE A NOITE,
ATÉ O MEU ESCRITÓRIO... ‘VOCÊ CONQUISTOU O DIREITO DE REVELAR A OUTRAS PESSOAS
UM SEGREDO SUPREMO’, DISSE A VOZ VIBRANTE. ‘VOCÊ ESTEVE SOB A DIREÇÃO DA GRANDE
ESCOLA...AGORA DEVE DAR AO MUNDO UM PLANO.”
Wendy
continuou:
- O
“Supremo Segredo” consiste nisso: TUDO QUE A MENTE HUMANA É CAPAZ DE CRER, A
MENTE HUMANA PODE CONSEGUIR. Hill chama isso de “O PODER MÁGICO DA FÉ”. Ele
disse ainda: “VERDADEIRAMENTE, PROFUNDAMENTE, CREIA QUE TERÁ GRANDE RIQUEZA E
VOCÊ A TERÁ”. Essa é a filosofia do Anticristo, que muitos cristãos já estão
adotando.
- É
verdade – disse Sabrina – no ano passado, ao visitar uma prima, fui até a
igreja dela, que naquela noite estava recebendo a visita de um pregador famoso,
internacional. O que ouvi foi chocante.
*******
Naquela
noite o pregador cativa a platéia quase que de maneira hipnótica. Eis alguns
trechos de seu sermão:
- Vocês
não imaginam o poder que têm ao alcance das mãos. A fé não tem sido explorada
como devia. Deus colocou um potencial maravilhoso na mente humana. A ciência da
mente ensina que o homem controla o curso de sua vida, por processos mentais
que funcionam de acordo com uma lei universal. O homem, por meio do pensamento,
pode trazer à sua experiência tudo aquilo que desejar.
No meio da
multidão, dois jovens conversavam, criticando a mensagem. Eles estavam sentados
num banco atrás do de Sabrina. Ela ouviu quando um deles disse:
- E isso é
pregação do Evangelho?
- Concordo
com você – disse o outro - Eles passaram do limite. Temos que fazer alguma
coisa.
- Mas essa
praga está bem alastrada, e os nossos líderes fecham os olhos. Nossos irmãos
sempre acreditaram que tudo que é sobrenatural vem de Deus e por isso a Igreja
está sendo invadida pelas doutrinas anticristãs sem que ninguém diga nada.
O pregador
continuava, cada vez mais eufórico:
- Sua
mente inconsciente tem um poder que torna desejos em realidades quando os
desejos são suficientemente fortes. Imagine vividamente, creia sinceramente,
deseje ardentemente, aja entusiasticamente, e isso tem que acontecer
inevitavelmente.
Os dois
jovens continuavam a criticar a mensagem do pregador:
- Esse
tipo de ensino tem confundido muita cristãos sinceros para que pensem que a fé
é uma força que faz as coisas acontecerem simplesmente porque eles creram.
- É
verdade. Assim a fé não é posta EM Deus, mas é um poder dirigido A Deus, um
poder que O força a fazer por nós aquilo que CREMOS que Ele fará.
- Sim.
Quando Jesus disse em várias ocasiões: “A TUA FÉ TE SALVOU”, não estava
querendo dizer que algum poder mágico é disparado pelo ato de crer, mas que a
fé abrira a porta para que Ele curasse tais pessoas. É como se Jesus dissesse:
“Você crer que EU posso curar, que EU tenho todo o poder do Universo para
resolver todos os problemas do mundo? Que somente EU e mais ninguém pode fazer
tais coisas?”. Sim, não é simplesmente ter fé na fé, mas fé EM Deus.
Mas alheio
a conversa dos dois jovens críticos, o pregador continuava:
- Você não
conhece o poder que existe dentro de si! Você transforma o mundo naquilo que
quiser. Sim, você pode transformar o mundo em qualquer coisa que você queira
que ele seja. Deus nos deu esse poder, por meio da morte de Jesus. Agora, temos
o mundo aos nossos pés. Você precisa aprender a ter fé na fé. Deus não pode
contrariar a sua palavra. Nós temos o poder de pedirmos o que quisermos a Deus.
Somos filhos do Dono do mundo. Aleluia!
Os dois
jovens estavam perplexos:
- Como é
que ele se atreve a dizer isso? A fé não tem nenhum poder em si mesma! Quando
isso acontece é obra maligna. Jesus disse em Marcos 11.22: “Tende fé EM Deus”.
- Sim –
disse o outro – a fé precisa ter um objeto. Ela é confiança absoluta e sem
reservas EM Deus. Não há ninguém nem nada no Universo que
mereça confiança total, a não ser Deus.
Não
somente naquela igreja, mas em muitas outras, naquela noite, pregadores
afamados espalhavam o mesmo pensamento de fé positiva que tinha tomado de conta
dos cristãos no final do século XX.
Os dois
jovens resolveram sair e procurar alguma estratégia contra o avanço daqueles
pensamentos anticristãos. Sabrina levantou-se rapidamente e os seguiu.
- Ora,
ora, que surpresa agradável – disse ela chegando repentinamente e se colocando
entre os dois - Timonthy e John Mac Lonners! Há quanto tempo meus queridos? O
que vocês fazem tão longe da cidade de vocês?
-
Sabrina?! – Timonthy abraça-a fortemente – querida, como vai você?
- E
eu pensava que ninguém me conhecia por aqui – disse Lonners sorrindo.
Alguns
minutos depois e os três jovens estão numa lanchonete contando as últimas
novidades.
- Minha
prima Manuela passou por aqui há algumas semanas antes de partir para a Europa
e me contou tudo que aconteceu lá pelo Maranhão recentemente – disse Timonthy –
que coisa horrível, não?
- Você
nem imagina, meu amigo – disse Sabrina – Algumas de nossas meninas estiveram em
maus lençóis.
*******
- Pois é.
A filosofia dos Mestres Elevados já contaminou as igrejas evangélicas – disse
Sabrina, concluindo seu relato – essa é a filosofia da futura religião global.
- É
assustador – disse Morganne – Como vocês sabem muito bem, a Bíblia chama essa
futura religião mundial anticristã de PROSTITUTA BABILÔNICA. E a outra parte
deste estudo é intitulada O ROSTO DA PROSTITUTA BABILÔNICA. Moyra escreveu que
esse texto foi escrito há muitos séculos e que muitos pesquisadores – muitos
SETES – foram mortos por divulgarem o que está revelado aqui. Mas ao que
parece, alguém atualizou o texto, pois ele fala de Hitler e cita muitas coisas
e acontecimentos do século XX, e até coisas que aconteceram recentemente.
Talvez alguém ligado a ORDEM DOS SETES, que certamente continua a existir. É um
estudo incrível.
- Mas o
que há de tão terrível aí? – Perguntou Michelle.
- Prestem
bem atenção que irei ler palavra por palavra – disse Sabrina.
E, à
medida que Sabrina lia, várias expressões de espanto e admiração se ouviam no
meio dos SETES.
- Chocante! – Exclamou Brigitte.
Sabrina deu mais uma pausa na leitura e
todos os SETES se entreolharam, sentido um forte calafrio. O tempo estava ficando
perigoso, muito perigoso. Divulgar aquelas verdades seria o mesmo que namorar a
morte.
Morganne levantou-se e disse:
- Portanto, de acordo com a estranha
mensagem que Moyra recebeu, os Mestres Elevados estão prestes a entronizarem os
dois líderes que estabelecerão o reino anticristão na terra, e que, em
Apocalipse são chamados Besta do Mar e Besta da Terra.
- Atualmente não vejo ninguém de
destaque na Europa que preencha os requisitos – disse Scapelly.
- Se é verdade que a segunda besta vai
dominar o Vaticano, o atual papa tem que renunciar ou morrer, pois é
logicamente impossível que ele assuma tal papel – disse Michele.
- Logicamente impossível por que? –
Quis saber Samantha.
- Não vejo como um homem da idade dele
possa se prestar a tal papel – respondeu Michele.
- É verdade – disse Morganne – mas
existem bons candidatos entre os cardeais.
- Ouvi falar de um certo David Lived,
cardeal francês, nascido na Itália – informou Sabrina.
- Francês nascido na Itália? –
Perguntou Michele.
- Ele nasceu na Itália, mas mudou-se
para a França ainda pequeno, onde se naturalizou francês – explicou Sabrina.
- Mas David Lived não é um nome francês
– disse Michele.
- Não, mas poucos acham isso estranho –
disse Sabrina.
- Pois é. O futuro promete ser muito
interessante – disse Wendy, pensativa. Ela pertencia ao grupo daqueles cujo passado era cheio de
mistérios. Ela mesma não conhecia sua origem, pois devido a uma misteriosa
doença de infância (= de acordo com sua tia), sua memória foi afetada e certos
acontecimentos importantes de sua vida nunca eram totalmente lembrados.
De vez em quando imagens de pessoas desconhecidas vinham à
sua mente, mas ela não sabia quem eram e o que poderia significar. Mas ela era
brilhante e apesar das falhas de memória concluiu com grande sucesso sua
Faculdade de Psicologia, um conhecimento que foi muito útil nos anos em que ela
trabalhou para alguns serviços secretos americanos e europeus, a ponto de ser
considerada, pelos SETES, a segunda melhor investigadora após Moyra Jenny
Stanley.
*******
Porto
Alegre, Rio Grande do Sul, 1999.
James
Anderson e Giovanna Macleone, uma morena de cabelos longos e lisos, e olhos
muito profundos e misteriosos, estavam conversando com Alanna e seu namorado
Marcos Moran. Eles falavam a respeito da sinistra aventura vivida há três meses
por Alanna ali em Porto Alegre, e pelos outros “SETES” no Maranhão.
-
Então vocês estão partindo para os Estados Unidos? – Perguntou James Anderson.
-
Sim – respondeu Alanna – Queremos relaxar um pouco e ao mesmo tempo pretendo
conversar pessoalmente com Rogers Town. Não acredito que todo o perigo que
enfrentamos recentemente tenha sido obra somente daquela “trindade satânica”
(ela se referia a Rashira e os outros dois líderes satanistas). Com tantos
jovens neste mundo, é muita coincidência essas seitas estarem justamente na
pista dos “SETES”.
E
o serviço de informações deles é muito eficiente – disse Marcos Moran – vejam
que Rashira preparou seu golpe contra Alanna ainda no Egito.
-
Eu nunca imaginei que um dia a gente fosse enfrentar perigos de verdade. Sempre
estudamos profecias, sociedades secretas, seitas satânicas e coisas afins, mas
nunca tivemos um contato tão próximo e tão perigoso - disse Giovanna, denotando
bastante preocupação em seu semblante.
Ela
tinha uma intuição que causava admiração entre os “SETES”, e nesse momento, ao
olhar para Alanna, captou alguma coisa. “Engraçado – pensou Giovanna – Alanna
está sorrindo, mas seus olhos mostram tensão. Por quê?”
Os
quatros jovens estavam numa lanchonete nas margens de um lago. Um pouco
distante dali, alguém com um par de binóculos de longo alcance, observava tudo
com a máxima atenção. Ele se ocultava num quarto do terceiro andar de um dos
muitos hotéis situados ali.
O
misterioso observador abriu uma caixa e apanhou um rifle – desses com mira
telescópica. Apontou para alguém dentro da lanchonete. Fez mira. No visor
apareceu a imagem de um jovem. Era Marcos Moran, namorado de Alanna. O
misterioso inimigo acariciou o gatilho. Naquele instante Marcos Moran sorria,
sem saber o que o destino lhe havia reservado para aquele momento. Então, o
inimigo oculto apertou o gatilho.
*******
IDADE
MÉDIA, ANO 1422.
- Espere!
– Samuel tentou ganhar tempo – se eu for atingido não morrerei no mesmo
segundo. Eu levarei, no mínimo, uns vinte segundos – mesmo que a ponta da
flecha esteja carregada com o pior dos venenos.
- O que
você quer dizer com isto? – Perguntou o inquisidor, desconfiado.
Samuel
sorriu. Com grande sangue frio olhou nos olhos do inimigo e disse:
- Minha
mão esquerda está segurando um lápis, que está quase perfurando a jugular do
seu grande líder. Tenho certeza de que Deus me dará forças para que, antes de
morrer, tenha tempo de enviar este filho do diabo para o reino das sombras.
O homem
que apontava a besta ficou perturbado. Olhou para o seu chefe superior e
percebeu que Samuel não estava blefando. O inquisidor-chefe – que continuava
preso entre a mesa e a grande foice – estava paralisado.
- Vamos!
Atire essa maldita flecha e morrerei como Sansão, se é que você conhece a
história – Desafiou Samuel.
- Você
esquece que sua amada está a um passo da morte – disse o inquisidor lembrando a
Samuel que dentro de alguns minutos Lilandra seria queimada.
“Deus,
mostre-me uma saída” orou Samuel.
- E então?
Decida-se e vamos acabar logo com isso – disse Samuel sem pestanejar. Ao mesmo
tempo o inquisidor-chefe estava muito pálido e sentindo que Samuel estava mesmo
disposto a matá-lo.
- A vida
do seu grande líder está por um fio – disse Samuel. Mas a reação do inquisidor
armado foi surpreendente:
- Quero
que ele vá pro inferno – disse o homem, destravando o mecanismo que segurava a
seta mortal.
*******
- Por quê?!! Por quê?!! Por quê?!! Isso é um pesadelo! – o
clamor daquele jovem era de partir qualquer coração. Ele estava deitado sobre
aquele frio túmulo naquela tarde cinzenta. O sol estava quase no crepúsculo.
Era o crepúsculo mais triste para Markus Stanley.
Alguns anos depois.
Porto Alegre, Brasil. Inicio de 2010.
Um homem, aparentando uns quarenta anos, ministrava para uma
classe universitária, com cerca de 30 alunos. Naquele momento, uma jovem
estudante aproximou-se da janela e acenou para o concentrado catedrático.
Ele sorriu e continuou sua aula. Seu nome é Markus Stanley.
*******
James
Anderson conversava alegremente quando notou aquele pontinho vermelho no
coração de Marcos Moran. Ele não pensou duas vezes. Jogou-se sobre o seu amigo,
derrubando-o violentamente, no momento em que um disparo acontecia. A bala
penetrou na parede da lanchonete. Ainda mais rápido do que antes, James correu
em direção ao local de onde veio o disparo. Ele estava desarmado, mas isto não
queria dizer nada. Um dos princípios da Filosofia 7 era o não uso de armas de
fogo. O lema daqueles jovens era “A INTELIGÊNCIA É A MAIOR DAS ARMAS”. Enquanto
Alanna cuidava de Marcos, Giovanna acompanhou Anderson em direção ao hotel.
Ao
mesmo tempo, o misterioso inimigo tratava de escapar. Foi um grande azar para
ele e um grande milagre para Marcos aquele tiro não ter acertado o alvo. Alguns
minutos depois e Anderson, juntamente com Giovanna estavam a caminho do andar
fatídico. Ele estava preparado para tudo. Não seria novamente surpreendido.
Enquanto os dois jovens subiam as escadas, o misterioso inimigo fugia.
Os dois
jovens chegaram ao quarto vazio e – após constatarem que seria inútil
perseguirem o atirador – começaram a procurar pistas.
- Isso
não faz sentido – disse Giovanna, olhando em todas as direções.
- Nunca
na minha vida passei por algo semelhante – disse Marcos Moran, chegando ao
quarto, acompanhado de Alanna – ainda não consigo acreditar que Anderson tenha
sido mais rápido do que aquela bala.
- Foi
um milagre de Deus – respondeu Anderson, enquanto examinava o chão – talvez por
assistir muitos filmes de ação, onde geralmente se mostram coisas parecidas, eu
tenha ficado mais alerta. Você sabe que os atiradores profissionais atualmente
dispõe de um recurso, ou seja, um dispositivo de raio laser para facilitar
melhor a mira. Quando vi aquele pontinho vermelho sobre seu bolso esquerdo não
hesitei nem um segundo.
- E
se fosse somente uma brincadeira? – Perguntou Marcos.
- Meu
caro amigo, tivemos tantas aventuras misteriosas recentemente que fiquei um
pouco paranóico.
- Mas
por que alvejaram Marcos? – Perguntou Alanna.
- Não
sou homem de negociatas. Não me lembro de nenhum inimigo mortal.
-
E se tiver algo a ver com o Arquivo7? – Perguntou Anderson – Vocês sabem o que
aconteceu recentemente com nossos amigos.
- E
se Rashira fosse apenas a ponta de um gigantesco e diabólico iceberg? –
Perguntou Giovanna.
- Mais
uma razão para eu e Marcos viajarmos o mais rápido possível para os Estados
Unidos, nos escondermos um tempo por lá e falar com Rogers – disse Alanna.
- Por
que vocês não enviam um e-mail para ele?
- Nós
já enviamos – disse Alanna – mas você sabe que nossos e-mails podem estar sendo
monitorados por alguém ou várias pessoas más intencionadas. E além do mais não
recebemos resposta nenhuma. Pra falar a verdade, faz três meses que tive
noticias de Rogers – sem contar com aquilo que Rashira me falou, mas é claro
que não sabemos o que havia de verdade e de mentira em tudo o que ela nos
disse.
- É
estranho Rogers não responder aos e-mails – disse Marcos - Ainda mais que...
- O
que está acontecendo aqui?
- Os
jovens voltaram-se para os dois sujeitos que acabaram de entrar no quarto. Eram
dois policiais.
- Nos
informaram que houve um tiroteio por aqui – disse um deles.
- Na
verdade não foi um tiroteio – falou Anderson desconfiado – estávamos calmamente
lanchando quando uma bala passou raspando sobre nossas cabeças. Corremos para
cá porque achamos que o atirador estava aqui.
- Quem
são vocês? – Perguntou o policial mais falante.
- Apenas
jovens estudantes, meu caro amigo – disse Marcos Moran olhando bem nos olhos do
policial – temos ficha limpa. Só estávamos curiosos em saber quem anda se
divertindo atirando por aí.
- Nos
dê um motivo para não interrogarmos vocês – disse ainda o mesmo policial.
James
Anderson fez uma fisionomia de impaciência e disse:
- Perguntem
ao comandante Silverado se ele conhece James Anderson do Arquivo7.
Um
dos policiais afastou-se um pouco, e após alguns minutos falando ao celular,
retornou com uma expressão mais serena.
- Pelas
palavras do comandante parece que vocês têm mais prestigio do que o presidente.
Os
jovens saíram sorrindo, mas ainda tensos por causa do estranho disparo.
- Vocês
sabiam que nosso misterioso inimigo deixou seu cartão de visita? – disse Alanna
quando os três se encontravam na rua.
- Que
cartão de visita? – Perguntou Marcos.
Alanna
mostrou um estranho amuleto (do tamanho de uma moeda).
- Vejam
– disse ela – estava jogado no canto, e eu notei uns segundos antes da entrada
dos policiais.
- Eu
conheço esse medalhão – disse Giovanna – já o vi num arquivo sobre sociedades
satânicas.
- Meu
Deus! Então a história ainda não acabou - disse Marcos Moran, sentindo um
calafrio.
- De uma forma ou de outra vou partir para os Estados Unidos
o mais breve possível – disse Alanna, olhando para James Anderson – deixo com
você e Giovanna a incumbência de informar Morganne e os outros sobre o que
aconteceu hoje.
*******
Markus Stanley concluiu seus estudos universitários nos
Estados Unidos (onde morava) e então resolveu sair pelo mundo. Há muito tempo
que tinha um sonho de visitar o Brasil (na verdade, era para lá que ele tinha
planejado sua lua-de-mel). Com o coração ainda amargurado pelas tristes e
dramáticas recordações, aquele bravo soldado tentava renascer para a vida.
Havia conseguido um emprego como professor de História numa Universidade de
Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Ele era um homem estranho. Vivia para o
trabalho e para mais nada. Mesmo assim conseguia ser simpático e era admirado
pelos colegas e alunos. Entre seus admiradores havia uma jovem estudante (de 18
anos), que gostava dele de uma forma especial.
Markus havia fechado o coração. Ele tinha prometido a si
mesmo que não amaria mais ninguém. Malena continuava a aparecer em seus sonhos
e pensamentos. Ele ainda não conseguia acreditar no que tinha acontecido com
Malena.
De acordo com os relatos de seus parentes, Markus sabia o
seguinte: Malena gostava de cavalgar e tradicionalmente passeava por aquelas
belas planícies do Arizona, onde morava. Havia uma fantástica cachoeira naquela
região, mas havia também um abismo perigoso por onde passava um rio. E foi ali
que aconteceu a tragédia, apenas três meses depois da partida de Markus para a
guerra. Malena cavalgava tranqüilamente – embora triste por estar tão longe do
amado e angustiada em imaginar que ele poderia não voltar nunca mais – quando
de repente, o cavalo enlouquece e corre em direção ao perigoso abismo. Ela
tenta saltar, mas ao fazer isso cai de maneira violenta. Um vaqueiro que
cuidava de alguns cavalos viu toda a cena e socorreu a jovem. Levada ao
hospital mais próximo Malena não resistiu e morreu horas depois. Após seu
sepultamento – ocorrido de forma estranhamente rápida, apenas poucas horas
depois – os irmãos e a mãe de Markus foram notificados. Só chegaram a tempo de
ver o túmulo ainda fresco.
Malena era filha única de um casal de judeus ainda jovens.
Após o trágico acontecimento, o casal Parker resolveu ir embora dali, e durante
muito tempo não se teve noticias deles.
Markus
Stanley enxugava as lágrimas. Aquelas recordações sempre abalavam suas emoções.
Qual seria o futuro dele agora?
Enquanto
recordava aquelas amargas lembranças, ele foi despertado por uma conhecida voz
feminina:
- Professor
Markus? Posso falar com o senhor um momento?
Era
Karina, a jovem universitária que o admirava mais do que o significado da
palavra admiração.
- Oi,
Karina. Tudo bem?
- Claro. E
o senhor? Por que é difícil vê-lo sorrir?
- Se
quiser me chamar de professor, tudo bem, mas por favor, senhor não – respondeu
ele, forçando um sorriso.
- Tudo bem,
professor – ela sorriu - Mas por que você é tão triste? Há algo que eu possa
fazer pra ajudá-lo?
- Não,
querida. Sinto muito. Sabe, nossa vida é cheia de reviravoltas. Acontecem
coisas boas e ruins com pessoas boas. Quem sabe um dia eu possa abrir um pouco
meu coração.
- Quero
estar por perto quando isso acontecer – disse Karina, olhando bem dentro dos
olhos dele.
Markus percebeu
algo especial no olhar daquela garota. Ele nunca havia observado o quanto ela
era linda. Fez com que ele se lembrasse novamente de Malena. Não, isso não era
certo. Ele não poderia ver Malena em todas as mulheres que achasse linda. Mas
que Karina se parecia muito com Malena, sim, isso era verdade.
- Professor,
eu gostaria de levar você para almoçar comigo, em casa, qualquer dia desses.
- É mesmo?
Nem sei o que dizer – Ele sabia que um relacionamento com uma menina naquela
idade não seria muito bem recebido naquela universidade, e principalmente, por
se tratar de uma relação professor-aluna.
- Isso
quer dizer que você aceita o convite?
*******
IDADE
MÉDIA, ANO 1422.
Não
havia mais como adiar o inevitável. O inquisidor disparou a flecha.
Mas Samuel
– que estava muito próximo do inimigo – num lance relâmpago, segurou a flecha
ainda na besta, impedindo que fosse disparada. E com a mão esquerda enfiou o
lápis na mão que segurava a besta, provocando intensa dor no inimigo e
fazendo-o largar a perigosa arma. Então Samuel correu o mais depressa que pôde
até alcançar o estopim que estava preste a libertar a gaiola e lançá-la no poço
de fogo.
Após
apagar o estopim, Samuel aproximou-se da gaiola para libertar Lilandra. Então
seus olhos observaram algo que o deixaram muito perturbado. O estopim estava
colocado de tal forma que jamais alcançaria o objetivo informado pelos
inquisidores. Ele virou-se para a gaiola e viu a jovem – que permaneceu o tempo
todo sentada – levantando-se, e segurando algo. Só então ele percebeu que a
porta da gaiola não estava trancada. A jovem – que não estava amarrada e nem
com os olhos vendados – apertou um certo mecanismo dentro da gaiola, fazendo-a
sair de cima do poço de fogo.
Samuel
estava pasmo.
A porta da
gaiola foi então aberta e a jovem sorridente saiu com toda tranqüilidade,
levantou a mão direita e deixou Samuel ainda mais espantado.
- Surpreso,
meu querido? – Ela apontou uma besta para o atônito Samuel. Apontou e disparou,
sem piedade. Samuel não conseguiu evitar a flecha. Foi atingido e caiu.
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