Elaine
tentou conter sua surpresa. Em hipótese nenhuma Charles deveria desconfiar que
ela sabia a verdade. Calmamente, tentando controlar suas emoções, a garota dos
olhos de mel levantou-se, sempre olhando nos olhos de Charles. Ela sabia que os
olhos são a janela da alma. Sabia que corria o risco de ter seus pensamentos
lidos por Charles se fixasse muito os olhos nos olhos dele. Mas também queria
sondá-lo. Queria ler o que se passava em sua mente naquele momento. Queria ter
certeza de que ele não estava desconfiando de nada.
- Sinto
muito, Charles. O que sinto por você não é forte o suficiente para me obrigar a
segui-lo. Foi bom o tempo que passamos juntos, mas não nascemos um para o outro
– ela usava as palavras com todo o cuidado, como se calculasse o valor de cada
letra, pois sabia que uma das marcas mais especiais dos “SETES” era a
capacidade de sempre falar a verdade. E como ela ainda sentia alguma coisa por
ele, não poderia mentir dizendo o contrário. Mas também tinha aprendido
bastante naqueles dois anos com os “SETES” e tinha certeza que Charles não
podia ser o homem da sua vida. E principalmente agora, com a tremenda
descoberta que ela fez... era inacreditável!
Ela saiu
rapidamente, sem dar tempo de um Charles surpreso dizer alguma coisa. Ele a
seguiu com o olhar até perdê-la de vista. Sem piscar.
*******
Deserto do
Saara.
O jovem de
cabelos ruivos estava sedento. Não havia possibilidade nenhuma de sair dali com
vida, pois ele estava cercado de areia por todos os lados. Ele olhou para o
céu. E procurou ver algum pássaro. Se houvesse algum oásis por perto – nem que
fosse distante alguns quilômetros – ele ainda tinha um pouco de forças para
chegar até lá. De repente, ele viu um bando de pássaros sobrevoando bem alto. Eles
seguiam numa direção determinada. Ele resolveu apostar sua vida naquela direção
e seguiu-a.
Cerca de
quinze minutos depois avistou aquilo que parecia o paraíso. Uma dúzia de
palmeiras indicava que a salvação do jovem aventureiro estava próxima. E se fosse
uma miragem?
Ele se
aproximou das águas. Não era miragem. Olhou ao redor procurando rastros de
animais, pois a experiência lhe ensinara que se não houvesse nenhum rastro ao
redor de um poço isolado seria perigoso, pois isso indicaria que até mesmos os
animais haviam descoberto que a água era imprópria para consumo. Mas, para sua
alegria, ele viu muitos rastros. Mesmo assim, continuava prudente, pois sabia
que algumas espécies de animais podiam beber líquidos que, para um ser humano
seria mortal. Mas um teste simples foi o suficiente para ele descobrir que a
água não estava envenenada. Ele pegou um fio de cabelo e mergulhou na água.
Como o fio não se enrolou – o que aconteceria se a água estivesse envenenada ou
imprópria para consumo – então o jovem jogou-se nas águas.
Enquanto
bebia do precioso líquido ouviu passos atrás de si. Voltou-se, preparado para a
luta, mas o que viu o deixou completamente sem jeito.
*******
Morganne
estava perplexo.
- Você tem
certeza?
- Sim –
disse Elaine – eu vi no pulso esquerdo de Charles a marca ocultista das três
serpentes sobre o número 666. Ele é um satanista!
Um vento
gelado soprou de repente. Ao longe se ouviu o cantar estranho de um pássaro
desconhecido. Era noite.
Morganne
levantou-se, andou de um lado para o outro e disse:
- Estou
muito preocupado com nossos amigos. Já ouvi rumores de que cultos satânicos,
envolvendo adolescentes, estão acontecendo nesta região. Nunca pensei que essas
coisas um dia chegassem por aqui, mas sinto que fui muito ingênuo. É sempre assim. Quando o movimento das drogas
começa a progredir, logo atrás vem seu irmão mais próximo, o ocultismo e
adoração aberta a Satanás.
- Você
acha que já existe algum culto em nossa cidade? – Perguntou Elaine – não
consigo crer que isto seja real. Não consigo acreditar que Charles seja um
deles.
- Minha
querida, você tem lido muito os arquivos e sabe que a maior dor de cabeça para
a policia americana tem sido o aumento de jovens satanistas. Bob Larson, um
ex-roqueiro, agora convertido ao Cristianismo, é um grande combatedor do
ocultismo nos Estados Unidos. Seu programa de rádio “Fale e Escute com Bob
Larson” tem alcançado milhões de pessoas em centenas de cidade dos Estados
Unidos e Canadá, e também em diversos países da América do Sul, da Europa e da África.
Há pouco tempo ele lançou mais um livro, “Satanismo, a sedução da juventude
norte-americana”, e nele revela coisas difíceis de se acreditar. Ele é muito
amigo de Rogers Town, e por isso temos uma certa ligação. Pois bem, diariamente
dezenas de jovens envolvidos com satanismo (e até com assassinatos em rituais
satânicos) telefonam para Bob Larson, procurando ajuda. Isto é mais sério do
que imaginamos.
*******
Idade
Média, ano 1421.
Jean
Almazinni passeava ao redor de um jardim belíssimo, ao lado do jovem chamado
Samuel Shamir.
- Como é que aqueles que deveriam ser exemplo de amor para o
mundo têm cometido tantas atrocidades? – perguntou Samuel - Como é que a
verdade é obrigada a se esconder enquanto que a mentira reina? Como é que os
chamados cristãos se tornaram as pessoas mais cruéis do mundo? Eu tinha oito
anos quando meus pais foram torturados e mortos na fogueira, por se recusarem a
aceitar a religião cristã. Deus criou os homens livres – tão livres até para
escolherem o caminho do mal, mas os chamados cristãos têm forçado as pessoas a
aceitarem suas idéias.
- Mas você
já deve ter entendido que essas pessoas são chamadas de cristãs, mas na
verdade, são anticristãs e que ainda existem cristãos verdadeiros no mundo –
respondeu Almazinni.
- Sim, eu
sei. Mas preciso de um certo tempo para absorver melhor esse novo conhecimento.
Naquele
momento, uma moça se aproximou.
- É
Lilandra, uma jovem muito inteligente e bela, como você está observando – disse
Jean – ela irá em breve fazer uma visita aos irmãos da Alemanha e aproveitará
para levar algumas cópias das Escrituras Sagradas.
- Olá,
rapazes – a moça tinha um sorriso que Samuel classificaria mais tarde como
celestial e ao apertar a mão do ex-noviço, disse – Você não gostaria de visitar
a Alemanha?
Samuel
sentiu um leve estremecimento. O olhar daquela moça ruiva e de pele morena
parecia esconder milhares de segredos, pois ele ficou como que hipnotizado,
sentindo algo que nunca tinha sentido antes em toda a sua vida.
Jean
observou a reação de Samuel e sorriu. “Paixões à vista” – pensou.
- É claro
– Samuel conseguiu responder à pergunta de Lilandra após alguns segundos de
hesitação – sim, é claro. Passei muito tempo de minha vida preso. Agora que
conquistei a liberdade, quero vivê-la, e não há melhor maneira de vivê-la do
que fazendo a vontade de Deus.
- Venha comigo – ela pegou na mão do rapaz que ficou ainda
mais nervoso, e olhando para Jean continuou – se você não tiver nada em
contrário, gostaria de mostrar a ele a sala dos tradutores.
- Claro,
claro – respondeu Jean sorrindo – eu preciso analisar uns relatórios. Por
enquanto ele é todo seu. Até logo, meu amigo.
Realmente,
começava uma nova vida para Samuel.
- É
verdade que você é judeu? – Perguntou Lilandra enquanto se dirigiam à sala dos
tradutores.
- Sim, da
tribo de Benjamin, mas no mosteiro tentaram me dar uma nova identidade e uma
nova nacionalidade. Graças a vocês pude saber a verdade sobre minha história.
- É
incrível. Então você é irmão de sangue de Jesus.
- Parece
que sim, né? Mas Ele veio da tribo de Judá, se não me engano. Portanto, sou
parente dele, mas não muito próximo.
- Considere-se
um privilegiado, meu amigo. Você é judeu.
- Pelo que
eu andei sabendo, não é muito bom ser judeu nos dias de hoje.
- Sim, a
Inquisição tem perseguido os judeus mais do que os romanos fizeram. Isso é
muito triste, e tem contribuído para que os judeus se afastem ainda mais de
Jesus, pois aqueles que são considerados discípulos de Jesus tem feito coisas
que até mesmo o diabo fica admirado.
- E quando
é que isso irá acabar? – Perguntou Samuel.
- Não em
nosso dias – respondeu Lilandra – mas vai acabar, pode ter certeza. Bem,
chegamos. Deixe-me apresentar alguns dos tradutores.
Em uma
sala bastante espaçosa, cerca de 27 homens e mulheres trabalhavam
incessantemente na tradução de volumosas obras, sendo que a maioria era das
Sagradas Escrituras nas versões gregas, hebraicas e latinas. As traduções eram
feitas para a maioria das grandes línguas européias, tais como a Alemã e a
Inglesa.
- Este
aqui é Pietro Galbi, italiano, a nossa letra M.
- Muito
prazer – disse Samuel apertando a mão do tradutor, que devia ter uns quarenta
anos – por que ela o chamou de letra M?
O homem
sorriu e apontando algumas pessoas na sala explicou:
- Eu sou a
letra M, aquele ali é a letra S, aquela linda jovem é a letra P, aqueles dois
mais na frente são as letras F e J, aqueles perto da janela são as letras T, B
e A. E assim, todos os tradutores aqui são chamados por uma letra do alfabeto,
sabes por que?
- Não faço
a mínima idéia.
- Eles são
nosso dicionário ambulante – disse Lilandra – cada um se especializou em
conhecer o significado de todas as palavras de uma determinada letra do
alfabeto. Assim, Pietro é chamado de letra M, porque sabe o significado de
todas as palavras que começam com a letra M, em nossa língua.
- Era só o
que faltava – disse Samuel, sorrindo – é uma idéia divertida.
- Só
corrigindo uma coisa – disse Pietro – eu não sei o significado de todas as
palavras começadas com M, como a Lilandra disse, mas quase todas. Sabe como é,
cada dia alguém inventa uma palavra nova, e...
- Muito
espertinho, nosso amigo – disse Lilandra, soltando uma gargalhada.
- Quer
dizer que se eu quiser conhecer o significado de certa palavra, não preciso
correr ao dicionário, é só conversar com a pessoa certa, ou melhor, com a letra
certa? Essa é boa! – Disse Samuel, sorrindo.
*******
Igarapé
Grande, numa fria noite de lua cheia.
- Não
estou gostando disso, Guilherme – A garota empurrou o rapaz para trás, enquanto
procurava fechar a blusa.
- O que
deu em você? – o rapaz estava nervoso – não estamos fazendo nada de mais. Somos
adultos e sabemos o que queremos.
- Estamos
juntos há três meses, e você está se revelando mais um daqueles interesseiros,
que só vêem a mulher como um objeto de prazer.
- O que é
isso agora? Por que esse ataque de santidade? Quando nos conhecemos fazia dois
dias que você tinha terminado com o Carlos. Você sempre foi namoradeira. Não me
diga que sempre ficou só nos beijinhos.
- Você é
um canalha. Não quero mais saber de você! Espero que encontre uma idiota que
satisfaça seus impulsos sexuais.
Aquela
típica cena de briga entre namorados conduziria mais tarde a um rumo
inimaginado. Samantha Huston era uma garota ruiva, bonita, mas paqueradora além
da conta. Seu amigo Morganne bem que tentou, mas não conseguiu inspirar nela a
mentalidade de um “SETE”. Mas ele continuava tentando, pois gostava muito dela.
Eles se conheciam desde os tempos do ginásio.
Ainda
bastante chateada, ela caminhou um pouco até chegar a um bar de esquina. Sentou
numa mesa no canto da sala e pediu uma cerveja. Tinha vontade de ser uma pessoa
diferente, mas era muito fraca. Talvez se encontrasse alguém que a amasse de
verdade...
Enquanto
pensava essas coisas notou um rapaz numa mesa do outro lado, sozinho. Ele
parecia ter mais de 35 anos. Talvez uns 40. Seus olhares se cruzaram por alguns
segundos. Ela desviou a vista, sorriu e pensou: “Acabei de sair de uma e já
estou querendo me meter em outra”.
- Olá!
Gostaria de conversar um pouco?
Ela
virou-se e tentou não demonstrar surpresa. Era o “quarentão”.
- Claro!
Senta ai.
-
Obrigado. Meu nome é Charles. Charles Leafar. Como é o seu?
Antes que
ela respondesse sentiu um calafrio, pois um lobo muito distante dali tinha
começado a uivar.
*******
Deserto do
Saara.
O jovem de
cabelos ruivos estava perplexo. Duas lindas moças, com vestes árabes, o
contemplavam, sorrindo.
- Seja bem
vindo, senhor Rogers – disse uma delas em perfeito inglês.
O homem
sorriu encabulado, e disse:
- Não vão
me dizer que os salteadores eram um teste?
- Sim, meu
caro. O sultão ficou muito preocupado quando soube que você viria até aqui e
imaginou que fosse alguma armadilha. Então enviou aqueles falsos salteadores
que o receberam calorosamente.
- Sim, eu
sei como foram “calorosas” – disse ele, lembrando do que tinha acontecido
recentemente.
Rogers
Town era um homem muito importante. Depois de ter trabalhado 10 anos para a
maior agência de espionagem do mundo – a CIA, sua vida sofreu uma grande reviravolta.
Tão grande era seu ceticismo que foi um espanto para todos quando se tornou
Cristão. Não via mais nenhum sentido continuar vivendo como espião, e não foi
difícil encontrar um serviço adequado para um homem do seu nível. Passou a
trabalhar na ONU como chefe do Departamento de Relações Internacionais no setor
relacionado aos paises do Oriente Médio.
Ao
participar de uma Conferência Cristã sobre Profecias, em Porto Alegre, Brasil,
conheceu James Anderson, um jovem professor universitário envolvido com um
grupo de pesquisadores conhecidos como SETES.
Em pouco
tempo Rogers também se tornou um SETE e passou a se aprofundar no conhecimento
das profecias. Devido à sua posição na ONU e anos de experiência na CIA, ele se
tornou a maior fonte de informação para os SETES. Havia outra pessoa muito
parecida com ele. Alguém que também trabalhou alguns anos na CIA, depois se
tornou Cristã e passou a viver como jornalista: Moyra Stanley. Na verdade, foi
ela quem conduziu o inteligente espião ao Evangelho de Jesus Cristo. Moyra era
uma mulher muito especial e Rogers passou a sentir por ela algo raro e
precioso. Agora ele estava no Marrocos, onde sua vida iria sofrer mais uma
reviravolta.
Ele tinha
um amigo beduíno – os beduínos eram um povo do deserto – e recebera um sinal
via Internet de que algo extraordinário estava para acontecer ao mundo. O sinal
foi enviado do Marrocos. Rogers sabia que o único amigo que ele tinha no norte
da África era Ismael Youssef, conhecido como “sultão” – embora andasse longe de
ser um ricaço daqueles. O sultão pedia para que Rogers o encontrasse no Cairo o
mais rápido possível, pois o negócio era urgente. Mas a mensagem foi
interceptada, pois no Cairo Rogers sofreu um atentado. Por pouco não era
atravessado por uma adaga. Porém sua maior surpresa foi encontrar Moyra Stanley
no Egito. Claro que eles não se encontraram, ele a encontrou e permaneceu de
longe, pois temia que seus misteriosos inimigos atentassem contra a vida dela
também se descobrissem que eles eram amigos.
Mas não a
perdeu de vista. Quase que se revelou ao vê-la ameaçada na biblioteca, mas
conteve-se quando viu que ela conseguira escapar mais uma vez. Num daqueles
becos mal afamados, quando Moyra Stanley se viu diante de uma armadilha, Rogers
Town havia intervido usando uma pedra. Mas uma vez, Moyra não notou a presença
do ex-agente da CIA. Rogers só respirou aliviado quando a viu deixando o Egito.
Então ele
viajou ao Marrocos à procura do “sultão”. De informação em informação, o agente
chegou ao deserto, à uma comunidade de beduínos. Mas os beduínos – fiéis
aliados do “sultão” – empreenderam uma série de testes para comprovar que
Rogers era mesmo o amigo que o sultão aguardava, pois muitos terroristas
estavam na área à caça do “sultão”.
Antes de
ser – forçosamente – enviado ao deserto para morrer de sede, Rogers teve que
vencer certas provas. Seu amigo marroquino era cristão e havia convencionado
certas senhas a fim de que seus homens identificassem Rogers quando este
aparecesse.
- Procuro
o “sultão” – disse Rogers, numa linguagem árabe tradicional da região, ao se
aproximar de um grupo de beduínos na orla do grande deserto do Saara.
Aquelas
palavras, pronunciadas naquela língua conhecida por poucas tribos árabes
causaram impacto. O que parecia ser o chefe dos beduínos, levantou-se e
aproximou-se do ex-agente da CIA.
- Por que
quer ver o “sultão” e quem é você? – Perguntou o beduíno em sua língua pouco
conhecida.
- Sou o
homem do Ocidente – Rogers continuava montado no camelo, e atento a todos os
movimentos dos beduínos desconfiados.
O
árabe levantou a mão direita e mostrou três dedos. Rogers sorriu. Levantou sua
mão esquerda e mostrou quatro dedos. Essa senha também usada pelos SETES no
Brasil continha algumas variações. Se alguém apresentasse 3 folhas, a contra
senha era alguém mostrar quatro folhas (para perfazer sete). Ou então mostrava,
discretamente, o número 1 e o outro (para confirmar a identificação)
apresentava alguma coisa envolvendo o número 6 (ou seja, 6 + 1 = 7). Também
podia ser 2 e 5.
O árabe
sorriu e, olhando para trás chamou alguém. Um ancião apareceu, e aproximando-se
de Rogers perguntou-lhe:
- De onde
veio Deus?
- Deus
nunca veio de lugar nenhum – respondeu Rogers imediatamente – todas as coisas é
que vieram dEle.
- Por que
Deus não está no céu, nem na terra, nem no inferno e nem no Universo?
Rogers não
hesitou em responder:
- De acordo com Salomão Deus não está no céu porque Ele é
tão grande que nem o céu dos céus é capaz de contê-lo. Está escrito em I Reis
8.27 “MAS, NA VERDADE, HABITARIA DEUS NA TERRA? EIS QUE O CÉU, E ATÉ O CÉU DOS
CÉUS, NÃO TE PODEM CONTER; QUANTO MENOS ESTA CASA QUE EDIFIQUEI!” Ora, se o céu
dos céus é maior do que a terra e o inferno, e Deus não cabe nele, concluímos
que Deus não está no Universo; o Universo é que está nEle.
- E o que
é infinitamente menor do que o Universo, mas é capaz de conter Deus?
- O
coração do homem.
- O que o
homem vê e Deus não vê?
- O homem
vê outro homem; Deus não pode ver outro Deus, pois Ele é Único no Universo.
- Quem é a filha mais velha do Senhor Jesus?
- As
Sagradas Escrituras afirmam que Jesus é o Pai da Eternidade.
- O que há no trono de Deus nos altos céus feito pela
mão humana?
- A marca dos cravos nos braços de Jesus Cristo.
- O que está faltando agora?
- Faltava o senhor me fazer a 7.ª pergunta, mas é
claro que já acabou de fazer – respondeu Rogers.
- Muito
bem, meu jovem – sorriu o ancião, que, olhando para um beduíno, disse:
– Hassan! Leve-o ao “sultão”. Mas tome cuidado
com os salteadores.
Rogers
ficou curioso com aquela história de “salteadores” e seguiu o jovem pelas
areias do deserto. Alguns minutos depois, tentou puxar conversa:
- Quem são
os salteadores citados pelo ancião?
- Antes
que o jovem respondesse, eles escutaram tiros. Então viram 10 homens montados
em camelos avançando na direção deles.
- Fuja!
São os salteadores! – gritou o jovem, batendo em retirada com toda velocidade.
- E essa
agora! – Rogers também tentou fugir, mas sua retaguarda estava cercada. Ele foi
obrigado a fugir na direção oposta ao acampamento dos beduínos. E assim ele foi
capturado e deixado para morrer no deserto. Mas agora – na sombra daquele oásis
– já estava tudo explicado. Os salteadores eram os homens do “sultão” que tinha
sido enviados especialmente para testar a inteligência do ex-agente da CIA.
- E se eu
não conseguisse encontrar o oásis? – Perguntou Rogers diante do seu velho
amigo.
- Ora,
caro amigo – sorriu o homem do oásis – eu tinha plena certeza de que você
conseguiria. De qualquer forma meus homens estavam nas redondezas.
Algum
tempo depois, após uma alegre refeição, num cenário típico dos contos das mil e
uma noites, Rogers afastou-se um pouco e começou ouvir da boca do “sultão” qual
era a perigosa ameaça que pairava sobre o planeta.
- Minhas
fontes revelaram que um grande atentado vai abalar o mundo em 6 de Junho, só
não sei o ano, mas sei que será em breve – falou o “sultão” em tom dramático -
e esse atentado marcará a entronização daquele que trará a paz para o Oriente
Médio. Seis paises serão atingidos no mesmo dia e na mesma hora. Consegui
descobrir que um dos seis países a serem “agraciados” com o ataque terrorista é
o Marrocos. Lembro-me que há anos conversamos sobre as profecias referentes a
chegada de um grande líder europeu que traria uma aparente paz para o Oriente Médio,
mas que depois mergulharia o mundo na pior das guerras.
Acredite,
meu amigo. Esse homem está vivo e está para assumir o poder na Europa. Meu
serviço de informação conseguiu interceptar outra mensagem alarmante. O papa
será assassinado dentro de poucos dias, mas seu assassinato não será percebido.
Para o mundo vai parecer que ele morreu de morte natural ou de alguma doença
fatal. Tenho algumas cópias de documentos relacionando todas as pessoas
importantes ligadas à Nova Ordem Mundial. O Vaticano está cheio de pessoas
ligadas aos Iluminati, e a poderosa Sociedade dos Jesuítas está no controle de
quase todos os setores das organizações mundiais. Qualquer pessoa que for
considerada uma ameaça aos planos deles, será eliminada. Todas as Igrejas e
religiões estão sendo convidadas para participarem da União Ecumênica, e assim
formarem a Religião Oficial Global Única. Qualquer religião ou igreja que se
recusar aderir à Unidade Global será mal vista pela Nova Ordem e perseguida até
deixar de existir. Chegou a hora do Armagedom.
- Isso é
pior do que eu pensava – disse Rogers – atentados islâmicos são terríveis, mas
coisas ligadas à Nova Ordem Mundial é o fim.
Rogers
estava preocupado. Muito preocupado. Tinha um forte pressentimento de que não
conseguiria voltar para a Europa. Nunca antes tivera tal intuição. Ali, naquele
oásis no meio do deserto, tentava imaginar que tipo de tempestade estava para
cair sobre o mundo. Mas ele sabia muito bem que tipo de tempestade era. Era a
tempestade de Deus sobre um mundo anticristão. Como agente da CIA ele havia
enfrentado espiões soviéticos, terroristas árabes, traficantes sul americanos.
Mas agora estava diante de uma missão relacionada ao final da história, ao fim
de todas as coisas, ao Apocalipse.
Ele precisava enviar aquele
conhecimento aos SETES, pois aqueles jovens espertos saberiam o que fazer com
todas aquelas informações. No pouco tempo que ainda restava.
*******
Samantha
estava achando Charles muito divertido. Meia hora depois ele a convidou para
“dar uns giros pela cidade” no seu Vectra marrom. Algum tempo depois e ele
tentou beijá-la. Ela não resistiu. O carro dele estava parado num canto escuro
de uma praça. Samantha estava gostando de beijar aquele “bonitão”, mas sentia
que não estava plenamente consciente. Ela não tinha bebido o suficiente para se
embriagar, mas sentia-se muito fraca, sem forças nem para resistir ao charme
daquele desconhecido. Subitamente as coisas começaram a girar ao redor dela. O
que estava acontecendo? Afastou-se de Charles, e conseguiu perceber um sorriso
estranho no rosto dele. Depois disso ela mergulhou em completa escuridão.
*******
Em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Alanna Max Mister saia
da Universidade. Cursava Jornalismo, e ao mesmo tempo, trabalhava como repórter
de TV numa emissora local. Suas reportagens sempre chamavam atenção, pois ela
era especialista em jornalismo investigativo relacionado à crimes envolvendo
cultos satânicos e movimentos neo-nazistas. Há dois anos namorava Marcos Moran,
um jovem administrador de uma empresa de turismo.
Naquele dia ele estava chegando de uma viagem ao Egito.
Precisou fechar negócios importantíssimos com o governo do Cairo, e esteve
ausente de Porto Alegre por três semanas.
Era um jovem brilhante e ambicioso. Admirava a busca de
Alanna pela verdade, mas temia que ela fosse “se dar mal” em alguma daquelas
reportagens perigosas. Sempre pedia para que ela mudasse de tema. Em sua
recente viagem ao país das pirâmides havia conhecido uma jovem arqueóloga, uma
caçadora incansável por manuscritos antigos, principalmente relacionados aos
cultos secretos do antigo Egito. Marcos a trouxe para passar uns dias no
Brasil, pois sabia que Alanna teria enorme interesse em conversar com ela.
*******
Samantha
abriu os olhos, e não conteve um grito, ao se ver cercada de estranhas pessoas
encapuzadas. Ela tentou se mover, mas percebeu horrorizada, que estava nua e
amarrada numa grande mesa, em forma de X.
“Senhor
Jesus! Parece que estou no inferno”.
Os
misteriosos encapuzados vestiam longas capas negras, com o número 666 gravado
em vermelho. Acima do número da Besta tinha a figura de três serpentes. Haviam
muitas figuras grotescas pintadas nas paredes, e também algumas cruzes – só que
de cabeça para baixo. Ela ouviu uma voz conhecida parecendo discursar:
- Irmãos,
falta pouco para completarmos os preparativos para o sacrifício deste mês em
honra ao nosso deus. A escolhida já está preparada, mas antes precisamos
aguardar a chegada dos 6 príncipes do Círculo superior. Eles estarão aqui em
menos de 24 horas.
Samantha
estava paralisada de terror.
*******
- Esta é Rashira Levy, arqueóloga
israelense, caçadora de manuscritos religiosos dos tempos dos faraós – disse
Marcos Moran, apresentando para Alanna, uma jovem morena, cabelos negros e
curtos, olhos castanhos e penetrantes, e um sorriso tímido.
- Prazer em conhecê-la – Alanna
sabia que Rashira iria ajudá-la bastante nas investigações do Arquivo 7 – fico
muito feliz em encontrar jovens interessados em manuscritos antigos e
empoeirados, pois com certeza você crê naquele pensamento de que os “antigos
sabiam muito mais do que possamos imaginar”.
- É verdade – sorriu Rashira – não
tem sido fácil passar boa parte do meu tempo atrás de fantasmas do passado, mas
tem sido bastante excitante. Recentemente descobri que antigos cultos
ocultistas egípcios ainda sobrevivem, e há, atualmente, pessoas praticando
esses cultos no Ocidente, inclusive na América.
- Você tem descoberto relações
desses rituais egípcios com a onda esotérica que tem infestado nossa
civilização? – Perguntou Alanna, já prevendo a resposta de Rashira.
- Você nem imagina quantas.
*******
Samantha
abriu os olhos. Já fazia mais de 6 horas que ela estava aprisionada ali. O novo
dia estava nascendo. Por um instante ela alimentou a ilusão de que tudo não passou
de um grande pesadelo. Mas em questão de segundos percebeu que continuava
realmente presa numa mesa cheia de símbolos ocultistas. A sala estava vazia.
Ela relembrou as palavras de um dos encapuzados da noite anterior. Sim, as
palavras daquele diabólico Charles. Ela seria sacrificada como um animal. Ela
começou a chorar desesperadamente.
*******
Alanna e
Rashira conversaram bastante. Ambas estavam muito admiradas, pois tinham
aprendido muita coisa uma com a outra. Então Rashira surpreendeu Alanna, ao
dizer:
- Apesar
de ser a primeira vez que venho ao Brasil, tenho um amigo aqui. Nós nos
encontramos em Nova York pela primeira vez há 6 anos. O nome dele é Rogers
Town.
“Essa
não!” Pensou Alanna “é muita coincidência. Rogers Town, o amigo de Morganne?” E
Rashira continuou:
- Ele,
apesar de não ser arqueólogo, costuma se interessar pela cultura egípcia. Por
isso, de vez em quando envio uns relatórios para ele. Parece que ele tem um
grupo de amigos que estuda essas coisas há anos.
Alanna
sorriu. “É Rogers mesmo”.
- Você não
vai acreditar, Rashira, mas eu também conheço esse cara. O mundo realmente não
é tão grande assim.
*******
Samantha
ouviu passos. “Essa não. Eles estão de volta”. Os satanistas se aproximavam. Já
passava do meio dia.
*******
Alanna e Rashira estavam prestes a
visitar um velho cemitério. Uma pista referente a uma seita satânica indicava
que ali estavam acontecendo coisas tenebrosas. Elas desceram do carro. Era
aproximadamente 14:00 horas. O calor estava insuportável, mas era a melhor hora
para se fazer aquele tipo de investigação. Ao anoitecer era que não dava mesmo.
As duas investigadoras especiais chegaram ao portão antigo.
- Deve fazer um bom tempo que este cemitério foi usado – disse Alanna –
e não fica nem tão afastado assim da cidade.
Elas
adentraram o cemitério e logo Rashira apontou algo.
-
Veja aquele túmulo ali. Parece que foi violado.
Alanna
sentiu um calafrio. Enquanto a arqueóloga israelense examinava com cuidado um
dos túmulos daquele cemitério assustador, Alanna começou a sentir aquela
estranha sensação de perigo. Levantou os olhos e viu um sinistro corvo
sobrevoando a área.
Mas elas seguiram
adiante, penetrando cada vez mais profundamente naquele cemitério antigo, cheio
de árvores enormes e plantas exóticas. Rashira estava tensa e Alanna com
estranhos pressentimentos. Começava a se arrepender de ter ido até ali. Mas a
vontade de conhecer a verdade falou mais alto. De repente avistaram uma pequena
cabana cercada de uma vegetação meio fantasmagórica. Alanna sentiu novo arrepio.
Levantou os olhos e viu novamente o corvo.
- Vamos entrar aí?
– Perguntou Rashira.
Alanna não se
espantava com a coragem de Rashira, pois a arqueóloga israelense era acostumada
a explorar túmulos de Faraós, no Egito, que eram coisas muito mais antigas.
- Querida – disse
Alanna, após hesitar um pouco – eu não acho aconselhável entrar ai, pois,
embora não haja fantasmas, é um bom esconderijo para cascavéis e companhia.
- Ah, queridinha,
você precisa ter espírito de arqueólogo. Eu vou entrar.
Aquela sensação de
perigo, um perigo iminente e desconhecido. Alanna olhou ao redor. Aquela região
era muito sombria e assustadora. Era um cemitério.
E estava
anoitecendo.
- Aaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!
O grito horrível
veio da velha cabana. Não parecia humano. Alanna ficou paralisada. Rashira
estava na cabana. Ela precisava de ajuda. Mas Alanna sentia que não poderia
ajudá-la. Lá no alto o corvo soltou um grito estridente.
*******
Leafar
estava diante de Samantha, sem máscara. E sorria.
-
Sinto muito, minha querida. Considere isso um grande privilégio. Você será
sacrificada ao verdadeiro dono deste Universo. Aquele que foi injustamente
expulso do céu e que em breve assumirá o controle deste planeta.
Samantha
sentiu um calafrio percorrer todo o seu corpo.
*******
Alanna
sentiu um novo arrepio. Ela sabia que não devia entrar na cabana. Pensou
durante alguns segundos. Chamou por Rashira, mas não obteve respostas. Ela
precisava salvar sua amiga. De repente uma mão pousou em seu ombro. Ela
virou-se. O que viu fez seu coração gelar.
*******
-
Irmãos, eles chegaram. Vamos lhes dar as boas vindas – a voz sinistra de Leafar
ecoou naquela casa bizarra. Então Samantha viu, horrorizada, 6 homens se
aproximando. Seis homens encapuzados, todos com aqueles símbolos diabólicos em
suas roupas.
Um
deles aproximou-se de Samantha, com uma afiada navalha na mão.
Samantha
fechou os olhos. O fim
do mundo tinha chegado para ela.
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