domingo, 10 de novembro de 2013

Capítulo 8 – SEGREDOS PERIGOSOS... EXTREMAMENTE PERIGOSOS

Igarapé Grande, 1999. Biblioteca dos SETES.

Sabrina fazia uma exposição detalhada sobre a Nova Ordem Mundial e  as sociedades secretas.

- Muitos cientistas e sábios foram atraídos à essa Doutrina Secreta, e com a fundação, em 1776 da Ordem dos Iluminados, que pretendiam – e pretendem – fazer dos Estados Unidos uma nova Atlântida, um novo impulso foi dado para a implantação do reino anticristão na terra. Um século e alguns anos mais tarde foi fundada a Sociedade de Thule. Sabemos que Hitler foi um dos mais famosos membros dela. Adolf Hitler ingressou nessa sociedade em 1919, tornando-se um adepto, sob a liderança de Dietrich Eckhart.


Posteriormente, a Sociedade de Thule selecionou Hitler como seu líder da Nova Ordem Mundial, como Eckhart revelou no seu leito de morte, dizendo, “Sigam Hitler, ele dançará, mas eu toquei a música. Eu o iniciei na Doutrina Secreta, abri seus centros de visão, e lhe dei os meios de comunicar-se com os poderes.” E tem mais: A Sociedade de Thule mantinha regularmente sessões ocultistas, durante as quais os membros comunicavam-se com os demônios que se mascaravam de uma pessoa morta ou que simplesmente apareciam como o espíritos-guia das pessoas.

Dietrich Eckhart, Alfred Rosenberg e Adolf Hitler invocavam a manifestação do Anticristo nas sessões mediúnicas do Grupo de Thule em Munique. Echkart acreditava que recebera a revelação de seu espírito-guia que teria o privilégio de treinar o futuro grande líder. Desde o início de suas associações, Eckhart acreditava que Hitler seria o Anticristo. Portanto, não escondeu dele nenhum conhecimento ocultista, ritual ou perversão em seus esforços de equipá-lo para sua tarefa. Quando o treinamento terminou, Hitler acreditava que tinha “renascido” com aquela força e decisão sobre-humanas que precisaria para cumprir seu mandato ordenado para ele. Podemos achar que Hitler falhou, mas na visão dos ocultistas ele foi apenas um “ensaio”. O verdadeiro Hitler está para aparecer no cenário mundial.

         Sabrina sentou-se e perguntou:

- E isso é tudo. Como vocês ouviram, essa Ordem dos “SETE” sabia – ou sabe – das coisas. Alguém quer dizer alguma coisa?

- Eu já tinha ouvido falar desses tais “Mestres Elevados” antes – disse Wendy Millane, levantando-se – eu estava analisando as mensagens e os livros que estão fazendo sucesso no meio evangélico atual. Vocês sabem que a maioria dos pregadores estão ensinando que o pensamento positivo, a comunicação positiva e a visualização positiva são as chaves para o sucesso. Qualquer um pode literalmente incubar e dar a luz a realidade física ao criar uma imagem vívida em sua mente e focalizar nela seus pensamentos.

Robert Schüller, um famoso pregador americano, cujo programa de TV é assistido por quase três milhões de pessoas, disse: “EU DESCOBRI A REALIDADE DAQUELA DIMENSÃO DINÂMICA NA ORAÇÃO QUE VEM POR MEIO DA VISUALIZAÇÃO. NÃO TENTE ENTENDER ISSO. SIMPLESMENTE COMECE A TIRAR PROVEITO! É VERDADE. FUNCIONA. EU EXPERIMENTEI”.  E assim a simples oração bíblica tem se tornado uma fórmula mágica para fazer as coisas acontecerem. E nesse caso, se qualquer pessoa imagina que, por pensar certos pensamentos ou falar certas palavras, obrigará Deus a agir, de certo modo, está envolvida com feitiçaria e, se não estiver assumindo o papel de Deus, está pelo menos tentando manipular a Deus.

         Muitos cristãos não imaginam que estão crendo na mesma “fé” dos ocultistas. Vocês sabem que Napoleon Hill é um grande autor americano que sabe vender livros. Seu maior Best Seller é o livro “PENSE E FIQUE RICO”. Milhares de pessoas estão sendo influenciadas por ele – e inclusive líderes cristãos. E aqui veremos de onde vem essa nova fé evangélica.

Stephen B. Douglas e Lee Roddy, dois autores cristãos, no livro “APROVEITANDO SUA MENTE AO MÁXIMO”, afirmaram: “EM ANOS RECENTES UM BOM NÚMERO DE LIVROS SECULARES TEM RELACIONADO O SUCESSO AO PODER DA MENTE. OS AUTORES DE TAIS LIVROS COMEÇARAM A SONDAR AS PROFUNDEZAS DO RESERVATÓRIO DE POTENCIAL QUE DEUS COLOCOU NA MENTE HUMANA. NAPOLEON HILL FOI UM DESSES ESCRITORES SECULARES.” Eu li isso no livro deles. Assim, os cristãos ingênuos estão comprando os livros de Napoleon Hill porque seus próprios líderes estão recomendando.

         Mas alguém poderia dizer: E o que há de tão perigoso nos livros de Hill? É que ele mesmo – em um dos seus livros – conta como aprendeu as técnicas de poder mental. Ele escreveu: “COM FREQUÊNCIA TENHO TIDO PROVAS DE QUE AMIGOS INVISIVEIS PAIRAM SOBRE MIM, IMPOSSÍVEIS DE PERCEBER PELOS SENTIDOS NORMAIS. EM MEUS ESTUDOS DESCOBRI QUE HÁ UM GRUPO DE ESTRANHOS SERES QUE DIRIGEM UMA ESCOLA DE SABEDORIA.”

         “A ESCOLA TEM MESTRES QUE PODEM DESENCARNAR E VIAJAR INSTANTANEAMENTE A QUALQUER LUGAR QUE ESCOLHAM...PARA TRANSMITIR CONHECIMENTOS DIRETAMENTE, POR VOZ... EU SABIA QUE UM DESSES MESTRES TINHA VIAJADO MILHARES DE MILHAS, DURANTE A NOITE, ATÉ O MEU ESCRITÓRIO... ‘VOCÊ CONQUISTOU O DIREITO DE REVELAR A OUTRAS PESSOAS UM SEGREDO SUPREMO’, DISSE A VOZ VIBRANTE. ‘VOCÊ ESTEVE SOB A DIREÇÃO DA GRANDE ESCOLA...AGORA DEVE DAR AO MUNDO UM PLANO.” 
        
Wendy continuou:

- O “Supremo Segredo” consiste nisso: TUDO QUE A MENTE HUMANA É CAPAZ DE CRER, A MENTE HUMANA PODE CONSEGUIR. Hill chama isso de “O PODER MÁGICO DA FÉ”. Ele disse ainda: “VERDADEIRAMENTE, PROFUNDAMENTE, CREIA QUE TERÁ GRANDE RIQUEZA E VOCÊ A TERÁ”. Essa é a filosofia do Anticristo, que muitos cristãos já estão adotando.

- É verdade – disse Sabrina – no ano passado, ao visitar uma prima, fui até a igreja dela, que naquela noite estava recebendo a visita de um pregador famoso, internacional. O que ouvi foi chocante.

*******
Naquela noite o pregador cativa a platéia quase que de maneira hipnótica. Eis alguns trechos de seu sermão:

- Vocês não imaginam o poder que têm ao alcance das mãos. A fé não tem sido explorada como devia. Deus colocou um potencial maravilhoso na mente humana. A ciência da mente ensina que o homem controla o curso de sua vida, por processos mentais que funcionam de acordo com uma lei universal. O homem, por meio do pensamento, pode trazer à sua experiência tudo aquilo que desejar.

No meio da multidão, dois jovens conversavam, criticando a mensagem. Eles estavam sentados num banco atrás do de Sabrina. Ela ouviu quando um deles disse:

- E isso é pregação do Evangelho?

- Concordo com você – disse o outro - Eles passaram do limite. Temos que fazer alguma coisa.

- Mas essa praga está bem alastrada, e os nossos líderes fecham os olhos. Nossos irmãos sempre acreditaram que tudo que é sobrenatural vem de Deus e por isso a Igreja está sendo invadida pelas doutrinas anticristãs sem que ninguém diga nada.

O pregador continuava, cada vez mais eufórico:

- Sua mente inconsciente tem um poder que torna desejos em realidades quando os desejos são suficientemente fortes. Imagine vividamente, creia sinceramente, deseje ardentemente, aja entusiasticamente, e isso tem que acontecer inevitavelmente.

Os dois jovens continuavam a criticar a mensagem do pregador:

- Esse tipo de ensino tem confundido muita cristãos sinceros para que pensem que a fé é uma força que faz as coisas acontecerem simplesmente porque eles creram.

- É verdade. Assim a fé não é posta EM Deus, mas é um poder dirigido A Deus, um poder que O força a fazer por nós aquilo que CREMOS que Ele fará.

- Sim. Quando Jesus disse em várias ocasiões: “A TUA FÉ TE SALVOU”, não estava querendo dizer que algum poder mágico é disparado pelo ato de crer, mas que a fé abrira a porta para que Ele curasse tais pessoas. É como se Jesus dissesse: “Você crer que EU posso curar, que EU tenho todo o poder do Universo para resolver todos os problemas do mundo? Que somente EU e mais ninguém pode fazer tais coisas?”. Sim, não é simplesmente ter fé na fé, mas fé EM Deus.

Mas alheio a conversa dos dois jovens críticos, o pregador continuava:

- Você não conhece o poder que existe dentro de si! Você transforma o mundo naquilo que quiser. Sim, você pode transformar o mundo em qualquer coisa que você queira que ele seja. Deus nos deu esse poder, por meio da morte de Jesus. Agora, temos o mundo aos nossos pés. Você precisa aprender a ter fé na fé. Deus não pode contrariar a sua palavra. Nós temos o poder de pedirmos o que quisermos a Deus. Somos filhos do Dono do mundo. Aleluia!

Os dois jovens estavam perplexos:

- Como é que ele se atreve a dizer isso? A fé não tem nenhum poder em si mesma! Quando isso acontece é obra maligna. Jesus disse em Marcos 11.22: “Tende fé EM Deus”.

- Sim – disse o outro – a fé precisa ter um objeto. Ela é confiança absoluta e sem reservas EM Deus. Não há ninguém nem nada no Universo que mereça confiança total, a não ser Deus.

Não somente naquela igreja, mas em muitas outras, naquela noite, pregadores afamados espalhavam o mesmo pensamento de fé positiva que tinha tomado de conta dos cristãos no final do século XX.

Os dois jovens resolveram sair e procurar alguma estratégia contra o avanço daqueles pensamentos anticristãos. Sabrina levantou-se rapidamente e os seguiu.

- Ora, ora, que surpresa agradável – disse ela chegando repentinamente e se colocando entre os dois - Timonthy e John Mac Lonners! Há quanto tempo meus queridos? O que vocês fazem tão longe da cidade de vocês?

- Sabrina?! – Timonthy abraça-a fortemente – querida, como vai você?

- E eu pensava que ninguém me conhecia por aqui – disse Lonners sorrindo.

Alguns minutos depois e os três jovens estão numa lanchonete contando as últimas novidades.

- Minha prima Manuela passou por aqui há algumas semanas antes de partir para a Europa e me contou tudo que aconteceu lá pelo Maranhão recentemente – disse Timonthy – que coisa horrível, não?

- Você nem imagina, meu amigo – disse Sabrina – Algumas de nossas meninas estiveram em maus lençóis.

*******
- Pois é. A filosofia dos Mestres Elevados já contaminou as igrejas evangélicas – disse Sabrina, concluindo seu relato – essa é a filosofia da futura religião global.

- É assustador – disse Morganne – Como vocês sabem muito bem, a Bíblia chama essa futura religião mundial anticristã de PROSTITUTA BABILÔNICA. E a outra parte deste estudo é intitulada O ROSTO DA PROSTITUTA BABILÔNICA. Moyra escreveu que esse texto foi escrito há muitos séculos e que muitos pesquisadores – muitos SETES – foram mortos por divulgarem o que está revelado aqui. Mas ao que parece, alguém atualizou o texto, pois ele fala de Hitler e cita muitas coisas e acontecimentos do século XX, e até coisas que aconteceram recentemente. Talvez alguém ligado a ORDEM DOS SETES, que certamente continua a existir. É um estudo incrível.

- Mas o que há de tão terrível aí? – Perguntou Michelle.

- Prestem bem atenção que irei ler palavra por palavra – disse Sabrina.

E, à medida que Sabrina lia, várias expressões de espanto e admiração se ouviam no meio dos SETES.

- Chocante! – Exclamou Brigitte.

         Sabrina deu mais uma pausa na leitura e todos os SETES se entreolharam, sentido um forte calafrio. O tempo estava ficando perigoso, muito perigoso. Divulgar aquelas verdades seria o mesmo que namorar a morte.

         Morganne levantou-se e disse:

         - Portanto, de acordo com a estranha mensagem que Moyra recebeu, os Mestres Elevados estão prestes a entronizarem os dois líderes que estabelecerão o reino anticristão na terra, e que, em Apocalipse são chamados Besta do Mar e Besta da Terra.

         - Atualmente não vejo ninguém de destaque na Europa que preencha os requisitos – disse Scapelly.

         - Se é verdade que a segunda besta vai dominar o Vaticano, o atual papa tem que renunciar ou morrer, pois é logicamente impossível que ele assuma tal papel – disse Michele.

         - Logicamente impossível por que? – Quis saber Samantha.

         - Não vejo como um homem da idade dele possa se prestar a tal papel – respondeu Michele.

         - É verdade – disse Morganne – mas existem bons candidatos entre os cardeais.

         - Ouvi falar de um certo David Lived, cardeal francês, nascido na Itália – informou Sabrina.

         - Francês nascido na Itália? – Perguntou Michele.

         - Ele nasceu na Itália, mas mudou-se para a França ainda pequeno, onde se naturalizou francês – explicou Sabrina.

         - Mas David Lived não é um nome francês – disse Michele.

         - Não, mas poucos acham isso estranho – disse Sabrina.

         - Pois é. O futuro promete ser muito interessante – disse Wendy, pensativa. Ela pertencia ao grupo daqueles cujo passado era cheio de mistérios. Ela mesma não conhecia sua origem, pois devido a uma misteriosa doença de infância (= de acordo com sua tia), sua memória foi afetada e certos acontecimentos importantes de sua vida nunca eram totalmente lembrados.

De vez em quando imagens de pessoas desconhecidas vinham à sua mente, mas ela não sabia quem eram e o que poderia significar. Mas ela era brilhante e apesar das falhas de memória concluiu com grande sucesso sua Faculdade de Psicologia, um conhecimento que foi muito útil nos anos em que ela trabalhou para alguns serviços secretos americanos e europeus, a ponto de ser considerada, pelos SETES, a segunda melhor investigadora após Moyra Jenny Stanley.

*******

Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 1999.

James Anderson e Giovanna Macleone, uma morena de cabelos longos e lisos, e olhos muito profundos e misteriosos, estavam conversando com Alanna e seu namorado Marcos Moran. Eles falavam a respeito da sinistra aventura vivida há três meses por Alanna ali em Porto Alegre, e pelos outros “SETES” no Maranhão.

- Então vocês estão partindo para os Estados Unidos? – Perguntou James Anderson.

- Sim – respondeu Alanna – Queremos relaxar um pouco e ao mesmo tempo pretendo conversar pessoalmente com Rogers Town. Não acredito que todo o perigo que enfrentamos recentemente tenha sido obra somente daquela “trindade satânica” (ela se referia a Rashira e os outros dois líderes satanistas). Com tantos jovens neste mundo, é muita coincidência essas seitas estarem justamente na pista dos “SETES”.

E o serviço de informações deles é muito eficiente – disse Marcos Moran – vejam que Rashira preparou seu golpe contra Alanna ainda no Egito.

- Eu nunca imaginei que um dia a gente fosse enfrentar perigos de verdade. Sempre estudamos profecias, sociedades secretas, seitas satânicas e coisas afins, mas nunca tivemos um contato tão próximo e tão perigoso - disse Giovanna, denotando bastante preocupação em seu semblante.

Ela tinha uma intuição que causava admiração entre os “SETES”, e nesse momento, ao olhar para Alanna, captou alguma coisa. “Engraçado – pensou Giovanna – Alanna está sorrindo, mas seus olhos mostram tensão. Por quê?”

Os quatros jovens estavam numa lanchonete nas margens de um lago. Um pouco distante dali, alguém com um par de binóculos de longo alcance, observava tudo com a máxima atenção. Ele se ocultava num quarto do terceiro andar de um dos muitos hotéis situados ali.

         O misterioso observador abriu uma caixa e apanhou um rifle – desses com mira telescópica. Apontou para alguém dentro da lanchonete. Fez mira. No visor apareceu a imagem de um jovem. Era Marcos Moran, namorado de Alanna. O misterioso inimigo acariciou o gatilho. Naquele instante Marcos Moran sorria, sem saber o que o destino lhe havia reservado para aquele momento. Então, o inimigo oculto apertou o gatilho.

*******

IDADE MÉDIA, ANO 1422.

- Espere! – Samuel tentou ganhar tempo – se eu for atingido não morrerei no mesmo segundo. Eu levarei, no mínimo, uns vinte segundos – mesmo que a ponta da flecha esteja carregada com o pior dos venenos.

- O que você quer dizer com isto? – Perguntou o inquisidor, desconfiado.

Samuel sorriu. Com grande sangue frio olhou nos olhos do inimigo e disse:

- Minha mão esquerda está segurando um lápis, que está quase perfurando a jugular do seu grande líder. Tenho certeza de que Deus me dará forças para que, antes de morrer, tenha tempo de enviar este filho do diabo para o reino das sombras.

O homem que apontava a besta ficou perturbado. Olhou para o seu chefe superior e percebeu que Samuel não estava blefando. O inquisidor-chefe – que continuava preso entre a mesa e a grande foice – estava paralisado.

- Vamos! Atire essa maldita flecha e morrerei como Sansão, se é que você conhece a história – Desafiou Samuel.

- Você esquece que sua amada está a um passo da morte – disse o inquisidor lembrando a Samuel que dentro de alguns minutos Lilandra seria queimada.

“Deus, mostre-me uma saída” orou Samuel.

- E então? Decida-se e vamos acabar logo com isso – disse Samuel sem pestanejar. Ao mesmo tempo o inquisidor-chefe estava muito pálido e sentindo que Samuel estava mesmo disposto a matá-lo.

- A vida do seu grande líder está por um fio – disse Samuel. Mas a reação do inquisidor armado foi surpreendente:

- Quero que ele vá pro inferno – disse o homem, destravando o mecanismo que segurava a seta mortal.

*******

- Por quê?!! Por quê?!! Por quê?!! Isso é um pesadelo! – o clamor daquele jovem era de partir qualquer coração. Ele estava deitado sobre aquele frio túmulo naquela tarde cinzenta. O sol estava quase no crepúsculo. Era o crepúsculo mais triste para Markus Stanley.

Alguns anos depois.

Porto Alegre, Brasil. Inicio de 2010.

Um homem, aparentando uns quarenta anos, ministrava para uma classe universitária, com cerca de 30 alunos. Naquele momento, uma jovem estudante aproximou-se da janela e acenou para o concentrado catedrático.

Ele sorriu e continuou sua aula. Seu nome é Markus Stanley.

*******

James Anderson conversava alegremente quando notou aquele pontinho vermelho no coração de Marcos Moran. Ele não pensou duas vezes. Jogou-se sobre o seu amigo, derrubando-o violentamente, no momento em que um disparo acontecia. A bala penetrou na parede da lanchonete. Ainda mais rápido do que antes, James correu em direção ao local de onde veio o disparo. Ele estava desarmado, mas isto não queria dizer nada. Um dos princípios da Filosofia 7 era o não uso de armas de fogo. O lema daqueles jovens era “A INTELIGÊNCIA É A MAIOR DAS ARMAS”. Enquanto Alanna cuidava de Marcos, Giovanna acompanhou Anderson em direção ao hotel.

         Ao mesmo tempo, o misterioso inimigo tratava de escapar. Foi um grande azar para ele e um grande milagre para Marcos aquele tiro não ter acertado o alvo. Alguns minutos depois e Anderson, juntamente com Giovanna estavam a caminho do andar fatídico. Ele estava preparado para tudo. Não seria novamente surpreendido. Enquanto os dois jovens subiam as escadas, o misterioso inimigo fugia.

         Os dois jovens chegaram ao quarto vazio e – após constatarem que seria inútil perseguirem o atirador – começaram a procurar pistas.

- Isso não faz sentido – disse Giovanna, olhando em todas as direções.

- Nunca na minha vida passei por algo semelhante – disse Marcos Moran, chegando ao quarto, acompanhado de Alanna – ainda não consigo acreditar que Anderson tenha sido mais rápido do que aquela bala.

- Foi um milagre de Deus – respondeu Anderson, enquanto examinava o chão – talvez por assistir muitos filmes de ação, onde geralmente se mostram coisas parecidas, eu tenha ficado mais alerta. Você sabe que os atiradores profissionais atualmente dispõe de um recurso, ou seja, um dispositivo de raio laser para facilitar melhor a mira. Quando vi aquele pontinho vermelho sobre seu bolso esquerdo não hesitei nem um segundo.

- E se fosse somente uma brincadeira? – Perguntou Marcos.

- Meu caro amigo, tivemos tantas aventuras misteriosas recentemente que fiquei um pouco paranóico.

- Mas por que alvejaram Marcos? – Perguntou Alanna.

- Não sou homem de negociatas. Não me lembro de nenhum inimigo mortal.

- E se tiver algo a ver com o Arquivo7? – Perguntou Anderson – Vocês sabem o que aconteceu recentemente com nossos amigos.

- E se Rashira fosse apenas a ponta de um gigantesco e diabólico iceberg? – Perguntou Giovanna.

- Mais uma razão para eu e Marcos viajarmos o mais rápido possível para os Estados Unidos, nos escondermos um tempo por lá e falar com Rogers – disse Alanna.

- Por que vocês não enviam um e-mail para ele?

- Nós já enviamos – disse Alanna – mas você sabe que nossos e-mails podem estar sendo monitorados por alguém ou várias pessoas más intencionadas. E além do mais não recebemos resposta nenhuma. Pra falar a verdade, faz três meses que tive noticias de Rogers – sem contar com aquilo que Rashira me falou, mas é claro que não sabemos o que havia de verdade e de mentira em tudo o que ela nos disse.

- É estranho Rogers não responder aos e-mails – disse Marcos - Ainda mais que...

- O que está acontecendo aqui?

- Os jovens voltaram-se para os dois sujeitos que acabaram de entrar no quarto. Eram dois policiais.

- Nos informaram que houve um tiroteio por aqui – disse um deles.

- Na verdade não foi um tiroteio – falou Anderson desconfiado – estávamos calmamente lanchando quando uma bala passou raspando sobre nossas cabeças. Corremos para cá porque achamos que o atirador estava aqui.

- Quem são vocês? – Perguntou o policial mais falante.

- Apenas jovens estudantes, meu caro amigo – disse Marcos Moran olhando bem nos olhos do policial – temos ficha limpa. Só estávamos curiosos em saber quem anda se divertindo atirando por aí.

- Nos dê um motivo para não interrogarmos vocês – disse ainda o mesmo policial.

James Anderson fez uma fisionomia de impaciência e disse:

- Perguntem ao comandante Silverado se ele conhece James Anderson do Arquivo7.

Um dos policiais afastou-se um pouco, e após alguns minutos falando ao celular, retornou com uma expressão mais serena.

- Pelas palavras do comandante parece que vocês têm mais prestigio do que o presidente.

Os jovens saíram sorrindo, mas ainda tensos por causa do estranho disparo.

- Vocês sabiam que nosso misterioso inimigo deixou seu cartão de visita? – disse Alanna quando os três se encontravam na rua.

- Que cartão de visita? – Perguntou Marcos.

Alanna mostrou um estranho amuleto (do tamanho de uma moeda).

- Vejam – disse ela – estava jogado no canto, e eu notei uns segundos antes da entrada dos policiais.

- Eu conheço esse medalhão – disse Giovanna – já o vi num arquivo sobre sociedades satânicas.

- Meu Deus! Então a história ainda não acabou - disse Marcos Moran, sentindo um calafrio.

- De uma forma ou de outra vou partir para os Estados Unidos o mais breve possível – disse Alanna, olhando para James Anderson – deixo com você e Giovanna a incumbência de informar Morganne e os outros sobre o que aconteceu hoje.

*******

Markus Stanley concluiu seus estudos universitários nos Estados Unidos (onde morava) e então resolveu sair pelo mundo. Há muito tempo que tinha um sonho de visitar o Brasil (na verdade, era para lá que ele tinha planejado sua lua-de-mel). Com o coração ainda amargurado pelas tristes e dramáticas recordações, aquele bravo soldado tentava renascer para a vida. Havia conseguido um emprego como professor de História numa Universidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Ele era um homem estranho. Vivia para o trabalho e para mais nada. Mesmo assim conseguia ser simpático e era admirado pelos colegas e alunos. Entre seus admiradores havia uma jovem estudante (de 18 anos), que gostava dele de uma forma especial.

Markus havia fechado o coração. Ele tinha prometido a si mesmo que não amaria mais ninguém. Malena continuava a aparecer em seus sonhos e pensamentos. Ele ainda não conseguia acreditar no que tinha acontecido com Malena.

De acordo com os relatos de seus parentes, Markus sabia o seguinte: Malena gostava de cavalgar e tradicionalmente passeava por aquelas belas planícies do Arizona, onde morava. Havia uma fantástica cachoeira naquela região, mas havia também um abismo perigoso por onde passava um rio. E foi ali que aconteceu a tragédia, apenas três meses depois da partida de Markus para a guerra. Malena cavalgava tranqüilamente – embora triste por estar tão longe do amado e angustiada em imaginar que ele poderia não voltar nunca mais – quando de repente, o cavalo enlouquece e corre em direção ao perigoso abismo. Ela tenta saltar, mas ao fazer isso cai de maneira violenta. Um vaqueiro que cuidava de alguns cavalos viu toda a cena e socorreu a jovem. Levada ao hospital mais próximo Malena não resistiu e morreu horas depois. Após seu sepultamento – ocorrido de forma estranhamente rápida, apenas poucas horas depois – os irmãos e a mãe de Markus foram notificados. Só chegaram a tempo de ver o túmulo ainda fresco.

Malena era filha única de um casal de judeus ainda jovens. Após o trágico acontecimento, o casal Parker resolveu ir embora dali, e durante muito tempo não se teve noticias deles.

Markus Stanley enxugava as lágrimas. Aquelas recordações sempre abalavam suas emoções. Qual seria o futuro dele agora?

Enquanto recordava aquelas amargas lembranças, ele foi despertado por uma conhecida voz feminina:

- Professor Markus? Posso falar com o senhor um momento?

Era Karina, a jovem universitária que o admirava mais do que o significado da palavra admiração.

- Oi, Karina. Tudo bem?

- Claro. E o senhor? Por que é difícil vê-lo sorrir?

- Se quiser me chamar de professor, tudo bem, mas por favor, senhor não – respondeu ele, forçando um sorriso.

- Tudo bem, professor – ela sorriu - Mas por que você é tão triste? Há algo que eu possa fazer pra ajudá-lo?

- Não, querida. Sinto muito. Sabe, nossa vida é cheia de reviravoltas. Acontecem coisas boas e ruins com pessoas boas. Quem sabe um dia eu possa abrir um pouco meu coração.

- Quero estar por perto quando isso acontecer – disse Karina, olhando bem dentro dos olhos dele.

Markus percebeu algo especial no olhar daquela garota. Ele nunca havia observado o quanto ela era linda. Fez com que ele se lembrasse novamente de Malena. Não, isso não era certo. Ele não poderia ver Malena em todas as mulheres que achasse linda. Mas que Karina se parecia muito com Malena, sim, isso era verdade. 

- Professor, eu gostaria de levar você para almoçar comigo, em casa, qualquer dia desses.

- É mesmo? Nem sei o que dizer – Ele sabia que um relacionamento com uma menina naquela idade não seria muito bem recebido naquela universidade, e principalmente, por se tratar de uma relação professor-aluna.

- Isso quer dizer que você aceita o convite?

*******

IDADE MÉDIA, ANO 1422.

         Não havia mais como adiar o inevitável. O inquisidor disparou a flecha.

Mas Samuel – que estava muito próximo do inimigo – num lance relâmpago, segurou a flecha ainda na besta, impedindo que fosse disparada. E com a mão esquerda enfiou o lápis na mão que segurava a besta, provocando intensa dor no inimigo e fazendo-o largar a perigosa arma. Então Samuel correu o mais depressa que pôde até alcançar o estopim que estava preste a libertar a gaiola e lançá-la no poço de fogo.

Após apagar o estopim, Samuel aproximou-se da gaiola para libertar Lilandra. Então seus olhos observaram algo que o deixaram muito perturbado. O estopim estava colocado de tal forma que jamais alcançaria o objetivo informado pelos inquisidores. Ele virou-se para a gaiola e viu a jovem – que permaneceu o tempo todo sentada – levantando-se, e segurando algo. Só então ele percebeu que a porta da gaiola não estava trancada. A jovem – que não estava amarrada e nem com os olhos vendados – apertou um certo mecanismo dentro da gaiola, fazendo-a sair de cima do poço de fogo.

Samuel estava pasmo.

A porta da gaiola foi então aberta e a jovem sorridente saiu com toda tranqüilidade, levantou a mão direita e deixou Samuel ainda mais espantado.


- Surpreso, meu querido? – Ela apontou uma besta para o atônito Samuel. Apontou e disparou, sem piedade. Samuel não conseguiu evitar a flecha. Foi atingido e caiu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário